Acenei com a cabeça para indicar que estava tudo bem, e aos poucos minha consciência foi tomada por um torpor incomum, como uma anestesia geral bem forte. Tentei resistir por um momento, mas não havia como. Morfeu estava me chamando, já disseram os poetas. Algum tempo depois despertei, não sabendo ao certo de quanto tempo se tratava, e a visão que obtive era bem confusa na verdade: o laboratório ficou para trás, estava agora em um tipo de mundo encantado estranho com nuvens, arco-íris e um grande castelo. “Mundo dos Sonhos” que fala né?
Todos estavam à minha volta, fora de suas pokébolas, o que facilitiva um pouco a vida, admito. - Bem equipe, estamos aqui e… - espera, que? Tem mais alguém comigo aqui? Não, não havia ninguém. Mas eu ouvi uma voz, certeza. Espera… - K-Kinney? - QUÊ? AQUELA VOZ ERA DE MINHA WEAVILE? Estava ficando louco ou o quê?
- Sim, Gal? - um sorriso tenro e tranquilo, de quem sempre me respondeu mas eu JAMAIS havia compreendido no bom português - Por onde começamos? - ela repetiu a mesmíssima coisa! Estava abismado, boquiaberto e estranhamente empolgado! - V.você tá falando? - incredulidade, pura e simples. Minha felina gélida apenas sorriu, ergueu uma sobrancelha e tombou a cabeça - Como assim, Gal? Eu sempre falei! - era a resposta mais óbvia, visto que sempre nos comunicamos muito bem. Mas até aquele momento… - Sim? M-mas agora eu tô te entendendo na minha língua? - EXATO! Antes era somente eu compreendendo as palavras dela pelos grunhidos e formas de falar, mas agora ELA ESTAVA FALANDO PORTUGUÊS!
Nós sete nos entreolhamos. Kinney levou as garras até a boca. - Espera… - Ciri?! - Então quer dizer que… - Leona?! - A gente tá… - Bahlok?! - FALANDO COMO HUMANOS?? - OS SETE AO MESMO TEMPO!
Silêncio. Depois daquele grito em uníssono, o silêncio reinou por exatos dois segundos! - Gal, rápido! Ice Punch! - Kinney voltava a falar, agora ela tava me dando um comando?! - Comassim? Eu não sei executar o Ice Punch! - dei de ombros, com olhos esbugalhados e boca escancarada! - Ele me entendeu! - Kinney vibrou! Era um teste! Uma comoção generalizada se firmou. - E-ei, eu não tô entendendo ainda! - Groen, meu tímido parceiro aquático, estava mais perdido que tudo! - Pelo visto nosso mestre nos compreende perfeitamente! - Mirana tratou de explicar a situação da melhor forma possível Ela sempre foi polida assim? - É, é isso que tá acontecendo, Groen! Eu agora entendo vocês como se fossem humanos falando! - olhava para o pequeno leão marinho, que aos poucos foi se corando - E-eu não sei como é minha voz como humano! - mas olha só, temos um pequeno gélidozinho corado! Claramente todos nós rimos com aquela fofura, e eu fiz um carinho nele para acalmá-lo!
- Então estamos realmente aqui… - Leona, enfim, falava de algo sobre o entorno onde estávamos - Aqui onde exatamente, Leona? - perguntei a ela, talvez ela tivesse alguma noção do lugar que estávamos. Com toda a graciosidade de seu ser, a fada juntou suas mãos e sorriu - Teehee! No mundo dos sonhos, mestre! Uma parte dele, na verdade! - Hum… então será que… - Hm… é um tipo de dimensão compartilhada ou algo do tipo? - estava tentando entender o que era aquele lugar - Sim! Algo próximo a isso, mestre! - ela respondia, assentindo com a cabeça. Estava começando a entender o que era aquilo tudo, mas algo me incomodou - Ei, você sempre me chamou de mestre? Você também, Mirana? - olhei para as duas, que se entreolharam. Leona deu um leve sorriso e a Frosmoth parecia corada também - Muitos de nós o chamamos assim! - disse a inseto, recebendo apoio de Leona - Na verdade, as única exceções são Kinney que te chama de “Gal”, Paarthurnax que te chama de “Papai” e o Bahlok… - Ciri tomava a fala de uma jeito bem direto e calmo, teria ela uma personalidade mais assertiva? Enfim, antes que ela pudesse terminar, Bahlok chegou com seu jeito tradicional de ser: fofo e carinhoso sem muita noção da força que tem! - Você é meu irmaõzão! - tá, acho que faz sentido! Kinney me conhece desde o começo, deve ter aprendido meu apelido com meu pai e os outros. Paarthurnax teve como primeira visão assim que saiu do ovo eu, então deve ter feito essa associação. Quanto a Bahlok, digamos que nosso encontro não foi nada ortodoxo! - Haha, entendi! Olha, taí uma oportunidade! Somos um time, e não tem um “eu” numa equipe! Se quiserem me chamar de “mestre” não vou me opor, mas me vou me sentir melhor se me chamarem de “Gal” a partir de agora! - dei uma piscada para Kinney, que retribuiu da mesma forma. Todos desenhavam um sorriso no rosto. - Certo, Gal! - Ciri puxou a fila - V-vai ser meio estranho, mas irie me esforçar mes-digo, Gal! - Mirana dava seus primeiros passos - Teehee! Tudo bem por mim, Gal! - Leona seguia - O-ok… G-Gal! - Ah, Groen, seu fofo! - Ir-mão-zão! - tá Bahlok, tudo bem!
- Certo time, parece que já sabemos para onde ir… - depois da diversão, o trabalho. Todos encaramos o castelo com o semblante sério. Olhei para os seis, que retribuíram da mesma forma - Equipe Galvanis, ao resgate! - Kinney, você sempre disse isso???