Shimmer

Senti-me intrigada com Hati, não era normal que se sentisse assim, sempre lhe disse que sou boa em matutar ideias malucas e que em minha cabeça, e apenas nela, fazia sentido. Parei de andar por um instante e me virei a pokemon, agachando e passando a mãos em seu pelo quente no topo da cabeça, acariciando em um ritmo mais rápido. Olhei nos olhos dela e falei com muito cuidado:
- Hey, não fiquei assim, confio completamente em você e acredito que tinha algo importante a direita, eu só estou preocupada com essa criança - expliquei - Talvez o anel não venha dela.

Fiquei um tempo ali, em silêncio e na mesma posição, olhando no olhos e esperando que seu choro engolido passasse. Abracei-a, como posso ser tão insensível? Fazia muito tempo que Hati não seguia estrada comigo, como posso eu trazê-la de volta sem acalentar? Segurei a auto-decepção na garganta, tentando engoli-la mas falhando, ficara ali, como um nó, nó este que me impulsionara a prender Houndoom em um abraço forte e dizer o quanto senti sua falta.
Esse momento durou alguns curtos minutos, mas não me importava com o tempo que perdi, devo lembrar que se esta alucinação tinha um tempo para acabar, que eu gastasse ele completamente em momentos bons. Levantei a cabeça e em seguida o corpo, logo já estava de pé convidando Hati a continuar a caminhada, ela finalmente aceitava sem pudor; não obedecia mais por lealdade, e sim por estar feliz com minha companhia. Winnie, quando foi que começou a sustentar seus pokemons com lealdade? Ficarei um tempo decepcionada por isso.

O caminho continuou e nada havia me surpreendido naquele corredor fechado até então, parecia inteiramente com o antigo que se concluiu em um bifurcar, só peço que este não termine do mesmo jeito. Mais alguns passos e finalmente o ambiente mudou; do escuro fora ao fogo em um instante. Escolher Hati para essa tarefa foi a melhor escolha que podia ter feito, não há um pokemon em minha bolsa que se sinta bem com calor, fogo e escuridão ao mesmo tempo. Andei pela reta recém iluminada, encarando as imagens pintadas na parede e reparando na mensagem que as criaturas queriam passar. Como disse outrora, vi um documentário antigo sobre essas pirâmides e era do meu conhecimento que eram construções extremamente religiosas e complexas, o respeito, o silêncio e a santidade preenchiam o lugar para o povo antigo.
- É incrível como mesmo depois de anos a configuração não muda, não é? - falei retoricamente a Hati - Hoje ainda celebram tanta coisa que perderá sentido no futuro, como meu tal quadro de biquíni - acrescentei.
Isso realmente me incomodava, o quanto as pessoas perdiam tempo contemplando de forma irracional algumas coisas; ultrapassam o limite de apreciar e vira doentio muitas vezes, o que mais me intriga é que não acho resposta para a pergunta "como eu acabo parando no meio disso tudo?". Imagino que nenhuma dessas figuras pintadas tenham pedidas para ser adoradas dessa forma, se é que existem, claro. Não se assemelham muito as imagens divinas que eu vejo no meu mundinho pequeno.

Deixando de lado o pensamento sociológico, voltei ao que tanto importava; a criança. O barulho foi tocado mais uma vez, me relembrando do objetivo principal, e isso foi o que finalmente tirou minha atenção das paredes pintadas e me fizera olhar para frente. Sim! Eu estava quase tropeçando em uma magnífica tumba por não ter olhado para onde andava. Por sorte a criança me alertou, caso contrário, violaria todas as regras existentes naquela pirâmide e, se essas pinturas forem reais, algumas pragas cairiam sobre mim.
A voz que me atingiu a quilômetros atrás tinha origem nesse pequeno túmulo real que, sem querer ou não, me alertava de sua posição. Com o capacete tecnológico, inspecionei os quatro lados da tumba a procura de alguma pista, ao mesmo tempo, pedi para que Hati farejasse me ajudando. Era importante que não tocássemos na peça atoa.

OFF: Welcome back <3

Por mais sobrenatural que aquilo fosse, minha mãe sempre dizia que o Diabo nunca me testaria com um pedido de ajuda. Mesmo não sendo muito religiosa, esse conselho viera a calhar com o momento, e me faz decidir como agir. Tentei abrir a tumba completamente, mesmo que sua tampa fosse bastante pesada, Hati me ajudou com a força bruta e empurrou com o focinho, libertando a criança. Por um segundo esqueci que estava coberta por uma gigante mascara que cobria completamente o meu rosto, a criança não só falara comigo presa como também olhara no meu olho por dentro de toda a aparelhagem. como fizera? Não sei, alucinações coletivas não costumam ter lógica.

Soltei o garoto e tentei pegá-lo pela mão, queria senti-lo, se fosse possível. Talvez assim cresse mais no que estava acontecendo. Chamei-o para fora da tumba e disse para andarmos até o outro lado da piramide, assim conseguiríamos achar sua mãe. Pedi para que Hati farejasse novamente o anel e nos levasse ao lado certo da bifurcação, tentando não confundir o caminho da saída com o caminho da direita que desviamos. Para isso, pedi que farejasse também o caminho que passei, assim seria mais fácil reconhecer qual era o caminho que não passamos.

