[ESCAPE/SURVIVE] - GLÓRIA À ZAPROZKA!

Buraco sujo é uma ótima maneira de descrever e extremamente sucinta. Dá pra adotar bem de boa a partir de então, mas depois pensarei fielmente a respeito (provavelmente não irei). Basicamente, o que quero dizer é que tem coisa mais importante pra pensar no momento.

Por exemplo, o fato de que tem um testudo tentando roubar a cama que havia escolhido com muita deliberação, carinho e apego emocional. Mais especificamente, a que tinha batido o olho e acomodado a buzanfa, e você tem que entender que isso custa alguns passos extras que não tava afim de retroceder no momento.

— ...não! — Rebateu para as costas já viradas da criatura e eu admito que talvez não seja muito inteligente brigar com alguém que tem sei lá, o quadrúplo do seu tamanho, mas isso não a impediu de tascar as pernas pra cima da cama, apoiar os dedos dos pés na buzanfa do grandão e empurrá-lo com toda a força que não tinha. — Meu. — Protestou, ocupando o resto da cama e largando as coisas (que também não tinha) por cima do travesseiro. Se ele queria implicar, ela podia também.

Já falei do Jo-ken-pô?

A personagem cujo nome poderia ser dito de muitas formas, porém minha preguiça me fazia chamá-la pelo incrível e conveniente apelido auto imposto de TRAÇO (I). Sim, traço. Número romano fica difícil depois do três, porque para de seguir a lógica de ir adicionando e repetindo o TRAÇO.

– Meu. – Caralhov balbuciou, levemente incrédulo com o fato de que alguém tentou pará-lo, colocando os pés no seu bumbum que merecia ser chamado de glúteo máximo, pois só existiam músculos naquela área.

Ele enrijeceu seu dedo indicador junto do dedo médio, apontando-os na direção do chão. Poderia ser um sinal de ameaça, uma posição do seu punho ensinada pelos seus anos lutando na rua, um soco inusitado que poderia matar aquela garota que de forma bastante ousada, tentada se opor a sua decisão.

Ele dobrou estes dois dedos, e os deixou ereto novamente depois. Parecia finalmente cogitar algo, ao mesmo tempo em que seus glúteos eram chutados, ou algo semelhante a isso.

– Dres... Tois. – F-francês? Não sei. Ele só sussurrou isso, pensativo.

Lentamente, levantou seu corpo e girou ele, com velocidade tão baixa que, honestamente, parecia até um pouco dramático. Ele encarou a I em seus olhos e mostrou seus dois dedos novamente.

– Papel perde.

Afirmação surpreendente.

Se você parar pra pensar, não para tanto assim... Ou até que para, e diminui, e sai mexendo os palitinhos - esse é o caso do V, que curiosamente bateu precisamente com o nome original e tá ótimo da conta se parar pra pensar. Então, se uma é TRAÇO, o outro pode ser DOSTRAÇO, ou até mesmo TRAÇÃOTORTO? É uma ótima questão que devo avaliar com mais cautela.

— Meu. — Repetiu a repetição - e não acho que precise comentar, mas também achou curiosíssimo a maneira lerda que o grandão parecia fazer tudo. Era engraçado pensar que alguém daquele nível estava ali embaixo, mas também valia a consideração de que provavelmente era o tipo de pessoa que simplesmente não dava trabalho nenhum pra ser enturrado até o rabo de trabalho em uma mina daquelas.

...mas era um pouco maldade se ele fosse meio atrasado de verdade, né?, foi o que a l poderia ter pensado enquanto observava o remexer de mão e o abaixar de tesoura - junto da afirmação óbvia - feitas pelo homem.

Obviamente, sua única solução foi fechar a mão em um punho justíssimo e dar uma batidinha em cima dos dedos do grandalhão.

— E tesoura também!

Indiscutível, eu sei.

Caralhov suspirou, tremendo levemente suas pálpebras como sinal de que foi surpreendido. Parecia incrédulo no argumento de que, aparentemente, atacar primeiro era ruim - no pedra, papel e tesoura, pelo menos - e isso tinha deixado ele numa desvantagem absurda.

Ele estalou a língua; estava muito frustrado. Talvez a forma como aquela garota de cabelos ruivos bagunçados o tratava de modo tão inofensivo e até infantil o fazia esquecer de que a violência era um ótimo plano para casos em que existe divergência de opiniões.

Derrotado, apenas disse, novamente, encarando o chão:

– Um. Tem mais.

Sua oponente, Traço, certamente não poderia vencê-lo se fosse um combate físico ou de resistência. Mas, naquela exata situação em que Caralhov se colocou, ele havia perdido. Aceitando sua derrota, se colocou na cama ao lado, a 3, provavelmente porque, tirando a cama que ele idealizou como sendo a sua prometida, pouco importava onde dormiria.

