[Recrutamento de Aprendiz] Will Allstar

Os 15 minutos restantes não se sucederam. Will Allstar se rendeu antes do término e isso fizera Chuck gargalhar. Não por vencer, mas é que ele realmente achou aquilo engraçado... era óbvio que aquele era um confronto ridículo que não provava nada, mas não cogitou que seu novo Discípulo fosse ficar tão baqueado assim.

Será que pegou pesado demais?! Nah... Will ta bem, certamente fora só presa e surpresa. Logo Chuck deu de ombros e estendeu a mão para seu futuro-discípulo, no intuito de ajudar a levantá-lo:
- É claro que aceito, rapaz! - Disse, puxando o garoto para cima com força, quase que o obrigando a se erguer - Só preciso que você complete uma missão antes... não é nada muito complicado, mas vai me ajudar a treinar um outro novato no ginásio que tem me dado um certo probleminha, pode ser?

Chuck respondeu o cumprimento a altura, ficando ereto e também trazendo a posição de yin-yang. O homem não durara muito nessa posição, porque queria passar um segundo dialeto a WIll. Ouvira a pergunta do rapaz e já lhe dera um pequeno empurrãozinho com as mãos, numa tentativa de comunicar-se via Tui Shou.

O empurrão era leve. A palma da mão de Chuck ficara rente ao pulso de WIll; empurrara o braço do discípulo em direção ao seu coração. Pouco antes de tocá-lo, aliviara a pressão. O mestre não tinha certeza se WIll continuaria a movimentação, mas com um simples empurrão o garoto já pode sentir parte do que Chuck sentia.

O que lhe tomou? Preocupação. Era difícil para o líder falar isso, mas ele sentia que seria uma ótima experiência para o "problema" e para o Will Allstar:
- É meu sobrinho... - Respondeu a pergunta que ninguém fez - Quando tohjo afundou, ele ficou bem depressivo. Meu cunhado cometeu o erro de dar vários video-games para ele e ele acabou meio... viciadinho, sabe? Estressado... meio birrento... meio mimado. A gente pensou que quando voltasse Tohjo, ele ia ficar mais tranquilo, sabe? Sair com os amigos e talz... mas não aconteceu bem assim. Eu acabei trazendo ele para o Dojo porque minha cunhada pediu e dei para ele alguns pokémons. O problema é que 'exagerei na dose', sabe? Eu to acostumado a treinar lutadores, não menininhos mimados - Era estranho como Chuck se abria de outra forma agora. Talvez o Wisky tenha feito efeito, mas sua fala era realmente repleta de culpa - Ele falhou em todos os testes e ficou bem mal com isso. Acabei dando para ele dois pokémons fortes demais para um iniciante, sabe? E agora ele quer provar que consegue derrotar o mundo só com esses dois bichos...

Uma pausa necessária. Essa parte Will ainda ia descobrir, mas Chuck era uma manteiga derretida quando se tratava de afeto, crianças e família... o homem fungara um pouco e pegara ar. Ele não queria chorar na frente de seu discípulo... ao menos não no primeiro momento:
- Eu mesmo devia ir lá buscar ele, mas eu já fiz tudo errado. Você parece ser mais humano que eu... parece que tem mais jeito pra esse tipo de coisa, faz isso para mim?! - Ele ainda não tinha dito o que - Eu queria que você fosse atrás dele na Green Mangrove. Ele fugiu de casa e foi para lá provar que consegue viver sozinho no pântano por uma semana. Os pais deles não querem olhar na minha cara, achando que eu que botei essa ideia na cabeça dele... eu sei que tenho uns  treinamentos meio pesados, mas dessa vez eu não fiz nada do tipo! Ele só me deixou um áudio no PokeZapp e depois jogou o celular fora, em algum canto.

