Minha corrida, que até então não havia destino, ganhou a primeira parada: O chão. Meus passos longos não me preveniram da deformação do chão que me punira, ou talvez, nem fora mesmo uma deformação ou objeto, me conhecendo bem, é provável que eu tenha tropeçado em meu pé direito, mas tanto faz, eu já estava no chão, inicialmente apoiada no lado direito do meu corpo, mas depois de uma leve rotação, um pouco menos que 90º, fiquei de barriga para baixo e cabeça lateralizada, fiquei ali, aproveitando a corrente de vento durante algum tempo, deitar é realmente bom, e um vento gelado é bastante acalmante. Por alguns segundos, quase minutos, esqueci completamente da minha finalidade naquele lugar, mas um maldito barulho assombrado me fizera lembrar, arrepiei novamente dos pés à cabeça, e logo em seguida tive um tremelique, sendo somado pela corrente de vento que vinha de trás para frente e dessa vez, não servira para acalmar.
- Por que mesmo fui escolher Ghost? - bufei.
Ainda deitada, olhei em volta para tentar descobrir o motivo do som, porém houve um problema, minha visão periférica quase toda estava escura, menos à frente, lá havia um centro luminoso sem sentido algum, talvez houvesse uma passagem de luz à cima que estivesse fora do meu campo de visão. Viajei por um tempo, pensando em muitos vaga-lumes juntos me ajudando a sair viva daquele local, depois pensei em uma morada de fadas igual a sininho e, por fim, achei-me idiota por pensar sobre isso em uma zona fantasma.
Ok, se recomponha Winnie, vamos lá, primeiramente levante! Depois discutimos o que fazer. Obedeci minha consciência e levantei, ajeitei minha roupa suja de terra e bati-la logo em seguida, depois o joelho, os ombros, as canela e por fim, mas não menos importante, ajeitei o cabelo bagunçado, a vantagem de ter um cabelo liso e sem graça, é que se pode arrumar com as mãos.
Livrei-me de alguns fios rosas presos na minha mão e voltei a dialogar com a minha consciência, acho que para nós duas, era um consenso que voltar pelo caminho escuro não era a melhor opção, pelo menos, indo em direção a luz, eu teria uma visão a mais atiçada, e veria algo se aproximando muito mais fácil. Não sei se reparou, senhor narrador, mas eu já estava me sentindo a presa, e não a caçadora nessa história toda, e um lugar iluminado me acalmaria, mesmo que esse som estranho - que de quando-em-quando toca - venha de lá e me assuste toda vez que ouço, poder enxergar é um problema a menos.
Andei em direção a luz, tampando meus ouvidos e me preparando para o pior, meus passos eram bem lentos, e minha atenção dobrada, meu sistema nervoso simpático já devia estar todo ativado, taquicardia, dilatação de pupila, respiração intensa, isso se dava tanto por eu ter acabado de sair de uma corrida, quanto por que estava morrendo de medo. Suspirei tentando me acalmar, meus passos pequenos e lerdos saiam tremidos e sem coordenação nenhuma.