Ar Fresco!

Gabriel não havia ficado satisfeito com a resposta que recebera de Melody. Acreditava ele merecer reação muito mais enérgica e agressiva, algo como um castigo para o mesmo, uma expiação. Vendo que a menina andava cabisbaixa, exalando uma intensa aura de melancolia, o treinador, mostrando-se detentor de um bom caráter, tentou mais uma vez fazer contato com a bela garota, tentando acalmá-la com palavras doces.

- Não precisa se desculpar de novo. - respondeu a menina, virando-se mais uma vez. Dessa vez aparentava um pouco menos cabisbaixa que da última vez. - Eu falei muitas besteiras antes, portanto, mereci. - em seguida, se virou para o pequeno Pichu que também realizava sua tentativa de alentá-la e deixou escapar um tímido sorriso. - Não pretendo ir para Viridian agora. Acho que sei o que vou fazer agora. Vou procurar aquele Rattata e pedir desculpas a ele. Acho que, no final das contas, ele não é tão nojento assim. Talvez queiram me acompanhar. Ele não deve estar muito longe, provavelmente ele se levantou em meio a nossa luta e, sem a gente perceber, migrou para algum lado.

Melody apresentava uma inesperada resolução. O que faria Gabriel?

Perante à decisão da menina, Gabriel não via outra opção a não ser acompanhá-la em sua empreitada. Animado pela ligeira melhora qual Melody havia apresentado, o treinador sugeria que Pichu ficasse encarregado de liderar a busca, uma vez que o mesmo já havia vivido naquela rota e havia observado a batalha travada contra o Rattata.

Em meio à busca, gentilmente o rapaz procurava lançar à bela menina sentimentos positivos, para que a mesma se animasse. Porém, Melody se mostrava cada vez mais cabisbaixa, apresentando comportamentos estranhos em meio à jornada de localização do supracitado pokemon. De quando em vez lançava olhares fixos a algum ponto aleatório em meio à paisagem, abaixava sua cabeça e mantinha-a escondida por trás de seus cabelos por longos períodos de tempo, entre outros comportamentos atípicos. Por fim, subitamente a menina se direcionou a uma árvore e, de frente para mesma, deitou-se em posição fetal.

O nervosismo invadia a mente do treinador ao ver a situação na qual Melody se apresentava. Sem saber exatamente o que fazer, Gabriel tentava realizar diversas ações para despertar a menina do estado em que se encontrava, mas todas em vão. Ao checar sua testa, não conseguiu encontrar qualquer sinal de febre. Quando tentou balançar seu corpo, não obteve qualquer sucesso em acordar a mesma. Da mesma forma, seus gritos não adiantavam.

Estando em meio a uma série de situações complicadas, o menino sequer percebia que a noite já caía negra e densa acima de seus cabelos. Lua nova, poucas estrelas, um intenso breu pareceu ter surgido tão rápido quanto um raio. Um vento frio e tenebroso soprava insistentemente.

Subitamente, enquanto o menino ainda movia o corpo de Melody de um lado para o outro, na tentativa de acordar a mesma, a menina demonstrou sinais de um despertar. Lentamente começou a mexer-se, começando pelos ombros e braços, como se alongasse os músculos. Logo virou seu corpo rapidamente e, num brusco movimento, colocou-se de pé, fazendo com que o menino até mesmo recuasse de susto.

Seus belos olhos castanhos agora pareciam sem cor, sem vida. Sua boca permanecia semi aberta, em um estranhíssimo estado de imobilidade. Por fim, a menina pegou uma pokebola em sua bolsa e lançou-a para o alto.


Os gestos de ambos, treinadora e pokemon, pareciam extremamente anti-naturais. Aquele "fofo" gatinho apresentava um aspecto assombroso, sua pelagem intensamente pálida concedia-lha um ar funéreo. E avançava o felino lentamente em direção a Gabriel.