Operação Amonguss

off:

Então, como eu posso dizer isso...
É verdade que, na maior parte das vezes, depois de sair de uma missão que envolve lidar com testemunhas, provas, ilhas com redemoinhos e eventualmente uma sociedade perdida que queria a usar de almoço e um mano a mano com um pássaro lendário não muito feliz, uma pessoa normal teria tranquilidade o suficiente para se enfiar debaixo de uma cama e descansar por um mês inteirinho sem sequer olhar pro lado de fora.

Mas por que diabos é que faria isso se podia se meter nas entranhas de OUTRA floresta perigosa pra poder ir atrás de OUTRO guardião e provavelmente acabar caindo em um monte de armadilhas no meio do caminho? Ora, qual seria a emoção de se trancar em um quarto e esperar o dia passar sem nenhum risco de vida ou qualquer possibilidade de destruir por completo sua sanidade???

...
Sabe, provavelmente não estaria ali se não fosse por Dietricher, na verdade.

Já fazia... Um bom tempo desde a última vez que havia visto, ou sequer ouvido falar, do rapaz. A ocasião, se bem lembrava, havia sido a dissolução da antiga CV; E, desde então, acabaram seguindo por caminhos separados e as maiores lembranças que tinha do ruivo, naquele momento, podia-se dizer que se tratavam de Lawrence e de seu simpático Vileplume. Não vou mentir pra você - mesmo que não tivesse a mínima vontade de ir praquele lugar (o que não era uma possibilidade, já que a ideia de invocar um guardião era... Tentadora, digamos assim. Vai que realmente pudesse ser possível, sei lá, montar num Lugia e sair por aí?), não sabia se teria a capacidade de simplesmente virar e dizer não, na cara dura, pro ruivo.

Digamos que...
Não haviam sido poucas as vezes que ele a tirara do buraco, sabe?

— ...Você acha que vai ser caótico que nem lá na Whirl? — Perguntou ao venenoso que a acompanhava; Pendendo a cabeça para o lado, o Roserade simplesmente "deu de buquês", esfregando algumas pétalas na própria bochecha de uma maneira preguiçosa. Após tanto tempo debaixo da chuva, era justo que o deixasse curtir um pouquinho o frescor de uma floresta como a belíssima Ilex. — 'Cê não devia ficar tão assim não, viu? Não vai ser só balde d'água que você vai tomar se a gente encontrar alguém por aqui... — Debochou, deixando um riso curto escapar quando o gramíneo simplesmente revirou os olhos carmim. Ora, não é como se as rajadas de vento que havia recebido na cara pudessem ser ditas como, hmm, "água", sabe?

Enfim; Pra evitar que todo mundo fuja da nossa rota, é aqui que eu pontuo que, num gesto simples, o pokémon ergueu o buquê para frente e apontou na direção de um pequeno grande grupinho de monstrinhos (e humano, oi!!!) que se aglomeravam logo na divisão de Azalea com o interior da mata fechada. Não que ele realmente precisasse chamar sua atenção: Apesar de não reconhecer exatamente o gigante de aço que cochilava logo perto, a cabelereira de fogo que iluminava o ambiente era, literalmente, uma tocha-aviso-luminosa que só não começava um incêndio porque não tava afim.

....agora....
Como fazer se você não lembra se tem ou não permissão pra chamar alguém por algum apelido?

— ...Eu demorei tanto assim que você já tava ponderando suas chances de uma excursão sozinho? — Foi a primeira coisa que verbalizou, gesticulando brevemente na direção do grupinho que se divertia por perto - estava brincando, claro, era simplesmente uma tentativa de quebrar o gelo. — Como tá? Faz tempo que a gente não se vê! — Cumprimentou, um sorriso simples e um encolher de ombros tranquilo; Na mesma passada, o Roserade acenou com delicadeza para o ruivo, um sorriso sereno e misterioso decorando o rosto mascarado: Do mesmo jeito, o fez com Robb.

...aliás, wow, espera aí.

