Fur Elise

Eu não sei se minha perspectiva era a mais pura verdade, mas o tom apressado de Fabíola indicava que ela estava um tiquinho arrependida de ter tocado naquele assunto comigo; como se tivesse escapado o que não devia. Sem nenhum tipo de suspeita sobre a moçoila, cogitei que fosse algo relativo ao sigilo, e reparei que EU estava quebrando a relação terapêutica. Por isso, dei um passo para trás e voltei a retornar o restante dos meus pokémons, deixando que ela falasse o que sentia que devia e podia.

Ao fim da fala dela, suspirei para perguntar algo muito banal:
- De onde são os... - Não terminei a frase, sendo respondida com um "Acho que terminamos por aqui". Minha careta não escondeu o descontentamento com o corte, mas preciso admitir que eu sabia que ela estava certa em o fazer - Ok, Fabíola. Te vejo na próxima sessão!

"Que diga-se de passagem, não sei quando vai ser", pensei com meus miolinhos. A partir de agora, sou eu e Deus procurando um bocado de pokémon noturnos que se matam a noite... isso, é claro, ESTANDO DE MANHÃ!!!! Pensando neste bendito fato, comecei a caminhar em direção ao ginásio - esperando que não fosse muito longe dali. Se assim fosse, pegaria um Uber até lá, quem sabe não perguntar algo para o motorista?

Muito possível que o motorista saiba de alguma fofoca, todo o motorista de Uber sabe! Bleh, é isso, vou de Uber! Peguei o celular, botei o endereço do Ginásio e não prestei atenção na distância ou preço; tudo na conta da Requiem. Se bobear, ponho até essa sessão na conta da empresa, viu?!

ENFIM, enquanto esperava o carro de aplicativo, fiquei pensando com meus miolos: porque será que ela tem tanta certeza do que não é um humano?Será que.... será que isso é realmente só um palpite? Será que é o tipo de violência que ela teve contato? Será que há algum relato mais concreto sobre esse caso?

Não sei, muitas dúvidas.

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Sabe quando você joga verde pra colher maduro? Então, eu meio que fiz isso com Fabíola, mas acabei enfiando a fruta verde no cu e não ganhando nada além da antipatia da moça. Quer dizer, ela não foi grossa, mas ao ignorar minha pergunta "no ar" e definitivamente me mandar embora, ela deixou bem claro que eu estava me atrevendo demais.

Não nasci atrevida, mas essa "profissão" me fez ser assim. Dei-lhe um meio sorriso e dali fui para o Uber, num corte-de-cena típico de filmes comuns. Já dentro do carro, dei um pitaco que foi mal-recebido, porém a parte do "recebido" era muito mais importante que a do "mal":
- Oh, tem alguma região que você ta percebendo que ta MUITO pior? - Perguntei, como uma turista qualquer que quer fugir de imbróglios.

Não forçaria mais, afinal de contas, eu já aprendi minha lição. O que tirei disso até agora, é que a demanda por desespero era principalmente vinda de treinadores; Fabíola mostrar respeito e sigilo provavelmente significaria isso e o Uber dizendo dos "moleques" reforçava. Isso, inclusive, me dava mais uma pontada de dúvida:
- Esses pokémons são todos de treinadores? Não tem nenhum selvagem? - Perguntei, num tom curioso, pouco depois da primeira pergunta. Completei com uma pequena informação - Que troço curioso... será que é um treinador que ta atiçando isso?

Apesar de eu fazer este bendito comentário, não acreditava 100% nele. Quer dizer, havia algo que me fazia crer que a aflição dos "donos dos pokémons" era tamanha, e que eles perdiam a autonomia de seus próprios parceiros. Por isso, eu realmente achava estranho isso tudo dizer a respeito a um humano...

... mas tanto Fabíola quanto Jairo me deixaram a entender isso, o que começava a me deixar mais confusa.

