[The Remains of an Abandonment] - Pokémon Mansion -

Após um bom tempo, a ruiva finalmente pôde encontrar a entrada da mansão. O lustre, espatifado, trazia sobre si uma figura quase idêntica à Richard, e por alguns segundos ela questionou-se se não estaria tendo ilusões ou algo do tipo. Porém, a próxima frase do homem a fez congelar por meio segundo. Não, espera... Como assim, céus?! Sinceramente, teve a maior vontade do mundo todo de estapear aquela criatura, mas se conteve, respirando profundamente e apenas cerrando os punhos, olhando lateralmente para sua pequenina raposa que apenas observava o que ocorria ali.

Ela não teve tempo de dar resposta alguma, visto que o homem abruptamente ergueu-se e saiu correndo... Em sua direção. Ela desviou-se apenas para ver Pai e Filho juntos, e não tinha um pingo de dúvida que o olhar dirigido para si estava longe de ser amigável. Quando ambos desapareceram, a garota respirou fundo e praticamente desabou no chão, observando a madeira envelhecida do local. Não tinha certeza se deveria ir atrás... Se deveria ficar aliviada pelo homem ter aparecido. Afinal, isso poderia significar que Richard finalmente teria os cuidados médicos necessários...

No momento, ela não encontrava forças sequer para erguer-se novamente, ainda que a saída daquele maldito local estivesse tão próxima de si. Limitou-se a se encolher, tomando a pequena raposa entre seus braços e acariciando-lhe suavemente o pequeno topete, imersa em sensações que invadiam-lhe a alma como um raio a dilacerar-lhe sem piedade.

Odiava aquela mansão.
Mas valeria deixar o rapaz à mercê do que aconteceria?
Era exatamente esta dúvida que fazia-lhe ficar em silêncio, quase inerte, ali. Deveria ou não ir atrás do homem?

Oh, céus.
Por que mesmo essas decisões são tão complicadas?

Ela nem mesmo pôde pensar em uma decisão antes que um forte impacto atingisse sua cabeça. A garota ainda estava perguntando-se como não fora nocauteada e esfregava fracamente o topo de sua cabeça, buscando meio desnorteada o objeto que colidira com seu crânio. Bem, ela não encontrara de fato um item, até porque sequer havia algum, porém deu de cara com um pequeno porquinho saltitando que mantinha uma enorme pérola rósea na cabeça.

Sem sequer falar coisa alguma, o animal fitava-a e, antes que ela própria percebesse, estava caminhando tranquilamente pela mansão, seguida por uma hesitante e confusa Zorua. Demorou algum tempo antes que finalmente estancasse frente à uma porta, ainda que seu corpo lutasse contra aquele controle - imaginava - psíquico. E claramente, a confusão apenas penetrou ainda mais em suas veias quando encontrara-se perante uma cena que realmente não compreendia necessitar presenciar. Agora sabia que o rapaz virava-se com cuidados médicos, mas por que mesmo estava ali? Ela forçou o próprio corpo para tentar uma rápida fuga, afinal, não seria nada bom se os Rockets olhassem para a porta e dessem de cara com a ruiva ali, não é verdade?

Ainda demorou algum tempo para que finalmente sentisse suas amarras afrouxarem-se e ela enfim pôde sair correndo daquele local, buscando seguir os corredores que tão involuntariamente usara para ser guiada até ali. Até com certa raiva, ela também procurava aquele estranho pokémon que forçara seus movimentos até aquele local. Céus, sabe-se lá o que poderia acontecer agora! Sinceramente, estava com uma vontade incrível de manter uma batalha, principalmente por ter sido controlada.

Até Elgyem não extrapolara tanto os limites. Se é que ele era capaz de fazer isso, mas tudo bem.
Onde estava aquele maldito porco-mola?!

Quando finalmente estancara próximo à saída daquele casarão infernal, a garota respirou profundamente. Quando conseguiria sair dali, afinal? Sinceramente, estava com cada vez menos esperanças que isso aconteceria. Não investira nem mesmo com sete passos naquele extenso salão e aquele travesso animal acinzentado veio saltitando até si.

A ruiva cruzou os braços, pouco antes daquele porquinho roçar suavemente sua pele na perna direita da garota, observando-o com infantilidade. Infantilidade esta que não fora retribuída. A garota poderia até achar aquele pequenino muito adorável, mas e se acabasse sofrendo uma peça novamente? Ela optou, primeiramente, por conferir no aparelho de tonalidade escarlate que jazia em sua posse, as informações do pequeno porquinho e, quando estas se findaram, ela suspirou e abaixou-se. Faria uma última tentativa, embora não muito confiante quanto à isso.

- Spoink, por que você fez aquilo? Não se deve arrastar os outros por aí, sabia disso?

Ela fitou o pequeno porquinho aproximar-se cada vez mais de sua frente, diminuindo a altura de seus pulos regulares, mantendo as orbes castanhas focadas contra as acinzentadas da ruiva, que suspirou com suavidade. Não tinha certeza se deveria, mas abaixou-se devagar, tocando a cabeça de Spoink com as pontas dos dedos, em uma suave carícia.

- Tudo bem... Não fique triste, tudo bem? Apenas prometa não fazer de novo... - Um pequeno sorriso domou seus lábios e ela só não pegou-o no colo por conta do medo que mantinha de acabar matando-o, ainda que sem querer. Observara também a brilhante pérola em sua testa, que destacava-se na rósea tonalidade entre a completa escuridão daquele lugar.

Havia encontrado um animal passivo? Adoraria uma notícia como essa...

Por meio segundo, um sorriso sutil tomou os lábios da ruiva quando o pequeno porquinho começou a saltitar de um lado para o outro. No entanto, quando seu corpo foi envolto por tal energia psíquica, ela passara a tentar controlar a si própria para estancar aqueles desagradáveis movimentos, respirando profundamente e retornando à sua seriedade. Ao finalmente ver-se livre, recuou. Ela precisava sair daquele local e falar com um pokémon que possivelmente poderia estar influenciado por Mewtwo sem dúvida não iria auxiliar-lhe a sumir daquele maldito casarão.

Afastando-se do pequeno saltador, ela olhou para a jovem raposinha que, à essa altura, balançava sua cauda de um lado para o outro, encarando aquele espécie com certo receio, mas com o olhar fumegante. Quem sabe, não poderia surgir esta afirmação, caso ela pudesse falar?: "Posso comer bacon no jantar? O porco já temos!".

Enfim, de todo modo, a garota apenas ajeitou suavemente uma de suas mechas avermelhadas atrás da orelha, respirando profundamente...

- Fake Tears e Pursuit. - Concluiu, desviando o olhar para o chão.

Sinto muito, Spoink.