Um sonho... Sim... Sem criatividade.

a dream...

- Você só precisa dizer MUNNA! - Foi a última coisa que o rapaz ouviu, bem baixinho em seu ouvido, quando começou a cair no sono. Seus olhos foram se fechando e seu corpo entrando em transe, tudo ficou escuro e ele podia se ver quase que em projeção astral num fundo todo preto, sem nada; era um plano metafísico sem fundo, sem espaço ou tempo, não havia profundidade em si e no ambiente, era apenas um breu profundo com o garoto em pé. Seu corpo parecia mais pesado, quase como se estivesse caindo, mas não dava para sentir a gravidade da onde estava, na verdade, não dava para sentir nada...

Até que, uma pequena luz começou a aparecer. Parecia distante, talvez por ser pequena, mas logo seu tamanho começou a aumentar (ou a se aproximar); Lysander poderia tentar correr em direção a luz mas seu corpo simplesmente não se mexia. Sua única opção era ficar parado, esperando a luz chegar perto o suficiente para consumi-lo. E assim aconteceu. O clarão tomou conta do ambiente e ele fora obrigado a fechar seus olhos para não ficar cego, tamanha era a força da luminosidade. Com os olhos fechados ele poderia notar uma leve mudança nos seus sentidos, agora, ele sentia algo duro embaixo de si, uma brisa se chocando contra seu corpo ainda levemente molhado, e a luz se redirecionando para o alto.

Quando abrisse seus olhos, o que ele encontraria o deixaria pasmo: era um castelo. Imenso, maior do que qualquer prédio que ele já vira pelo mundo Pokémon; os muros eram tão altos que mal se podia ver o céu por detrás,  e um grande portão de ferro se estendia a frente do rapaz, a alguns quilômetros de distância. Quer dizer, para quem quer que usasse aquilo, certamente não seria uma distância tão grande, mas para o garoto era. No céu, ensolarado, era possível ver nada além da grande estrela, e quando olhasse ao chão, ai sim ele ficaria chocado: não havia piso. Na verdade, ele pisava em arco-íris, uma grande, imensa, ponte feita unicamente de cores. Era possível identificar que aquilo se tratava realmente de luz, pois ele conseguia ver através da ponte, e o que havia baixo era um precipício muito grande; não havia, contudo, outro caminho.

A única opção de Lestrange era seguir adiante.

a dream...

Por mais inebriante que fosse, ele ainda tinha uma missão a fazer. Claro, Lysander teria tempo para admirar todo o local antes de prosseguir, e que bom que fez! A cada passo que dava o local se tornava cada vez mais bonito, como se estivesse tomando forma para a presença do garoto; no primeiro metro que ele caminho, um bosque surgiu ao redor do castelo, com grandes árvores e frutas imensas despencando de tão maduras. Depois, dava para ouvir uma cachoeira caindo em algum lugar próximo, devido a grande força que a água jorrou do nada; por fim, pouco antes dele estar relativamente perto do prédio, pássaros começaram a cantar, junto com diversos outros bichos que passaram a saltitar pelo bosque.

Toda aquela vida era falsa. Isso era importante de lembrar para que não se perdesse dentre a beleza do lugar. Aquele ainda era o mundo dos sonhos, afinal; e mais importante, ele tinha um objetivo, e não poderia se distrair tanto. Conforme se aproximava, Lestrange via que o portão era ainda maior de perto, e que havia no meio um grande cadeado em formato de coração, mas sem fechadura. A reação do item foi instantânea a presença do garoto, ele começou a brilhar num tom vermelho quando Lys estava perto o suficiente, e se abriu, fazendo um barulho fofo; o portão seguiu o pequeno coração, começando a se esforçar para abrir, quase como se estivesse vivo. Demoraria um tempo até que ele estivesse completamente aberto, e dava para ver que dali até a entrada principal era um grande caminho, então o garoto poderia entrar logo.

