SWARM - À procura de Noturnos...

à procura de noturnos...

Ah, a velha e quente Hoenn. Ser emo e viver em um continente tropical definitivamente era uma experiência excruciante, digo por viver numa cidade litorânea em que noventa por cento do ano faz mais do que 28ºC. Não satisfeito em enfrentar as praias e ambientes escaldantes de Hoenn, Lysander decidiu ir para o olho do furacão, se enfiar no meio de uma rota que ficava localizada ao lado de um vulcão, com todos os noticiários alertando pela onda de calor que tomava conta do lugar. Ora, esses noticiários de hoje em dia só querem saber de apavorar a população, né? Digo, é óbvio que uma estrada que fica ao lado de um vulcão ativo teria ondas de calor frequentes durante o ano, e a ciência também provava. O problema não era esse, mas sim, a aparição de monstrinhos não-endêmicos.

O que os cientistas temiam era a quebra do ecossistema, afinal, quem predaria esses Pokémon novos? Quem manteria o equilíbrio do bioma? Não havia como prever, e era pelo mesmo motivo que eles encorajavam treinadores a se aventurarem pelas estradas sinuosas do monte Chimney e seus arredores. Lys, macaco velho de guerra, certamente sabia disso, mas ou não se importava, ou buscava benefício próprio em todo esse auê. Conhecendo o jovem? Certamente era a segunda opção. Alguns poucos jornais reportaram que haviam Pokémon do tipo noturno, exóticos á região, que acabaram indo parar ali, no meio da encruzilhada.

Dito isso, era bem claro o objetivo de Lestrange ali: encontrar esses monstrinhos peculiares e diferentes, e adiciona-los a seu time. Ao lado do rapaz estava seu fiel Pangoro, parceiro de todas as horas, que não compartilhava da mesma empolgação do rapaz para encontrar novos companheiros; nos primeiros dez minutos de caminhada ele já demonstrava uma preguiça sem tamanho. Mal parecia um lutador fervoroso que seus primos da mesma espécie representavam, mas talvez, tinha dedo do próprio Lysander nisso. Resmungando, o panda continuava a caminhada, alguns passos atrás de seu treinador, sem saber bem para onde estavam indo.

Afinal, para onde estavam indo? Se Lys não planejava seguir caminho até o final da rota e atravessar as fronteiras do monte, aonde ele pretendia procurar primeiro? Haviam algumas opções: o caminho que ele seguia, a frente, era apenas uma planície sem muito enfeite, alguns arbustos e nada mais; um dos desvios levava a uma floresta, fechada, com grandes árvores e um pouco de sombra, o que certamente significaria menos calor; por fim, para cima, e indo em direção ao monte, havia a parte da terra que já se misturava as rochas, e deixava pedregulhos mais expostos e maiores. O sol rachava na cabeça deles, e sinceramente? Espero que ele tenha trago bastante água, as coisas por aqui vão esquentar um pouco (desculpa não resisti).

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Aos poucos, Pangoro não era mais o único incomodado com o calor, e Lys começava a sentir o peso de suas escolhas também. Apesar disso ele não desistiria, continuaria seguindo em frente atrás de algum monstrinho que pudesse saciar sua vontade de novos amigos; seu noturno não parecia nada animado com a ideia, por outro lado, e seguia o caminho se arrastando, quase que literalmente. Mas, animado (sabe-se lá com o que), Lestrange resolveu dar um pequeno showzinho para seu amigo, como ele já estava acostumado; incrivelmente, a atuação dele não deixou de arrancar um sorriso do lutador, que logo assumiu sua postura padrão quando seu treinador também parou com a gracinha.

Optando então pelo caminho mais próximo do monte, o Requiem começou a subir, mesmo que lentamente. O caminho era mais sinuoso, como citado anteriormente, tinha algumas rochas mais bem formadas e a cada passo parecia que a temperatura do ambiente aumentava um grau; apenas em sensação térmica, claro. Uma coisa que era muito real, contudo, era a reclamação constante de seu monstrinho. Ele já estava cansado de andar no calor, agora ainda teria que subir algo, era demais pra ele. Apesar da estrada não ser tão íngreme assim, a subida com certeza cansaria os dois; mesmo assim, tenho certeza que Lysander continuaria em frente.

Não havia muita vegetação pelo caminho, apenas rochas de tamanhos variados e das mais diversas cores; por consequência não havia muito lugar para Pokémon se esconderem, o que certamente dificultaria a busca do especialista. A medida que ele ia subindo, mesmo que ainda longe do monte, relativamente, era possível observar a mudança no relevo, na textura das rochas e na formação de blocos cada vez menores de solo, restando apenas grandes espaços feitos de pedras vulcânicas. No meio do caminho, contudo, entre uma pedra e outra, ele pôde ver algo passando rapidamente, fazendo um som de risadas, mesmo que pouco perceptível. Talvez valesse a pena investigar, poderia ser um Pokémon, né?

...Né?

