Does the Sheep count the Sheep?

Se aproximando do local, Timothy conseguiu ver os cartazes de publicidade, tudo feito a mão de forma muito simples, com as promessas de milagres e desejos realizados que haviam sido mencionadas no briefing anterior. Como um culto religioso, os anúncios falavam de milagres perante o compromisso com o ritual, e claro, uma quantia em dinheiro.

Quando se aproximou, viu a senhorinha de forma mais próxima, e dava para perceber a simplicidade no seu jeito de cuidar das coisas e de se sentar, com cuidado, mas também era possível perceber a lábia forjada em anos de prática de comércio, de forma a convencê-lo. Timothy tinha sim sonhos a realizar e coisas que gostaria de resolver no seu coração, mas sabia que aquele não era bem o jeito.

- Oi, eu vim porque estava muito curioso. Sabe, eu tive um encontro com Jirachi uma vez, já faz algum tempo. Eu estava com um amigo, e ele me permitiu fazer um desejo naquele momento - Explicou, enquanto mostrava a Pokédex com a captura de imagem que acabou fazendo no dia que passou com Mahiro em Slateport - Você encontra ele com frequência? Foi uma experiência muito única para mim, então queria saber se existe um jeito de encontrá-lo, sabe...

Na fala de Timothy, existia o interesse em tirar informações sobre o negócio para o propósito do contrato, mas ao mesmo tempo, lá no fundo, um genuíno interesse, vindo a sua experiência anterior. No fim das contas, era uma situação positiva, não importa a resposta. Enquanto se explicava, tinha pego o copo oferecido por ela em mãos e ficou olhando, fazendo o líquido circular no copo, examinando se não havia algo de estranho. Não tomaria sem ver o aspecto daquilo e sem ver se havia algum cheiro diferente.

Depois de ouvir a história, a mulher se apressou para dizer que era o mesmo Jirachi que Timothy tinha visto antes, o que ele estranhava um pouco. Não que houvessem muitos mais deles, mas como um Pokémon daquela magnitude e poder estaria ferido? Timothy estranhou e as palavras formaram uma pergunta antes que ele pudesse pensar se era uma pergunta razoável:

- Ferido como? Deve ter algo bem ameaçador por aqui para machucar um Pokémon poderoso como Jirachi - Comentou, percebendo depois que isso talvez acabasse deixando a senhora assustada, de alguma forma. Colocou uma mão na cabeça, de forma apaziguadora - Vai saber, mas acho que é bom ficar de olho. Você tem algum Pokémon que te acompanha? - Perguntou, casualmente, antes de atender o pedido da senhora.

- Olha, foi um momento muito mágico para mim, Jirachi tinha uma energia diferente de tudo que eu já senti na minha vida, me veio uma felicidade enorme, sabe. Tudo que eu pedi para Jirachi é que pudesse fazer outras pessoas felizes igual eu fiquei naquele momento. - Poderia parecer baboseira, mas Timothy falou realmente o que tinha no seu coração sobre aquele dia. Era algo que, só de lembrar, fazia seu coração palpitar, e o fazia tomar cuidado para não tropeçar em cada palavra que dizia. - Foi algo que realmente me motivou a continuar crescendo junto com os meus Pokémon, sabe? Queria que todo mundo pudesse se sentir assim.

Apesar do sentimento nostálgico lhe encher o coração, Timothy estava desconfiado com a fala da vendedora. Aquela genuína experiência no seu coração lhe deixava bem indefeso emocionalmente, a ponto que talvez parecesse estar inventando alguma coisa, então era curiosa a naturalidade que ela tinha, principalmente considerando que, até o momento, ela só parecia ter como objetivo final o dinheiro. Preferiu ver o que ela tinha a dizer, antes de continuar a suspeita.

Enquanto trocavam suas experiências, Timothy ficou pensando no relato que ela tinha lhe passado, sobre Jirachi e também sobre o Pokémon que tinha com ela. Com certeza, era algum tipo lutador ou coisa assim, então ela realmente devia estar em boas mãos. Além disso, ficou pensando na efemeridade mencionada pela senhora. Se Jirachi fosse embora em algum momento, o negócio dela era temporário? Aos poucos, Timothy começava a acreditar que talvez aquilo não fosse uma trambicagem bem elaborada.