Óbvio que Chuck foi até a mesa, pegou o telefone-cachote, da geração retrasada, e botou o áudio para tocar:
- Tio, eu vou conseguir, você vai ver! - Dizia o guri. Se fosse parar pra analisar a voz fina e o choramingo, ele devia ter cerca de 9 anos. Não muito mais que isso - Eu vou viajar sozinho e a pé para o Green Mangrove. Vou ficar uma semana naquele pântano e voltar ainda mais forte! Depois disso, vou conseguir passar em tudo... igual você falou do tio Bruno. Vou te dar orgulho, tio! - O ânimo era misturado com a tristeza & preocupação do rapaz - Eu vou jogar meu celular fora, e quebrar minhas pokebolas e a PokeNav, porque assim eu não obrigo meus pokémons a ficarem comigo. Se eles quiserem ir embora, podem ir! Eu vou conseguir...

- PORQUE VOCÊ FEZ ISSO, BLANK? - Gritou para o áudio, sem nenhum destinatário, ao fim do grito, dera um soco na parede estressado.

- Champ, pega o kimono dele! - Disse Chuck, já indicando onde estava.

A pokémon prontamente foi ajudar, dando uma saudação afirmativa e correndo para o vestiário. Enquanto isso, Chuck tinha uma batalha árdua contra o Celular e procurava nele a galeria. Ele realmente tivera dificuldade de lembrar 'como acessá-la'. No fim, apertou na câmera, tirou uma foto aleatória do chão e quando ela foi computada, clickou rapidamente em 'ver na galeria'. Quando FINALMENTE conseguiu, passou para o lado e mostrou para Will.

Ele não tinha uma ou duas fotos de Blank, ele tinha UM ALBUM INTEIRO. Aparentemente o garoto gostava de 'zaralhar' o telefone do tio, tirando selfies aleatórias só para brincar com a memória. Ora ou outra Blank colocava uma foto sua 'zuada' de papel de parede de Chuck e se divertia ao vê-lo sem saber como tirar.


Fora o tempo necessário para que Machamp chegasse com os uniformes:
- Eu mesmo vigiarei as corredeiras... estou procurando ele por lá desde ontem! - Ontem fora o dia que ele saiu - Só te peço pra não pegar pesado demais com ele... infelizmente ele não é mais o tipo de garoto que aguenta ser pressionado. Se tiver que derrotá-lo, que faça com cuidado, tudo bem?!

Parece quebra de personagem, né?! Mas eu juro que não é. Na descrição diz que Chuck, apesar de duro, é uma manteiga derretida. No fundo o líder sabia (ou deveria saber) que ser um lutador não era para qualquer um... por um instante pensara que blank tinha seu sangue e, por isso, era digno de um empurrão. Errara em duas coisas: ele não tem seu sangue e não fora criado para ser empurrado. O garoto é filho do irmão de sua mulher! Nada de genética faria sentido...

... e ele, como quase toda a criança hoje em dia, crescera extremamente protegida. O menininho de apartamento quebrara bem fácil, e seu processo de 'tentar se reerguer' estava sendo danoso. Ao menos Chuck aprendeu essa lição: não fará de Blank um pupilo novamente. Isso não diminuía em nada o amor que sentia pelo garoto! Assim como sua mulher não é uma lutadora, ele entende que o caminho da luta é penoso, solitário e bastante exclusivo.

Agora ele estava até feliz por Blank não se sujeitar a isso... mas ele realmente se preocupava com o quão pesado Will iria pegar. Bem, não havia muito mais o que falar, então Chuck deixou que seu novo discípulo fosse. Aproveitaria a 'folga do ginásio' e iria subir as corredeiras atrás de Blank... dera um tapinha nos ombros de Will, agradecera pela disposição e o desejara boa sorte...

OFF: BRILHA, ARKAN!! Vai lá pegar seu Croagunk também!!!

OFF: OI, disse que foram 2 dias, vamos ver.

Eu queria muito lhe dizer que Chuck foi um responsável, mas não posso. Will Allstar entrou naquele ginásio vendo que este acabara de sair de uma batalha. A moçoila que saia do Dojo original era Natalie Chase. Se conheciam?! Não sei, porém com esse mundo pequeno não duvido que sim. A ruiva passara logo para fora do ginásio; não sabíamos (ainda) se ela havia ganho ou não, mas Will podia sentir no ar o aspecto "pesado" do ginásio. Assim como a batalha dele, aquela não parecia ter sido uma batalha fácil...

