[Recrutamento de Aprendiz] Minori Sasaki

- Ah que diferente! - Disse o menino, dando breves risadas. Agora Minori estava na mesa e ele ia até a geladeira buscar algumas coisinhas para compor o café/lanche - As pessoas normalmente me confundem com uma menina... eu já nem levo muito isso para o pessoal. Meu caso é bem diferente... eu me mudei para Johto com 10 anos... o que não faz tanto tempo assim, né?! - Ria de si mesmo nesse ponto. Bugsy realmente se sentia um pirralho de vez em quando - Como eu não tinha muitos amigos e a barreira cultural era muito grande, eu acabei fazendo das caminhadas com meus pais o melhor dos momentos do dia. Naquela época Kanto e Johto ainda eram bem separados, só se fazia viagens continentais pelos trilhos, se lembra?! Hoje é mais fácil.

A pausa informativa era o suficiente para o garoto por na mesa tudo que podia ofertar: da geladeira tirou um pote de salada de frutas diversas. Apesar de geladas, foram recém cortadas! Tirou um pote de mel da estante e o abriu, empurrando para Minori provar. Ele parecia fazer questão que ela provasse! Colocou também um pequeno prato com pães de forma e ao lado um potinho de pasta de amendoim. Deu a garota um prato, um garfo, uma faca e uma colher.
- Enfim, eu era bem novo quando matei aula para ficar na Ilex Forest. É meio ridículo o que eu vou falar, mas não ri de mim... ok?! - Dera um tempo para ver a reação de Minori. Quando se sentisse confortável, continuaria - Eu tava chorando porque me sentia sozinho, e me chamavam de menininha na escola... eu fui para a Ilex e arranjei um canto fora da trilha, em cima de uma árvore, para chorar em paz. Por algum motivo eu dormi... acho que foi pó do sono, sabe? Quando acordei, uma Venomoth estava usando meu cabelo como camuflagem pra fugir de Pigeottos predadores... acredita?! Eu acordei num susto, dei um pulo, quase cai da árvore e a pokémon simplesmente não largava o papel! Eu jurei que ela ia cair comigo, porque eu fiz isso tudo e ela nem se mexeu...

Nesse momento, ele levantara e pegara uma jarra d'água. Lembrou que havia de oferecer algo para beber à Minori também. Botou a jarra e dois copos na mesa, encheu um e tomou:
- Claro que eu fiquei morrendo de medo. Na verdade ela tava tão parada que eu achei que ela tinha morrido ali... fiquei cutucando, cutucando e cutucando, mas ela só foi reagi mesmo quando eu desci da árvore, que ela soltou e voou lá pra cima de novo. Hoje eu tenho certeza que foi por medo dos predadores no chão, mas na época eu achei que tinha assustado ela. Eu sou tão trouxa, né?! A bichinha me usou de chacota e eu ainda fiquei preocupado em fazer algum mal pra ela... ENFIM! Eu fui atrás né. Acho que essa foi minha primeira relação com pokémons insetos... talvez até pokémons. Depois nós viramos amigos, eu visitava ela todos os dias e ela me apresentou sua família.

Bugsy parecia levemente mais animado. Ele ria (de si e da situação) enquanto contava a história e se envergonhava de quando em quando. Não era lá a melhor das narrativas, mas ele sentia falta de sua amiga Venomoth.
- Enfim... eu achava ela linda. Eu achava a família dela linda. Eu vi tanta beleza e delicadeza nas borboletas que acabei me interessando pelo tipo inseto. Depois disso, fica difícil pra mim vê-los como 'badass' ou 'estranhos'. Pra mim são todos lindos... sabe?

- Porque ninguém faz bullying com líderes de ginásio! - Disse, já rindo de si mesmo e da pergunta de Minori. Parecia óbvio para o rapaz, mas ele devia reparar que Minori não estava na mesma página - Mas é meio que por isso mesmo... foi meu jeito de conseguir me adaptar a Johto, sabe? Eu ia poder viver com meus insetos, ia ganhar certo conforto que não tinha e ainda poderia estudar o que eu bem queria. Eu não tenho muita vontade de migrar... migrar não é muito agradável pra mim, então ter um ginásio me da um din-din bom, um conforto melhor ainda e um certo... respeito? Não sei, eu finalmente tenho lugar nessa comunidade.

Essa é a motivação mais nobre? Não sei, não sei nem se me cabe julgar isso. Só sei que Bugsy tinha um pouco de vergonha de admitir isso... virara Gym Leader para se sentir mais forte, e não porque era forte... ou ao menos, não porque se sentia assim. Parece até inverso! Não se tem muitos líderes que são denominados fracos pré-posse... talvez nenhum. Nem mesmo o Bugsy! Ele sempre fora um prodígio... certamente Minori leu seu histórico na internet: tinha notas perfeitas, venceu um bocado de concursos e competições, foi a pessoa mais nova a conquistar certas medalhas... suas conquistas & currículo eram enormes.

- Ai, chega de falar de mim... eu quero saber se você reparou... REPAROU?! - Disse, já mais animado. Ele empurrara o pote de mel para dar certa evidência a ele - Reparou? Gostou? É um Mel que eu to fazendo que é diferente... da pra ver?!

