O Lutador continuava golpeando a árvore com uma concentração e força assustadoras , dava pra ouvir o som do impacto de onde eles estavam. Aquilo devia doer. Hitmonlee era um pokémon lutador realmente admirável na visão de Sota , mas o que lhe faria ficar de boca aberta viria logo a seguir. A floresta que antes estava assustadoramente quieta voltara há ter um leve momento de tumulto quando um Taillow ali perto se cansa e sai voando , fazendo que outros de sua espécie se assustassem e consequentemente dando um susto em Akemi e Chico. Todo esse efeito dominó acarretou no fato dos jovens sendo descobertos por um homem loiro, com um porte de um verdadeiro lutador e uma cara de quem não estava para conversinha.
- Você...não parece ser um dos ladrões do noticiário. - dizia o jovem Sota saindo de trás da árvore em que se encontravam , odiava enrolação então foi direto ao ponto. - Você tem uns Pokémon bem interessante aí.
Independente de quem fosse aquele homem a sua presença era intimidadora e pertubava a ordem do ambiente , o jovem tentava não se deixar assustar com aquele homem , mantendo uma postura firme e uma expressão inflexível apesar do elogio aos Pokémon. Sentia-se inquieto por dentro , como se algo pertubasse a paz dentro dele , como se algo estivesse fora de ordem. Não é que o menino não se incomodava com a situação , apenas não conseguia ignorar tudo aquilo e seguir adiante e possivelmente vir a tona a sensação de ter sido um covarde.
Realmente a ordem foi cumprida, e o garoto lentamente se levanta! Akemi o olha completamente estarrecida, olhos arregalados, mas não vê outra alternativa senão se levantar também. - Hehe… oiê… - ela dá um sorrisinho e um tchauzinho, meio tímida, meio amedrontada. O homem, então, cruza os braços e encara Sota com seriedade. - E se eu for? O que acontece com vocês? - as palavras eram uma resposta para o comentário do rapaz sobre aquele homem não ser um dos tais bandidos - Já vocês parecem ser incompetentes demais para serem bandidos. - o próximo comentário veio como uma faca afiada direta para os dois. Akemi leva a mão a nuca dá uma coçada, desconcertada. - Sim, eles são interessantes, e vocês me interromperam. - duras e secas, como todas as outras, esse homem parece feito de rocha de tão insensível e direto!
Os olhares dos Pokémon do homem eram tão concentrados quanto os do próprio. - Er… Sota… - Akemi cutuca o braço do rapaz que então percebe a presença de outra figura atrás deles: um Breloom! Eles estavam cercados!
Conforme o jovem se revelava a assustada Akemi não vê outra alternativa se não fazer o mesmo , os Pokémon do loiro os encaravam com um olhar tão duro e frio quanto as palavras proferidas pelo treinador , sua atitude era totalmente arrogante. O seu sentimento de superioridade exalava no ar e deixava o jovem de cabelos grisalhos incomodado , cerrava os punhos e olhava o homem fixamente de modo que seus olhos transpassavam a ira e repulsa para com aquele que lhes falava. Olhou para a jovem atrás de si e acenou com a cabeça de forma a sinalizar que havia entendido o que era queria dizer , eles estavam cercados e a única escolha agora era batalhar para sobreviver , não que fosse problema para Sota e Trapinch. Ambos deram um passo adiante e sorriram.
- Meu amigão e eu vamos dar um pouco de nossa incompetência para você então, imagino que não se preocupe com nosso desafio ,já que é capaz de terminar com isso tanto quanto consegue falar. - o menino não parecia filtrar as palavras , os sentimentos lhe tomaram conta.
O tipo daquele homem não se parecia com o de um bandido, mas afinal, qual o tipo de um? as aparências enganam tanto quanto um Ditto , mas o motivo da pergunta acerca dos bandidos era mais como um chamado para uma batalha , afim de ver como ele reagiria e agora eles sabiam. Estavam claramente em desvantagem numérica já que os pokémon capturados ainda estavam desmaiados e o inseto na mochila não poderia fazer muita coisa dormindo . Entretanto não tinha mais volta , era tudo ou nada.
O homem cerra os olhos e encara o fundo dos olhos de Sota. Ele dá um passo à frente, chegando muito perto do rapaz com seu Trapinch. Ele parecia tentar ler o que estava além daquele desafio, ou além daquela bravata. Seria um jovem promissor atrás de competição? Uma forma de se mostrar maior para a garota atrás de si? Um gatinho medroso que mostra suas garras como uma forma suicida intimidação? Não dava para saber o que se passava na mente daquele homem. Ele apenas estava ali, impávido, imóvel, rígido como rocha.