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Apesar da decisão um tanto quanto questionável de Lysander, a dupla tratou de se por a postos quando o inusitado tomou conta; primeiro, Pangoro ignorou o calor completamente para proteger seu treinador, enquanto que Lys estava mais do que preparado para encontrar o possível novo companheiro de sua equipe. O som de risadas cessou depois de alguns segundos, quase como se nunca estivesse lá de começo, mas eles não estariam ficando malucos, né? Tinha que ter alguma coisa por ali, entre as rochas grandes e espaçosas, só não dava para ver exatamente o que. Bacchus tomou a dianteira, começou a dar passos pequenos em direção ao que ele imaginava ser a origem do som, esperando o comando de seu treinador.

Lestrange chamou, mas ninguém atendeu. Na verdade, o silêncio se fazia presente de uma maneira esquisita, como se fosse um amigo obrigando o outro a ficar quieto, sabe? Depois de alguns segundos (que pareceram uma eternidade) naquele impasse, algo estranhamente grande para um Pokémon saiu detrás das pedras, provavelmente cansado de esperar. O que o aprendiz não esperava, era que que o vulto de antes fosse uma criança; um garotinho de um metro e tantos, trajando um capuz vermelho e uma roupa um tanto quanto surrada, em tons terrosos. Na cabeça do menininho havia um ser igualmente peculiar, mas que definitivamente era conhecido por Lys: um Zigzagoon de Galar. O bichinho tinha a língua pra fora e cerrava os olhos para a dupla de protagonistas, como se estivesse em posição de ataque, mas o rosto do garoto tinha uma clara expressão de medo.

Os dois ficaram ali, parados, esperando o próximo movimento dos dois grandalhões, mas claramente preparados para lutar se fosse necessário. Ou sair correndo.

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Conforme Lysander falava, o medo garotinho foi se tornando curiosidade, e aos poucos ele ia deixando pra trás a desconfiança para com a dupla esquisita. Seus olhos iam e viam entre o rapaz e seu panda, que com certeza chamava muito mais atenção, não só pelo tamanho, mas pela força e atitude bobona também. O Zigzagoon demorou um pouco mais para ceder, até deixou de lado a pose de ataque, mas ainda encarava o rapaz com olhos de quem analisava cada passo dele. O pequeno ouviu as palavras de Lys e assentiu devagar, como quem dizia que sabia exatamente o que ele queria, mas não disse nenhuma palavra o tempo todo.

Depois de pensar por alguns segundos, o menininho puxou Lestrange pelo dedão, tentando leva-lo na direção do Mt. Pyre. Provavelmente era para lá que estariam os noturnos, o que batia com a teoria de que os monstrinhos estavam procurando o calor do vulcão, e por isso estavam na região; mas seria seguro prosseguir? Quer dizer, seria prudente confiar numa criança que ele acabou de conhecer? Bom, era só uma criança, né? O que ela poderia fazer de mais? Talvez fosse realmente uma boa ideia seguir adiante e acompanhar o rapazinho, até mesmo para tentar ajuda-lo de alguma forma, talvez a reencontrar seu responsável? Ele não parecia exatamente perdido... Mas vai saber né?

De qualquer forma, ele não estava pedindo para que Lys desviasse do caminho ou algo assim, então era relativamente seguro continuar. Só era definitivamente muito mais quente.

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Não vou dizer que o menininho ignorou todas as questões que Lysander colocou em sua frente, ele até olhou para o rapaz com sua primeira questão, mas logo depois voltou a olhar pra frente, caminhar, e não olhar para trás nenhuma outra vez. Talvez ele tivesse algum problema de fala? Definitivamente não era comum uma criança tão calada, geralmente era o oposto, a maioria delas não cala a boca por um segundo. Mas este não, ele estava mais preocupado em mander Lys próximo dele durante a caminhada, e parava vez ou outra para se certificar que Pangoro estava acompanhando de perto também.

Numa bifurcação a frente, onde dava pra ver, de maneira bem clara, o vulcão se erguendo a direita, o pequenino pegou o caminho oposto, esperando que Lestrange fosse o seguir. O trajeto dava uma volta no monte, que a essa altura estava bastante próximo, o suficiente para que o aprendiz e seu panda estivessem já molhados de suor; mas o pequeno guia parecia não se importar com o calor, nem mesmo esboçava qualquer reação ao ambiente a sua volta. Ainda não estavam no ambiente que era considerado Mt. Chimney, por assim dizer, estavam fora da área delimitada pelos Rangers, mas era coisa de um passo de distância. Não literalmente.

Depois de mais ou menos uns quinze minutos andando, Lys encontrou um complexo de cavernas, cerca de quatro ou cinco entradas diferentes, cada qual com seu tamanho e formato. Uma das grutas tinha um formato de dois chifres imensos, provavelmente tinha algum apelido como "boca do diabo" ou qualquer coisa que os locais poderiam inventar pra referenciar aquilo; as outras tinham formatos comuns, nada além do absurdo. O problema era que o menininho não parecia querer ir pra nenhuma delas, aparentemente estava deixando a escolha nas mãos do mais velho; talvez por não lembrar, ou por simplesmente não querer mesmo. Era difícil interpretar suas motivações, e menos ainda seus pensamentos. Vai saber, né?