Preciso admitir que te dei a liberdade para fanficar um pouco sim. Apesar da liberdade, você não parece estar muito afim... tudo bem, eu entendo. Bugsy parece bem mais chateado do que eu... até cogitou pedir que você experimentasse mais um pouco, mas decidiu não ser muito chato e contar logo:
- É que eu fiz uma apicultura aqui atrás - Apontou para a porta fechada, ao lado da geladeira, que narrei antes - Tentei administrar a relação entre Vespiqueens e Beedrills e depois de muito tempo tentando fazer isso dar certo, consegui! Eu ando tendo alguns probleminhas de produção, mas esse mel é em conjunto com as duas espécies... o favo é bem diferente, se quiser dar uma olhada eu te mostro... - Era engraçado porque Bugsy começava desanimado, depois se animava com o próprio assunto e de repente se sentir muito mau por demonstrar sua euforia e se continha mais uma vez.

Mais uma vez eu repito: aquele garoto não estava muito bem. Sua cabeça volta a abaixar rapidinho mas logo reergueu, dando um sorrisinho meio bobo e reafirmando o convite: "só se quiser, ta bom?!".

Ai ai, pausa aqui para questionar se você acreditou mesmo qeu o BUGSY, ESPECIALISTA EM INSETO, ia meter leite de cabra no mel... AI AI EM MINORI!!!

Quando viu que Minori já ia até a porta, Bugsy animou! Deu um pulo corriqueiro até a maçaneta, virou-a, abriu os cadeados e abriu alas para a mocinha. A porta deu vazão à corrente de ar, antes presa. Com a circulação do vento, o aroma de mel & abelha tomou o cômodo e Minori ficaria embebedada.

Talvez enjoada também... já que era muito doce. O problema é que antes de entrarem, Minori tocou num assunto que Bugsy realmente queria falar... eu também queria falar ele. O problema é que não seria Bugsy se não perguntasse duas vezes à Minori se ela tinha certeza:
- Arg.... são dois problemas que tem me deixando bem tristinho. Sabe, é fácil de resolver... todos os dois... ou eu posso só desistir também, mas não era pra eu ficar tão mal - Inaugurou o assunto. Ou melhor, reinaugurou, porque Minori tivera o privilégio de fazer - Se quiser ouvir mesmo, eu te falo...

Falara isso enquanto entrava na porta. Ali Minori viu um corregor que atravessava o centro de duas grandes paredes da favos. Sim, FAVOS! Agora eles não estavam tão povoados assim, mas Minori podia ver que alguns favos comportavam Beedrills e Combees, deitados num sono pouco profundo. Os A maioria estava vazio e silencioso.

No final do corredor, um outro corredor em transversal. Se chegasse nele, veriam mais um bocadinho de detalhes.

Ao ir mais para frente, Mahiro descobriria que estava completamente certo. A luz no fim do túnel corredor nada mais era que céu. Seu caminhar pesado lhe faria atravessar o corredor de boas vindas e chegar na transversal sem muita dificuldade. Se olhasse no chão, veria um piso engradado, bem furadinho! Nada que botasse o pé de alguém em risco, claro. Aquilo servia para escoar a água da chuva e evitar inundações.

No mais, o teto daquele corredor era completamente aberto e, ao chegar lá, Minori poderia olhar para o céu e ver uma belíssima paisagem. Aquele ginásio era virado ao início da Ilex Forest e aquelas Combees eram nativas do bioma, e as Beedrils foram trazidas & treinadas pelo próprio Bugsy. Minori podia não saber, mas aquilo deu trabalho! Assim como ela não imaginava clonar ou domesticar espécies de abelhas a ponto delas viverem juntas, ninguém mais cogitava isso... ao menos não antes de Bugsy fazer.

No fim, sua descoberta (e engenhosidade) fora quase que não-intencional. Num belo dia, treinando Beedrills, ele reparou uma interação espontânea com uma pequena Combee, que outrora trouxe uma horda. O líder já estava preparado para batalhar, porém a pequenina defendeu as vespas-abelhas de Bugsy, impedindo o massacre.

Isso tudo fora graças ao fato dela estar sendo escolhida (e alimentada) para ser a rainha. Num ato de inocência, criara esse elo. O Elo que outrora Bugsy viveu se multiplicou e, aos poucos, fora construindo aquela casa-de-abelhas no fundo de "sua varanda". Hoje ele ganha certo mel por isso, mas é um ganho esporádico e sem fins lucrativos... a (atual) Vespiqueen vê sua produção como um presente.

No mais, pouco tinha de novo naquele segundo corredor. Minori descobriria ali que sua transversalidade levaria a mais quatro corredores IDENTICOS aquele que ela entrou. Se explorasse também veria favos de mel e abelhas dormindongas. O mais importante é que nosso líder ainda tinha algo a dizer... e disse durante a exploração:
- Eeer... não é bem relacionamento. Quer dizer, você pode enquadrar assim, mas acho que não... - Disse em introdução, logo arranhando a garganta e indicando que a história era longa - Tem uma menina da minha sala... eu gosto dela. Ela também parece gostar de mim, mas ela tem muito medo de inseto. Eu falei para ela que era porque ela não conhecia e tentei propor um passeio... os pais dela só deixam se for algo da escola, sabe?! Um passeio educacional. Uma palestra ou um evento... sabe? Eu até tenho propriedade e conhecimento para fazer isso, mas eu sou de menor. Preciso de algum responsável para guiar o passeio escolar e não consigo pensar em ninguém...

O garoto dera uma pequena olhadela para Minori. Em condições normais ele teria a plenitude de avisá-la "e essa será sua missão", mas desta vez Bugsy não tinha tanta certeza se deveria bater o martelo assim:
- Mas eu disse dois problemas... se lembra? Se quiser ainda ouvir, eu posso contar o segundo.