OFF: DESCULPA O POST MEH É Q COMECEI A ESCREVER E DESCOBRI Q TINHA Q CORRER PRA UFES BJS TE ADORO XAU

Posso não ter seguido o faro de Hati aquela vez, mas isso não significava que não tenho plena confiança nele. Acontece que não o segui por outros interesses e não por acreditar que aquele seria o lado errado. Os fatos se sucederam de forma rápida, abri a tumba, o menino pulou para fora, tentamos um contato físico falho que me fizera sentir extremamente envergonhada e, instantes depois, uma aura terrível pareceu ter tomado o lugar e a criança gritava fuga, enquanto Hati entrava em alerta. Não consegui perceber isso até finalmente ouvir algum som que não provia do meu lado; passos. Andei de ré na mesma velocidade dos passos que vinham em minha direção, ainda não havia investigado todo o corredor iluminado, o que significava que não o conhecia completamente, podia haver outro caminho para trás. O problema é que segui-lo significaria se perder no labirinto que eram as câmaras e corredores desses lugares.

Um arrepio tomou meu corpo, o que eu faria agora? Algo se aproximando e dois dos meus companheiros dizendo que é perigoso, uma pirâmide enorme que, caso me perca, muito provavelmente não teria condições de voltar viva e uma criança-espírito. Parecia que alguém me dera um bilhete só de ida para o mundo da imaginação. Vasculhei em volta algum buraco para me esconder, alguma coisa que nos coubesse e que não fosse aquela tumba e, só depois de muito procurar, reparei no quão inútil seria me esconder, era óbvio que aqueles seres podiam ver-nos como nus. Parei com os passos para trás, Hati estava me acompanhando e também cessou o caminhar, ela sabia o que eu iria dizer agora, estava apenas esperando ouvir:
- Vamos ter que lutar - disse - Só pela reação do Silph Scope, improvável que isso não seja um pokemon. O que acha?

Ao ver o pokemon a frente, emiti a tal palavra proibida que minha família sempre reclamou, um simples "fudeu". Era óbvio que para fazer uma ilusão daquele tamanho, teria que ser um pokemon poderoso, o que passou pela minha cabeça quando achei que podia enfrentá-lo? Olhei em volta pensando em saídas, mas Hati já estava a frente, posicionada para lutar, como direi para ela que deveríamos correr? A canina estava com as patas dianteiras dobradas, formando um inclinação diagonal que destruía qualquer dúvida sobre ela estar pronta. Houndoom queria aquilo e não conseguiria tirá-la dali sem magoá-la. Como todo o bom canino, Hati mostrava-se leal e protetora, além de burra, é claro. Esta coragem é muito visível quando ela está em batalha, e é a que mais demoraria para me perdoar se tirasse dai. Ok, talvez escolhe-la para enfrentar isso comigo não tenha sido a ideia perfeita, mas ainda não me arrependi. Já que queres lutar, juntarei-me a ti.

Antes de legitimar qualquer ação, olhei o inimigo de cima a baixo, analisei-o. Não precisava muito para saber que ele era um pokemon fantasma, o que fazia com que tivéssemos uma vantagem em tipo. Ok, ponto para nós! A medida que olhava-o, reparava que não era tão impossível ganhar, e caso Hati caísse, poderia chamar qualquer outro para finalizar. Talvez com um pokemon eu não vença, mas com seis me sinto muito mais confiante. Fechei os olhos e lembrei-me de minha equipe, de fato Tyr faria falta nessa situação, mas não posso depender dele para tudo, minha equipe podia assegurar esse problema para mim, eu acredito.

Dei dois passos a frente, andando até onde Hati estava. Ali, parei ao lado da canina e acariciei mais uma vez o topo de sua cabeça, desejando-a uma boa batalha e falando, bem baixinho, os golpes:
- Use dois Dark Pulse, temos boas chances - comentei.

OFF: Nossa, agora que percebi, depois de 3 páginas reparei que a gente esqueceu do "em treinamento" dos golpes do Quagsire, ESTOU OBSERVANDO BEM MEUS POKEMONS UIAHDIUQWHDUI

A batalha acontecia e tudo que restava em minha mente era a palavra "ouro". Este anel que está em minha mão, realmente conta tanto quanto este pokemon fala? Se tudo isso for real, espero levar comigo esta pequena auréola de ouro, seja como lembrança de valor simbólico, ou como um item que me de algum lucro no mercado. Não sou muito acumuladora, se me valer algo, certamente iria vender.

Meus pensamentos de raiz econômica preenchiam minha cabeça, não me fazendo dar muita atenção ao que meus olhos viam, com o dano que Hati tinha causado apenas com um golpe, eu já estava ficando despreocupada com aquela batalha. Porque desconfiei do potencial desta canina? Era óbvio que ela conseguiria. Prosseguir pensando no valor daquele anel que, muito provavelmente, sumiria assim que o Faraó fosse derrotado, ainda assim, imaginava as tantas possibilidades.
Fui retirada da profundidade dos pensamentos apenas quando uma falha ocorreu. Hati não poderia usar o tão poderoso golpe novamente, o que faria? Por sorte, treinei um golpe quase que identico que é, por sorte, muito útil nessa situação. Eu ainda poderia usar Shadow Ball! E ainda haviam me dito que este era desnecessário. Bobinhos. Apontei para frente e disse a Houndoom:
- Está tudo bem Hati, vamos alterar as ordens para dois Shadow Ball!

OFF: Sry pelo post fraco, to morrendo de sono ):