[Recrutamento de Aprendiz] - Kathryne Keyron

Eae. Que nem te falei, devo dar uma sumida semana que vem. Espero que goste da rota.

Kathryne adentrou no esquisito-

"Ei! Não fala assim."

Ok. Kathryne entrou no exótico ginásio de Mossdeep com passos bastante cuidadosos. Isso porque, mesmo que parecesse uma estrutura normal por fora, o ginásio, por dentro, era bem inusitado. Mesmo que estivesse um dia bastante ensolarado, com o céu limpo lá fora, dentro do ginásio de Mossdeep parecia estar de tarde; no início do anoitecer, para ser mais exato. Literalmente: além do céu escurecido, com algumas estrelas começando a aparecer no teto, até a brisa suave e o cheiro do ambiente faziam parecer como um início de noite de verão.

O "choque" dos sentidos foi tão repentino que a menina sentiu uma espécie de vertigem, mesmo que por uma fração de segundos. Não tendo muito caminho de volta, continuou seguinte em frente, vendo algumas rochas metálicas e uma cachoeira, alguns passos a frente, que tinha um brilho esverdeado bastante sutil.

Ela desaguava numa lagoa minúscula, digna de enfeite de jardim,

"Eu que fiz isso, sabia?"

Ela desaguava numa lagoa pequena, mas muito bem construída, concebida com habilidades manuais dignas de uma civilização antiga, com grande conhecimento arquitetônico e muuuito bom gosto... Na beirada da piscinha-

"..."
"..."

N-na beirada da lagoa mística, um Pokémon assoviava enquanto limpava algumas folhas que misteriosamente caíam ali.

Apenas um adendo bastante interessante: Kathryne notaria que ouvia os assovios com sua mente, não com seus ouvidos.

Progresso de Rota - Kathryne Keyron:

Kathryne - Kaizen

Starry Sky

OFF: Entendi, vou te colocar no SAM

No fim não demorou muito para que eu pudesse entrar no ginásio. Devo admitir, estou curiosa e também nervosa pra saber como esse recrutamento vai ser. Querendo ou não, soa estranho ser aprendiz de alguém mais jovem, principalmente quando se trata de crianças com dez anos de idade. Mas ao mesmo tempo era o que fazia isso interessante. O que eles tinham de tão especial? Estou buscando saber o que faz do tipo psíquico tão especial, logo por que não recorrer a pessoas claramente excepcionais.

Não só os gêmeos eram fascinantes como também toda a cidade de Mossdeep. Um centro de pesquisa espacial, inclusive já ouvi meu pai falando que aqui seria o emprego dos sonhos dele. O nosso mundo já é misterioso o suficiente, mas mesmo assim têm pessoas que querem descobrir o que está além. A curiosidade é uma virtude invejável e eu pretendo reacender a minha curiosidade.

Voltando ao que estava acontecendo naquele momento, eu presenciava um cenário bonito, mas que o choque de sair subitamente de uma manhã quase tarde tropical para uma noite estrelada me deixou um pouco desnorteada, porém eu contemplava cada detalhe daquele ambiente maravilhada. A vertigem logo era substituída por um conforto, mesmo como treinadora, eu nunca vi um lugar tão calmo e plácido. A vontade era de me sentar por ali e esquecer tudo o que eu tinha para fazer enquanto fitava aquela lagoa.

- Huh? - Eu reagia a um leve assobio, logo percebi que estava vindo de um Pokémon. Só que eu não ouvia tal assobio, ele estava em minha mente. A tal de telepatia. Timidamente eu me aproximava do Gallade que pacificamente recolhia folhas que caíam, apesar de eu ter conseguido entrar nesse local, ainda temia ser uma intrusa: - Umm... pode me levar ao seu treinador? - Dizia com a minha própria voz ao Pokémon que se comunicava telepaticamente comigo. Não sei se me ouvia, me entendia ou simplesmente iria responder ao meu pedido, mas no fim eu vim aqui para ver Tate e Liza.