— ...cacetada...! — Escapou da garganta, assim que os olhos analisaram melhor a, hm, imagem da criatura. ELE JÁ ERA TÃO ALTO ASSIM DESDE SEMPRE??? Tá, talvez isso não devesse ser impressionante se levasse em consideração que tinha acabado de ver um MONTE DE BICHO GIGANTE EM UMA ILHA PERDIDA, MAS- — ...A-Ah, e aí, tá pronto pra gente ir? — Um riso sem jeito; Será que dava pra fingir que nada tinha acontecido? Talvez ele nem tivesse ouvido, é.

off:

— Aah, um menino da cidade, entendo, compreendo... — Provocou o ruivo. Claro que não era bem assim - quer queira ou quer não, acaba se tornando impossível ser um "menino de cidade" e um treinador pokémon ao mesmo tempo. Por mais ridículo ou óbvio que possa parecer, é impossível ser um treinador experiente (como o outro esbanjava com seus pokémons evoluídos) sem que se tenha tido sua dose de loucuras, uh, ambientais. — Olha, assim você vai me deixar tímida, viu? — Brincou com o jeito "galante" do rapaz - em outra época, em realidade, já teria ficado toda sem graça, é verdade... Mas, bem, admito que lidar com uma organização criminosa e a reinserção de Karinna em sua vida havia dado umas voltas um pouquinho escandalosas em sua personalidade.

— Ah, o de sempre, sabe como é... O universo tentando arranjar um jeito de me matar, tentando fugir e lidar com bichos gigantes, captura aqui, captura ali... A rotina de um treinador. — Piscou, ajeitando as alças da mochila nos ombros e se espreguiçando enquanto o companheiro retornava a maioria de seus pokémons. — E pra você? Mais tranquilo ou no mesmo nível? — Quis saber, e foi mais ou menos nessa hora que, sabe, o pokénav vibrou com uma mensagem desconhecida.

Explico:
Depois da situação da Whirl Island, achou que seria por bem modificar o toque do aparelho para situações de números desconhecidos e/ou de números R que já tinha recebido - assim, poderia pelo menos se preparar para caso resolvessem espancá-la com uma surpresa qualquer no meio do nada. A melhor parte daquilo foi que, como o próprio Nicholas espiou seu celular, a moça achou que seria válido fazer o mesmo e...

Não vou dizer que ficou muito feliz com a ideia de ter que procurar um ladrãozinho de segunda categoria, não.

Após uma leitura rápida das linhas, o aparelho alaranjado foi direto pro bolso mais uma vez, uma respiração profunda servindo para abafar a frustração. Daquela vez, não estava com Karinna e não teria a mesma liberdade de agir - o que era patético, porque parecia que aquela organização desgraçada sempre conseguia arranjar os piores timings possíveis para atrapalhar sua vida -, mas a parte boa era que PROVAVELMENTE só precisaria ter atenção pra ver se não encontrava algum bendito passando a mão em patrimônios...

E aí, sempre poderia impedi-lo com a desculpa de que EI, ISSO É CONTRA A LEI!!!

Nada suspeito, né?

— ...Você acha que vai mesmo dar pra invocar um guardião? — Perguntou, o olhar passeando pela entrada da floresta e os pés, enfim, ameaçando se dirigir ao interior do bioma - devagar, a atenção voltando-se aqui e ali na direção de Dietricher, só para ter certeza que ele a acompanhava. — Sinceramente, nunca vi nenhum que viesse de bom grado assim, não. — Comentou. Não queria ter que ter o trabalho de invocar alguém só pra ter que quebrar o bendito na porrada pra não morrer, mas enfim...

off:

— ...Tá, olha. — Um suspiro discreto escapou dos lábios, os dedos se apoiando com discrição sobre a cintura enquanto os pés freavam por um breve instante para que pudesse analisar a geografia do lugar. — Primeira coisa, acho que a gente tem que evitar o caminho principal. — Comentou, indicando a trilha que ligava, diretamente, a cidade com a Rota 22. Era bom estar de novo em Johto, no fim das contas, pois tinha mais noção de como as coisas funcionavam ali do que em Hoenn...

Ainda que a inundação pudesse ter, uh, estragado uma massiva maioria de tal consciência.

— ...quer dizer, — Continuou, segurando os próprios braços em frente ao peito. — O santuário deve estar em algum lugar pelo coração da floresta, ou provavelmente não precisariam chamar nenhum tipo de ajuda, eu acho. — Explicou, pressionando os dentes sobre o lábio inferior com discrição. — Então eu acredito que o mais inteligente a se fazer deva ser entrar reto e ir inclinando pro nordeste, talvez. — Sugeriu, inclinando o tronco um pouco pra trás e espiando a vastidão de floresta que eram capazes de ver logo ao limiar, indicando que não estavam necessariamente muito pra lá, nem muito pra cá... Provavelmente. — Algo contra? — Perguntou. Caso não, bem, acho que podiam seguir... Né?

