Greensight

Definitivamente o olhar experiente de Kathryne reconhecia que aquele trio de Snubbull cairiam na próxima rajada de golpes que levassem e isso acontecia em segundos. Os cães cediam e se largavam no chão formando um pequeno montinho de coisinhas rosadas e desacordadas, o que até facilitou para a loira se aproximar e aplicar as borrifadas de Potion neles.

Se a situação fosse outra, é provável que os encrenqueiros tirassem proveito da cura pra renderem mais uma batalha, mas não era o que acontecia aqui, claro. Ficava evidente pros Snubbull que se eles insistissem a resposta continuaria sendo a mesma, por isso só saltaram depressa e se puseram a correr para fora daquele terreno em fila indiana, indo para a mesma direção. Lá no portão, o Snubbull 3, recalcado, ainda olharia para trás e, com as patinhas traseiras, "ciscava" o chão atirando grãozinhas de areia para trás, como os cães fazem quando enterram suas necessidades... Constrangedor.

Para os Pokémon de Kathryne aquilo não tinha efeito algum de provocação, principalmente porque Reason, agora aliviada do barulho dos Snubbull, tinha a atenção toda voltada para o andar de cima, para a mesma janela que intrigava Kath. Algo lá atraía o radar de sentimentos tão solicitado da Hattrem. Medo, talvez?! Afinal os cães de guarda claramente não pertenciam a quem (ou ao que) estivesse lá em cima, podendo na verdade terem impedido "o rosto" de sair ou algo assim. Ou talvez fosse solidão, um outro sentimento que Keyron listou na sua busca...

Enfim, não tinha como saber à distância, exceto se Reason falasse o que sentia e via. Importante é que, entre as outras opções, lembro aqui que os Snubbull saíram do interior da casa pela porta da frente, por isso a entrada principal estava completamente aberta, pertinente para uma casa abandonada.

Log:

EXP escreveu:> Hattrem recebeu (2109 x 3) Exp, subindo para > Lv. 32 [1352/3834], +7 Happ [51]
> Dwebble recebeu (1598 x 3) Exp, subindo para > Lv. 24 [1049/1924], +9 Happ [24]

Rota 22 – Manhã | 28ºC – Kathryne

Progresso:

Aquele podia ser mesmo o cenário de um filme de suspense ou terror, com seu aspecto de abandono que acompanhava a aparência externa, exceto pelo fato de que lá dentro não era a vegetação que ocupava o chão e as paredes, mas sim o pó e as teias de aranha. A iluminação também era mais precária por conta das cortinas quase totalmente fechadas, mesmo com o sol encoberto lá fora.

Já na entrada Kathryne tinha uma das suas questões respondidas, pois a fechadura da porta não tinha o trinco nem a lingueta, sendo impossível fechar caso a porta batesse. O motivo de tê-los perdido era incerto, mas a visão da parte de dentro da propriedade daria algumas pistas, pois tudo ali era uma bagunça, dando indícios de que pudesse ter sido arrombada para assalto em algum momento.

Ao entrar já se depararia com o saguão, onde quadros decorativos pendiam tortos das paredes ou estavam até mesmo caídos. Só de olhar para o lado direito já dava para ver o que um dia foi uma aconchegante sala de estar, cujos sofás tinham o forro esfiapado e só estavam menos empoeirados porque certamente ali dormiam os Snubbull. Outros móveis ainda estavam ali também, com suas gavetas arrancadas do lugar e seus conteúdos espalhados pelo chão - sinais de um possível roubo, como disse.

Adiante haveria um corredor que provavelmente culminava numa cozinha, mas não era possível ver nada além disso à distância. O que importa é que nenhum desses sinais pareciam ser recentes e, admito, não eram. Qualquer que tenha sido a invasão deste lugar aconteceu antes e provavelmente a propriedade já estava abandonada na época, pois não haviam sinais de violência além daquela contra o patrimônio. O motivo do abandono também podia ser puramente especulativo, como um dono falecido cujos herdeiros abandonaram o lugar pois ainda brigam para definir quem ficará com ele ou como ocorrerá sua divisão, por exemplo?!

Outra coisa importante, é claro, é que Kathryne entrou ali tão intrigada quanto Reason para saberem do rosto na janela. Esta questão não seria resolvida se elas não fossem para o andar de cima ou usassem outra estratégia criativa, quem sabe? Por sorte o lance de escadas ficava exatamente à esquerda da porta de entrada. Os degraus estavam todos ali ainda, bem seguros e, por sinal, cobertos de pó como se ninguém os pisasse há um tempo.