Porém a minha pressa não era grande, apenas me sentaria ali, deixaria o som da cachoeira ser a única coisa nos meus ouvidos, fitaria de onde aquelas folhas estavam caindo. Alguma grande árvore? Pior que eu não percebi nada disso.

Claro, isso tudo se eu não for uma intrusa, educadamente eu perguntava ao Gallade se eu podia ficar por ali.

Ai é foda.

"Oh, chefia, bom dia. Dá pra falar com ele sim. Só deixa eu terminar isso aqui, rapidinho, e te levo lá!"

Realmente, telepatia. Kathryne talvez ficasse surpresa, talvez não. Como treinadora de psíquicos, talvez estivesse acostumada. De qualquer forma, aquela era uma sensação bastante esquisita. Ela podia sentir um cantinho do seu cérebro coçando; quase como se algo a incomodasse, mesmo que não houvesse motivo pra isso.

Ela pôde entender Gallade, afinal. O estranho é que ela não ouviu/pensou/mentalizou o que ele comunicou. Se estivermos falando sobre "ouvir", ela ouviu algo simples, como um sino de vento mexendo. Mesmo assim, conseguiu "entender" toda aquela frase ali em cima. Sem voz, sem entonação... E mesmo assim, com personalidade.

Enfim... O Gallade não demorou muito e finalmente terminou seu serviço. Bateu as mãos, contemplando o bom trabalho, e olhou para Kathryne.

"Cuidado com o que você pensa, eles podem ouvir tudo! Vamos!"

Sendo um blefe ou não, Gallade "sorriu" (ou ao menos, a sensação de calor amigável foi recebida por Kathryne), e logo começou a andar em direção ao laguinho que estava limpando. É claro que, local esquisito como aquele, algo esquisito aconteceria: o Pokémon atravessou a água, andando por cima como se fosse tão sólido quanto todo o resto do chão do quarto, e adentrou na cachoeira.

A treinadora deveria tomar coragem pra acompanhá-lo. E talvez torcer para que não saísse molhada... Mesmo que não fosse o caso, já que se tratava de um efeito ilusório.

"Você estraga toda graça do roleplay assim!"
"Mas a gente pode fazer ela se sentir toda encharcada. Eu estive lendo sobre isso!"
"Eu posso encharcar esse tal Sleepy?"
"Tate... Quem é Sleepy?"

Os pensamentos atravessados não eram ouvidos por ninguém; mas eram lidos por, no mínimo, uma pessoa. Sabemos bem quem... De qualquer forma, Kathryne poderia ter uma leve dedução de que ali, após aquela cachoeira, quem ela procurava estaria esperando. Ou não?

Progresso de Rota - Kathryne Keyron:

Kathryne - Kaizen

Starry Sky

Era estranho, muito estranho. Sim, telepatia não é nada de novo para mim como treinadora de psíquicos, mas não consigo deixar de me sentir estranha quando um Pokémon se comunica comigo por esse meio. Eu ao mesmo tempo não ouço nada, mas consigo escutar, se é que isso faz algum sentido. Falando em "sentido", é o tipo de comunicação que transcende os cinco sentidos, não ouço, mas mesmo assim eu sinto.

E com um comentário do psíquico eu ficava um pouco desconfortável. Eu estava bastante desconfiada pois estava em uma situação fora do comum e aparentemente Tate e Liza conseguem ouvir meus pensamentos? Foi isso que eu entendi, se foi um blefe ou não, eu teria que tomar cuidado com o que passa em minha mente. Mas como se faz isso? Eu simplesmente penso no que eu sinto no momento, na verdade eu nunca parei para pensar como o pensamento funciona. A telepatia não é uma experiência nova para mim, mas como ela funciona? O que os psíquicos conseguem ler?

