Noah e Linus e a caminhada... longa

Os dois garotos avançaram com cautela, mantendo uma distância segura do som. À medida que se aproximavam, conseguiam ver uma figura enorme se movendo no ar. Era um pokémon, mas eles não conseguiam identificar qual era devido à escuridão. Linus que já estava com o Rotom Phone em mãos, ligou sua lanterna e apontou para o céu, iluminando a figura. Era um enorme Scyther, conhecido por suas habilidades em batalhas e suas afiadas lâminas.

Os garotos ficaram preocupados ao ver que os Scythers estavam atacando uma plantação de berries de um velho fazendeiro. O velho tentava espantá-los com uma tocha, mas os pokémon o ignoravam e continuavam destruindo tudo. Linus e Noah sabiam que tinham que ajudar a proteger a plantação. Mas como? Era um numero muito grande de gafanhotos super desenvolvidos e eles se viam em uma condição não muito favorável após a batalha contra o Magcargo.

Com passos lentos e cautelosos, o fazendeiro se aproximava dos Scythers, mantendo a tocha na frente do corpo. Os Scythers, por sua vez, estavam agitados e prontos para atacar, mas mantinham uma distância segura do velho.

- SAIAM DAQUI!! DEIXEM MINHA PLANTAÇÂO EM PAZ!! - Gritava e agitava a tocha tentando afastar os Scythers

Ele temia os pokémon, mas precisava proteger suas plantações. Os Scythers respondiam com um chiado agudo, mostrando suas lâminas afiadas prontas para a batalha. Os insetos então cercavam o velho fazendeiro, suas lâminas brilhando no luar. Noah e Linus observavam a cena com crescente ansiedade, sabendo que o velho estava em grave perigo. O homem se esforçava para manter uma tocha acesa, mas sua mão tremia de medo e cansaço.

Os Scythers avançavam mais e mais, seus olhos vermelhos brilhando com uma intenção maligna. O velho se encolheu, a tocha agora tremendo violentamente em suas mãos. Noah e Linus sentiam o coração acelerar, sabendo que precisavam agir rápido.

Foi então que um dos Scythers avançou, suas lâminas cortando o ar. O velho desviou por pouco, mas sua tocha se apagou. Agora, no escuro, ele estava completamente vulnerável aos ataques dos pokémons. Noah e Linus sentiram uma sensação de apreensão e angústia, temendo pelo pior.

Enquanto os garotos estavam distraídos observando a cena, uma figura sinistra se aproximava por trás deles. Uma sombra escura se projetou sobre eles, fazendo-os se virar abruptamente. Eles viram uma figura encapuzada, vestida de preto da cabeça aos pés, que se aproximava silenciosamente. O rosto estava escondido sob o capuz, deixando apenas uma sombra escura onde deveriam estar os olhos. Os garotos sentiram um arrepio percorrer suas espinhas e se perguntaram se essa figura tinha algo a ver com os Scythers e o velho fazendeiro.

Por Arceus. E agora?

Por já ter vivenciado aquilo, Noah empatizava com o velhote. Contudo, diante da figura misteriosa, o garoto resolveu delegar a tarefa de espantar os Scythers para Linus, enquanto ele mesmo se encarregaria daquela figura misteriosa.

Linus então partia ao socorro do velho fazendeiro. Cérbero avançava bravamente, disparando suas chamas contra os Scyther que levantavam voo para evitar as rajadas de fogo. Tudo indicava que o plano seria o suficiente, mas foi então que o Houndour cessou seu ataque ao levar um forte jogo de corpo de um Scyther. Pelo tamanho, Linus podia deduzir que aquele era o Scyther que havia passado sobre suas cabeças a pouco tempo atrás. Não só era maior como também possuía diversas cicatrizes pelo corpo. Muito provavelmente um veterano.

Cérbero se levantou e o encarou ferozmente. Nenhum dos dois se moviam, como se procurassem uma abertura e aquele que cometesse o primeiro erro estaria condenado à derrota. O Scyther então pareceu esboçar um leve sorriso antes de lançar um alto chiado e dar as costas, levantando voo com todos os outros e o seguindo.

