#003 - Um tiro no escuro

Igniz e Ammy  pareciam decididos a descansar, enquanto Erik prosseguia  em sua pescaria. O rapaz observava a movimentação a seu redor, esperando por um puxão em sua linha. Já pensava em alguns nomes para seu Corphish, quando sentiu uma fisgada. Sua espera fora finalmente recompensada. Ou quase...

A criatura que Erik fisgara não era nem de longe impressionante. A criatura se debatia a seus pés, ansiosa por voltar para a água. O treinador simplesmente invocou seu Corphish.

- Primeiro, tente não fazer nenhuma loucura - começou o rapaz, tentando não soar muito irritado - Segundo, decidi lhe chamar de Schiller. Parece um bom nome para você? - Erik continuou, antes que Schiller o atacasse de novo - Já que gosta tanto de atacar os outros, por que não tenta contra esse Magikarp? Devolva-o para a água com um de seus golpes, depois podemos continuar pescando. O que acha?

- Me diga, cara, QUAL O SEU PROBLEMA! - Erik desviava dos golpes de Schiller com dificuldade, evitando por pouco ser atingido diversas vezes por um Magikarp. Um pokémon atacando o próprio treinador, com outro pokémon como arma. Que irônico.

- Nós estamos juntos nessa, quer você queira ou não - o rapaz se dividia entre a tentativa de argumentar e atenção para evitar ser atingido - Então, melhor que a gente se entenda. O que eu te fiz de mal? - e voltando-se na direção da árvore em que Ammy e Igniz descansavam - Eu agradeceria uma ajudinha aqui!

Definitivamente, uma conversa pacífica não parecia ser a especialidade daquele Corphish. Após várias tentativas de atingir seu treinador, o crustáceo largou sua "marreta", lançou outra rajada de bolhas contra Erik e pulou para o lago, onde permaneceu nadando, ainda irritado.

- Vou te chamar de Karkinos. Um nome complicado para um pokémon complicado, parece combinar bem... - então murmurou consigo mesmo - Como cabe tanta raiva dentro de um casco tão pequeno? Ele consegue ter um gênio mais forte que o Igniz...

Erik jogou o anzol de volta na água e voltou a falar com seu Corphish.

- Muito bem, fique aí treinado seu nado. Quando quiser conversar civilizadamente, eu vou estar aqui, pescando.

Erik encarou o peixe por alguns instantes. Respirou fundo. Contou até três... Por fim, jogou o pokémon de volta para a água, guardou novamente a vara de pescar e se levantou.

- Tô dando o fora daqui... Karkinos, prefere me seguir andando ou dentro da pokébola? - ameaçou o treinador, com a esfera na mão. Em seguida, virou-se na direção da árvore onde seus outros parceiros cochilavam - Igniz, Ammy, vamos!

Talvez o rapaz encontrasse algo mais interessante adiante. Ou, mais provavelmente, seu Corphish encontraria outra confusão onde se meter.

Erik tentou chamar seus pokémons, mas era como falar com as paredes. Pela parte de Igniz e Ammy, ao menos, era justificável. A dupla permanecia adormecia na mesma árvore, mas devido à distância em que se encontravam de seu treinador, e a multidão que havia ao redor, impediam que Erik pudesse lhes chamar a atenção. Karkinos, por outro lado, ouvira cada palavra que o rapaz dissera. Prova disso é que o Corphish fez questão de desobedecer cada uma das ordens que recebera.

O crustáceo submergiu no lago, de forma que não houvesse como retorná-lo à pokébola. Erik já começava a imaginar o trabalho que teria para tirá-lo dali, quando alguma coisa fez-lhe esse "favor". Karkinos foi arremessado para fora da água com violência, caindo sobre a grama. E, pela expressão do pokémon, ele estava pronto para entrar de novo e terminar o que for que tenha começado.

- Olha só que arranjou outra confusão... - ironizou o rapaz. Talvez ele devesse se preocupar com o que estivesse naquele lago, mas, naquele momento, estava mais animado com a chance de uma batalha. Contra o que quer que fosse - Espero que aceite minha ajuda dessa vez. Só preciso descobrir o que estamos enfrentando.

Erik esperou que o inimigo desconhecido desse as caras. Ou que Karkinos cansasse de esperar e pulasse de novo, para buscá-lo com as próprias pinças. A segunda opção era mais provável.