Botando o pé na estrada...

Lilith levantou voo e começou a procurar os itens. Após um momento efetuou o mesmo movimento circulando uma pequena área adiante.

Caminhamos até o local indicado esperando encontrar algum item, mas me surpreendi com um  pequeno acampamento em que um rapaz, de costas para nós, assava algo em uma fogueira.

Quando nos viu, veio conversar conosco e disse ser um fotografo que estava procurando uma árvore com frutos em diversos estágios de maturação. Lembrei-me da árvore que passamos a alguns instantes, poderia levá-lo até ela com certeza.

Abri um largo sorriso ao ver a proposta que ele me fez, afinal ele me ofereceu exatamente aquilo que eu estava procurando. Eu o levaria até a árvore mesmo sem o incentivo. Eu gosto de ajudar as pessoas e me sinto bem em fazer isso. Mas a erva vermelha era um beneficio a mais para isso.

- Olá, meu nome é Lilian, Aspirante em criação. No caminho que fiz para chegar aqui passei por uma árvore que está com as características que você descreveu. Será um prazer levá-lo até lá. Eu só vou aceitar a recompensa porque realmente estou precisando dela. Estou realizando uma tarefa atribuída pelo professor que está me orientando. E encontrar essa erva faz parte dela. Do contrario eu o levaria lá mesmo sem ela.

Esperei ele se preparar para que pudéssemos ir até a árvore, esperando que o que quer que estivesse naquele monte não interferisse nas fotos do rapaz.

Esperei que ele organizasse o acampamento e voltamos pelo caminho que eu havia feito anteriormente.

Por todo caminho ele foi tirando fotos do ambiente e das diversas espécies de árvores encontradas.

Um fato me incomodava, o que teria acontecido com o quer que estivesse naquele monte. Eu havia saído de lá sem verificar o que era e isso estava me incomodando muito. Não gosto de deixar problemas sem solução.

Chegamos ao local onde a árvore estava. O monte de folhas estava estático e nem parecia o mesmo monte agitado que eu vi.

O fotógrafo tirou várias fotos com ângulos variados e de várias posições, achei que ele estava conseguindo obter o que queria, mas ele precisava de uma foto do alto da árvore e não poderia fazer isso sozinho. Ele me pediu a ajuda de Tite e Lilith.

Ao ouvir o que ele pediu Tite veio ao meu lado toda animada. Já Lilith olhou para o fotografo comum ar desconfiado. Provavelmente ficou pensando no que ele iria pedir para ela fazer. Virei-me para elas e orientei:

- Tite, Lilith que tal ajuda-lo tirar uma foto do topo da árvore? Ele vai orienta-las e vocês devem fazer exatamente o que ele pedir.

Estava confiante porque sabia que as duas sempre executaram o que eu pedi com uma precisão invejável.

- Agora você deve orientá-las e elas executarão o que você pedir.

Fiquei observando enquanto ele orientava Tite e Lilith para tirarem a foto. Ele pediu para Lilith voar com a máquina até o topo da árvore e Tite deveria acionar a máquina. Então ele orientou Lilith quanto a inclinação da máquina para que a foto saísse bem feita. Ele passava as informações com segurança de quem sabe o que está fazendo, o que me levou a concluir que ele era profissional.

Fiquei muito orgulhosa de minhas pokemon, elas seguiam as instruções com perfeição.

Eles passaram um certo tempo tirando fotos até que ele pareceu satisfeito. Ele agradeceu pela ajuda, me deu a erva vermelha e disse que precisava partir.

Me despedi dele e fiquei olhando enquanto ele se distanciava pelo mesmo caminho que eu já havia trilhado antes, em direção ao seu acampamento. 

Olhei novamente para aquele monte de folhas. Aquele era um assunto não acabado, e estava me incomodando muito.

Naquele momento o monte estava completamente imóvel e eu ainda tinha esperança de encontrar a erva que ainda faltava.

Com muito cuidado comecei a revirar as folhas separando-as por cor. Tinha esperança de não encontrar o ser que estivera ali antes.

Tite e Lilith ficaram ao meu lado quando eu comecei a mexer no monte. O olhar das duas eram desaprovadores, elas não estavam nada satisfeitas com minha atitude e sei que pensavam apenas em  minha segurança.