Para piorar, o imbróglio que fingi fugir apareceu bem na minha frente. O trânsito me possibilitou fixar os olhos bem na imagem e eu fiquei alguns longos segundos pensando em como sair daquele Uber sem soar muito incoerente a Jairo. Minha solução? Simples:
- Aqui, toma - Dei-lhe o dinheiro necessário - Não adianta muito eu ir no ginásio, Christina ta ali - Apontei lá pra fora - Então vou ficar por aqui e ver se consigo falar com ela... - Dei de ombros e fui abrindo a porta. O engarrafamento me permitira isso, pelo que eu entendi - Obrigada Jairo!

E desci. Entrei no meio da aglomeração antes de falar com qualquer autoridade, para ver se ouvia alguma fofoca interessante. Meu plano era ficar por lá por alguns longos minutos para ouvir um bocado de pessoas. Ora ou outra, iria mais para lá e mais para cá, mas sempre atenta caso a polícia ou Christina mudassem de postura ou chamassem atenção para outra coisa.

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Foi com uma cara de tacho que Jairo se despediu de mim, como se dissesse que não queria que eu saísse por hora. Entendi o porque? Não, mas também não quis questionar o suficiente para entender. Ele já me dera a única informação valiosa que podia tirar dele (eu acho): o fato de não haver um consenso muito claro sobre onde ou como as coisas acontecem.

Quando não há um consenso, quase sempre as informações que conseguimos é fofoca ou suposição, tornando este "meio" que estou usando a priori, muito pouco confiável.

Agora, vamos ser sinceros: se há algo institucional para descobrir, é justamente aqui que vou conseguir. Ouvi um pouco e confirmei a suposição de que aquele atentado era colateral a minha missão. Tendo isso em vista, comecei a avançar cada vez mais na multidão, deixando meus ouvidor abertos para o que a polícia tinha a dizer.

Ali, eu tinha apenas uma opção; eu PRECISAVA entrar naquele cenário. Como? Bem, ai infinitas ideias passaram pela minha cabeça. Primeiro de tudo, eu poderia me apresentar como contratada da prefeitura, mas acreditei que isso pouco impactaria naquele momento crucial, afinal de contas, a missão já estava lá a semanas ou meses, então eu só estaria chegando atrasada. Se Christina está nisso, provavel que seja puramente porque alguém não fez o trabalho até agora. Sei pouco, mas sei o suficiente para saber que a líder de ginásio prefere trabalhar sozinha ao invés de mal acompanhada.

Sou uma má companhia? Diria que não, já que sou divertida e um bocado forte, mas para Christina, o silêncio é sempre uma companhia muito melhor do que uma moça que não sabe nada a respeito.

Por isso, e APENAS POR ISSO (eu juro), concordei em meus lindos miolos que ser uma contratada não seria suficiente. Sendo assim, quis me mostrar um pouco mais útil para aquele mistério. Já perto da contenção, olhei melhor qual o tipo de desastre tinha ocorrido ali: depredações, pichações, queimas ou qualquer outra que pudesse ocorrer. Isso em si já daria uma noção de quais tipos de pokémons podem estar envolvidos nisso. Logo em seguida, depois de uma boa olhadela, balancei os braços e chamei um dos oficiais pelo nome costurado no uniforme. Se isso não fosse possível, gritaria algo como "Senhor!!!", na tentativa de que algum olhasse pra mim. Depois de conseguir (ou não) a devida atenção das autoridades, eu já preparava o bordão:
- Aqui, acho que vocês deviam saber disso!! - O tom de suspense não era atoa, eu verdadeiramente coloquei-o na voz, enquanto segurava uma esfera bicolor nas mãos.

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A priori, eu tentei ser um "bait" estúpido, que provavelmente policial nenhum deixaria passar batido. Eu tinha o perfil de uma menina suspeita? Provavelmente não. Pessoas rosadas raramente são associadas a esse tipo emoxinho de Christina e Matthew, mas eles não podiam deixar passar batido algo tão gritante, não é?!

Pois é, dito e feito. Em instantes Marcos para tudo e vem me ver, num tom quase sussurrante, fugindo de repórteres. De imediato, abri um grande sorriso e falei:
- Sim! - Comentei - Quer dizer, não sei se é uma denúncia, eu na verdade acho que ta mais para um Boletim de Ocorrência - Meu tom duvidoso era sincero, afinal de contas, eu não sabia muito bem o que eu estava fazendo.