No fim, nem conseguiria pensar muito naquilo pois eu veria mais uma coisa estranha. O Gallade simplesmente andava pelo lago. Isso mesmo, andava. Não nadava, não flutuava com telecínese. Seus passos eram sólidos e ele se dirigia à cachoeira, entrando dentro dela. Eu deveria segui-lo? Mas isso é um lago. Tch, eu realmente não posso confiar em meus sentidos. Enfim, o que pode dar errado?

- Ei, espera um pouco! - E eu fui, tentei replicar os passos de Gallade, na verdade tentei sequer dar passos naquele lago. Se tudo der errado, só terminarei encharcada. Isso tudo me parece um tipo de "teste" para eu conhecer Tate e Liza e como eles são bem jovens, eu não descartaria a possibilidade de alguma travessura por parte deles.

Dessa vez, uma transição bem menos abrupta. Quando Kathryne  ultrapassou a cachoeira (que mais funcionava como uma cortina de pano), viu o Gallade de antes, parado.

"Essa moça ai, ó."

O Pokémon deu um passo para o lado, parando de interromper a visão, tanto de nossa protagonista quanto dos gêmeos. Tate e Liza estavam sentados, cada um em uma almofada. Uma verde, outra rosa. O garoto parecia se irritar com algum jogo portátil aleatório em sua mão, enquanto sua irmã lia algum livro qualquer, com uma expressão facial bastante serena.

"Chefinho...?"

O Gallade parecia cobrar a atenção de Tate, que estava ocupado demais com aquele jogo na sua mão. Liza suspirou, fechando o livro e usando ele para dar um golpe na cabeça do seu irmão.

– Gah! Liza! Por que você me bateu?! Eu tava quase passando da fase!
– Bem vinda ao ginásio de Mossdeep. Eu sou a Liza. Este é Tate, meu irmão mais novo. E o seu nome, qual é, desafiante?
– Ei! Para de me ignorar. Além disso, por que você tá perguntando essas coisas? Já da pra saber lendo o título do tópi-Gah! – Censurado por outro golpe com o livro, Tate ficou em silêncio, afagando sua própria cabeça. – Ouch...

"Eles nem sempre são assim... Cê vai me desculpar. "

De forma bastante curiosa, Gallade "falou" isso, quase como se fosse o pai dos dois.

Kathryne estava apenas alguns passos de distância dos irmãos. Pareciam... crianças comuns. Quer dizer, óbvio, eram mesmo. Mas talvez num primeiro momento fosse difícil pensar vê-los como líderes de ginásio, prodígios com dons psíquicos e todos esses conceitos subjetivos que não podiam ser enxergados de maneira superficial. Liza sorria de maneira cordial, sentada de modo mais diligente e  respeitável. Já Tate estava meio largado na sua almofada, quase deitado, olhando para Kathryne com a sobrancelha torta enquanto apoiava o rosto com a mão.

– E aí, qual vai ser, "desafiante"? – Tate disse, tentando seguir com a atuação de Liza.

Parece que agora, teríamos o início de uma entrevista pra valer...?

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Kathryne - Kaizen

Starry Sky

Para a minha surpresa, minha caminhada por cima da lagoa foi de fato uma caminhada e não com eu caindo e terminando encharcada. Claro, apesar de tudo ter dado certo, eu ainda não entendia o que aconteceu. Aquilo realmente me parecia uma lagoa, me parecia água e eu tenho certeza que eu vi o Gallade entrando pela água na cachoeira e não como se fosse uma cortina. Talvez eu não estivesse prestando atenção, ou eu simplesmente não devo confiar nos meus sentidos.

Mas depois de todo aquele cenário místico que engana os seus sentidos, eu finalmente encontrava o par de líderes de ginásio e então eu percebia algo: eles são crianças. Não, não estou dizendo que eu não sabia que eram crianças, todo mundo que conhece os líderes de Hoenn sabe disso. O que eu percebi, é que eles claramente agem como crianças, Estavam imersos em seus passatempos e eu temo que acabei os atrapalhando. Provavelmente estavam em alguma pausa ou algo do tipo. Será que no fim eu sou uma intrusa aqui?

