Reconstruindo os primeiros passos

E mais uma vez fui surpreendida por uma atitude completamente sem sentido de Daisuke; oferecer tanto dinheiro a um desconhecido não era comum, mas de qualquer forma, deu certo, ele não parecia muito preocupado com dinheiro recentemente, e um novo pokemon, por mais que não raro regional, podia ser interessante, né? Mais pokemons para conhecer e novas histórias para contar. Deixei que essa cena passasse a a em seguida viesse, o abraço, o lamentar e o choramingo do menino amoleciam meu coração. Acariciei sua cabeça por longos segundos, lembrando quem de fato era quem estava sofrendo ali, não era fácil para ninguém, muito menos para o Dai aceitar isso. Balancei a cabeça em negação, puxei com leveza o queijo do menino para cima, como quem olha para o céu azul e era cegado por fracos raios de sol. Deixei que ele olhasse o azul por um tempo e entendesse que ainda havia muito a continuar, depois disso, puxei seu queixo com o mesmo cuidado para baixo, olhando-o no olho e lhe dizendo em um sussurro amável: "não é culpa sua". Dito isso o soltei, como quem queria de fato se ver livre de todo aquele lamento.

Depois disso viria minha resposta com mais um balançar de cabeça, mas desta vez assentindo o convite que me fizera; treinar. Porém agora eu queria treinar também! Mesmo que não soubesse como, a missão de recuperar Petilil serviu para me mostrar o quão fraca eu sou em batalhas, porém, antes de lhe dizer isso, eu queria do fundo do coração o lembrar de algo:
- O médico pediu para que você o visse de novo, não quer ir lá antes disso tudo? - Indaguei, sei que podia não ser uma boa ideia, mas deixar para que tudo acontecesse para então visitá-lo podia ser pior, em minha cabeça, a gente já havia tardado demais essa visita.

OFF: Gente desculpa a demora mas é porque eu tava narrando de netbook ai eu evito ao máximo editar box de lá porque html é muito pesado e a chance do pc travar/eu fazer merda é maior, sem contar que levava umas horas pras páginas carregarem... Enfim, vc ta liberado Peter.

Tendo o aval de Daisuke, tomei frente no grupo e indiquei o caminho para o médico que em um passado bem distante Daisuke estava. Por sorte, não era longe dali! Lembro-me como se fosse hoje o taxi que peguei para andar alguns quarteirões e encontrar Thito aqui. Aquele dia, oh! Aquele dia. Nunca pensei que dois extremos pudessem tomar meu corpo tão rapidamente; fora tão legal que me sinto até culpada de dizer que, ao mesmo tempo, fora horrível. Devaneios passavam em minha mente e um sentimento nostálgico de tudo me tomava, porém nada que me fizera esboçar reação, passei por aquele caminho já muitas vezes desde que estou na cidade, controlar esta bomba de emoções ficou fácil até.

Caminhamos próximo dos quinze a vinte minutos e então chegamos na entrada do grande pronto atendimento de acidentados. A publicidade de entrada era inesquecível, não havia como errar o local; "é de graça e é ótimo". Entraram no local que, como de costume, estava cheio, mas nada que não pudessem esperar; pegaram a senha no balcão e, após quase uma hora de espera, chegou a vez. Daisuke era chamado até as secretárias, que cadastravam fichas e perguntavam o problema. Preferi não tomar frente na fala, já que o problema não era meu, apenas acompanhei o menino nessa caminhada para enfim ouvir a fala da moça bem arrumada:
- Boa tarde! No que posso ajudar?

OFF: Então, da tempo tranquilo SE VC NÃO SUMIR DE NOVO NÉ.

Assim que ouviu a voz do menino e sua fala a recepcionista logo abriu um sorriso e disse sem muita enrolação, aparentemente, já estava com as palavras na ponta da língua:
- Você é o Daisuke né? Doutor Mike se interessou muito pelo seu caso e ficou bastante triste que não tinha voltado até então - Afirmou, reconhecendo o garoto apenas pelas curtas palavras - Ele ligou para Mimi infinitas vezes te procurando, mas parece que finalmente ela conseguiu te trazer aqui! Vou avisa-lo de que está aqui, você não deve esperar muito.
Ao fim de todo o discurso expressivo, pegou o celular e discou um ramal bastante específico e, depois de quase nenhuma espera, logo disse para o outro lado da linha "Daisuke está aqui" e fora respondida com um aval rápido; uma permissão de entrada. Desligou o telefone e mais uma vez direcionou ao garoto a fala:
- Terceiro andar, corredor B sala 4, o elevador está logo ali na frente - Disse, apontando na diagonal noroeste.