- Entendo... O que você pretende fazer quando Jirachi melhorar e voltar pra casa? Imagino que seja o suficiente pra você viver bem por um bom tempo, mas a gente nunca sabe o que vem depois, né - Indagou, curioso. Talvez não fosse bem um golpe agora, mas podia vir a ser, se ela continuasse com o negócio após a suposta ida de Jirachi. - Então Jirachi ainda está mal? Será que tem algo que eu possa fazer para ajudar? Buscar algum remédio, seja por essa floresta ou pros lados da cidade... Consigo ir rapidinho com o Rishon.

Ao comentar, acabou liberando seu Altaria da Pokébola. Ele manteve o olhar curioso, ciente de que aquele lugar era o "alvo" de mais cedo, mas ao perceber que Timothy estava relaxado, ficou tranquilo, também, oferecendo um piado breve de cortesia à senhora.

- Sabe, quando encontrei Jirachi, Rishon era só um Swablu, e ele ficava bem aqui - Apontou, fazendo uma esfera com as mãos na própria cabeça - Ele cantou para Jirachi e tudo, com certeza é um amigo que ele gostaria de encontrar de novo. E eu adoraria vê-lo e ajudá-lo também, se você confiar em mim para isso. - Falou, com a maior honestidade que tinha. Apesar de estar ali a trabalho e manter uma suspeita, estava convencido o suficiente de que não havia o que temer. Talvez fosse leviano, mas o desejo juvenil de recobrar aquela memória querida foi bem mais forte.

Deu para ver a tranquilidade se desfazendo no olhar da senhora, quando Timothy perguntou o que vinha depois. Era uma pergunta dura, mas que precisava ser eita, considerando a situação atual. Mesmo que fosse verdade e ela quisesse continuar com o negócio depois, Jirachi é um espírito livre, e com certeza tornaria a ser assim que possível. E Timothy, ingenuamente, pensava: "Depois, não dá pra enganar gente só com água pra sempre, né?".

Viu o papel que ela tinha guardado e estendido com uma das mãos, mostrando a foto de um treinador de Pokémon voadores, evidente pelo Dodrio ao seu lado. Quando viu, já imaginou que teria que mostrar a caixa de ferramentas, e a recompensa era uma berry chamada "Panaceia". Que palavrinha esquisita, hein? Timothy conhecia Petayas, Persims e até Payapa berries, mas Panaceia era nova. Sempre era dia de aprender algo novo, afinal.

- Entendi... Onde fica? Eu adoraria ajudar- Se colocou de prontidão, pronto para seguir na direção que a senhorinha indicar. Com um olhar, pediu para Rishon ir para o segundo andar, acima das copas das árvores, como estava fazendo quando entrou na rota. Assim, encontraria o tal treinador com mais facilidade.

Quando a senhorinha explicou a localização, tentou gravar bem na memória e deixou que Rishon fizesse o resto, procurando o local. Pegou apenas a garrafinha d'água do Jirachi caso as coisas dessem errado, recusando educadamente o resto das coisas. Se precisasse, ia ter uma moeda de troca poderosa, pelo menos.

Não precisaram andar muito para ver o homem mencionado, que logo colocou o Dodrio pra fora. Quando o viu, Timothy logo se aproximou de forma cautelosa, com as mãos abertas para baixo, e a garrafinha do Jirachi em um dos bolsos.

- Salve - Falou, desacostumado de como a palavra saía da sua boca. Não utilizava muito - Você sabe onde tem uma tal Panaceia Berry, né? Eu estava precisando de algumas para um amigo. Como podia arranjar? - Perguntou, tentando ser amistoso. Se o que ele precisaria era uma prova de combate, tudo bem. Pensou o seguinte: Se vencesse, podia usar a água do Jirachi como forma de descolar mais uma das frutas. Se perdesse, tinha uma segunda opção. Hora de ver o que o homem queria, primeiro.