[MISSÃO] Perdido na Selva

Ao resgate!

— Então você não se incomodaria se, por um deslize, eu derrotasse você e teus amiguinhos e ainda ficasse com o Pokémon que você procura. Aliás, muito melhor na minha mão que na tua! — Provoquei.

Não demorou para a troca de golpes começar. Tudo ia conforme o esperado e, se tudo continuasse desse jeito, era apenas mexer com o psicológico dos riquinhos. Era realmente um pé no saco que Ananda estivesse queimando daquele jeito e ainda estava... Apaixonada? Pelo Persian? Não, não, não! — Ananda, pelo amor de Deus! Apaixonada por esse cara podre? Os opostos realmente se atraem! — Sussurrei, extremamente contrariado.

Estava me ardendo de vontade para fazer uma substituição, mas eu preferi esperar que Ananda caísse — se realmente acontecesse — para fazê-lo.

— Ananda, Knock Off em Jellicent e Close Combat em Persian! Polaris, Thunder Wave e outro Thunderbolt em Jellicent e Gyarados, duplo Waterfall contra Persian também, agora! Não permita que ele se fortifique tanto assim!

Perdido na Selva

A batalha parecia pender para o lado de Aiden, tudo graças aos ótimos ataques que seus monstrinhos possuíam. O embate, agora de três contra dois, parecia longe de se encaminhar para um fim... Pelo menos era o que parecia.

Mais rápido em campo, o felino de Alola prontamente parava para analisar a batalha, recebendo força em seus ataques especiais. Como ordenado pelo moreno, Gyarados seguia para acertar Persian com um potente Waterfall, que irritava bastante o felino. Magneton lançava um raio paralisante sobre a água-viva fantasma, diminuindo drasticamente sua velocidade; o que fez com que Ananda fosse a próxima a atacar, mas infelizmente ela permanecia apaixonada pelo gatinho. Com isso, Jellicent sobrepôs os raios paralisantes e derrubou a lutadora com mais um Scald.

— Ha. Então, além de não ser um Ranger, você é um ladrão? Entendi. — o dono do Incineroar desmaiado deu uma risada — Sabe que não pode sair daqui com bicho nenhum, né? Vamos fazer o seguinte... Acabou essa batalha, vamos direto na polícia falar que você veio roubar o Pokémon. — apontou para si mesmo e para os amigos, enfatizando as vestes — Somos ricos, cara. Vai todo mundo acreditar na gente. Que tal você desistir, voltar por onde veio e você não acaba o dia na delegacia?

Apesar do tom ameaçador, a batalha continuava, com Persian e Gyarados repetindo seus ataques e Magneton causando um belo dano superefetivo em Jellicent. Essa, por sua vez, acabava sofrendo as consequências de Thunder Wave e ficava paralisada.

Ao resgate!

— Ué? Então é assim que funciona: a abelha-rainha e seus dois zangões fazem a festa e depois chamam papai e mamãe pra limpar? — Respondi. Hah, se tem uma coisa que gente mimada odeia é ser chamada de sem personalidade. Esperava criar uma situação instável entre o grupo, para que perdessem o foco na luta. O rapaz do Incineroar mostrou suas roupas, agora ensopadas. — Aliás, vocês podem até serem donos de um planeta inteiro, acham mesmo que alguém vai acreditar em três Torchics molhados?

Veio na minha garganta jogar na cara deles que não deveriam nem estar aqui, afinal o parque nem estava aberto. Até pensei em deixar a situação de combate em segredo, entretanto, o diabinho em meu ombro esquerdo cochichou mais alto e agora eu queria mesmo era ver o circo pegar fogo. Pelo menos arrancar um dinheiro dos pais deles a polícia irá.

Será que conseguiam detectar a minha localização exata pelo aparelho? — Refleti.

Eu tinha o meu álibi, assim como discretamente liguei o microfone do walkie-talkie — não a escuta — para que os Rangers ficassem a par da situação. Eu não era nem louco de deixá-los ouvirem a voz da Samantha e proporcionar uma fuga desesperada. Daquele momento em diante, eu teria que medir minhas palavras para que as provocações não fossem contra mim.

— Muito cuidado com a boca. Magikarp morre por ela! — Continuei. — Gyarados, Power Whip duplo em Jellicent. Magneton, Light Screen e Thunder Wave em Persian, já!

Perdido na Selva

— Persian, duplo Dark Pulse. — o primeiro rapaz dizia
— Jellicent, Protect e Scald no Magneton!

A ideia de Montecchio era perfeita: ligar seu walkie-talkie, mutá-lo e deixar que Samantha e os outros Rangers escutassem tudo que estava acontecendo. E assim aconteceu, já que irritado, o dono do ígneo se destrambelhou em falar asneira - inclusive denunciando toda corrupção policial e sua situação de privilégio.

— Claro, isso que significa ter dinheiro. Também significa que não precisamos seguir merda de regra nenhuma. — o garoto puxava um Full Restore e usava no ígneo; um padrão não muito geralmente visto, já que alguns consideram injusto e burlar toda regra de batalhas Pokémon — Já falei: é só pagar esses pegadores de Meowth em árvores e fica tudo certo. Posso colocar fogo nisso tudo, capturar quantos Pokémon quiser e... Nada vai acontecer.