Comecei a tirar folha por folha, cuidadosamente, para não acordar o que quer que estivesse no local.
Tirando mais algumas folhas algo avermelhado surgiu. A principio me assustei, pois pensei que fosse me atacar. Mas o que realmente encontrei me assustou demais e me deixou chocada com o que via.

Meus sentimento se alternava entre pena do pokemon e imensa ira por alguém ser capaz de fazer algo assim. 

A mancha avermelhada que estava entre as folha era uma Magikarp que fora deixada ai, por um individuo, deixada para morrer. Provavelmente foi abandonada por ser fraca demais.  Essa coisa, que se autodenomina treinador, não teve nem a decência de deixá-la em um ambiente que garantisse sua sobrevivência. 

Minhas pokemon se afastaram horrorizadas e pude ver que lágrimas surgiram em seus olhos. Minha vontade era me juntar a elas e chora copiosamente. Mas não havia tempo para isso, algo teria que ser feito e bem rápido. Tite olhou para mim implorando para que eu fizesse algo, ela sabia que eu não deixaria o pokemon nessas condições.

Eu estava com o coração partido, e me sentindo culpada por ter dado as costas ao monte e pensado em minha segurança primeiro. Eu teria de reparar esse erro e esperava que o tempo perdido não custasse a vida do pokemon.
    
Ao lado do pokemon, estavam sua pokebola destruída e uma fruta azulada. Com muito cuidado peguei o pokemon e ajeitei-o em meu colo da maneira mais confortável possível.

Como eu queria ser uma criadora formada em habilidades de cura. Mas eu não era nem criadora ainda, minhas habilidades era poucas e eu teria que me virar com elas.

Tite pegou a fruta co seu cipó e me entregou. Com muito cuidado abri a boca do pokemon e fui colocando a fruta lá. Esperava que ela ainda tivesse força de mastigar e engolir. Mas ela ainda precisava de uma ambiente aquoso para se recuperar plenamente.

Pelo mapa havia verificado a presença de um lago nas proximidades, me levantei com cuidado e caminhei em sua direção.

Tite e Lilith iam ao meu lado ainda abatidas com a situação. E após me lembrar do lago, fiquei possessa por pensar que bastava caminhar mais alguns passos para garantir a segurança do pokemon.  

Que pessoa podia se comportar dessa maneira?  Quem era esse "treinador" para definir se o pokemon era fraco ou forte. Um pokemon é um espelho e reflete a alma de seu treinador. Se ele não estava gostando do reflexo, mudasse de atitude e veria o resultado no próprio pokemon.

Estava tão enfurecida que nem olhava direito por onde andava, respirei fundo para tentar detectar a umidade no ar que indicava que estávamos próximas de nosso objetivo.

Resolvi que necessitava de mais ajuda. Peguei as pokebolas de Hulk e Morgana e como sempre, numa luz avermelhada eles surgiram.

- Lilith, Hulk , Morgana, estou procurando um lago nas proximidades e preciso da ajuda de vocês para encontrá-lo. Por favor, vocês podem me levar até ele para que possamos ajudar esse pokemon?

Interpretando corretamente a urgência em minha voz, eles levantaram voo e iniciaram a busca do lago.

Resolvi sepultar esse treinador em mina mente. Uma criatura como aquela não merecia os meus pensamentos. Estava preocupada com a demora de meus pokemon em enviarem uma resposta.

Caminhei, com Tite ao meu lado, mais um pouco na direção em que eles tinham partido. Magikarp estava um pouco melhor por ter comido a fruta, mas mesmo assim ainda precisava estar na água para se sentir melhor ou talvez uma pokebola pudesse fazer o mesmo efeito. Era uma alternativa a se pensar.

Finalmente obtive uma respostas as minhas preces e Morgana surgiu me indicando uma direção. Ela olhou compadecida para a pokemon em meus braços. Lilith deve ter contado para eles o que tinha acontecido. Fiquei imaginando na reação de Hulk, se ele encontrasse esse indivíduo. Cheguei quase a ter pena dele caso isso acontecesse.

Eu deveria caminha a sudeste de onde eu me encontrava.

Provavelmente chegaria ao lago, só esperava que ele não estivesse muito longe. Não queria nem pensar na possibilidade daquele pokemon morrer em meus braços.

Balancei minha cabeça de um lado para outro para afastar esse pensamento. Simplesmente andei na direção indicada por Morgana.