Sombra e água fresca -sqn

O que eu não queria ouvir, eu ouvia. No momento em que eu percebi que era a voz do rocket, eu comecei a achar que estava tudo muito estranho. Mas as peças estavam se juntando. Para ele, era mais lucrativo me manter vivo debaixo de uma acusação e sob o seu poder, ao invés de me matar. Não valia nada morto. Ele continuava tocando no vídeo, no qual estava pouco me importando, mas tocou em algo que era importante para mim, apesar de tudo. Marcella estava junto com Azumarill, mas apenas um contra um arsenal do rocket não era suficiente.

Andava pela cidade pensativo. Como eu poderia contorcer aquela situação; Eu tinha que seguir a lei, não cabia fazer algo que não me agradasse. Mas era a segurança da minha irmã. Se isso acontecesse, como eu poderia sair da situação. Era o meu jeito de ser, não poderia praticar algo que fosse ilegal, mesmo se fosse sob uma autoridade ranger seria questionável, quanto mais sob um rocket psicopata como aquele. Minhas missões havia complicações, mas não poderia negar que com Marcella me seguindo para cima e para baixo causaria complicações maiores.

Estava tão pensativo que Aipom e Togekiss, meus primeiros parceiros, questionavam-se entre si o que poderia passar pela minha cabeça. No momento, nada! Nem liguei para o fato do isótopo nos itens do velho não estar causando interferência na ligação. Kamen provou ter seus meios, mas mesmo assim não poderia pensar como aquilo poderia me ajudar. Aproveitei que a interferência acabou e tentei mandar uma mensagem para Marcella, pedindo para que ela fosse me encontrar na delegacia.

O tempo passava e realmente não sabia o que fazer. Teria que reportar para os rangeres, nem que seja uma mentira, mas teria que falar com os meus superiores. Não toda história, pois a segurança da minha irmã era fundamental!

Conseguindo falar com Marcella, segui para a delegacia e não demorava para chegar lá. Fui direto até o centro de rangeres e lá tinha dois. Recolhi Aipom e Togekiss e disse que estava tudo bem e que não precisavam se incomodar.

- Estarei esperando minha irmã. Preciso fazer um depoimento direto com os primeiros níveis da organização. Joy Maximus, Brake ou alguém de mesma patente. É urgente!

Diante do pedido, eu nunca iria imaginar que em Cerulean estaria o líder de toda corporação ranger, Joy Maximus. O cara era uma lenda e só de ouvir a voz dele mais uma vez eu sentia a superioridade. Haviam pessoas que diziam que ele era mais forte do que um elite four, ou até mesmo um Champion. A decisão dele de ser um ranger era honrada e sua genialidade estava perto de qualquer um de alto escalão. Eu queria chegar a esse nível um dia, mas sabia que estava longe disso acontecer.

Com um pouco de bom humor em suas palavras e um jeito de superior, ele me oferecia algo para beber, mas eu negava apenas com um aceno negativo de cabeça e em continência eu ficava. Ainda estava preocupado com a minha irmã e ainda não sabia se eu poderia dizer o que aconteceu ou não, afinal, tinha muitas irregularidades que me comprometia.

No entanto, ao olhar o líder em minha frente, eu me questionava o que seria pior: ficar a mercê de um rocket ou correr o risco de perder minha irmã... Eu me sentava diante do líder e engolia em seco diversas vezes. Ele parecia já ter notado o meu estado de tensão, afinal, anos nesse ramo acabamos nos especializando em algumas relações.

- S-senhor... Acredito que o senhor já tenha lido o meu último relatório no Mt. Moon... Afirmei que a equipe rocket estava fazendo alguns projetos e eu acabei descobrindo por azar ou sorte e eles tiveram que mudar. Os rangeres que me salvaram eram testemunhas. Inclusive mencionei um rocket em particular, Marco Zurak, que tem uma irmã, Pamella Zurak, que é bem inocente ao que acontece. Pois bem...

