#009 Mísia e Luch em: "Erva e Fogo: A Lenda do Musharna Verde"

Sentia que o carinha sombroso não havia gostado muito do tom de voz da minha resposta ácida. Contudo, não estava me importando muito. Qualé, era tudo produto da minha cabeça! Não haveria qualquer risco por aqui. Eu acho... Talvez apenas o risco de ficar "vegetando" para sempre se algo rolasse de errado. Eu espero que não, isso traria ainda mais comparações com o Kirito. Mas enfim, felizmente fomos liberados para seguir até o que realmente interessava, mas não sem antes levar uma última cutucada da Silhueta, menosprezando meu reino fictício, mas sabe de uma coisa... Safoda ele...

— Tchuruli Tchurul! Subir no palco? sim sinhô! — Respondi ao homem, fazendo o papel de bobo da corte, junto de uma dança esdrúxula, mas condizendo com o Pagliaccio. Em seguida, segui com Mísia até o tal lugar onde deveríamos ser os atores principais — Eu acho que a Anomalia deve estar por ali, se a gente descobrir o que é e responder, ainda vamos voltar a tempo de almoçar em algum lugar de Striaton antes de partir de Unova... Não vejo a hora de dar um rolê pela cidade, quem sabe não arranjo um boldo do bom Unoviano? — Disse para Artemísia, caminhando lentamente até nosso destino, mas uma hora chegaria e teríamos que assumir o tal papel que nos foi designado. Que tipo de peça seria?

Mísia, ao me responder, afirmou que não tinha mais estômago para "Boldo" depois do puxadão que deu na erva, no beco, antes de entrarmos nesse Dream World. Curiosamente eu estava tão bem, mas sabe como é... Eu até tinha avisado, né? — Po, eu falei para ir com calma que essa aí não era Cajuzinho não... É droga forte, perigosa... Forte... — Comentei, gargalhando em seguida, mas ainda assim seguindo até o ponto onde a silhueta nos indicou que fôssemos. Após esta breve conversa, portanto, me concentraria em "entrar no papel" para tentarmos fazer tudo o mais certo possível, tão possível quanto a entorpecência nos permitisse.

E, pois bem... Assim que nos posicionamos na posição indicada, como Rainha e Bobo da Corte, tive o que chamam de... "Teto Preto". Rodou tudo naquele caralho e quando finalmente consegui me equilibrar, tive que me apoiar na lateral do púlpito onde estávamos e... VOMITEI! Vomitei no chão, um pouco distante de onde estávamos — Perdão, é que to em jejum e tal... — Comentei, limpando a boca com um pano que surgiu do nada, pela força 'demente' — Mas continue... Fumar Plantas Proibidas.. Hmm... Errou feio, errou rude. Não é mesmo Majestade? — Comentei, dando um sorrisinho de canto, com uma cara terrível de náusea.

O acusador, então, explicou a situação da moça. Ela sofreria as consequências pelo seu ato "DESUMANO". E quem decidiria o destino éramos nós dois, entre uma amputação de ambas as pernas e perder a voz. Escolha complicada, mas para mim era evidente. — Bem, obrigado por explicar a situação desta jovem. Serei duro em meu discurso e, depois, se a Majestade quiser complementar, fique a vontade. Contudo, esse caso me lembrou de uma história bastante pertinente que irei relatar para os senhores... — Comecei a contar, bastante sério.

— Era uma vez um jovem chamado Kid. Ele era pobre, um simples servo do Reino, tendo que trabalhar nos piores serviços existentes para poder ter o que comer... Um dia, cansado dessa vida sofrida, Kid falou para seu avô, um senhorzinho bem idoso que era portador de deficiência, não possuindo as duas pernas, que iria atrás da Lenda do Jirachi, um Pokémon que lhe concederia três desejos. Seu avô suspirou profundamente e lhe disse: nunca procure o Jirachi. Ele é... Perigoso... Mas Kid estava decidido e não desistiria jamais de seu sonho. Sendo assim, deixou seu vilarejo e enfrentou um longo caminho até o Vale do Mental, a fim de capturar e obrigar o Pokémon Mítico a realizar seus desejos. — Comecei a contar, andando de um lado para o outro da Praça, onde era realizado o julgamento.

— Apesar de uma jornada difícil, ele conseguiu o que queria. Encontrou Jirachi em uma caverna e o prendeu com uma rede, exigindo três desejos. O Pokémon, entendendo que não teria escapatória, aceitou a oferta, desde que fosse liberto logo em seguida. Kid sorriu e, já tendo pensado em tudo, esbravejou: quero ser rico, quero ser bonito e quero um pau arrastando no chão! Como um passe de mágica então, tudo brilhou e Kid apagou.... — Continuei contando, fazendo pausas dramáticas e caminhando até próximo da ré, tentando atrair a atenção de todo o público.

— Quando Kid acordou, ele estava em uma cama luxuosa, cercado de riquezas! No teto da cama havia um espelho ornado de ouro, onde notou que havia se tornado belíssimo! Foi então que, extremamente contente, levou a mão até as bolas e as pegou junto do pau, mas nada havia acontecido, ainda era uma lombriguinha encruada mixuruca. Kid então ficou MUITO puto e levantou da cama com ódio! Contudo, assim que tentou colocar os pés no chão, esborrachou-se no chão. Ele havia perdido as duas pernas, mas... Como havia pedido, agora tinha um pau arrastando no chão. Do outro lado do quarto, seu avô gargalhava com toda sua experiência vivida... — Terminei de contar a longa história, enfim suspirando e fechando os olhos — Moral da história. Melhor um pau na mão do que duas pernas voando, né? Sendo assim Meritíssimo, entendo ser melhor tirar a voz da menina....

Depois de ter passado mal, da pior forma possível, Mísia veio me intervir sobre o que estava acontecendo. Porém, não havia muito tempo para recuperações diante de ameaças indiretas sobre nossa pessoa, considerando que haviam ervinhas escondidas na bolsa de Misia, proibidas obviamente. Foi por isso que não perdi tempo em contar uma história um tanto curiosa, tentando argumentar, mesmo que rasamente, para um veredito. O importante era tirar a atenção de nossos possíveis crimes e focar na e-girl:

— Minha Rainha. Eu não sei se é culpada ou inocente, mas antes ela do que nós... Além do mais, melhor perder a voz do que as pernas. Cê é louco... Agora se pudessem dar uma defesa para ela seria ótimo, né? — Comentei, imediatamente ouvindo o responsável pelo julgamento se manifestar — Porra... Ouvidinho de tuberculoso, hein? — Disse para o sujeito que nos ouviu e já solicitou que a menina falasse. Contudo, o que ouvimos foi apenas... Grunhidos?

— Ninguém disse que a Ré podia usar o movimento Growl. Isso poderia mudar tudo! Até abaixou meu Ataque. Mas enfim... Se o julgamento está encerrado. O que nos resta? Será que a Anomalia era a voz dela e resolvemos e podemos ir pra casa? Eu estou confuso e quem começou essa charada vai ter que terminar... — Desabafei, me dirigindo à Misia e depois aos demais participantes, antes de prosseguir em descer o palco.