Pergunta clássica de narrador: e agora, o que farão?

Rota 22 – Manhã | 28ºC – Kathryne

Progresso:

Não foi difícil convencer Reason da divisão de tarefas, pois a pequena estava bem mais atraída e obcecada com o andar de cima desde que chegaram naquelas redondezas. Talvez também fosse ainda ingênua demais para considerar os riscos de se apresentar só ao desconhecido, ou de reconhecer que o sentimento de temor que ela captava vindo lá de cima podia facilmente escalar para algo mais violento. Mas, enfim, ela acenou positivamente e logo foi subindo a escada, deixando nos degraus o primeiro rastro sobre a poeira.

Com aquilo Kathryne ficava livre para fazer sua própria busca no cômodo ao lado, a sala. Boa parte daquele cenário já foi descrito, mas agora de perto e com a lanterna deu para ver mais detalhes. O aroma de fruta logo denunciaria para a loira que os Snubbull tinham feito dali um refúgio de fato, pois quase meia dúzia de Oran Berry formavam uma pilha no chão ao lado do sofá, em cima de uma almofada velha que os cães tinham usado de suporte. Apesar da precariedade do ambiente, as frutas eram nitidamente frescas e saudáveis, prontas pra consumo.


A invasão feita antes na casa deve ter sido produtiva, pois quase não tinham objetos espalhados por lá, exceto outros quadros aleatórios na parede e alguns porta-retratos caídos na prateleira acima da lareira. A mesinha de centro tinha o vidro quebrado, então tome cuidado! As gavetas dos armários estavam quase todas entreabertas, mas a maioria delas tinha conteúdos bem supérfluos, como pentes, material de escritório, papéis em branco e rabiscados, manchados... Uma gaveta em particular tinha um item singular, capaz de refletir a luz da lanterna e que, para fins comerciais, não devia ter o valor necessário para ter sido levado por bandidos, pois a primeira vista era só uma pedrinha dura e inútil.


Enquanto isso, no andar de cima Reason fazia sua própria exploração. Não havendo qualquer sinal telepático à vista, Kathryne só tinha a audição para localizar o som dos passinhos da Hattrem no piso de madeira velha e rangedora, ou quando ela abriu uma porta que também rangeu. Mas então essa localização auditiva se perderia quando Treinadora e Pokémon fossem para lados opostos, pois Reason entraria no quarto-do-rosto, que dava para a frente da casa, enquanto Kath seguiria para a cozinha, na outra extremidade.

No caminho a moça via uma porta no corredor que, se abrisse, revelava um lavabo estreito e bastante escuro, sem nada interessante. O refeitório em si também não era menos bagunçado que o restante, mas a limpeza tinha sido tanta que não se via cadeiras lá, exceto uma mesa velha com uma das pernas quebradas. Se a sala tinha sido esvaziada de itens decorativos, a cozinha teve louças e panelas totalmente varridos, restando apenas coisinhas aleatórias como talheres tortos e enferrujados.

– ?!?!... !!! – flash!

Definitivamente a ação e a graça do suspense estaria por acontecer no andar de cima e logo Kath viria a descobrir isso quando Reason "invadiu" sua mente. Primeiro veio a ela, por um segundo, a imagem do rosto estranho da janela, agora a encarando frente a frente, com o sol da rua o tomando por trás. Não era humano. Não mesmo... Por fim, o gritinho de Reason penetrou seus ouvidos e um clarão de luz tomou conta do ambiente. Ao olhar para trás, após a visão, Kathryne até enxergaria os feixes de luz vindos de lá. O que quer que Reason encontrou, ela teve que tentar conter.

Rota 22 – Manhã | 28ºC – Kathryne

Progresso:

Chegar lá e ver a ação quer acontecia não demorou quase nada, pois já na metade da escada Kath podia ver, através da porta aberta de um dos cômodos, a cena clara de Reason braba ameaçando a figura na janela. Sim, ela sabia muito bem se defender sozinha e a treinadora logo teria mais uma certeza disso. Quando Kath enfim chegasse até o quarto onde vira o tal rosto, finalmente teria alguns mistérios revelados.