Sempre foi indiferente sobre esses detalhes. Prosseguiu na vida assim! Não mudaria agora. Ficou encarando seus dois dedos, em silêncio. Naquele momento, parecia imerso o suficiente ao ponto de que suspeito que nem notou que existiam outras três pessoas ali, descontando a Traço.

É inevitável olhar pra uma criatura daquele nível e, sinceramente, não pensar que se está lidando com uma criança grande. Talvez tenha sido essa percepção (e nem foi tão alta!!) que a fez se largar na cama de uma vez quando o DOSTRAÇO (TRAÇÃOTORTO?) se deu por vencido e arrastou sua montanha de massa pra cama do lado.

Mas admito que a confiança de ter se esparramado na escolhida (e vencida, devo dizer!!) foi a ideia de que: Se um grandão daqueles respeitava a própria derrota, os outros também tinham que fazer isso. Principalmente quando não tavam aqui de noite, então tem que respeitar. Você me protege, né, DOSTRAÇO? Espero que seu senso de justiça esteja aí de guarda-costas.

Então, digo que foi nessa deitada que se deu ao luxo de passar os olhos pelo "cômodo" que tinham de quarto, buscando detalhes de suas ranhuras, fendas e aparatos tecnológicos que existiam ou não por ali. Em primeira olhada, certamente era meio que tudo igual, mas vai saber o que poderia encontrar se desse uma espiada direita aos arredores?

... ...seja como for e por quanto tempo tenha sido, essa espiada acabou parando na marca em V do dito cujo que agora sentava seu rabão musculoso na cama vizinha. E não vou mentir pra você: Simplesmente não conseguiu evitar um riso curto ao se dar conta de que o bicho agora tinha uma crise existencial silenciosa enquanto encarava os próprios dedos derrotados.

...ao mesmo tempo que era inofensivo, também parecia o tipo de pessoa que não deveria manter distante.

E sabe a melhor parte de CARALHOV?
É que, querendo ou não, qualquer partinha do nome acaba podendo chamar atenção...
...mesmo que seja só uma marca arranhada por guardas babacas do distrito.

— ...V. — Murmurou, espiando o homem por alguns instantes arrastados. — V. — Repetiu, mais alto dessa vez, mas sem exata pretensão do motivo.

Talvez fosse só pra saber se ele entendia se chamassem de longe, mesmo.

Ai.

Isso tudo definitivamente é uma merda. Por que eu escolhi vir aqui mesmo?

Ah sim, eu não escolhi. Era morrer de fome, congelado na rua, ou ir atender ao chamado do governo. Bem, não que eu não fosse passar fome trabalhando pro governo, mas provavelmente é melhor que só aceitar a morte sem pestanejar.

Pelo menos as cavernas são mais quentinhas.

Depois de ser raspado, lavado, e finalmente, marcado, eu estava pronto pro abate. A injeção? Provavelmente um soro pra fazer a carne não perder o gosto depois de quase apodrecer sob milhares de metros da superfície. Que seja, eu teria que lidar com isso depois.

Os outros detentos, digo, trabalhadores, pareciam estar lidando com a situação de divisão das camas, conversando — ou talvez grunhindo e brincando — para saber quem ficaria onde. Não sei se estou muito à vontade de brigar por conta de pedaços duros de madeira cobertos por mais tecido ruim.

Aqueles macacões de linho eram feitos com um desleixo surpreendente, até mesmo para o governo. Ah, saudades dos dias em que eu ainda sonhava costurar para as grandes marcas. Ao menos, minha agulha nunca me abandonava: poderia morrer, mas morreria com a agulha presa em minha orelha como um brinco.

Bem, talvez as camas fossem melhores. Quem saber eu pudesse até reutilizar o tecido, caso tivessem uma qualidade de fato superior. Oh, o que eu não daria para saber se teríamos travesseiros...

Que seja. Caminhei brevemente até a cama mais próxima de mim: a enumerada com o algarismo 5. Era também a mais isolada. Talvez não fosse uma atitude muito promotora da integração da caverna, mas não era como se eu estivesse ali para fazer novos amigos. Ter privacidade sempre é bom.

Inferno... Literalmente o inferno! A gente foi descendo e descendo e descendo! Ainda por cima rasparam o nosso cabelo?! Só se fôr pra suar menos de tanto calor que deve estar por estar tão perto do centro da Terra! Esse governo nem nos toma mais como humanos a este ponto... Que desgraçados... Nem sei para que se importam tanto em minerar tanto carvão se nem têm população para aquecer.

Jogada num cela, quer dizer, a porra de um buraco cavado numa parede que apenas tinha cinco camas e os seus colegas de quarto, corrigindo, colegas de buraco! Todos numeradinhos com uma tatuagem no mesmo estilo e com os mesmos trajes.

