Interlúdio

Perante a observação da enfermeira, fiquei momentaneamente apreensivo. Estresse. Ta aí, não me passou pela cabeça que treinar meus monstrinhos e imediatamente coloca-los sob combate pudesse ter esse efeito. Apreensivo, olhei para Panic, que era apenas alguns meses mais velha que Hard e participou de bem mais combates que o felino... talvez, fosse prudente coloca-la também sob os cuidados da enfermeira. Encarando a lamparina, ela percebia no meu olhar a aflição, mas de alguma forma, conseguia sentir que queria dizer que estava bem.

Sorri.

- Sinto muito, pequena. Você também vai pro check up. - Disse, a retornando para sua esfera, que voltava meio rabugenta. - Nesse caso, pode dar uma olhada na Lampent também? Ela não tem qualquer ferimento, mas participou de bem mais lutas que aqueles dois. Ficaria muito grato se pudesse mantê-la sob sua supervisão essa noite. - Falei, entregando a esfera da ígnea. - Obrigado... irei até lá para tentar a sorte. - E assenti com a cabeça, numa tentativa falha de agradecer, enquanto Eevee pulava para meu ombro.

O Centro Pokémon, de fato, era mais aconchegante que a noite agitada, ao chegar na copa, eu procurava a copeira conforme instruído e conseguia um sanduíche natural com um patêzinho de frango. Perfeito. Comia com vontade enquanto Eevee assistia, curioso. Percebendo, aquilo, eu sabia que não poderia oferecer minha comida pra ele, então agradecia a copeira e fui em direção ao meu quarto.

Chegando lá, felizmente, estava tudo bem arrumado conforme deixei, e Mastermind havia deixado o quarto bem trancado. Coloquei uma comida de Pokémon para Eevee, própria para tipos normais, e o Pokémon gostou muito, comendo tudo vorazmente. Em seguida, terminei meu sanduíche e tratei de tomar um bom banho, escovei os dentes e troquei a roupa. Colocando apenas uma cueca e uma calça, Eevee pulava para dormir na cama comigo e prontamente permiti.

Comigo e meus pensamentos apenas, adormeci enquanto acariciava o pelo macio do meu pequeno canídeo. Já eram 23h45min, e normalmente, eu tentaria acordar mais cedo, mas existem dias que precisamos descansar mais...

...ao menos, era o que eu tinha em mente mas acabei acordando por volta das 6h. Quando acordei, Eevee estava deitando no meu peito olhando atentamente pro meu rosto. E... eu estava suado. Muito suado. Provavelmente, um pesadelo já que o ar condicionado estava ligado no cômodo. Acariciei sua cabeça e tentei tranquilizá-lo. - Está tudo bem. - Respondi sorrindo, e ele fechou a cara, bufando. Não sei como foi o pesadelo, e sequer gostaria de tentar lembrar, mas só pela cara do pequeno, imagino que minha reação denunciou que foi péssimo.

Mas não ia me apegar nisso por enquanto. Levantei, joguei uma ducha rápida, engoli duas barrinhas de cereal, escovei os dentes, troquei de roupa e o chamei para uma caminhada diurna. Normalmente, eu trago Sunshine comigo, mas Eevee parecia preocupado, então tê-lo por perto soava mais prudente. Por agora, tentava ao máximo reparar em como a cidade estava após o Mardi Gras e buscava elementos de que tudo aquilo havia passado, tentando, ao máximo, afastar o ocorrido da mente.

Finalmente, no Centro Pokémon, eu ia até o balcão da enfermeira. Um pouco suado, Eevee me acompanhava enquanto transpirava bastante com a boca aberta. Coloquei-o em cima do meu ombro e tratei de provocá-lo um pouco. - O que foi? Já cansou? - Brinquei, e o pequeno, meio rabugento pelo exercício não previsto, mordeu de leve meu ombro. O movimento brusco do susto quase o fez cair no chão, e acho que aquilo por si só foi uma boa lição. Ri, silenciosamente, antes de colocá-lo no meu ombro novamente e perguntar a respeito dos meus Pokémon para a enfermeira. - Ei, bom dia. Eu tenho três Pokémon com vocês que estavam em observação, eles estão bem? Já estão recuperados?

Egg de Larvesta 06/20
Egg de Duraludon 06/20

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No instante que a recepcionista trouxe a esfera de Hard e a Love Ball de Pandora, eu estranhei, e fiquei ansioso por um momento. Antes que eu tivesse a chance de perguntar, a simpática enfermeira me deu a notícia: "Eu não consegui encontrar Lampent"... demorei um tempo para entender a mensagem, mas logo me veio uma situação em mente.