- Umm... me chamo Kathryne, Kathryne Keyron. Me desculpe se eu estiver atrapalhando vocês... - Tímida como sempre, mas eu de fato temia estar atrapalhando o dia deles.

Eu tinha que pensar bem nas minhas palavras. No fim de tudo eles eram crianças e com isso eu me peguei pensando: seria estranho demais eu pedir para ser aprendiz deles? Eu tenho certeza que não sou a primeira, eles são líderes de ginásio de alto nível, devem estar acostumado com o prestígio e com candidatos a aprendiz aparecendo. Mas não deixa de ser estranho, não porque estou desrespeitando-os pela idade, embora o fato de eu ver que eles tinham a postura de bem... crianças, me colocava com um pé atrás.

- Umm, eu vim aqui para o recrutamento de aprendiz. Quer dizer, não sei se vocês estão aceitando recrutas para isso. Eu sou uma treinadora de psíquicos e sempre fui fascinada por eles, tantos mistérios, quero aprender mais sobre esses Pokémon que convivem comigo... - Apesar de tímida, eu percebi que já ia começar falando muito então me interrompi. Primeiro eu teria que ter certeza que eles estavam interessados.

Isso vai ser bem mais difícil do que eu esperava.

Ao ouvir o motivo de Kathryne, Tate mudou sua postura, arregalando os olhos.

– Oooooh! Sério?! Caraca, eu não sabia que você tinha vindo aqui pra- GAH!

Após outro golpe de Liza com o livro, Tate ficou em silêncio novamente.

– Para de ser bobo, Tate... Ela veio pedir uma mentoria, e você vai ficar se portando assim?
– Você que me falou pra fingir não saber o que ela queria no post passado, sabe! – Enquanto esfregava o ombro, o garoto estalou a língua. Ele olhou para Kathryne, de cima a baixo. – Hum...

Talvez tenha sido uma avaliação de menos de cinco segundos, mas certamente pode não ter parecido o caso para nossa protagonista. Mesmo para pessoas que são mais extrovertidas, ser analisado dos pés a cabeça não é muito confortável... Dado o curto tempo em silêncio, Tate deu de ombros e voltou a sua postura relaxada.

– Bem, acho que dá pra dizer que a gente tá sim aceitando novos "recrutas", né...?
– Desde que eles passem por um teste, não temos problema algum em acolher mais aprendizes.
– Mas então, Catarina...
– Kathryne.
– ... Mas então, Catarina...
– Você pode levar isso mais a sério?
– Temos alguns testes pra saber se você serve pra ser nossa aprendiz.
– E do mesmo modo, achamos justo que você nos avalie para ter uma opinião se seríamos o tipo de tutor que você idealiza.

A sincronia dos irmãos era tão perfeita que beirava o estranho. Como se soubessem sempre o que o outro pretendia falar, o diálogo era conectado de maneira tão apressada que pareciam dois atores lendo o script de um filme, sem espaço para respirar.

Tate falava, Liza complementava. Liza falava, Tate complementava.

– Gallade, dá uma almofada pra ela!

E, do absoluto nada, um pequeno flash roxo fez brotar uma almofada a frente de Kathryne.

– Pode se sentar, por favor. – Disse Liza, estendendo a mão para o assento improvisado.

Enquanto Tate bocejava e coçava sua cabeça, Liza suspirou e colocou o livro que estava lendo a sua frente. Era bem grosso, com uma capa aparentemente dura e bem acabada. Deve doer bastante levar golpes disso.

– Dói mesmo.
– Kathryne, por favor, ignore esse mal hábito do Tate de falar sozinho. Enfim... Acredito que não seja mistério, mas eu sou Liza Lan Darllen.
– Eu sou o Tate.
– Agora que fomos brevemente apresentados, poderia nos dizer o que te trouxe para este ginásio em especial?

Liza estava sentada com a postura ereta e olhava diretamente nos olhos de Kathryne, de maneira bastante respeitosa. Tate, ainda largado na sua almofada, brincava com um fiapo de tecido dela.