- Venha. - o homem diz, de forma ampla e audível, e sem medo algum, gira nos calcanhares e da suas costas para Sota. Ele seria tão confiante assim a ponto de insultar o rapaz dessa forma? Quero dizer, ele acabou de ouvir um desafio! E agora simplesmente dá as costas? Pouco a pouco, os Pokémon do misterioso homem se afastam, sendo o último Hitmonlee, que ainda estava muito desconfiado e meio irritado por ter sido observado na espreita por aqueles dois! - V-você é maluco?! - Akemi protesta quando o homem se afasta mais um pouco - Esse cara parece muito, muito forte! - ela tinha um misto de alívio e preocupação no olhar, mas o tom de voz era uma clara reprovação à imprudência do garoto. Agora Sota tinha uma escolha: seguir o homem e, consequentemente, sua palavra, ou seguir com sua viagem, já que Akemi havia recuperado sua mochila e o estranho barulho foi solucionado. Ninguém julgaria o rapaz por só seguir com sua vida depois de jogar um blefe no ar, mas… e sua consciência? E sua honra? Melhor dizendo, o rapaz levava esse tipo de coisa a sério o bastante para se colocar em um risco desconhecido?
O homem tentava sondar a Sota como se buscasse lá no seu íntimo o motivo de toda aquela bravura que ele estava demonstrando , o menino permaneceu firme sem demonstrar sinal de vacilo. Akemi já o considerava um louco a esta altura , mas não era algo com que o jovem se importava , estava em busca de um aperfeiçoamento em batalha , na mente ,no emocional e por fim resolver aquilo sem sair dali como um covarde mesmo que apenas ele e a garota soubessem . Akemi poderia pensar ou dizer o que quisesse mas ele estava com uma decisão em mente e era teimoso o suficiente para permanecer com ela , iria enfrentar aquele homem pelo seu orgulho como pessoa e treinador , não estava fazendo aquilo pela menina mas sim por ele mesmo e pelo seu companheiro terrestre. - Como disse um certo alguém:"A vitória está reservada para aqueles que estão dispostos a pagar o preço." - dizia o jovem enquanto caminhava na direção do homem, apenas um sorriso de escanteio poderia ser visto.
Isso era o quão longe o menino estava disposto a ir para se aperfeiçoar e cumprir seus ideais , o seu Trapinch era tão louco quanto o seu treinador pois não demonstrava sinais de hesitação , realmente era o parceiro perfeito para Sota.
O misterioso homem seguia para dentro da floresta, enquanto Sota a Akemi caminhavam na sua direção. Passando por algumas árvores, o cenário que se mostrava era um tanto diferente. Se tratava de uma clareira, bem maior que a anterior, com um pequeno corpo d'água formado em uma estreita formação rochosa. Dispostos pela clareira se encontram três barracas, sendo duas delas mais simples e a terceira mais estilizada com detalhes em rosa e uma placa escrito “Não mexer!” escrito com pincel atômico. Ao centro do acampamento havia um fogareiro com algo sendo preparado. E o cheiro era muito bom! Logo o aroma de chá verde e torradas invadiam as narinas dos dois jovens. Chico assim que captou o aroma já ficou com vontade! Ora, batalhas dão fome!
O homem ainda caminhava em silêncio, sem olhar para trás. Ele foi até uma das barracas e retirou um grande saco de ração Pokémon, servindo porções generosas para os seus. De forma organizada e extremamente disciplinada, os cinco lutadores esperaram que ele servisse a comida em silêncio. Depois de servidos, o homem indicou que poderiam comer. Respondendo em coro, como um “oss” em suas respectivas formas, os cinco, então, assentavam-se em volta da fogueira e começavam a comer. - Sirvam-se. - ele então aponta para a comida na fogueira, indicando para que seus “convidados” se servissem das torradas e do chá. Deixando o saco no chão, indicou também que poderiam usar da ração para servir seus Pokémon. Então, tomando um balde em mãos, foi até o corpo d’água e o encheu.
Akemi olhou para Sota, confusa. Chico estava faminto! Trapinch também, na verdade, mas decidiu seguir as intenções de seu treinador e permanecer rígido, esperando a resposta ao desafio. - Então… acho que ele está nos convidando? - a garota estava bem confusa, não sabia ao certo o que fazer. O homem retornou, despejou a água coletada em uma chaleira e a pôs no fogo. Depois, aproximou-se do fogo. - Não vou repetir. - então, ele se assenta, toma uma das torradas e um pouco de chá, com toda cerimônia, e começa a comer. Akemi continua encarando Sota e então solta os ombros. - Vou aceitar um pouco de chá, obrigada. - dando um passo à frente, ela se aproxima do fogo. Chico começa a balançar nos braços da garota. - Eu sei, eu sei! É… vou pegar um pouco de ração pra esse esfomeado também, se não se importa, hehe! - o homem apenas balança a cabeça, positivamente. Logo, Sota estava em pé, olhando aquela cena improvável! Sua nova amiga, comendo com um desconhecido e bandido em potencial!
