Mark Zuckerberg que nos aguarde

... Sabe quando você se sente dentro de um Game Boy Color e a imagem que vem a sua frente é de um pokémon com frames meio... sem cor?! Pois é, era isso que aquele Growlithe me lembrava.

Eu não quero ser cruel com ele... veja bem, ele era bonito, mas depois de ter o vívido, alegre, forte e amado Fenrir, qualquer outro Growlithe ou Arcanine me pareceria "xoxo"... ainda mais um pálido como este. Não havia vestes de Jellicent que lhe faria aparecer mais amável.

Quer dizer, até teria, mas não era o caso.

E eu tinha um pequeno problema com o mundo virtual: desde sempre eu aprendi que há diferenças entre o virtual e o real, deixando bem claro que eu não deveria confundir as coisas. Sendo assim, eu não caia de amores pela fofura-canina-virtual.

Eu mal entendia como funcionava aquilo.

Apenas entrei com um sorriso meio bobo, abaixei um pouco e afofei sua fantasia rosada. Com calma, tirei a "cabeça" da fantasia (se tiver uma) e me certifiquei de sua pelugem. Num instante, eu quis muito dizer "o que fizeram com você...?", afinal de contas, um Growlithe como esse não iria ser lá tão feliz na floresta. Porém algo me tranquilizava: ele ao menos seria muito amado por um treinador.

Que não era eu, afinal de contas, eu já tinha um Arcanine, e infelizmente não daria certo levar um segundo para casa. Fenrir é um bocado ciumento.

Peguei-o com as duas mãos, levei-o até próximo do meu rosto e dei um beijinho na testa dele. Eu nunca gostei desse hábito de pintar pokémons: não acho que é atoa que Fafnir é meu pokémon mais bizarro e, "coincidentemente" o pintado do Holi Park. Parece-me traumático e não-natural, mas me contento em aproveitar o Festival Plaza.
- Quem sabe um... próximo, né?! - Sim, essa foi a única coisa que eu tive coragem de dizer àquele Growlithe.

Num tom triste, dei meia volta e sai da porta. O pokémon que ficou mais perturbado com isso tudo foi Eevee, que ao ver a cena, correu para dar uma lambida de despedida em Growlithe e depois pulou no meu ombro, ficando um bocadinho transtornado e deprimido.

Ai sair por aquela porta, encontrei Robin mais uma vez. A menina também havia passado seu Abra-cor-de-bosta. Fiquei tão (mas TÃO) impactada com o bichano a minha frente, que acabei não respondendo-a na verdade, deu um bug mental e eu achei que o Bed não tinha postado e meu post tinha vindo antes do dele e tratei de deixar o choque passar.

Foi com certo atraso que chacoalhei as mãos, olhei para a moça e dei um sorriso meio sem graça:
- É meio cruel deixar os pokémons assim, né?! Mas não vou levar esse... eu já tenho o Fenrir, não seria legal levar outro pokémon territorialista pra casa - Falei soltando os braços e balançando-os - E sobre ser homem. Arg, eu tenho a impressão que todos os homens que eu conheço tão mentirosos. Sério... eu to começando a achar que pênis faz as pessoas mentirem mais. Você tinha que ver o que eu passei na Ilex Forest... talvez seja mal de hétero né, mas a gente é hétero?! Quer dizer, eu não sei se sou hétero... Quer dizer, eu não sei se sou um homem hétero... então... pera, ah... não... - Dei uma pausa e botei a mão na cabeça por um segundo - ... um avatar era pra causar tanta confusão?!

Felizmente, um NPC interrompeu a crise-que-daria-tela-azul e falou sobre Match Perfeito. Eu acredito nisso?! Não, mas com o coração apertado, a gente acredita em qualquer coisa, então por hora, acreditarei.

... quer dizer, quase qualquer coisa, porque quando eu vi aquele bocado de objetos de banda, eu já gritei na hora:
- GUITAR HERO! - E quando ela anunciou que eu ia ter que impressionar alguém, eu já baixei o tom - ... não é Guitar Hero - E uma carinha tipo ):

Tudo bem, eu só não sabia como fazer. Talvez narrar o Gray por tanto tempo deveria ter me ensinado a ser líder de banda, mas não ensinou. Eu olhei para Robin, olhei para as Guitarras e baterias, olhei para Robin de novo e olhei para o Microfone:
- Olha, a gente pode tentar fazer isso do jeito certo... e a gente pode tentar fazer isso do jeito errado... eu prefiro o jeito errado... - dei uma pequena pausa - ... Errade.

E caminhei muito devagar pro microfone. Ai eu peguei ele com muita calma, liguei ele e gritei:
- VAI TOMAR NO CU BOLSONARO!

Fiquei um bocado ATORDOADA quando Robin falou sobre se travestir para agradar seu pai. Parei um pouco, olhei para a cara dela e perguntei um simples:
- ... que?! - Num ato desbocado - CONTA ESSA HISTÓRIA DIREITO?! Você nunca me contou isso...

Eu, WInnie, tenho uma fucking vida normal. E eu esqueço que 99,9% dos treinadores não tem. A maioria desiste da vida comum por algum problema com a família, e não por simples tédio ou preguiça de vidas normais. Eu esqueço disso.

E não saber desse pequeno grande detalhe da vida de Robin me fez ainda mais calorosa naquele microfone. Talvez por isso eu falava com uma sinfonia de ódio várias palavras, talvez por isso o público gostou. Em algum momento eu gritei: FODA-SE O PATRIARCADO. E eu era um... homem. O que não faz sentido nenhum, mas idai, né?!

O mais importante é que, no fim, deu certo. Eu queria ouvir de Robin ao menos um pouco dessa história, porque ela me preocupou um pouco.

Não muito, porque, logicamente, aquilo fazia anos, e ela CLARAMENTE conseguiu sair dessa vida. Além disso, eu posso estar afundando-a de problemas na minha cabeça, mas havia uma certa preocupação no não-dito por ela. No mais, saímos daquele novo cenário no meio de seguranças e isso foi um bocado divertido.