E tudo ficou mais estranho quando o Marcos, saindo de seu posto, me chamou para um canto. Estranho? Muito estranho mas o ato de ter TANTA GENTE EM VOLTA minimizava uma pouco minhas suspeitas, afinal de contas, "ele está tentando me afastar dos fofoqueiros pra proteger a informação, não me sequestrar...", pensei com meus miolos.

Ainda assim a perna bambeou. Não sei ao certo se estava nervosa pela situação de risco ou pela mentira que iria contar, mas mais cedo ou mais tarde eu seria convocada para assumir meu B.O. (literalmente), então eu iria desembuchar logo. Liberei Hati no "cantinho" e mostrei a Marcos a canina bastante machucada - fruto do treino que eu mesma fiz. Quando liberta, a canina deu um latido incomodo, em resposta àquela barulheira toda.

Passei a mão com calma no topo de sua cabeça, desviando das feridas do confronto, que Hati não parecia se importar muito. Ainda assim ela fez um drama manhoso, simplesmente para receber mais carinho.
- Eu levei a pokébola dela pra psicóloga hoje, quando liberei, ela estava completamente machucada e com cheiro forte de fogo e fumaça, como se tivesse batalhado a noite inteira - Dei um suspiro meio cansado - Tava levando ela de volta pro Centro Pokémon agora, mas o trânsito me fez ver isso e eu ACHO que tem algo a ver.

Dali pra frente eu joguei pra cristo. Podiam me prender por suspeita de ter sido responsável por aquele vandalismo? Podiam sim, mas eu esperava, do fundo do coração, que não o fizessem; não havia flagrante, eu estava como colaboradora e podia ser interessante pro caso... e... além disso...
- Eu cheguei na cidade ontem, vim em nome da Requiem ver sobre um grupo de pokémons que tem feito baderna a noite e quando vou ver, viro vítima, sabe?! Sério, eu não entendo...

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OFF: Discurpa a demora, a depressão e a gripe me pegaram e o tempo que tive pro forum gastei no eventinho :>

- Ok! - Falei prontamente, já imaginando que iriam me guiar para um outro lugar - Se quiser, eu tenho ainda o bilhete da minha viagem de Tohjo pra cá. Até antes de ontem eu tava em Goldenrod, resolvendo aquelas coisas de seita, ouviu dizer? - Puxei assunto, enquanto o homem me guiava para fora da multidão.

Devo admitir, eu não queria muito bem sair dali. Digo isso porque aquele era um cenário importante para minha investigação, mas talvez criar esse vínculo com o policial fosse me dar ainda mais informações do que simplesmente analisar a cena de um crime. Não sou policial! Muito pelo contrário, eu faço crimes, o que me faz ser péssima em analisar algo pela ótica do investigador.

Percebendo a falência que seria ~investigar~, ir até a delegacia e pegar as informações na fonte podia ser um plano um pouco melhor. Melhor seria se, enquanto eu fizesse isso, eu tirasse o meu da reta:
- Sendo bem sincera, eu não tenho certeza absoluta se tem algo a ver. Hati nunca fugiu, mas eu devo admitir que ela não tem o melhor dos temperamentos sempre. As vezes fica agressiva e em estado de alerta repentino, o que é bem útil em missões, mas as vezes extrapola muito. Já tirei o olho dela por cinco segundos e ela foi parar arranjando confusão com uma quadrilha de gatos, mas realmente não acho que seja o caso, porque não são arranhões... são realmente golpes, sabe? - Dei uma resmungada a mais, tentando incrementar a história - Só achei muito estranho isso acontecer logo quando eu venho aqui cumprir a missão sobre um grupo de baderneiros. Parece até que eles me acharam, sabe? Atacaram meu pokémon mais forte... tenho medo de ser um linchamento.

A vantagem de sair dali escoltada por um policial? Eu certamente não teria que enfrentar aquele trânsito todo. Não sei se é um sonho meu (Vitória) ou uma aventura da Winnie sair por ai cortando trânsito com uma sirene policial ligada. Talvez seja um puro fetichismo de viver na pele de Ayzen por um diazinho sequer...

... Ou talvez seja só eu querendo usar abuso de autoridade pra alguma coisa.

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