Diante da janela estava um Spinarak, pendurado de cabeça para baixo em um fio de teia. Ficava claro agora que o tal rosto era o próprio corpo da aranha, vista através das óticas distorcidas do vidro sujo e embaçado quando a loira estava lá fora, e agora o tal rosto estava contra a luz do sol da janela, o que também podia causar ilusão se Kath não o estivesse olhando frente a frente. E se antes era uma face apática, agora parecia bem descontente:


Mas as revelações não paravam por aí, pois aquele Spinarak não estava só. Na parede mais distante, à esquerda de Kath, duas outras aranhas já se moviam sorrateiras em direção à Reason, enquanto uma quarta aranha se aproximava pela direita. Seriam cinco Spinarak se a Hattrem sozinha não tivesse derrubado um deles na porrada com o clarão de luz (Dazzling Gleam) visto através da visão compartilhada. Um nocaute que por si só revelava a intenção das Spinarak.

– Hyuem! – Reason tentava expressar alguma coisa, apontando para o lado esquerdo que, neste quarto, era onde havia uma cama de casal velha e surrada como todo o resto.

Ali provavelmente só a lanterna do RotomPhone poderia revelar com clareza o que se escondia debaixo da cama, sob sua sombra. Mas adianto que não era um perigo iminente e sim a razão dele, pois três ovinhos estavam lá "sorrindo" para quem os visse. Teriam sido excelente assombrações num filme de terror!


Mas o que exatamente atraiu Reason para cá se ela, na verdade, deveria estar fugindo do perigo? Bem, essa resposta a gente talvez tenha a depender do que Kath decidir fazer diante da sua situação...

Rota 22 – Manhã | 28ºC – Kathryne

Progresso:

Off escreveu:Menino!!! kkkkkkkk
E eu querendo te atochar exp pra fazer valer a pena seus bônus todos XD

Kathryne escolhia o pacifismo e tentava então uma saída ligeira da casa e, adianto, seria bem sucedida. Os Spinarak não eram tão agressivos também e sabiam reconhecer uma desvantagem quando viam uma. Sendo assim, na Roda do Destino a escolha de Kath determinava que as coisas seguiriam seu ciclo natural...

Digo isso porque, ao rejeitar o combate, a loira deixaria de compreender com maior profundidade o motivo de Reason ter ido parar lá em cima. Ora, uma família de Spinarak com uma ninhada de ovos não cumpria os requisitos de "angústia, solidão ou medo". E pela natureza e número dos insetos, eles certamente não estariam sentindo nada disso pela presença anterior dos Snubbull... Não. A fonte de um sentimento aflitivo que Reason localizou e tentou solucionar estava ali, desacordado e atado em teia, atrás dos ovos como uma oferenda, o lanche para mais tarde: um Snubbull, que por emitir sentimentos detectáveis pela Hattrem, subentende-se que ainda estava vivo.

Eu sei, é duro o ciclo da vida e as teias alimentares no mundo Pokémon, mas elas existem e agora seguiriam seu fluxo natural. Ah, mas não foi só disso que Kath escapou, não. Ao escolher abandonar a casa como um todo, é claro que deixaria de desvendar mistérios cujas respostas estariam nos quartos, cômodos normalmente mais íntimos e cheios de informações pessoais. Por falar em quartos, a moça também tinha se livrado da matriarca Ariados que até então dormia na suíte do andar de cima. Mas isso é só uma citação, pois Kath nem mesmo chegaria a ver tal criatura.

Enfim, uma vez fora dali e sabendo da motivação primária de Reason, vou deixar em aberto para que escolha a melhor reação da Hattrem ao ter deixado uma fadinha refeição amedrontada para trás. Então vamos nos focar no que viria a seguir...

Já para fora daquele terreno, para além dos muros mal cuidados, Kath se pegou ali meio desapontada, crendo que a única pista que tinha acabava de se desfazer e era inútil. Mas sua própria mente era sua salvação, pois através de uma forte intuição fez a loira lembrar da única referência que lhe foi dada sobre a casa do velho Tumnus: era à beira do rio! Só que ao redor dessa casa não tem rio nenhum! Logo, por maiores que fossem as coincidências de um velho que nem se sabia se ainda estava vivo e uma casa perfeitamente abandonada, na matemática dos fatos as informações não se excluíam. 2-1 era igual a 1, o número de pistas que Kath ainda podia ter para seguir.

Spoiler: como uma área residencial de alta procura, o mapa da Rota 22 era relativamente bem atualizado! Talvez não tivesse informações precisas como qual casa pertence a quem, ou locais pouco interessantes para ricaços como as tais ruínas onde habitava Natu - apesar de que não posso me assegurar da ausência total de uma informação dessas - mas certamente tinha indicações dos rios que cortavam a rota.

Rota 22 – Manhã | 28ºC – Kathryne

Progresso: