#005.5 - Dois tempos

Em um primeiro momento, o garoto chegara a ficar preocupado com fato de ainda não ter avistado qualquer tipo de fruta naquelas árvores, ainda mais quando vira o gramíneo começar a ficar impaciente, fazendo-o pensar se não deveria usar outra das frutas que tinha em sua mochila. Entretanto, haveria dois problemas nessa última ideia, o primeiro era que o garoto acabava de perceber que havia esquecido sua mochila no cercado do senhor, ficando com nada ali fora as esferas de seus parceiros, e o outro era que tais frutas pertenciam justamente ao seu grupo, não querendo gastá-las caso fossem precisar mais tarde.

Contudo, para a sua felicidade, ao correr seus olhos por ali percebera a existência de uma árvore com frutos azuis por ali, algo que também fora visto pelo pequeno bode, que começara a correr na direção dela para pegar uma das frutas, mas sem sucesso algum devido à altura. Assim, o jovem de cabelos verdes decidira se aproximar em uma corrida lenta, saltando ao chegar próximo a árvore para ver se conseguia pegar alguma das frutas.

- Cameron! – Chamou Raiko. – Pode nos ajudar a pegar algumas para o Skiddo? Não se esqueça de pegar uma para você também, certo?

Ditas essas palavras, o Sabazura tornava a saltar para ver se conseguia pegar alguma fruta, em seguida, caso sua parceira pegasse alguma, trataria de agradecê-la com palavras e um leve afago.

E por meio do trabalho em conjunto do garoto e de sua parceira, eles conseguiam sem maiores problemas colher as frutas azuladas daquela árvore, tendo o jovem a dividi-las entre ele e o gramíneo, que comia vorazmente, dando a entender que logo saciaria sua fome. Assim, conseguiam pegar, para a sua surpresa, muitas frutas, fazendo com que acabasse por guardar as quatro que não foram comidas em seus bolsos, já que não estava com sua mochila por perto.

Então, de maneira inusitada para ele, vira o pequeno bode aproximar-se dele, deitar e começar a dormir por ali, algo que não deixava de fazer com que um simples sorriso se desenhasse em seus lábios, já começava a notar que a criatura estava ficando mais a vontade em sua presença.

- Cameron, por que não descansamos um pouco por aqui também? – Indagara o garoto, enquanto encostava suas costas sobre o tronco daquela árvore e se deixava sentar sobre o chão daquela maneira. – Aquele senhor deve demorar um pouco mais ainda com os Mareep’s, então...

Dito isso, o jovem chamava a borboleta, essa que ainda devorava felizmente uma das frutas azuladas, com um sinal de mão para o seu colo, acolhendo-a quando se aproximou e passando afaga-la em sua barriga. Então, deixou que seus olhos corressem em direção ao caprino ao seu lado, sendo atraído pela visão de sua pelagem felpuda enquanto pensava se não deveria afaga-lo também, o que com certa calma não demorou muito a fazer, depositando sua por entre os chifres dele.

Estando ali a fazer caricias em sua parceira borboleta e no pequeno bode, o jovem deixava sua mente viajar por entre os assuntos nos quais estava anteriormente a sua aparição inusitada naquele campo. Assim, o jovem ficava a se perguntar quais seriam seus novos rumos quando retornasse, se é que conseguiria isso com facilidade, a Hoenn.

Contudo, por mais que se esforçasse, nenhum verdadeiro objetivo lhe vinha mente, apenas rápidos lampejos de coisas que poderia fazer e de certo modo o divertiram, não sendo o que o garoto desejava, deixando-o na ânsia de algo diferente, algo que, na melhor das hipóteses, estaria vinculado a sua saída de Pallet.

Entretanto, antes que se aprofundasse cada vez mais nesses pensamentos, Raiko pode ver, por entre as árvores, o senhor retornar com o seu rebanho para o cercado, fazendo-o levantar com um impulso com a borboleta em seus braços e pensar em seguir naquela direção. Porém, não deixara de olhar para o gramíneo enquanto pensava que não seria bom de sua parte sair assim e deixa-lo sozinho, ainda mais depois de leva-lo até ali e se envolver com ele daquela maneira, algo que não deixava de lhe lembrar da forma como Butterfree passara a ser de seu grupo.

Então, enquanto desenvolvia uma ideia que começava a lhe parecer agradável em sua mente, se agachou perante o bode, fazendo questão de fita-lo diretamente.

- Então Skiddo, eu tenho que ir já... Mas você não gostaria de vir comigo? – Indagara o garoto de modo direto. – Digo, bom, queria saber se você não gostaria de juntar a nós, ou seja, meio que ser capturado por com isso.

Ditas essas palavras, o jovem pegava uma esfera e mostrava ao gramíneo enquanto esperava por sua resposta.

Então, para sua felicidade, o pequeno bode aceitava sua proposta de maneira que lhe parecera ser bastante receptiva, não tardando em observa-lo tocar o botão da esfera com seu focinho e ser englobado por tal objeto em um feixe de luz vermelha, podendo-o sentir acomodar-se dentro daquilo sobre sua mão. Assim como tinha que ser, logo a esfera desaparecera de suas mãos, deixando o jovem com um sorriso em sua face e a borboleta em seus braços.

- Agora, vamos lá ver como faremos para voltara para Hoenn. – Comentou para a sua pequena parceira.

Ergueu-se um tanto apressado e, da mesma maneira, passou a seguir em direção à cabana do fazendeiro, procurando chegar lá sem tantos empecilhos e confiante quanto a isso, porém mal sabia o quanto estava enganado.

No meio do caminho, de maneira inusitada, o jovem sentira seus pés cederem e começar a cair em meio a escuridão assim como mais cedo naquele dia, não deixando de exibir um grito frustrado dentro daquele portal quando passara a perceber o que acontecia, já que sua mente corria para a possibilidade de ter inutilizado todo o seu esforço para tentar conseguir informações de onde estava além de acabar em um local totalmente aleatório. Então, quando menos esperou, apareceu sentado sobre o chão do que lhe parecia um beco com sua parceira em seus braços.

- Onde diabos que... – Dissera um tanto confuso por ter aparecido em um cenário totalmente diferente.

Assim, antes que terminasse de falar, ergueu-se em um salto e se pôs a correr em direção a saída daquele beco bastante apressado, pretendendo perguntar a qualquer um que visse em qual lugar se encontravam.

De certa forma, não deixou de sentir aliviado ao perceber que, pelo o que acreditava ser a sua mais pura sorte, aquele estranho fenômeno lhe levara para próximo de onde havia sido retirado da primeira vez, as nunca tão queridas ruas de Aztlán. Assim, em meio a arfares, expressara um leve riso enquanto se acalmava, como se estivesse a rir do seu desespero desnecessário e da forma como tudo aquilo aconteceu. Se fosse levar pelo lado despreocupado da cena, parecia apenas que tal coisa o levara para um passeio, apenas isso.

- Isso foi... No mínimo estranho. – Comentara para sua parceira, referindo-se ao acontecimento e sua risada fora de hora. Logo depois, a soltava, deixando-a retornar a voar livremente por ali. – Alguma ideia do porquê disso, Cameron?

Visivelmente, o garoto sentia uma forte curiosidade em descobrir o motivo por trás daqueles acontecimentos, assim como qualquer outra pessoa, porém, apesar de tal fenômeno ter acontecido com ele, não havia conseguido um resquício sequer do porquê, já que as passagens de um local para o outro haviam sido rápidos e não haviam deixado vestígios, ao menos era isso que achava. De uma forma resumida, toda essa impossibilidade de seguir atrás de respostas para isso o fazia retornar à estaca zero, a mesma procura por um caminho desde que a Copa Hoenn terminara para ele.

Olhou para suas mãos inquietas, como se procurasse por algo escondido, e as colocou dentro dos bolsos de maneira quase que automática, sentindo-as se acomodarem nos bolsos grandes da calça. Então, migrou seus olhos para sua parceira borboleta, que curtia voar por ali de forma feliz, não deixando de exibir um simples sorriso no lábios e visualizar o céu que se estendia acima dela.

- Vem. Vamos voltar para o Centro Pokémon. – A chamara, tendo tomado a decisão de voltar naquele instante.

Assim, com o olhar um tanto perdido, Raiko passara a andar em direção a instalação de enfermagem.