[EVENTO] Nightmare

Foi bom ter Ayzen por perto pra compartilhar a indignação com o caso e, inicialmente, cair um pouco na real com a possibilidade daquilo não ser nada demais. Tipo, de fato o que mais me desestabilizou foi o nome que deu gatilho e, repito, não necessariamente pelo que vi e soube que o nosso Gilatina fez nesta linha temporal, mas sim pelas demais. Eram elas os meus maiores traumas que vinham à tona.

Acabei lendo a mensagem no cartão por acaso, em cima da mesa do shopping, mas nem isso foi tão alarmante assim, por enquanto. Então, conforme eu ia me acalmando e recuperando a sanidade, o que ficava era o sentimento de angústia por saber que as pessoas agora estavam cultuando uma criatura caótica, destrutiva e artificial.

- Tá bem... - concordei em ser levada ao Centro Pokémon - ... 'brigada. - agradeci a mulher atenciosa pela manta e mais um pouco d'água.

Já me sentia bem melhor e menos abalada do que antes agora que, como eu disse, a razão voltava a trabalhar e retomar o controle das minhas emoções. Devo dizer que o olhar preocupado de Ambipom, me vigiando, também ajudou a me fazer sentir levemente constrangida. Acabei até deixando minha morcega sair da Pokébola pra me dar aconchego. Só melhorou mais quando Ayen voltou pra cena, ainda que ele estivesse visivelmente preocupado com as coisas.

- Eita! - exclamei diante da seriedade da coisa toda, que agora era levada até o alto escalão dos Rangers - Oukay. Vamos lá então. Só espero que não sejam extremistas pelados. - pontuei com humor pra tentar aliviar o clima; era melhor nem questionar muito, porque já tô no lucro só por Kitshomo não estar insistindo pra eu ficar ali no Centro Pokémon pela minha "própria segurança" xD

Levantei da poltrona sem hesitar, pegando minha mochila com uma mão e aninhando o cobertor na outra. Iria devolver a manta na recepção do CP, onde também tentaria arrumar um quarto temporário ou a direção do banheiro/vestiário. Hora de tirar o biquini, botar um cropped e reagir!  

- Que horas são? - bom saber, já que o cartão tem hora marcada.

Não vou mentir que tomar umas doses só pra compensar é realmente tentador. Vou ficar atenta pro caso de encontrar algum lugar que venda esse tipo de produtinho nas redondezas, já que não me parece algo adequado pra um Centro Pokémon.

Em todo caso, antes mesmo de Ayzen sugerir eu já tinha me decidido a ir trocar de roupa. O banheiro iria servir bem pra esse propósito rápido. Seria bom também dar uma lavada no rosto e retocar a maquiagem, só pra tirar de uma vez essa cara de impactada e me preparar pra circular pela cidade sem chamar tanta atenção.

O vestido daria lugar a um jeans e camiseta, básicos, que podiam ser complementados com jaquetinha caso esfriasse mais. Os chinelos seriam trocados por uma botinha e, se Ayzen demorasse demais na ligação e na troca, quem sabe eu conseguiria fazer uma trança; se não, vamos de cabelos soltos mesmo [imagem ilustrativa]

É, pelo visto a ligação de Ayzen demoraria mais do que eu imaginei, o que me deu tempo de fazer a transa, a make, beber mais uma águinha, lixar os cantos das unhas... Se eu não estivesse supondo que ele permanecia no telefone, eu mesma teria ligado pra saber da demora. Cheguei até a perguntar na recepção se alguém tinha visto o loiro sair dali sem mim, mas não, ele ainda estava por lá.

Quando o bonito finalmente apareceu, trazia consigo aquele ar que eu já conheço bem, o qual eu esperava ter encontrado minutos (ou foram horas) antes, no lugar do seu convite pra que eu fosse junto. Aquele olhar de quem de repente vai correr risco de vida mas não quer que eu esteja por perto pra presenciar; ou que quer me proteger até da poluição do ar que eu inalo. É, eu conheço esse olhar e esse discurso.

- Uhmmm... - comecei a resmungar, entortando a boca e tentando captar o olhar dele, que obviamente se desviava pra fugir do meu penetrante - Não sei não. Não tô vendo projetos de Rangers por aqui pra te ajudar, o que faz de mim sua melhor opção de apoio. - a essa altura já tinha ficado de pé e começava a apoiar a mochila nas costas - E ninguém é nem doido de te desacatar. Nera Comandante agora, nera?!

Como de praxe nessas situações, eu não deixaria muita margem pra ele contestar, por isso já me encaminhava pra porta de saída. No momento em que ele me deu opção de escolha, eu escolhi. Quer seja o caos, quer seja só uma manifestação pacífica, prefiro não ficar parada deixando a ansiedade me fazer fanficar sobre o que aconteceu a esse Ayzen. Este que eu preciso proteger.

- Você vem? - curvava e estendia o braço direito, como um cavalheiro, pra que ele o segurasse e pudéssemos ir logo de uma vez antes que algum de nós mude de ideia ou se paralise novamente.