Sabe aquele momento quando você escuta alguma coisa e imediatamente tu ganha um flashback instantâneo? Bom, no meu caso, foi minha mãe falando que quando eu fosse ter filhos, eu ia passar por x sufoco, ou eu ia entender x coisa. Pois bem mamãe, depois desse dia, eu nunca vou ter filhos, sabe por que? PORQUE EU JÁ TENHO UMA CRIA LOUCA. LAMPARINA FILHA DA PUTA! VOCÊ NASCEU NOS MEUS BRAÇOS, NÃO PODE SIMPLESMENTE SUMIR DEPOIS DE EU TENTAR CUIDAR DE VOCÊ!!!

Meus olhos saltaram e soltei um "QUE" bem alto e surpreso, a expressão de susto e pânico nítidos no meu rosto enquanto eu não conseguia esconder o choque que aquela informação trazia para mim.


Respirei fundo por um momento antes da enfermeira dizer que iria iniciar a busca pela minha Pokémon e é cLARO QUE EU NÃO VOU FICAR DE BRAÇOS CRUZADOS. Eevee prontamente desceu de meu ombro, se voluntariando para procurar por Panic, e logo liberei Hard e Pandora para nos apoiarem, onde expliquei rapidamente a situação. - Seguinte cambada: a Panic FUGIU no meio da noite. Eu não faço IDEIA de onde ela e nem ninguém aqui sabe dizer também. Então vamos nós três juntos procurar por ela enquanto as enfermeira procuram no Centro Pokémon, beleza? - Falei, e os três assentiram. Antes de prosseguir, no entanto, pedi pela Poké Ball dela. - Primeiro, moça, eu preciso de algo da Panic, a Poké Ball dela se encontra aí? - Perguntei.

Egg de Larvesta 08/20
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Sabe, de certa forma, fiquei aliviado com a tomada da dianteira das Joys. Primeiro, porque eu nem sabia que os Centro Pokémon tem câmeras de segurança, e segundo porque eu pedir para Eevee e Hard tentassem a sorte pelo olfato (e nem sei se isso e possível para sua anatomia), então, como pode bem ver, eu não uma exata certeza de como ia proceder, mas elas assumirem a responsabilidade, para começo de conversa, já é ótimo.

Assim que vimos que Panic tinha saído da incubadora fantasma, comecei a ficar aflito. Será que ela estava tentando ir pro meu quarto ver se eu estava bem? Quer dizer, eu não tenho certeza se foi realmente necessário coloca-la para ficar de observação, mas eu não teria nada com o que me preocupar se fizesse uma checagem nela, correto? Eu não estava sendo imprudente aqui, mas talvez, eu realmente precisasse levar mais em consideração como meus monstrinhos se sentem, especialmente, se eles são mais complicados de lidar.

...droga, é vivendo e aprendendo mesmo, não é?

Assim que vimos a Lampent rumar o necrotério, levei a mão a face, enquanto Pandora e Hard suspiravam. Entender levemente o temperamento de Panic, significa saber que ela deve ter feito algo que não devia. Especialmente no necrotério. Assim que a enfermeira pegava a chave para o necrotério, rumávamos para lá sem pensar duas vezes. No trajeto inteiro, a enfermeira se desculpava repetidamente. - Moça, por favor, não se desculpe tanto. Panic é complicada, e eu conheço bem a peça. Acredito que eu mesmo deveria ter te alertado sobre isso. - A tranquilizei.

Finalmente, na porta do necrotério, eu entraria junto com meus três monstrinhos e a enfermeira. - Ta legal, Panic. Sem gracinha. Todos ficamos preocupados com você. Você deve desculpas a enfermeira por preocupá-la também. - E só aí, me tocava que não perguntei o nome da moça. - Inclusive, moça, desculpa a indelicadeza, mas ainda não perguntei o seu nome. - E ficava sem graça. Quer dizer, só agora percebi que as duas enfermeiras eram bem parecidas. Será que eram irmãs?

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Ao entrar no necrotério a atmosfera sombria nos envolvia de forma que, mesmo sabendo o que nos aguardava, pude sentir um calafrio. Hard eriçou os pelos levemente enquanto Eevee pareceu amedrontado, deixando as orelhas caírem, no entanto, algo parecia diferente, não era como se viesse temor, eu sentia algo como tristeza...

Os produtos químicos tornavam a atmosfera mais desagradável, apesar da putridão de cadáveres não ser vívida ou marcante, eu não me arriscaria a olhar por debaixo daqueles malditos lençóis brancos, e, apesar do meu monstrinho ser de fogo, eu não sentia emanar calor de qualquer forma daquela sala. Ao seu fundo, o cheiro da combustão podia ser sentido e via minha preciosa Panic, com suas chamas amenas, observando algumas coisas em chamas e tudo o que me fazia agora era perguntar o que tinha acontecido.

