[MISSÃO ROCKET] 016 — weaker girl

Cinnabar. Fazia tempo que escutava bastante sobre essa ilha, mesmo lá de Johto e do nicho onde nasci, que se resumia a Olivine - Cianwood - Ecruteak. Ora ela estava inabitável, ora lotada e, bom, devido os últimos acontecimentos, inundada. Talvez seja por isso que tenham me mandado pra cá: a Organização não dá ponto sem nó, então, já devem estar expandindo pra cá, mesmo pouco tempo após ser liberada para o público novamente. Aterrisei sem muitos problemas, o vento estava ótimo no céu, o que dava uma variada em comparação com os outros dias que tive que voar por Tohjo. A cidade é pequena, mas muito bem distribuída: existem centros comerciais, o ginásio, áreas residencias, tudo muito bem ajeitadinho, como um simulador de cidade. Queria ter tempo para me ajeitar melhor para a missão, mas depois da chamada que levei em Shimmer por demorar demais, tudo que eu menos queria era aborrecer alguém do alto escalão de novo. Tô fora de deixar injetarem veneno em mim de novo.

Liberei Manju de sua esfera cor-de-rosa, pegando-a no colo quase que instantaneamente. Fazia tempo que a raposa psíquica não passeava por aí comigo, então não vi muitos problemas em deixar, ainda mais porque, toda manhosa, Espeon não parava de esfregar sua cabeça contra meu peito. Uma bebezinha.

— Também tava com saudade. Desculpa não ter te dado tanta atenção ultimamente. A família cresceu rápido demais. — brinquei, abrindo um meio sorriso pra ela — Mas estamos aqui a trabalho, então fica bem atenta.

Em resumo, era essa a situação mesmo. Por mais que quisesse explorar Cinnabar em cima e embaixo, precisava localizar os outros Rockets incognitos pela ilha. Suspirei, jogando as madeixas ao vento e caminhando em passos curtos pelas ruas, atrás de alguma figura suspeita para puxar conversa. Apesar de que eles não seriam bobos de ficarem tão na cara assim, né? Quer dizer, eu não estou. Já viu algo mais inofensivo aos olhos alheios que uma garota loira, branca e com uma raposa cor-de-rosa no colo? Pfff. Vai ser difícil é convencê-los que faço parte da Organização também.

Talvez podemos começar por um bar? Uma vendinha? Qualquer coisa que me deixe puxar assunto, acho.

Veremos.

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Era difícil trajar uma rota específica sem conhecer a cidade. Cinnabar era deveras grande para uma ilha que já passou por diversos processos naturais de modificação, mas, fazer o quê? É o trabalho, né?

Em passos calmos e lentos, apertei Manju contra os seios e continuei caminhando em busca do Laboratório de Pesquisa Pokémon. Seguindo indicações, pude ver que estava em uma área mais carente da cidade, o que me despertava algumas memórias nada agradáveis, potencializadas pelo fato de ter tido que passar em Olivine antes de chegar aqui. É, depois da morte da minha família, foi pela cidade litorânea que tive que me aventurar e me virar até encontrar alguém para cuidar de mim. Viver à margem da sociedade é algo que não desejo nem ao meu pior inimigo, mas por sorte consegui ser aquela pequena curva na estatística de mortes. Infelizmente me rendi a vida de crimes, mas isso é história para outra hora.

As janelas cerúleas passeavam pela mudança drástica de ambiente, ora focando nas pequenas casas de tijolos ora na população que diferia bastante da que observava minutos atrás. Seria engraçado se não fosse trágico como uma metrópole pode ser pintada de duas cores completamente distintas e ainda assim o sistema dar um jeito de que elas nunca mesclem entre si, como um quadro de um artista que se recusa a não dividir uma tela em branco ao meio. Suspirei, engolindo seco em seguida, mas ainda assim adentrando mais a periferia. Os olhos rapidamente voltaram-se para minha bolsa, que começava a mexer aos poucos. Havia trazido dois ovos, um presente de Tielo e outro de Natalie; o primeiro há muito mais tempo caminhando comigo. Parei por um minutos, retirando a incubadora dali e consequentemente o ovo de lá, somente para ele chocar antes mesmo que conseguisse colocá-lo no chão. Ali, um pequenino dinossauro amarronzado me olhava timidamente... E eu nunca tinha visto uma coisa tão fofinha como essa na vida.

— Bem vindo, filho. — abri um sorriso de orelha à orelha, acariciando o focinho gigante de Tyrunt — Está tudo bem. É tudo muito novo pra você, mas, olha, essa é sua irmã mais velha, Manju. — Espeon acenava para o dragão, que retribuía com um sorriso — Seu nome será Shoyu! — busquei a Pokéball que lhe era designada, apontando para ela antes de retorná-lo — Essa é uma Pokébola. Você vai ficar aqui um tempinho, mas prometo que deixo você passear mais tarde, tá bom? — agachei para dar um leve beijinho na ponta do focinho de Tyrunt, retornando-o — Mais um pra família, Manju.

A canídea me fitou com um sorriso, voltando a se aconchegar no meu colo. Manhosa, não tinha jeito, ela ia querer ficar no colo o tempo todo... Mas tudo bem, punição por ter a deixado de lado por um tempinho. Tornei a colocar a bolsa no ombro direito e, bom, algo me surpreendia: duas crianças, com roupas maltrapilhas, se aproximaram. Eram só crianças e sem qualquer perigo, então, não me alarmei. Como disse, era comum encontrar outros moradores de rua como eu era na minha época, então, apesar dos apesares, foi algo muito bom para identificar o caráter das pessoas com um único olhar. Se vieram falar comigo é porque o deles ainda não funciona, já que estou longe de ser uma boa pessoa em qualquer espectro.