Uma vez lá dentro, ele veria algo ainda mais belo que o lado de fora: um grande e enorme jardim virtuoso, cheio de verde e muito bem aparado; haviam flores para todo lado, das mais diversas cores e formas, com seu aroma perfumado invadindo as narinas do gótico quase que instantaneamente. Agora mais de perto dava para ver a formação do castelo: diversas torres imensas, com apenas uma sendo um pouco maior que as outras, apesar de idênticas em engenharia e arquitetura. No canto direito, mais para o final do jardim, havia uma fonte imensa, que jorrava água brilhante e que esbanjava translucidez.

Já no meio, duas grandes portas abertas, feitas do mais puro bronze, e pesado só de se ver; era o único caminho, novamente, disponível para o rapaz, então, ele não teria muita opção além de cruzar o jardim e adentrar o castelo, finalmente...

a dream...

Vocês já ouviram aquele ditado de que a curiosidade matou o gato? É. Não pra dizer que Lysander morreria só por entrar ali, mas definitivamente não era um ideia muito sensata sair entrando nos lugares sem nenhuma expectativa do que encontrar ali dentro. Poderia ter um alçapão, alguma armadilha ou quem sabe até mesmo algo ainda mais mortal. Não tinha como advinhar exatamente o que habitava aquele castelo, só que se tratava de algo (ou alguém) bem grande, devido ao tamanho de tudo. Mesmo com tudo dizendo para ele não ir, o garoto ignorou e adentrou as grandes portas do castelo com o pé direito, como um sinal de sorte.

Á primeira vista, tudo que o garoto viu foi um breu, estava realmente bastante tudo escuro, até que algumas velas começaram a se acender. Não parecia ser uma combustão espontânea, era mais como se alguém ou algum Pokémon estivesse botando fogo ali, mas não dava para ver muito, ainda. Quando todas as velas (e era muitas) foram acesas, Lestrange teve um visão melhor do que havia ali dentro: um grandioso salão. Parecia um hall de entrada, daqueles de hotel chique, com grandes sofás e uma decoração barroca um tanto quanto excêntrica; a presença das três cores principais desse período também estavam presentes: o vermelho, o amarelo e o roxo. Tudo brilhava em algum tom diferente de uma dessas cores, mas eram as únicas a serem encontradas.

Haviam candelabros, pinturas e tudo mais que pode se esperar de um castelo antigo. Diversas portas e duas grandes escadarias que levavam para um segundo andar; tudo aquilo parecia não ter fim, e não bastasse o excesso de informação visual, logo, um barulho também tomou conta do ambiente, assustando o gótico. Era algo se mexendo, quase que madeira sendo arrastada, e estava se aproximando. Por mais filme de terror que parecesse, em pouco tempo o garoto descobriu do que se tratava: a sua frente aparecia um garoto, de mais ou menos quinze anos, mas que certamente não era nada normal. Ele usava mantos que cobriam toda a sua estrutura corporal, então era possível entender se ele era grande ou pequeno, gordo ou magro, apenas uma grande silhueta arroxeada; em seu rosto, uma máscara típica de teatro, metade sorriso e metade tristeza. Bem cliché.

- Olá Lysander! Seja muito bem vindo ao Castelo da Esperança! - Ele se curvou diante ao garoto como forma de cordialidade. - Eu sou o Ventríloquo, muito prazer em conhece-lo, jovem mestre. - Completou, quando voltou a posição normal. Se Lys observasse bem, notaria que dos braços e pernas do menino, linhas bem finas brilhavam quando refletiam a luz das velas, e elas seguiam até o teto, onde uma mão gigante controlava os fios com as pontas dos dedos. Realmente bizarro! - Imagino que deva estar se perguntando o que é tudo isso, correto? Mas antes de qualquer pergunta, o que me diz de um desafio?

Dava para ouvir o tom de deboche por trás da voz que parecia sair de dentro do boneco. Era quase como se ele realmente tivesse emoções. - O meu mestre precisa saber se você é digno de estar no castelo, então, precisamos que você faça algo para nós, para provar que sua estadia é merecida! O que me diz? - Ele questionou, se aproximando brevemente do garoto e girando a cabeça em noventa graus de um jeito extremamente assustador.

a dream...