Eu não podia simplesmente deixar o local, quando ela me notou, parecia tomar um susto. Joana dizia que Lampent parecia ter sido atraída pelo fogo, mas... por que? Era um comportamento marcante demais para demorar tanto para aparecer, quer dizer, se toda vez que ela visse uma brasa ou sentisse um calor ela ficasse minimamente atraída, é teoricamente impossível que ela nunca tenha feito isso antes.

Suavamente, me aproximava de Panic enquanto pedia para o Rotom Phone escanear a Pokémon com a Pokédex.

LAMPENT
Um Pokémon Lâmpada
Lampent pode sentir quando alguém está prestes a morrer, a quem visita e rouba o espírito do corpo da pessoa. Embora seja mais frequentemente encontrado em florestas profundas, ele vagueia silenciosamente pelas cidades e fica perto de hospitais para absorver os espíritos dos caídos. Também pretende ser uma lâmpada nas cidades. Por causa disso, Lampent é temido como o emissário da morte. Ele usa os espíritos que absorveu para alimentar seu fogo. Ocasionalmente, ele é conhecido por trabalhar com Litwick para levar pessoas ao Mundo Fantasma enquanto rouba energia vital.

Eu só queria confirmar. Vindo a um necrotério, a primeira coisa que me vinha a mente é que ela escutou os apelos de um Pokémon que foi dado como morto de forma indevida e estava agonizando. Não sei se sou só eu querendo me enganar, ou se algo muito pior aconteceu na sala, mas eu precisava saber o que aconteceu. Mordendo os lábios inferiores, um sinal claro de hesitação, pedi a minha querida Lampent que me mostrasse o que aconteceu. - Panic? - A chamava levemente, enquanto a abraçava. - Me mostra o que aconteceu aqui, por favor... Use o Trick Room pra projetar suas lembranças na sala. - Pedia. Não sabia se era possível, mas ela era muito habilidosa, queria acreditar que sim.

Egg de Larvesta 12/20
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Assim como desejei, Panic começou a mostrar o que havia feito. Iniciando seu Trick Room, ela mostrava o que havia a guiado até o necrotério: um espírito de um Charmander. Olha, eu não diria que sou exatamente religioso, mas não da pra negar o que estava bem diante dos meus olhos né. Um Pokémon responsável por guiar os mortos para o além, existiam alguns espécimes fantasmas capaz de fazer isso, eu nunca soube exatamente o que seria isso, sempre imaginei que eles sabem... matavam as pessoas. Tipo, literalmente, Pokémon com espírito assassinos imprevisíveis então tudo aquilo ali era um alívio enorme para mim.

Vendo a Lampent ascender uma pequena fogueira para o Charmander me fez sentir uma certa melancolia, do tipo, e se Panic não tivesse evoluído? Aquele pequeno seria capaz de ir para o além? E a resposta veio logo a seguir: provavelmente não. Já li em algum lugar que alguns Pokémon nunca fazem a passagem e acabam se tornando os nossos queridinhos fantasmas, muito provavelmente, por estar triste e querer estar com aqueles que ainda estão do lado de cá...

...no fim, tudo aquilo acabou sendo bonito, de certa forma. E apesar de meio triste, não pude deixar de ficar orgulho de Panic, que tratou aquilo tudo com muita ternura: uma grande evolução para minha pequena. Trazendo-a para perto, eu acariciei sua cabeça levemente. - Você fez um trabalho. - Dizia, serio, enquanto Hard e Eevee observavam fixamente a fogueira que outrora foi o portal de Charmander, meio tristinhos enquanto Pandora parecia... emocionada? Não sei, acredito ter visto seu paninho molhar, então posso supor que ela chorou um pouquinho.

- Acho que o Charmander ainda queria estar com seu treinador. Por isso estava aqui, esperando que ele voltasse para buscá-lo. - Criei minha hipótese, ainda meio soturno e tocado. - De qualquer forma, acho melhor deixarmos a lápide do Charmander terminar de queimar. - Disse, saindo e convidando meus monstrinhos, assim como a Enfermeira para permitirmos que o Pokémon fizesse sua preciosa passagem bem.

Do lado de fora, eu agradecia o empenho da enfermeira. - Aliás, obrigado pela ajuda, Joana. - Me curvei levemente em agradecimento. - Não sei se teria encontrado Panic sem sua ajuda. - Entonava, com a felicidade evidente em meu rosto. - Só mais uma coisa, me disseram que ganhei um vale massagem, imagino que pra Pokémon. - Na verdade, estava torcendo pra que fosse. - Sabe me dizer onde posso ir pra conseguir usar esse ticket? - E mostrava o ticket que havia recebido de prêmio na noite anterior.

Egg de Larvesta 14/20
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