– "Tem um bando de treinador psíquico por ai. Por que escolheu a gente?". É o que ela quer que eu diga. Mas eu sei bem que até o momento o fórum só tem dois ginásios psíqu-

Desta vez, não foi um golpe com um livro, mas algo na mente de Tate o fez pensar duas vezes antes de continuar a falar besteiras (provavelmente uma ameaça amigável de sua irmã mais velha).

– Me perdoe pelo meu irmão mais novo... Caham! Gostaríamos muito de saber porquê, Kathryne.
– Aham.

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Kathryne - Kaizen

Starry Sky

E então começava, o momento em que eu precisava me provar para os meus dois futuros mentores (assim espero). Obviamente os dois eram de igual importância, porém, não pude deixar de notar que Tate era quem definitivamente precisaria de um esforço maior para ser impressionado. Inclusive o olhar dele a mim, de cima a baixo me deixou tensa. Isso vai ser difícil, muito difícil mesmo. Apesar da minha experiência considerável, eu na verdade não me considero muito especial, talvez por me subestimar ou realmente não sou especial. Em ambos os casos, esse fato só vai dificultar.

- Estou pronta para qualquer teste. - Uma frase meio da boca pra fora, pois era visível que eu estava tensa, com o meu olhar não parando em um único lugar. Eu observava Tate, Liza, o Gallade, o cômodo em que estávamos. Pelo menos eles me ofereceram um lugar para eu me sentar, talvez me acalmasse um pouco: - Muito obrigada.

Eu continuava a analisar a situação que eu estava. Desde tentar espiar que tipo de livro Liza estava lendo, como simplesmente observar melhor os gêmeos. Não parecia a princípio, mas agora dá pra notar o vínculo e a sinergia deles. Apesar de serem bem diferentes em suas personalidades, os dois as vezes aparentavam ser como um só. Muito provavelmente por algo que transcende os cinco sentidos. Humanos conseguem se comunicar telepaticamente? Será que por eles serem gêmeos eles tem um vínculo superior? Sempre pensei que esse tipo de coisa não passasse de um mito.

- Prazer em conhecê-los. - Os cumprimentava de novo, agora que eles se apresentavam "oficialmente". Enfim, agora seria eu quem deveria falar: - O motivo de eu ter vindo até vocês é o motivo de eu treinar psíquicos. Meu primeiro Pokémon foi um Abra, um pokémon peculiar, eu realmente não soube muito bem como lidar com ele, ele preferia ficar em sua Pokébola dormindo, mas eu era uma novata desesperada. Nos damos bem agora, embora acho que ele tenha ficado protetor demais por causa da minha desorganização no começo. - Dei uma breve pausa... - Se importam de eu mostrá-lo pra vocês?

Fazia sentido que eu mostrasse para os meus futuros mentores o meu psíquico mais forte, aquele que esteve comigo desde o começo e quem fomentou meu interesse no tipo psíquico. Caso eles não se importassem eu liberaria Zen.

- Enfim, esse é o Zen. Zen, esses são Tate, Liza meus futuros mentores e é claro o Gallade deles. - Como um calmo e educado Pokémon ele fez uma reverência para os recém conhecidos: - Admito que no começo eu não tive um interesse forte em psíquicos, mas desde os meus primeiros dias com Zen como a minha convivência com os psíquicos eu fiquei cada vez mais interessada e intrigada. Como eles transcendem os cinco sentidos, têm domínio sobre pensamentos, sonhos. Eu quero saber mais, pois sinto que não sei muito.