O ventríloquo se afastou no momento em que Lysander contestou a presença dele; oras, o garoto não parecia querer causar nenhum mal, mas o gótico estava realmente assustado, e é óbvio que o boneco iria perceber isso. Esse tipo de assombração sempre sentia o cheiro de medo, e isso fez ele abrir um sorriso imenso, mesmo que falso. O que era aquele ser? O que era controlado? Seria aquele boneco, na realidade, um garoto de verdade? Ou se tratava apenas de um pedaço de madeira mágica? Não tinha como ele saber nada sobre isso no momento.

Na verdade, a única opção de Lestrange parecia ser jogar o jogo do bicho, entrar na onda e ver até onde iria para podre continuar no castelo; ele parecia bem sério quando disse que ele precisaria se provar "digno" de estar ali. - O nosso jogo é bem simples... Um quizz Pokémon! - Ele ergueu os braços, e todo o ambiente ao redor deles começou a mudar. O castelo já não existia mais, e num loop de escuridão, Lysander agora estava em um jogo de perguntas e respostas, daqueles de TV mesmo. Havia um grande telão, um banco com uma mesa e um microfone sobre ela; até mesmo plateia estava presente na arquibancada. Apesar disso, Lys não conseguia enxergar nenhum rosto, era quase como se estivessem borrados num vídeo do YouTube sem qualidade nenhuma.

No centro do palco estava o Ventríloquo, com um microfone e um terno, mantendo sua máscara para que o protagonista não fosse capaz de identifica-lo também. - Sejam todos bem-vindos ao... - Disse o bicho, apontando para o telão, onde um grande logo surgiu com uma frase que todos da plateia repetiram em uníssono. - QUEM É ESSE POKÉMON?? - As palmas sucederam o coro, e logo depois o boneco voltou a falar. - Eu sou o Ventríloquo, seu apresentador, e esta noite temos um convidado extremamente especial... - As luzes se apagaram e os holofotes focaram em Lys. - O Mestre Lysander! - Mais uma salva de palmas.

- Para o desafio de hoje, vamos fazer uma sequência de quatro perguntas para você, jogador número um. Caso você acerte pelo menos duas, poderá permanecer no castelo; as perguntas serão de temas variados sobre o mundo Pokémon! - Enquanto ele falava, diversos desenhos esquisitos e macabros apareciam no telão, explicando como o jogo funcionaria e tudo mais. - Mas não é só isso! Para hoje, teremos um a mais: para cada acerto ou erro do participante, teremos uma... TRICK OR TREAT. Se ele acertar, ganhará um bônus para o resto da rota; mas se errar, com certeza vai se arrepender profundamente! - Impressão minha ou ele acabou de quebrar a quarta parede?

Esperando um positivo de Lestrange, para garantir que ele havia entendido tudo, o bicho continuou. - Prontos para começar? - Questionou o rapaz, esperando uma resposta positiva para lançar a primeira pergunta. Com certeza esse dia estaria no top mais estranhos da vida de Lysander, para sempre.

a dream...

Não vou dizer que era uma tarefa fácil passar por toda aquela situação, mas certamente era divertido para os leitores. Um grande jogo de perguntas e respostas nunca era chato, né? Talvez Lysander pudesse se deixar levar um pouco e ir com o flow, tomando o devido cuidado para acertar as perguntas e não acabar se ferrando no meio disso tudo. Apesar das adversidades, ele tinha que seguir adiante, de um jeito ou de outro; e o ventríloquo sabia disso. Mas não se deixem enganar, de bonzinho ele não tinha nada.

- A nossa primeira pergunta é baseada na descrição da pokédex de um das centenas de Pokémon existentes... Pergunta na tela! - O boneco apontou para o telão, e ali apareceu a seguinte frase: "Pequeninos se afogando com um sorriso por detrás. A comida de um é o pesadelo do outro". Do lado, havia um timer, que começou a contar no exato momento em que a frase apareceu, e determinava trinta segundos para que o especialista respondesse. Seria uma tarefa difícil, eu mesmo não conseguiria acertar, viu?