Realiti

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Não vou dizer que estava nervoso, afinal, como citei antes, eu realmente tinha confiança que sabia todas as informações que estavam escritas naquele documento fácil, mas não posso deixar de admitir que soltei um breve suspiro quando ele proferiu um "ok". Os ombros abaixaram levemente, coisa que eu nem percebi que estava fazendo, e eu soltei um sorriso de canto, quase imperceptível, antes de virar minha atenção para Steven. O campeão estava claramente mais consciente, ou melhor, estava tentando recuperar essa consciência. Seus movimentos corporais pareciam o de alguém que acabou de acordar de um sono da tarde de 4h, sem saber onde está e todo suado, sabe?

Ignorei o comentário dele sobre meu "nome", e dei de ombros com a outra pergunta dele. - O problema é que nem sabemos quem é essa sua "namorada", então fica difícil ter alguma pista de onde procurar. - Era óbvio, mas alguém precisava alinhar as ideias, coisa que o policial parecia determinado em não fazer. - Não sei se é um momento para ficar de piadinhas. - Cortei logo, mas não surtiu muito efeito. No segundo seguinte, o policial estava imitando um Mr. Rime e fingindo atacar Steven; eu apertei o espaço entre o nariz e os olhos, como quem tentava reunir paciência para lidar com o guarda de 15 anos, mas foi aí que notei a reação do campeão á brincadeira do outro rapaz.

Seria aquilo uma memória apagada de Steven do momento do ataque? Será que esse estúpido realmente havia desvendado o caso e eu, que pago de tão inteligente, sequer pensei na possibilidade de ser um Mr. Rime? Não, na verdade, até que fazia sentido eu não ter pensado nesse Pokémon, afinal, ele não disse que ele tinha UM BIGODE IMENSO. E sendo bem sincero, nem mesmo eu sabia que Mr. Rime poderiam ser do sexo feminino. Extremamente machista da minha parte. - Ei, ei, ei! Steven, você está bem? - Disse colocando a mão no ombro do campeão, tentando acalma-lo. - Parece que descobrimos quem é nossa ladra. Quer dizer, a reação dele pareceu genuína, como se ele tivesse se lembrado de algo extremamente familiar... Agora só precisamos arranjar um jeito de encontrar ela. - Fiz questão de verificar se o rapaz estava bem, antes de voltar a falar, mas talvez precisássemos de alguns minutos para que ele se recuperasse, antes de agir novamente.

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- Com certeza foi uma situação engraçada. - Comentei com um sorriso nos lábios, imaginando a cena do grande Campeão sendo enfeitiçado por um Pokémon que tem um BIGODÃO, e dança igual aqueles filmes mudos de antigamente. Foi só quando ele tocou no assunto que eu notei que ele ainda estava seminu do meu lado; e devo dizer que era uma ótima vista. Os anos COM CERTEZA fizeram bem pra Steven. Tudo bem que ele não era tão velho assim, mas definitivamente tinha idade pra ser um tio ou algo assim. Tentei não encarar muito para não constranger ainda mais ele, e me virei para o policial, que com certeza não atiçaria nada em mim.

Procurei em minha bolsa algo que servisse para ele cobrir suas partes íntimas, e como uma pessoa (desesperada) preparada para uma aventura num vulcão, eu com certeza tinha mais de uma troca de roupas. Entreguei para ele uma bermuda e uma camisa simples, sem estampa, que com certeza ficariam grandes, mas era melhor que nada, né? Depois do rapaz se vestir, voltamos a falar sobre o elefante na sala: como conseguiríamos encontrar aquela Mr. Rime. Pela minha cabeça se passavam diversas opções de como ela foi parar ali, se ela realmente estava por conta própria ou se tinha algum treinador por trás daquele crime. Sinceramente? Parecia tudo tão absurdo que eu sequer conseguia traçar uma linha guia de ideias. Respirei fundo, tentando me concentrar e me manter atento no brainstorm.

- Isso só aponta que ela definitivamente não está aqui por conta própria... Mas a quem interessa roubar Steven Stone no meio de uma expedição? - A pergunta com certeza tinha umas boas respostas, e meu nome provavelmente poderia ser citado, mas me mantive inexpressivo. - Não sabemos, contanto, quanto tempo Steven estava perdido lá dentro... Podem ter sido dias. - Comentei, descrente que seria tão fácil achar o Pokémon quanto o policial acreditava. Talvez Pandora consiga rastrear alguma coisa? Não sei como ela se sai para ser uma farejadora, mas certamente era melhor que o bobalhão do Manigold. - Talvez minha Salazzle consiga perceber alguma mudança de temperatura? Algum traço de frio em meio ao calor, não sei... - Me virei para Steven nesse momento, que com certeza já estava são o suficiente para ajudar com um plano.

Ninguém melhor que o campeão de Hoenn com todo o seu poder para traçar um plano inteligente, né?

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Não sabia se meu plano funcionaria, mas certamente valia a pena tentar, já que o policial e até o próprio Steven pareceram apoiar a ideia. Decidido, saquei a esfera de minha lagarto-fêmea e a libertei de seu confinamento; a venenosa esboçou um sorriso imenso ao ver Steven ali, se trocando, e não pôde deixar de soltar alguns feromônios arroxeados, que na verdade, só afetariam meu próprio Gengar. Aquilo causaria uma situação onde o fantasma ficaria seguindo ela igual um bobão, fazendo tudo que ela mandasse pelas próximas horas, mas que a frustrava por não ter o efeito desejado. Cocei a cabeça com toda aquela situação e tentei me concentrar no objetivo. - Pan, escute bem querida, precisamos que você identifique alguma mudança brusca de temperatura por aqui, algo como um traço de frio ou parecido, entende?