Dei uma pausa e no fim notei que eu acabei não explicando o porquê de eu ter escolhido o Ginásio de Mossdeep. Eu fiquei em silêncio achando que tinha terminado de falar, só que percebi que ficou incompleto. Então abruptamente voltei, espero não ter "atropelado" os gêmeos ali:

- Eu não expliquei por que eu escolhi vocês. Eu já estive em Kanto, sei que tem um ginásio psíquico por lá, mas, primeiramente Hoenn é minha terra natal, nada mais justo do que passar mais tempo por aqui. E também Mossdeep me fascina, tanto a pesquisa espacial, que é uma coisa que eu sempre tive um leve interesse, como também vocês. Não me leve a mal, mas vocês são tão jovens e em uma posição de prestígio. Não estou subestimando vocês e sei que vocês já ouviram muito coisa do tipo, só que... enfim eu acho que vocês seriam ótimos mentores.

E eu me embacei no final. Imagino que eles ouvem um "Vocês são tão jovens, prodígios maravilhosos. Imagina quando vocês crescerem, serão brilhantes, mudarão o mundo", coisa desse tipo. Eu só falei quase que instintivamente, mas eles realmente devem estar cansados de ouvir esse tipo de coisa, talvez até pensem que eu não tinha o que falar. Infelizmente terminei nessa nota desafinada.

"Ela é complicada..." - Zen dizia telepaticamente, de um jeito bem humorado, coisa eu claramente não conseguia "ouvir" mas alguém conseguiria.

Post possivelmente zoado, tô com uma dor de cabeça da poha.

Começada a "entrevista", Gallade se retirou da sala, provavelmente para dar mais privacidade aos líderes e até para Kathryne.

– Huum? Abra, né...? Eu gosto de Abras. Imagino que é esse aí no desenho da sua assinat-

Uma almofadada no rosto de Tate interrompeu sua fala sem sentido.

– Pode mostrá-lo sim! Na verdade, adoraríamos que o fizesse.

O Alakazam saiu de sua Pokébola, cumprimentando de maneira bastante serena os gêmeos. Liza sorriu de forma mais amigável, enquanto Tate encarou o Pokémon com um sorriso mais intrigado.

– Realmente, esse cara parece forte. – O garoto disse, se ajeitando melhor na sua almofada. – Zen, né? É verdade que você e a Catarina-
– Kathryne.
– Kathryne, são parceiros desde cedo?
– Adoraríamos ouvi-lo também, Zen!

A especialista psíquica então começou a contar mais de sua motivação e interesse em ir buscar uma mentoria. Conforme discorria sobre seu interesse de maneira breve, os gêmeos a encaram com bastante atenção.

O monólogo de Kathryne então partiu para a parte em que justificava a escolha dos mentores. Talvez estivesse sendo difícil se concentrar na reação dos gêmeos, ainda mais após sair falando sem conseguir parar e ficando nervosa no processo, mas eles estavam... Prestando atenção, no mínimo.

Após o final do discurso e o comentário de Alakazam, Liza deu uma risada curta.

– Eu também partilho desse interesse por psíquicos. Sei exatamente do que está falando! E, além-
– É esse o tipo de sentimento que você acha mais importante para se tornar um especialista psíquico? – Tate disparou, cortando o raciocínio de Liza.
– Ei, Tate, você tá avançando de tópico!
– É que eu fiquei curioso, ué.

Dessa vez, Liza não tentou repreendê-lo. Talvez por saber que dessa vez, parecia uma pergunta minimamente genuína; a primeira desde que Kathryne entrou no ginásio.

– ... É verdade que a idade de um indivíduo não precisa estar necessariamente atrelada a sua maturidade ou experiência.
– Eu não ia achar ruim ficar só batalhando o ginásio e deixar as obrigações pra Liza não...
– Mas fico feliz que nos veja dessa forma. Tate e eu nos dedicamos muito para manter Mossdeep como um ginásio desafiador.
– Espera quando me deixarem botar Sharpness no Gallade...
– Também entendo sua ligação com a região de Hoenn e a cidade de Mossdeep em si. São todas motivações bastante louváveis.

Tate bocejou, provavelmente entediado com as conversas engessadas de sua irmã.

– E você espera algo específico da gente, também? Moveset, item.
– Conhecimento ou maior compreensão de algo?