Em contrapartida, Noah liberava Violeta com a intenção de nocautear aquela figura misteriosa. O rechonchudo pokémon desabou sobre ela, mas ela foi mais rápida, se jogando para o lado e escapando da sentada do Munchlax.

- O QUE ACHA QUE ESTÁ FAZENDO? - Uma voz aguda questionava Noah. - É ASSIM QUE TRATA AS PESSOAS QUE NÃO CONHECE? - Continuava ela, furiosa. - ISSO PODERIA TER ME MACHUCADO!! - Concluía ela, tirando o capuz e revelando uma bela garota de longos cabelos castanhos e olhos azuis de porte atlético. - Eu só iria pedir ajuda com aqueles Scythers... Bem, agora acho que é tarde. Eles estão indo embora. - Uma expressão chorosa tomava sua face. - Eu só queria um deles para mim...

Conforme as coisas foram se acalmando, o velhote se aproximou de Linus, mas dizia em voz alta o suficiente para o casal ouvir de onde estavam.

- Obrigado, meu jovem! Por um momento, eu temi por nós. Mas, de alguma forma, você conseguiu afugentá-los. - Ele olhava a volta e então suspirava. - Espero que eles não voltem tão cedo. Venha, vamos. Como agradecimento, quero que jante em minha casa. - A casa do senhor ficava a cerca de uns vinte metros dali. - A propósito, meu jovem, meu nome é Maruyama Takao. - Ele colocava a mão no ombro de Linus para guiá-lo até sua casa.

Enquanto isso, Noah e a garota eram deixados para trás.

Enquanto Noah tentava se desculpar um gorgoleja alto o interrompia e a garota ria sem graça levando as mãos a barriga.

- Depois vemos isso. Eu acho que ouvi o velhote nos convidando para jantar. - Sem mais, apenas seguiu em direção a casa. - Hora de domar o pokémon da fome que ruge dentro de nós!

Finalmente todos estavam jantando na casa do velho fazendeiro. A sala de jantar era iluminada apenas pela luz fraca de uma lâmpada de óleo. O ambiente era rústico, com paredes de madeira e móveis antigos.

O jantar consistia em pratos simples, com um ave assada, batatas cozidas e vegetais da horta do fazendeiro. Além de algumas berries que seus pokémon recebiam. Apesar da simplicidade da refeição, a comida era deliciosa e todos pareciam satisfeitos e felizes em compartilhar aquele momento juntos na casa do velho fazendeiro.

No entanto, foi nesse momento que o velhote começou a desabafar.

- Meus jovens, vocês não vão acreditar no que está acontecendo na minha fazenda. Eu tenho lutado com esse grupo de Scythers por meses. Eles cobram uma "proteção" diária em forma de berries, e se eu não pago, eles fazem o que vocês presenciaram mais cedo. - Com uma expressão abatida, ele abaixou a cabeça suspirando. - Eu já tentei de tudo, mas não posso lidar com esses bandidos sozinho. Eu preciso de ajuda de treinadores pokémon corajosos e experientes, como vocês. Vocês estão dispostos a me ajudar a lidar com esses bandidos e salvar minha fazenda? - Ele questionava juntando as mãos como em suplica. - Eu vou lhes contar, esses Scythers são muito perigosos. Eles andam pela floresta exigindo por sua "proteção" diária, e ninguém se atreve a desafiá-los. Eles são brutais e impiedosos, e eu não posso suportar mais esse terror. Por favor, me ajudem. Eu não tenho muito para oferecer, mas se vocês me ajudarem a lidar com esses bandidos, ficarei eternamente grato. Acreditem em mim, essa não é uma situação que vocês querem ignorar. A floresta precisa de justiça e segurança, e eu não posso fazer isso sozinho. - Sentado em uma das cadeiras, ele olhou para os treinadores com um ar de desespero. Ele estava com uma expressão triste e abatida, os olhos um pouco arregalados e as sobrancelhas levemente levantadas. Ela inclinava a cabeça em direção a eles esperando com que concordassem em ajudá-lo.

Ainda havia muita coisa a se considerar. Aquele tipo de empreitada certamente era algo muito perigoso. Mas tal decisão só cabia aos garotos.