Hmmm... Cada um começou a escolher a sua cama, dois deles até se envolveram em uma confusão mas eles... Se resolveram? Sei lá. Acho que sim... Uma outra... Se deitou no chão antes de escolher a cama?! Já vai sujando os lençóis ainda nem começamos os trabalhos. Enfim...

Tenha mais calma, Harmonnye. Você aprendeu muito bem nos seus anos como cozinheira de cantina de escola pública que não pode deixar que o ambiente estressante influencie a forma como você trata as outras pessoas. A última que jogou uma colher da sopa num aluno porque este reclamou que a sopa não tinha sal depois dela ter cozinhado sopa para mais de mil e quinhentos alunos com certeza não teve uma promoção.

No fim, só sobrava a cama número dois. Hm... Não... Será tão mau, eu acho. Quer dizer é perto daquele grandalhão lá... Espero que ele não tenha muito chulé... Também não tem cara de muitos amigos e não parece muito simpático, contudo, pareceu aceitar mudar de cama ao perder a discussão que teve com a outra moça. De nada adiantava criar discussões com eles, ia ser uma merda ter de viver com pessoas que não me dou bem. Vamos ser compreensivos, Harmonnye. Dá um tempo. Honestamente, não parece assim tão diferente do que se tivesse de partilhar um apartamento com outras pessoas para pagar as rendas inflancionadíssimas de hoje em dia.

- E aqui começa o resto das nossas vidas. - comentei ao sentar-me na minha cama e refletir sobre a situação que estavamos os cinco - Já agora. Nunca fui assim tão boa com números, portanto, podem me chamar de Harmonnye. - confesso que não via lá as pessoas mais extrovertidas ou sociáveis de todas à minha volta, mas não custava nada tentar alguma conversa e conhecer um pouco os demais.

O primeiro dia (e noite) foi bastante tranquilo. Apesar de ser um local precário, havia um sistema de aquecimento medíocre que os mantinham a salvo do frio.
Todos escolheram suas camas e, apesar de um impasse inicial, ninguém se feriu gravemente em qualquer tipo de discussão besta.
Ao final da noite, 9 porções de ração foram enviadas por baixo da porta e deveriam ser divididas entre os cinco participantes, por eles mesmos.
No dia seguinte, todos foram convocados por um Guarda até um Salão anexo, com iluminação precária, mas muitos pontos de escavação. Ali eles cavariam em busca de Carvão nas paredes da Mina. Todos receberam uma Picareta para o serviço, com ponta de ferro fundido e cabo de madeira.



— Glória à Zaprozka! É aqui que vocês farão a magia acontecer. Cavem, cavem e cavem novamente, afinal já perderam um dia de trabalho. Agora tem 6 dias restantes para bater a meta inicial de... Vejamos... 1.750 Kg de Carvão semanais. Para 5 pessoas saudáveis e motivadas como vocês isso não é NADA! Boa sorte para todos.... — Informou o Guarda Intendente, antes de deixá-los para o trabalho. Os cinco cidadãos eram escoltados o tempo todo por dez guardas armados que apenas os observavam, mas estavam preparados para atirar em caso de "gracinhas".

Escavar Carvão é simples: Teste de D100 + Mod. de Força + Mod. de Destreza. O valor final da soma dos dados é a quantidade, em Kg, de carvão escavado no dia.

Modificadores de Stats seguem o seguinte critério:

0 = -30
1 = -20
2 = -10
3 = 0
4 = +10
5 = +20
6 = +30

Vocês podem sortear mais de um dia de cada vez. Nesse caso pularão vários dias. PORÉM, esta escolha deve ser unânime. Pular dias deixa vocês com menos possibilidades de eventos "entre dias", que podem ser bons ou ruins. Eventos podem conceder bônus e equipamentos/itens que serviram para diversas coisas, desde aumentar o desempenho no trabalho como no acúmulo de objetos e conhecimento interessantes para escapar (e sobreviver).

EVENTO DO DIA 1 - Carrapato de Fogo

O primeiro evento é ruim: ao escolher uma cama, um de vocês terminará com Carrapato de Fogo. Algo incômodo e transmissível. Se não for devidamente tratado (e devem descobrir como), reduzirá a saúde em 1 unidade no final da semana. Farei o sorteio de quem foi infectado...

D100 => 1 a 20 (Cama I), 21 a 40 (Cama II), 41 a 60 (Cama III), 61 a 80 (Cama IV), 81 a 100 (Cama V)

Estão livres para postar e trabalhar (jogando 1d100 para cada dia que queiram trabalhar).
Cada dia finalizado (ou pulado) precisa ser definido quem comerá quantas rações. Lembrando que não há suficiente para todos.

Boa Sorte e...

O membro 'Puyumi' realizou a seguinte ação: Lançar Dados

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'[D100] Porcentagens' : 47