Sei lá.

off:

— ...um Mew gigante feito de dittos? — Foi a pergunta imediata que surgiu, o cenho se franzindo com discrição diante da possibilidade. — Eu não sei se você percebeu, mas... — Comentou, devagar, ajeitando as alças da mochila sobre os ombros. — ...esse lance de bichos gigantes começou a rolar bem mais depois de todo aquele turismo que bancaram pra Galar. Parece até um vírus que se espalhou, nunca vi... — Reclamou, balançando a cabeça com discrição. — Mas a ideia de fazer experimentos com um Mew... — Um riso torto, espiando a copa das árvores por um breve instante. — ...parece até a confusão que fizeram com o Mewtwo antes. Há quantos anos foi mesmo? — Murmurou, encolhendo os ombros com suavidade. Enfim, não preciso entrar em detalhes, né? Afinal, claramente não te interessa nada sobre o Mew2, amém.

Sim, sim. Malditos Rockets!

— Pior que... Eu nunca cheguei a ouvir sobre muitas coisas perigosas em Ilex. Digo, sim, os naturais da floresta tudo bem, mas... Mencionarem algo maior é algo meio esquisito. — Comentou, revirando uma de suas pokéballs entre os dedos, devagar. — Tô só um pouco preocupada com a ideia de ter algo bem maior aqui do que seria o planejado. — E isso era algo que não descartava, levando em consideração sua maré de azar...

— Ah, a gente andou se organizando, é. As coisas ficaram meio bagunçadas no começo, sabe, um monte de problema acontecendo ao mesmo tempo... — Disse, torcendo o canto dos lábios com sutileza. — Mas no fim, tudo se ajeitou. Nada muito novo que a gente já não esteja acostumado com todo esse papo de sociedade... — Explicou, balançando os ombros. — E sobre a... Requiem? Ficou tudo certo? — Era meio estranho pensar que o negócio havia se dividido daquele jeito, mas... Acho que acaba sendo a consequência de qualquer coisa grande demais.

Enfim, o fato é que não precisou de muito tempo antes de enfim, FINALMENTE, encontrarem algum caminho diferente do normal - sabe-se lá quanto tempo depois. Pra ser sincera, foi Roserade quem realmente a percebeu, cutucando a perna da treinadora e apontando com seus buquês para a trilha que era denunciada por conta de alguns raios solares invasivos.

— ...Que isso?/b] — Perguntou - mais para si mesma, admito, quando chegou mais perto e apoiou uma das mãos em um dos troncos para espiar o caminho que, apesar de até ser bem feito, estragava completamente o significado de toda uma área ambiental. [b]— ...Parece até que só deletaram tudo que tinha por aqui. — Suspirou; A parte boa de tudo aquilo era que, aparentemente, a trilha seguia exatamente mais ou menos em uma direção pro Nordeste, então... Talvez aquilo podia ser uma trilha pra eles, também? — Eles também tinham comentado sobre problemas com madeireiros, né? Ou eu tô doida? — Questionou o ruivo, tamborilando os dedos com sutileza na árvore que se apoiava. — Acho que a gente pode seguir pra ver se encontra alguma coisa ou alguém. Pode ser? — Sugeriu - até porque, facilitava muito terem um caminho fixo do que simplesmente ficarem rodando pela floresta.

...mas não era boba, também, e acabou liberando seu querido Lucario para ajudar a acompanhar. Quer dizer, levando em consideração que o espécime trabalhava extremamente em cima de localização de auras, ainda que já tivesse a de Nicholas do lado de fora... Dois é melhor que um, né?

— ...Atento pra ver se não se aproxima alguém, tá bom? — Pediu ao canídeo, que ergueu o focinho por alguns instantes para a dualidade de folhas e céu por alguns instantes antes de simplesmente assentir, os olhos carmesim escapando para a imagem da OUTRA Lucario e... Inclinou a cabeça, discreto, cumprimentando-a com um singelo acenar de cabeça e um piscar vagaroso dos olhos. Oi, madame!