OFF: A minha semana ta sendo essa e a próxima, mas fazer o que né.... btw, desculpa a qualidade do post

Ouvindo a proposta de Daisuke logo o respondi com um balançar de cabeças negativos, de jeito nenhum deixaria ele fugir mais uma vez do hospital! Seja lá qual é a notícia do doutor, ele ficaria lá para ouvir nem que eu tivesse que o segurar na cadeira. Batemos na porta e logo fomos recebido por um baixíssimo velhinho que nos convidava para entrar com um copo d'água na mão e um sorriso de orelha a orelha do rosto:
- Aceitam balas ou água? - Afirmou, completamente contrária a ideia de um médico que evita doces - A conversa por hora não vai ser longa.
Fora só ai que reparei, em cima da mesa do doutor não se encontrava uma ou duas folhas, era algo muito próximo de infinitas folhas pertencentes a arquivos, livros, casos e anotações; este cara deve estudar vinte quatro horas por dia. Suspirei meio impressionada sem conseguir conter a euforia, talvez este seja o melhor médico para nos ajudar. Perdida em meus pensamentos mal reparei que o doutor voltara a falar logo mais;
- Bom, eu só tenho uma ressonância, um mapeamento e um eletro do seu caso, e ainda fora de um dia muito específico! Preciso de mais exames para ter certeza, porém pelo que eu ouvi da Mimi, dos outros médicos, de você e do que examinamos foi que talvez sua perda de memória não seja tão irreversível assim.

Dito isso uma bomba caíra na minha cabeça, não como um dano lastimável, mas sim uma explosão de possibilidades, porém nenhuma delas esboçadas nem com um simples arquear de sobrancelha. Balancei a perna bastante nervosa e observei Daisuke para ver sua reação, queria muito saber o que pensava disso porém não deveríamos concluir nada antes do homem finalizar, não é? Acho que sim, por sorte, ele não fazia pausas longas:
- Eu reparei que por mais que você tenha perdido uma conexão importante do hipocampo, há uma reação de neuro plasticidade muito alta na região, não é algo muito incomum, porém não é muito esperado que já aos 18 anos seu cérebro tenha essa capacidade tão clara; era esperado que algumas conexões se restabelecessem, porém seu rendimento parece muito bom - afirmou tudo isso e finalmente parou para dar um grande gole no copo à mão - Você provavelmente não conseguira lembrar de imagens, momentos e histórias específicas, não vou mentir quanto a isso, porém expressões faceais, certas características, sensações, cheiros e sabores poderão ser relembrados e associados, você deve ter sentido em algum momento algo parecido com nostalgia sem sentido aparente ou um desejo de retomar ao passado, isso são indícios de que nem tudo foi esquecido ai, e a tendência é melhorar mais. Você tem mantido o hábito de ler o diário sempre que da?

Ao fim disso me silenciei, não queria opinar na vida de Daisuke; eu não era mais parte constituidora de sua rotina e não fazia nem ideia do que ele responderia, sendo assim dei a ele o lugar de fala, porém devo admitir, muitas das falas me deixaram esperançosa, mas o fato dele não lembrar momentos me jogara um balde de água fria na cabeça, no fim, não estou certa de que isso fará diferença em nossa relação. De qualquer forma, Mike ainda não tinha acabado:
- Mesmo que eu tenha estudado bastante seus exames e outros casos - apontou a mesa completamente caótica de papéis como prova disso - precisarei de uma nova bateria para ter certeza do que reparei.

OFF: Voltando a narrar em terceira pessoa por hora!!!!

Eram duas pessoas que soltavam fogos por dentro porém por fora nada mais eram que desinteresse. O enrijecimento das expressões de ambos quase dava câimbra nos músculos dos rostos, como há de não alongar tais sorrisos? Alguns cantos de lábios alçados, mas nada que pudesse de fato produzir aquela sensação única de sorrir até doer as bochechas. Contente com as respostar de Daisuke o médico enfim continuou:
- Ótimo! Peço que mesmo que termine ele, releia no mesmo ritmo, tente seguir a cronologia - Informou - Imaginei que você teria muitos sintomas nostálgicos, isso é um ótimo sinal!

Ao mostrar-se positivo Mimi piscou meio desconfortável com a sensação que tentava segurar, esta parecia uma mistura de receio e alegria, algo próximo de uma ansiedade bastante temorosa. Pulou da cadeira o baixíssimo velhinho e chamou Daisuke para acompanhá-lo, pedindo que Mimi desse uma volta, os exames não eram fáceis, porém simples, começariam pela Ressonância, caso contrário o garoto teria que tomar banho ao meio do processo, o que poderia ser evitado:
- Esse exame é um dos mais completos para descobrir lesões - Afirmou - O Eletro e o Mapeamento vão ser para descobrir o que causou o seu desmaio e comprovar umas hipóteses minhas.
Dito isso, pediu para que o menino deitasse na máquina cilíndrica; teria que deixar todos os seus metais e apetrechos de lado e tomar uma pequena injeção de uma substância que Daisuke sentiria como inútil, mas serviria para visualizar cada centímetro do seu corpo por dentro. Ficaria ali cerca de quarenta minutos, com um tapão no ouvido e os olhos fechados. Não seria um problema dormir, porém as ondas, luzes e sons podiam deixar a tarefa difícil. Era importante não se mexer.