Todos os quatro , cinco , se não se esquecer do pokémon casulo na mochila, caminhavam atrás do homem em silêncio até uma clareira que ao que tudo indicava estava servindo de acampamento para o homem e outras duas pessoas até então desconhecidas. Havia torradas e chá juntamente com ração para as criaturinhas , tudo muito organizado. Estranhamente o homem se portava com modos que você não esperaria de alguém com aquela aparência e ainda por cima lhes oferecerá um banquete a qual Akemi acabará aceitando mesmo com hesitação , o jovem chegou a abrir a boca mas lhe faltaram palavras para tudo aquilo. Esperava que o homem lançasse um pokémon ou os levasse a um lugar mais reservado para o embate mas ao invés disso...os convidou para chá e torradas? O que raios era aquilo? . Decidiu apenas seguir o fluxo das coisas mesmo que com um pé atrás que manteria até ter certeza do que estava acontecendo , com um pouco daquela ração o jovem grisalho serviu a Trapinch uma porção enquanto lhe assegurava de que estava tudo bem , embora o terrestre só comeu ao ver o seu treinador se servindo de torradas e uma boa dose de chá. Só assim se sentia seguro.
A verdade é que Sota amava chá , embora não conseguisse apreciar adequadamente com a tensão do momento. Aquela enrolação o deixava irritado , era alguém que gostava de ir direto ao ponto. - Afinal de conta, quem é você? E o que é tudo isso? - questionou olhando ao redor e tentando montar um quebra cabeça sem peças , suspirou fundo e se acalmou o suficiente para evitar um conflito independente da resposta daquele homem. Talvez aquilo tudo fosse uma armadilha bem elaborada para dar cabo dos jovens sem levantar suspeitas , mas o que ele poderia falar? era ele quem os havia colocado naquela situação. - Seu Hitmonlee estava emitindo um som semelhante ao que minha amiga aqui havia ouvido antes de fugir de desespero , junto com isso há notícias de ladrões nas redondezas , pode ser tudo um mal entendido. Por isso pergunto, o que sabe?- seu tom de voz não erra irritado , mas calmo e humilde.
Sem muitas opções, Sota apenas aceitou aqueles estranhos fatos e sentou-se junto a Akemi para aquele estranho chá com torradas. O som das mordidas nas torradas e dos Pokémon comendo, em especial Chico com sua voracidade incomum para seu tamanho, eram os únicos ouvidos naquele silêncio extremamente incômodo. Então Sota o quebrou, com sua impaciência e rompantes dignos da juventude, questionando aquele homem estranho sobre o que se tratava aquilo tudo e quem ele era. Akemi tomou o copo de chá, arregalou os olhos, e focou apenas em bebê-lo. Hitmonlee também reagiu, lançando um olhar de repreensão para o jovem. - Basta, Lee. - o homem, então, repreende seu Pokémon, então termina de beber um pouco de chá. - Olhe a sua volta, moleque. O que acha que isso se parece? - de forma ríspida e seca, como anteriormente, lança uma questão sobre aquela que Sota proferiu. De fato não havia nada ali que despertasse suspeitas para além de um simples acampamento. Não havia armas, gaiolas, equipamentos diferentes, nada do tipo. Talvez dentro das barracas?
Então, a segunda pergunta de Sota fez o homem reagir de forma diferente, parecendo ter o incomodado. Ele volta os olhares para o rapaz pela primeira vez desde que sentou-se a fogueira e também respirou fundo antes de continuar. - Você espreita meu Pokémon e não se desculpa, senta-se à minha mesa a meu convite e ainda exige que eu me apresente sem tê-lo feito antes!? Seus pais não lhe deram a mínima educação, moleque! - mesmo tendo feito a pausa para respirar, ele transmite sua revolta com aquela nítida afronta e desrespeito! Akemi recebeu aquelas palavras também, mesmo que não tenha sido para ela. Tratou de se levantar rapidamente e, abaixando sua cabeça, começou - Me perdoe pela falta de educação, senhor! Me chamo Akemi, e não tinha a intenção de ofendê-lo ou desrespeitá-lo! Obrigado pelo convite, o chá e as torradas estão deliciosos! - ela falava tudo e de uma vez só, com todo o sentimento de frustração e culpa possível. Então, o semblante do homem muda completamente. Fica mais leve e tranquilo ao olhar para a jovem. - Desculpas aceitas, Akemi. É um prazer conhecê-la, me chamo Ryo Sakazaki, do Dojo Sakasaki de Dewford. - agora tudo faz sentido! Essa pompa, essa tromba enorme por uma SIMPLES não apresentação era somente reflexo da vida hiper disciplinada de um praticamente de artes marciais! Agora, aquele brutamontes com um nome até mesmo sorria! - Sakazaki? Onde já ouvi esse nome? - a garota leva a ponta do indicador ao queixo, dando a ela um ar todo meigo em meio aquele momento de reflexão. Ryo, então, volta a falar com Sota. - Meu Hitmonlee estava treinando, o que espera que aconteça com o som de golpes em um tronco? Sobre esses tais bandidos, também ouvi falar deles, mas não me importo. É trabalho dos Rangers, não meu. - ele volta à sua postura anterior, como se agora tratasse Sota de forma completamente diferente de Akemi! - Quer informações para ir atrás deles? Só com um Trapinch recém saído das fraldas? - agora era a vez do homem lançar uma pergunta toda espinhenta pro lado de Sota! Afinal, qual era o objetivo daquilo tudo?