Mais duas perguntas, contando a de Tate de pouco tempo atrás. Por fim, o garoto sorriu de maneira provocativa para Kathryne e fez mais uma indagação:

– A gente tem uma forma meio diferente de pensar também. Prefere ser aprendiz minha ou da Liza?
– Você tinha que resolver essa sua impulsividade... Dentro e fora da arena do ginásio.
– Mas é uma pergunta importante! As vezes isso diz muito sobre a forma como ela encara uma tutoria... Mais formal, mas informal.
– Mais responsável ou irresponsável, você quer dizer...

A entrevista parecia tomar rumo para a parte final.

Progresso de Rota - Kathryne Keyron:

Kathryne - Kaizen

Starry Sky

Tudo parecia correr bem, eles deixavam que eu liberasse Zen de sua Pokébola e queriam ouví-lo. Então eles realmente podiam se comunicar telepaticamente com eles. Uhh, eu sinto um pouco de... inveja? Mas enfim, eu realmente falei e acho que perdi um pouco o controle, mas eles não pareciam se importar muito, embora eu não sei o quanto eles prestaram atenção no que eu falei. Já sabia que seria difícil cativá-los, eu tinha que tomar mais cuidado, pelo menos eles não se importaram com o comentário sobre a idade deles.

- Sim, como eu disse ele foi meu primeiro Pokémon. E nossos primeiros momentos não foram os melhores. Acho que um Pokémon que precisa dormir para acumular energia não é o melhor para uma novata desleixada... - Ok já ia falando demais: - Mas nós dois estamos aqui, passamos por certas experiências... umm, acho que não estaria viva se não fosse ele. - Não entraria muito em detalhes, não é uma memória confortável pra mim e nem quero falar demais.

"Eu consegui ver o crescimento dela, mas acho que ela acabou tendo que mudar rápido demais..." - Comentava Zen no "canal de comunicação" que eu não tinha acesso.

- Então, vou ser honesta, não sei dizer se foi o mais importante... - Eu ouvi Liza interrompendo a pergunta de Tate, mas eu mesma queria respondê-la: - Não tem problema. O Zen aqui salvou a minha vida, isso junto ao meu interesse por esse poder que eles têm de ir além dos cinco sentidos alimentou meu interesse. No fim, escolhi o tipo psíquico simplesmente por curiosidade. Acho que é algo bem importante, se você tem curiosidade por algo, naturalmente você vai se dedicar à essa coisa. E os psíquicos já são bastante diferentes entre si, o que me deixa ainda mais curiosa.

Para uma pessoa tímida como eu, embora eu quisesse mesmo ser aprendiz dos dois, eu não deixava de me sentir desconfortável. Não consegui esconder a minha ansiedade, eu estava claramente trêmula e por mais que eu tentasse, eu não conseguia manter meu contato visual em Tate e Liza por muito tempo, ele sempre escapava para observar tudo que tinha naquela sala e claro também por não querer ver o olhar deles por muito tempo, por medo de ser julgada. Mas aí veio uma pergunta difícil:

- Eh? Eu tenho mesmo que escolher? - A minha resposta surpresa não foi a melhor para essa pergunta: - Se eu tiver eu ainda não sei se estou pronta para essa decisão. Vocês dois são diferentes e ainda não os conheço muito. Eu espero que eu consiga ter uma maior compreensão dos meus Pokémon com a mentoria de ambos vocês. Mas não pude deixar de ficar um pouco interessada em Tate, ele é um pouco diferente do que eu esperava.

Quer dizer Tate parece mais como uma criança despreocupada que sua irmã, mas eu não pude deixar de me sentir mais testada por ele do que Liza. Claro, eu não podia dizer explicitamente que era esse o motivo, afinal a menina poderia entender tudo errado, se bem que, se eles conseguem se comunicar com Zen, eles não poderiam saber diretamente o que estou pensando? Eu já pensei nessa possibilidade, mas agora ela realmente pesou.

- Mas acho que eu me beneficiaria do jeito que vocês dois pensam.