Incineroar ainda demorava para se levantar, então, tomaria um pouco de tempo para retornar à batalha. Persian lançava suas esferas noturnas em todos em campo e Gyarados começava com seu poderoso Power Whip, causando um dano significativo na água-viva. Antes que o embate pudesse continuar, diversos monstrinhos como Swanna, Arcanine e Stoutland surgiam e se colocavam na frente dos pequenos de Aiden, derrubando um por um dos adversários. Tudo aconteceu tão rápido que os três adolescentes mal tiveram tempo de retornar os três Pokémon.

— Boa jogada, Black Star. Escutamos tudo. — Samantha surgia voando de um Flygon; os demais monstrinhos eram de outros agentes que também se aproximavam — Já achamos estranho uma única nuvem no meio da floresta, então viemos com calma, mas assim que ligou seu walkie-talkie conseguimos entender o que estava acontecendo e viemos correndo. — desceu do dragão, puxando um par de algemas — Vocês três, vamos encaminhar para a delegacia e, bom, se antes vocês tinham alguém corrupto pra te tirar de lá... Não mais. Vou cuidar pessoalmente do processamento de vocês. — a morena piscou para Aiden e consentiu com a cabeça para que os outros Rangers levassem os adolescentes; esses, por sua vez, que permaneceram calados — Pode continuar na sua procura. Só, por favor, me avise quando encontrá-lo. Desculpa por toda essa confusão, a segurança do perímetro está bem forte, mas certamente alguém deixou eles passarem... Se é que me entende.

Uma confusão a menos, certo? Ao menos agora Delano não precisava mais se preocupar em sair no soco com adolescentes prepotentes.

As direções eram praticamente iguais, então, para que lado seguiria?

Ao resgate!

No meio do monólogo do meu oponente, pude ouvir asas de um Pokémon acima da nossa cabeça e outros vários tomando o campo. Quando olhei para cima, pude perceber Samantha nas costas do dragão de Hoenn, junto com os seus subordinados em terra fazendo um trabalho bem rápido e, num piscar de olhos, eles estavam todos indefesos.

Sabe-se lá o que aconteceria depois daqueles Dark Pulses e do Incineroar engolindo um Full Restore inteiro caso eles não tivessem chegado a tempo. Não pude deixar de soltar um suspiro de alívio enquanto retornei meus Pokémon.

— Espero não ter causado problemas com a chuva. Não conheço o ecossistema local... — Me desculpei, antes de continuar andando. — Isso me atrasou nas buscas, agora eu temo de o menino estar andando e nós termos perdido o seu paradeiro. Enfim, prefiro ser otimista e acreditar que conseguirei achá-lo antes do pôr do sol.

Caminhei na direção do trio algemado e joguei-lhes uma moeda, sussurrando com um sorriso ácido de desdém no rosto. — Pra ajudar na fiança de vocês... Hah!

É muito bom ter o que se quer, ainda mais quando se envolve justiça. Naquele momento, eu tinha algumas escolhas de caminho a seguir. Acreditei que a mais sensata seria seguir o caminho de ida dos criminosos, afinal eu poderia aproveitar para reparar algum dano no caminho para o resgate da criança.

Perdido na Selva

Agora livre de qualquer perturbação, Aiden decide seguir pelo caminho que os adolescentes pretendiam ir para ver se encontrava o bendito Pokémon sequestrador.

Foram minutos e mais minutos de caminhada, a princípio sem qualquer Pokémon por perto. Muito provavelmente a batalha barulhenta entre seis Pokémon afastou os locais das redondezas, já que ninguém quer ser vítima, por exemplo, de um Scald poderoso por tabela. O terreno desnivelado por conta das raízes aéreas, a grama, folhiço, tudo isso tornava a caminhada mais complicada, o que demandava um pouco mais da energia do nosso herói para caminhar por aí.

Não demorou muito e alguns Zigzagoon começavam a correr na direção de Montecchio, sem sequer ligar para sua presença - muito provavelmente o que estava espantando-os era muito mais aterrorizador. Finalmente, alguns gritos de uma voz infantil conseguiam ser ouvidos à Noroeste de onde os monstrinhos vieram, assim como um forte barulho de pedras sendo jogadas no chão, o que fazia com que o terreno tremesse e muito provavelmente fosse a causa dos Normal-type correrem.

Que diabos poderia ser?

Aiden avisaria os Rangers sobre isso ou investigaria primeiro?

Ao resgate!

Primeiro, senti o alvoroço de alguns Zigzagoon correndo na direção oposta, o que indicava algo estranho naquela direção. Mesmo cansado, permaneci naquele sentido e assim que pude ouvir uma voz seguida de um estrondo de rochas na direção noroeste.

Arregalei meus olhos. Primeiro de susto e depois, mais calmo, porque meu objetivo estava mais perto do que nunca. Em meio aos devaneios, as coisas começavam a encaixar: a criança, o Pokémon que os rapazes seguiam e até mesmo as pedras. Samantha não me disse de Pokémon algum do tipo pedra morando nesse Safari.