— Oi, meninos. — abri um leve sorriso — Posso fortalecer vocês com PK$10, assim, tranquilo. — levei a mão direita até a bolsa, pegando uma nota amassada que estava no fundo da bolsa; junto, acabei puxando outra de PK$10 — Hm... Seguinte. — entreguei a primeira nota na mão de um deles, segurando a outra — Dou mais dez se me falarem onde eu encontro o Laboratório de Pesquisa Pokémon, cês sabem onde fica?

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Felizes pela fácil aquisição financeira, as crianças nos levavam de volta ao centro urbano, desviando dos comerciantes efusivos que encontrávamos no caminho. Era engraçado como eles conheciam aquela cidade como as palmas de suas mãos, sabendo até mesmo os passos certos a serem dados para driblar as partes mais lotadas. Talvez os PK$20 mais bem gastos dos últimos meses.

Finalmente chegávamos próximo a uma esquina onde ficava o bendito Laboratório. Analisei-o de cima a baixo, tentando buscar alguma forma de entrar que não me comprometesse; difícil, ainda mais em um local com duas entradas que certamente possuíam segurança. Suspirei, mas, bom, talvez algum dos seguranças e/ou responsáveis pela entrada seja alguém da Organização, não é? Mas antes...

— Toma. — entreguei os PK$10 restantes para a segunda criança — Se cuidem, viu? Fiquem na escola.

Que... tipo de conselho é esse? Nem eu mesma fiquei. Mas, sei lá, foi o que veio na cabeça na hora. Comecei a caminhar em passos lentos na direção da entrada de automóveis ainda martelando um plano, que veio quase próximo a ela. Abri um sorriso de orelha a orelha, observando os prédios e coisas com um olhar ingênuo... Tudo parte de uma persona que me ajudaria a entrar naquele lugar. Aproveitando o grande volume de pessoas, tropecei de propósito em frente à entrada.

— AI, NÃO! — Manju pulou do meu colo, já sacando a ideia; a psíquica começou a chorar em seu idioma ininteligível, me auxiliando na fraude — Alguém desse prédio pode me ajudar!? Acho que torci o tornozelo!

Um tiro no escuro, mas...

É tudo que tenho por enquanto.

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Era isso! O plano estava funcionando! O senhorzinho do prédio estava vindo ajudar, causei a comoção necessária para ele ter empatia suficiente... Ah, nada como o truque mais velho no livro, né? Torcer o tornozelo é sempre um golpe certeiro, fácil de ser aplicado e de...

Pera, não! Quem é essa garota veio ajudar?

Merda.

— Ai, tá doendo bas... — direcionei as palavras ao funcionário idoso, mas, bom, a intrometida veio ao meu socorro, o que fez o senhor voltar ao seu posto; inferno! — Er... — queria revirar os olhos, mas precisava manter a personagem, então acabei dando um meio sorriso — Obrigada, Lily. — me apoiei na garota, dando uma olhada para Manju e escondia uma risada do meu plano que falhou miseravelmente — Tô... Tô bem, acho que foi mais o susto mesmo. — respondi ao garoto de cabelos castanhos, acenando em sua direção — Vocês trabalham aqui? Que vergonha. Espero que eu não esteja atrapalhando o trabalho de vocês. — vamos tentar pescar alguma coisa, né? — Que mico! — dei uma leve gargalhada, ajeitando minhas longas madeixas para frente do ombro direito — Isso é para eu aprender... A gente vê um documentário sobre Moltres, o lendário de fogo, e decide se aventurar pelo mundo pra ver se o encontra algum dia. — tá, eu duvido que algum dos três sejam da Organização, mas se forem, pegariam a referência — E cá estou eu, dando trabalho pra vocês.

Não tinha como fingir uma fratura, né? Meu tornozelo estava intacto, mas dava para forçar que estava doendo bastante. Ergui a perna, emitindo um som de dor toda vez que tentava colocá-la no chão. A boa notícia? Os três trabalhavam no Laboratório, o que poderia me garantir nem que fosse cinco minutos lá dentro. É só conseguir encontrar as pessoas certas.

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— Ela se exercita bastante. — dei uma leve risada para Cirilo — Batalha muito bem também... — pisquei para a psíquica, que falava em seu idioma ininteligível como se agradecesse — Né?

Nenhum sinal de terem entendido a referência a Moltres: nenhuma piscadela, nenhum movimento brusco, nenhum suspiro surpreso ou uma expressão séria repentina. Nada. Estava começando a pensar que a Organização havia me enviado para o lugar errado, afinal, era para ter uma meia dúzia de pessoas infiltradas de olho na pessoa que viria ajudá-los. Mas tudo bem, como sempre, tenho que me virar sozinha.

— Menos mal, né? — dei uma leve risada pra garota, fingindo um sentimento de alívio da "contusão" — Ai, eu agradeço. Será- — levei o indicador a boca — Ah não... Deixa. Já dei trabalho demais pra vocês. — suspirei, fazendo um leve charme — Você disse que aí é um Laboratório, né? — ajeitei o braço de forma que pudessem me ajudar a caminhar até lá — Será que vocês tem algum remedinho de dor? Ma-mas. — respirei fundo — Eu sou alérgica a uma porção de medicamento... Se vocês puderem trazer ou eu ir com vocês até lá, fica fácil. — dei uma leve risada, olhando para Manju — Mas só se der... Se não fico na recepção e a Manju me ajuda a ir até um médico depois, né, filha?

Eggs & Day Care escreveu:
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