Respirava olhando no relógio do celular

– Hoje Marco e Pamella foram até mim, no Pokémon Center. Eu tentei captura-los, mas acabei caindo na armadilha, não de Marco ou Pamella, mas de um rocket chamado Kamen. Ele era o líder do projeto Mt. Moon e veio atrás de vingança. Fez algumas filmagens e disse que iria editar, mas isso não me importa tanto. O que me importa foi que ele ameaçou a minha irmã, que estava no Pokémon Center comigo, já que eu estou seguindo a licença de recuperação do episódio que aconteceu no Mt. Moon...

Acabava contando tudo. Ficar refém de um rocket não era uma opção. Agora a corporação, e eu, teríamos que nos virar para proteger Marcella.

- Parece que ele ameaçou Marco para ajuda-lo, pois apesar dele ser um rocket, digamos que ele é apaixonado pela irmã e não deixaria nada de mal acontecer com ela. Mas aquele canalha queria que eu fizesse alguns trabalhos para ele, mas eu não quero. Não gosto de ser ‘enjaulado’. Ele disse que uma pequena amostrava do vídeo vai ser postado no jornal hoje, mas o que eu peço ao senhor é que providencie segurança para minha irmã. Marco disse que Kamen é interessado em um jovem de sobrenome Akuma e de sua parceira ex-rocket Patrice Hossan. Acredito que a corporação tenha dados dela, uma vez que é ex-criminosa.

Não tinha como esconder nada do meu superior. Teria que aguentar as consequências, afinal, faz parte do meu trabalho. Iria tentar dá o meu melhor para mudar o mundo e não aconteceria isso se eu deixasse ser lacreio de um foguete...

Após todo depoimento eu acabava percebendo que tudo aquilo estava acontecendo por causa de um erro da alta patente. Joy deixava claro que por conta de um “achar” dele e de pessoas ligadas aos mais altos ranks rangeres, Kamen estava livre e meu caminho havia se cruzado com o dele. Saber que Kamen não era nada não me deixava aliviado, Marcella ainda era um alvo dele e a sugestão do homem em me mandar para Hoenn não me agradava muito. Kanto era meu lar e como ranger eu não iria fugir, até porque, se ele quisesse, com os recursos que tinha, poderia me achar onde fosse.

- Como o senhor disse, eu terei que olhar Marcella e como bem sei, Kamen possui recursos. Não gosto muito da ideia, mas acho que vou ficar em Kanto mesmo, senhor, se assim permitir. Já que os rangeres não podem fazer nada para me ajudar, então eu terei que ser o segurança da minha irmã. – de fato estava me segurando, afinal, Joy Maximus não parecia o cara todo sábio que eu sempre imaginei. Ele conheceu uma gravidade e deixou passar demonstrando uma falta de instinto de superior, ou eu estava muito tenso... – Senhor, só para terminar, como o senhor pode perceber, eu já estou bem e estou pronto para voltar a ativa, quando o senhor desejar.

Olhava discretamente no relógio, esperando ver o tempo que demoraria para Marcella chegar. Diante do que foi exposto, eu era a única segurança dela...

Ainda estava muito indignado com a falta de atenção do maior ranger da história. Joy sempre foi traçado para mim como o melhor dentro os melhores, não pelos seus Pokémons poderosos, mas pela sua astúcia, que lhe rendeu prémios para ser o líder dos rangeres. Sua posição era reconhecida por todo o mundo, mas agora só conseguia ver um cara que por descuido deixava que os rockets agissem livremente. Para mim, não existia rocket de alto escalão nem de baixo escalão, eram todos rockets e teriam que ser detidos.

A conversa fluía até alguém bater na porta. Virei imediatamente e por detrás da ranger, estava Marcella com Azumarill ao lado dela. Suspirava já de alívio. Ela estava bem e por conta disso eu já desejava que ela melhorasse. Logo, poderia sair dali e dá um abraço. Infelizmente, teria que seguir viagem com ela, já que o que eu temia acontecia e agora ela estava em perigo e não poderia saber o que estava acontecendo de verdade.

- Senhor, um casal de senhores me deu alguns itens que aparentemente estavam irradiados com isótopos.... Esses itens bloqueavam o sinal e dava a minha localização, mas aparentemente não durou muito, uma vez que consegui fazer ligação. – informava o superior.