Naquela hora, decidi que não iria acionar os Rangers daquela vez. Se a entrada de Samantha fosse triunfal do jeito que tinha sido com a situação anterior, eu poderia perder uma oportunidade de captura. Depois que tudo estivesse solucionado, aí sim eu me comunicaria.

Eu já estava um pouco cansado, mas não era hora de fraquejar. Segui ao encontro da criança, esperando que não estivesse tão machucada.

Perdido na Selva

Com a decisão de não acionar os Rangers, Aiden decidiu ir em encontro ao forte som de pedras jogadas ao chão, possivelmente causada por um forte Pokémon. Mais alguns minutos de caminhada minuciosa e seguindo o barulho, nosso herói encontrava uma segunda clareira, agora com uma criança toda machucada, cheia de arranhões e visivelmente abalada pressionada contra a árvore de alta copa que enfeitava o centro do lugar.

Em sua frente, um pequeno e gordinho, porém muito mal encarado Larvitar. O Pokémon possuía marcas também de machucados e percebia de imediato a presença de Montecchio. Sem pestenejar, o rochoso projetava um enorme pedaço de pedra na direção de Aiden - caso não quisesse sofrer bastante, precisaria ser rápido no gatilho em liberar um de seus parceiros.

O Pokémon era visivelmente não muito forte, mas existia uma necessidade em seu olhar de provar que era. A criança, já desesperançosa, via Aiden e sequer tinha força em esboçar um sorriso, desmaiando logo em seguida.

Existiam duas grandes escolhas aqui: resolver as coisas na força bruta ou tentar entendê-lo apesar do que fez.

E aí, rapaz?

Ao resgate!

Usaria o preneme neutre com NPC?

— M-mas esse é um Larvitar... — Murmurei, arqueando as sobrancelhas e analisando aquele Pokémon esverdeado. Notei a criança com ele, toda machucada e abalada. Assim que percebeu a minha presença, Larvitar disparou um enorme pedregulho contra mim.

Com certeza eu me assustei e, naquele momento, a adrenalina tomou conta do meu corpo e eu nem vi mais nada. Me joguei para o lado com certa dificuldade, ouvindo aquele alto barulho do choque da pedra contra uma superfície. Como que esses Rangers não perceberam esse Pokémon fazendo esse alvoroço todo?

Que situação! A criança perdida não conseguia mais ter forças para esperar o resgate e logo desmaiava. Eu não podia mesmo entrar num combate com Larvitar ali. Será mesmo que eu deveria?

Levantei-me calmamente, para passar uma segurança ao Pokémon selvagem. — Nossa, como você é forte! Imagino que você deva ter passado por um longo treinamento até aqui. Me desculpe por aparecer assim, do nada, mas eu vim pra cuidar delu. — Se era reconhecimento que o pequeno rochoso queria, era o que eu estava disposto a dar. Ele também deveria estar exausto de tanto fugir dos marmanjos anteriores e não seria justo atacá-lo naquela hora ali. E se estivesse apenas tentando proteger e menine? Eu estaria cometendo um grave erro. — Não quero que você se assuste, viu?

Estendi então a minha mão direita de forma amigável e receptiva ao Pokémon selvagem. Se o Discurso no Jutsu não funcionasse, aí sim as coisas ficariam feias.

Perdido na Selva

O caminho que Aiden escolhia era, sinceramente, o mais difícil. Pelo menos era o que muitos diriam. Larvitar não parecia querer conversar e muito menos parar de agredir todos a sua volta — oras, o pequeno sequestrou uma criança para maltratá-la, aparentemente. O rochoso observava nosso herói com bastante atenção, mas sem tirar a feição irritadiça do rosto, principalmente após ver que seu Rock Throw falhou em acertá-lo.

A criança, ainda desmaiada, felizmente parecia se tornar um segundo plano para o selvagem.

Que sorte para ela e azar para Montecchio.

Azar porque, bom, não existe reflexo no mundo que fizesse o nosso herói escapar do Bite que Larvitar deu em sua estendida mão. E, olha, como parecia doer, viu? Já viu os dentes dessa espécie? Por sorte, parecia não ser muito experiente ou Aiden poderia tê-la perdido nessa tentativa amistosa de acalmar o sequestrador-Pokémon. Fica de lição, né?

Inclusive, Larvitar agarrou e não quis mais soltar... A pressão machucava e cortava a pele do treinador, mas nada que parecesse suficientemente perigoso, sabe? A surpresa vinha quando o pequeno conseguia arrancar um pequeno filete de sangue, fazendo-o abrir um sorriso quase que sádico, seguido de uma expressão confusa. Não havia dúvidas que se tratava de um bebê desorientado.

Agora com essa proximidade forçada pelo monstrinho, Aiden conseguia perceber diversas marcas de arranhão em seu pequeno casco esverdeado, bem como uma cicatriz enorme em sua barriguinha, esta ainda fresca e certamente infeccionada. Pelo padrão do corte, era possível ver que havia sido feita ou por um dente muito serrado ou por uma faca.