... ainda assim, nada importou quando o garotinho pintou na recepção do hotel. A recepcionista (que agora era outra) se alegrara por inteiro! Dando pulinhos e tratando de chamar o líder logo mais. Com um berro de "O QUE???? ELE VOLTOU??" Chuck correu para fora de seu Dojo, balançando sua barrigona e, quando chegou, fez questão de dar um abraço de urso no garotinho, logo mais jogando-o para o alto e lhe enchendo de beijinhos.

O menino de vestes largas? Esse prontamente se incomodava com isso, e não se importava nem um pouco em "disfarçar". Em todo o seu incômodo, ele empurrou a cabeça do tio e tentou se desprender daquele abraço. Bleh, não preciso nem dizer que ele não iria conseguir, né?! A sequência de beijos esmagadores continuou até que Chuck decidisse quando estava bom.

E demorou, viu?! Ao por o garoto finalmente no chão, o homem teve a decência de olhar para WIll e finalmente mostrar-se ciente da existência de seu aprendiz. "Osu!" anunciou, voltando a postura e cumprimentando Allstar:
- Ai, mil perdões, é que estou com muita saudades dessa coisinha aqui - Pegou o polegar direito e usou-o para puxar um bocado de bochecha da criança - Cadê seus óculos em?! E suas roupas? Ai ai, eu quero só ver quem é que vai me contar essa história - Sua fala infantil era voltada ainda para Blank, mas logo ele virava a WIll e TENTAVA ser mais sério - E ai, como foi? Eu fiquei dois dias extremamente preocupado, mas você foi bem rápido...

Tio é tudo meio bobo né?! Só que Chuck tentou não ser... um dia... na verdade, a pouco tempo atrás. O problema é que Blank (como Will deve ter percebido) era muito molengo. Depois de entender isso, Chuck só desistiu; para o líder de ginásio, seu sobrinho era realmente uma criança. Se fosse crescer, seria como toda a boa criança de apartamento cresce: virando algum super-emprego-novo, criado por essa criançada que quer viver criança pra sempre e ta acostumada com mimos.

Esse lance de vender comodidade, sabe? Algum empresário dono de start-up, ou ainda um programado que vai trabalhar do seu quarto. Hoje Chuck não se importa tanto com isso, mas é inegável dizer que ele o acha frouxíssimo por isso.

Ah, e claro, o ato final de Blank e o surto infantil lhe fez ter certeza que aquele era um garoto que não deveria ser muito pressionado. Bem, ele não é pai, então tanto faz, né?! Ouviu a primeira colocação de seu quase-aprendiz e pontuou algo importante:
- Acho incrível Lucarios. Além de caninos, são pokémons auras e por isso eles conseguem farejar sentimentos também. O seu fez isso?! - Questionou; era como se quisesse saber o quanto Will conhecia a propriedade de seus pokémons. Para além disso, ouviu o novo tópico, que fora emendado em uma denúncia. Chuck botou uma das mãos no queixo, coçou-o com certo cuidado e depois de analisar a situação, arregalou os olhos e berrou - VOCÊ PERDEU OS POKÉMONS QUE EU TE DEI?!

Em resposta? Fechou a mão e deu um cascudo leve na cabeça da criança, que fez um barulho meio oco...
- VOCÊ NÃO TEVE NEM A DIGNIDADE DE CERTIFICAR QUE ELES ESTÃO BEM? COM UM CAÇADOR POR PERTO?

O menino, sem ter noção nenhuma do que responder àquilo, ouviu o grito assustado, dando um pouco para trás e arregalando os olhos, como seu tio. Ainda não caíra a ficha do 'porque' daquela briga, ele apenas estava admirado com a mudança repentina de Chuck:
- de-de-desculpa - Caguejou, não achando palavras melhores.