Aparentemente os deuses Pokémon estavam do meu lado, já que Pandora rapidamente entendeu o que eu queria e começou os trabalhos; não demorou muito "farejando" para encontrar um rastro. Começamos então a segui-la, em um trajeto que parecia nos levar para mais longe da entrada, na mata de encosta que cerceava o monte. No caminho, Steven tentou me elucidar com algumas das possíveis motivações por trás deste ataque, e realmente fazia sentido, mas, como a própria narradora disse, não era difícil até mesmo para um ladrão iniciante encontrar o campeão. Qualquer bobalhão que tivesse o mínimo de conhecimento saberia que era só perguntar por ele no museu, coisa simples. - Realmente, faz sentido...

Fiquei pensativo o restante do caminho. Se esse ladrão fosse um Rocket, como eu lidaria? Teria que fingir ser uma pessoa boa, e ele teria que entender que eu estava sobre um disfarce para conseguir algo que queria do Steven. O problema era se eu tivesse de lutar contra ele... Como eu explicaria para a Organização que eu tinha frustrado os planos (quase) perfeitos de um outro membro? Seria no mínimo esquisito, mas ainda tinha tempo para pensar em como reagir, afinal, nem sabia se nosso assaltante tinha qualquer ligação com a ER. Teria que pagar para ver. - Provavelmente teremos um belo desafio a frente, então. A Rime, e quem quer que esteja a comandando, certamente estarão bem preparados para nos receber. - Ressaltei. Informação gera preparo, e estava bem claro que o nível de organização ali era alto.

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Seguimos mata a dentro, sem saber exatamente o que nos esperava. Quem sabe se aquela Rime já não tinha preparado diversas armadilhas para nós ali? Ela, provavelmente, estava nos esperando, prontíssima para atacar na primeira oportunidade. Ao menos é o que eu faria se estivesse no lugar dela, mas me surpreendi quando não encontramos resistência ao prosseguirmos pela floresta. Steven e o policial iam um pouco atrás, como se estivessem me usando de cobaia, para caso acontecesse alguma coisa, eles certamente conseguiriam correr e me deixar para os lobos. Infelizmente para eles eu vim para esse lugar extremamente preparado, e provavelmente não seria pego de surpresa.

A floresta não era muito fechada, mas havia eco o suficiente para que as vozes ficassem confusas e o lugar ainda mais amedrontador. Talvez eu estivesse deixando o meu espírito de amante de terror falar, mas havia uma grande chance de um assassino mascarado aparecer nesse lugar com um facão na mão e pronto para me matar. O que encontrei no lugar, foi a própria Mr. Rime. Entre um arbusto e outro, a palhaça aparecia, discretamente e apenas para mim, me chamando para perto. Ora, eu tinha cara de idiota? Presenciei o que ela fez com Steven, jamais a seguiria para dentro de um lugar que eu sequer conhecia.

O que eu fiz foi arriscado, mas era a opção mais plausível para o momento, garanto. - Você tem que ser muito arrogante pra achar que vou seguir você, né? Fake Out, Pan! Pegue ela de surpresa e depois use Sludge Wave. - Posso garantir que a melhor alternativa aqui era iniciar uma batalha. Fake Out a acertaria, com toda certeza, o que daria tempo de nos aproximarmos e garantirmos que ela não conseguiria nos hipnotizar. Talvez fosse uma reação meio exagerada, admito, mas eu realmente não estava nenhum pouco afim de acabar como Steven, e tenho certeza que minha narradora não vai se opor a uma batalha rápida para finalizar as coisas de um jeito simples.  

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A sequências de acontecimentos ali foram, no mínimo, muito estranhas. Não posso negar que fiquei um tanto quanto confuso nos primeiros segundos, até associar a voz a moça e a Rocket Ball. Em momento algum eu pensei que alguém da ER pudesse estar envolvido no roubo de Steven, mas o destino tinha uma maneira engraçada de planejar as coisas, né? O problema agora era: como eu faria para recuperar os pertences do campeão sem atrapalhar os planos da companheira, e ainda garantindo que eu teria pelo menos a minha Key Stone? Acho que a opção mais plausível era conversar com ela, mas pra isso eu teria de ganhar tempo com o branquelo e o guarda palerma.

Sinalizei para Pandora que descansasse, já que provavelmente não teríamos outra batalha, mas que ainda ficasse atenta aos arredores, quando notei a presença dos dois, ainda que com certa distância. Outro problema se colocava diante de mim: eu deveria mentir sobre o acontecido? Falar a verdade e pedir que eles me deixassem cuidar disso sozinho? Saquei a pokébola de Manigold e apertei seu botão central, esperando o fantasma se materializar. - Eu acho que encontrei a Rime... Mas ela se teleportou. Acho que o melhor agora seria seguirmos caminhos diferentes, para cobrir mais terreno. Vocês podem procurar mais para dentro da floresta, eu vou para o outro lado. - Meus dois Pokémon já começavam a se direcionar para onde a grunt havia sumido, mas eu esperei ainda.

Se eles, por acaso, optassem em não seguir o plano, eu teria de agir, e era exatamente por isso que havia liberado meu Gengar: ele colocaria os dois para dormir. Não era o ideal, afinal, eu poderia acabar em maus lençóis com Steven e não conseguir que ele identificasse minha Mega Stone depois disso, mas eu não podia deixar que eles descobrissem a conexão da garota com a ER, ou então, eu acabaria num dilema indecifrável.

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