Que situação desagradável , péssima . horrível , Sota tinha vontade de gritar de angústia e chateação. Aquele cara era realmente um chato de lidar com toda aquela pompa, suas respostas foram curtas e grossas e o jovem grisalho se sentiu envergonhado pelo constrangimento que causara a jovem Akemi. Entretanto após o ato da menina o homem começara a tratar ela de forma diferente do rapaz , admitia que seu comportamento havia sido rude apesar de tudo e tentando deixar as ofensas de lado ele se coloca sobre os joelhos e curva a cabeça em sinal de reverência , aquele homem era um lutador inflexível e toda sua disciplina havia o transformado naquilo que estava diante deles e percebendo isso o melhor a se fazer foi proferir aquelas palavras seguidas do gesto. - Sinto muito pela falta de educação , é perigoso confiar rapidamente , por isso mantenho sempre um pé atrás. Além disso não vejo como um homem de valor pode recuar como um covarde, seja em seu modo de falar ou agir e por isso mantive uma linha direta. Lamento.- ele esperava que aquilo aliviasse um pouco as coisas.
Achava que o homem iniciaria tudo com um combate para resolver as coisas , mas pelo jeito a sede por batalha do menino o levou a uma conclusão e atos errôneos. Era o tipo de pessoa que não gostava muito de ficar rodeando mas sim ir direto ao ponto , algo com um Meteor Assault , engoliu seco os comentários daquele homem , principalmente acerca do seu companheiro e tentou lhe responder com serenidade, respirou fundo. - Não gosto de enrolação, por isso fui direto ao ponto. Me chamo Sota Sato de RINSHIN TOWN , e tem razão o meu amigo aqui ainda é inexperiente, mas... - levantou-se e fitou o horizonte , cerrando os punhos. - Se não nos desafiarmos como iremos evoluir? como iremos nos tornar mais fortes? almejo o topo, o pódio, me diga como posso chegar lá sendo um covarde? o senhor deve me entender. Não é? - a voz do menino soava humilde, sincera, quase como uma súplica ao desejo proferido.
Para um jovem impaciente, cheio de energia e sede de competição com Sota, estar naquela roda com uma verdadeira pedra, pesada, chata e rígida, era uma grande tortura! O homem não esboçava reações enquanto o jovem falava, apenas balançava a cabeça positivamente ao ouvir seus pedidos de desculpas. Mas haviam outras palavras ali fora do pedido. - Você é tão ruim com justificativas quanto seus modos. - dando mais uma bebericada no chá, ficava clara a implicância com Sota! Não dava para saber o que Ryo queria com essa abordagem. Se for tirar o jovem do sério, bem, pelo visto estava dando certo!
E então, novas palavras foram ditas por aquele jovem treinador. Um silêncio perdurou ao fim da última questão que ele lançara sobre Ryo, que apenas ergueu os olhos para acompanhar o movimento do rapaz. Era meio constrangedor esse silêncio, uma falta de reação depois de se expor dessa forma. Pelo menos, até a primeira delas surgir. - Teehee! - era um risinho contido de Akemi - Desculpa, Sota, mas você fica bem fofo falando essas coisas! - a garota estava um tanto corada, como se dizer aquilo fosse mais do que simples comentário. Tanto que assim que percebeu que havia chamado Sota de “fofo”, ela se encolheu toda! Ato falho, talvez? A reação que se seguiu foi uma cadeia de risadas contidas por parte dos Pokémon de Ryo! Já o lutador, apenas se levantou. Ele olhava para dentro dos olhos de Sota, aquele mesmo olhar que direcionou para o mesmo depois de seu desafio. - Muito bem, Sota Sato de Rinshin Town. - ele começa a falar, tomando uma pokébola em mãos e jogando ao ar, revelando um Tyrogue! - Vamos ao seu desafio. - era a hora que Sota tanto queria! Se posicionando em um local mais afastado, Ryo e seu Tyrogue aguardavam os comandos do rapaz!