Uma pequena imprudência

Chegar não foi complicado, visto que era convidado - quase intimado - para se juntar aos demais. Por respeito ou consideração, o jovem ao lado do treinador oferecia a ele uma cerveja enquanto apreciavam o restante da música que terminava por completo, dando início a uma nova.

Dai tinha uns passos leves, mas ainda não tinha achado um bom momento para se soltar por inteiro. Não foi nem preciso tomar coragem para ir à frente. O rapaz que trouxe o garoto para a roda de passinhos, ao início da nova música, empurrou Daisuke para o centro e dançava de um lado para o outro, ainda de frente para esse.

- Manda ver brow! Arrasa com ele.

O que o jovem faria com tanta modéstia?

Algo surpreendente acontecia. Daisuke realmente se soltava e ficava mais leve. O rapaz não ligava para as opiniões alheias, queria apenas se divertir. Afinal, não era disto que tratava-se o evento em questão? Dançar, curtir e fazer novas amizades. Aproveitar ao máximo a idade de se cometer delitos sem maiores consequências ou responsabilidades.

Solto e ao mesmo tempo no chão, Dai via uma nova erupção de cores o cobri da cabeça aos pés. A música continuava frenética até acelerar e ficar totalmente louca. As pessoas começaram a ficar em um ritmo mais lento até que soou novamente o sinal de antes. Eram as portas gradeadas se abrindo. o espaço que começou a ficar cheio em minutos atrás, esvaziava-se mais uma vez e levava parte de Dai consigo, fazendo-o mirar num Pokémon da mesma espécie do outro só que de coloração diferente.

Alguns do grupo que acompanhava Daisuke na disputa de dança foram caçar os pokémon divertidos por sua cor. O rapaz ficou cativado por outro da mesma espécie que aparecia tempos antes. Cottonne era o nome da gracinha Grass/Fairy que Dai deixava ir sem a atenção que talvez fosse dada por outro treinador. Aquilo podia ser fofo, mas não enxia de paixão o coração de coordenador dele.

Entrava no palco, um negro vestido de um moletom branco do peito aos pés. Ele saudava a galerinha de baixo e fazia uma reverência começando a música de seu repertório, sendo seguido por gritos estéricos de menininhas bem alegres. No desenvolver da música era ouvido uma parte bem comum do refrão:

- Welcome to my house! - cantado pelo público com o cantor, gritando, claro.

Mesmo um pouco chateado, as demais circunstâncias não poderiam fazer com que a festa acabasse simplesmente por isso. Daisuke tentava chegar perto do palco, algo fácil de momento, visto que muitos estavam por aí espalhados. A maioria do público agora eram mulheres e alguns caras que curtiam o som, ao menos mais que o coordenador.

O cantor fazia um jogo com as mãos como se convidasse alguns para subir no palco. E realmente chamava! Daisuke fora um desses... Será que ele iria?

Mesmo não cedendo ao pedido do cantor, outro rapaz, parecendo nygga ia até o palco e cantava não tão bem quanto o negro, mas era de fato razoável, já que estavam todos ali curtindo e fazendo brincadeiras bobas. O pessoal se divertia com a nygga que ao final tomou posse do microfone e começou a cantar Work e requebrar, fazendo as novinhas pirarem.

Sendo tirado do palco, o show continuava, com o cantor tendo um sorriso divertido no rosto e pegando outra batida na música. Ela começava como um rock grunge e crescia. A galera gótica estava se amarrando e cantava a música toda com força e paixão.

Daisuke poderia até curtir, mas sentiu algo no coração, como se fosse um aperto. Um frio subiu à espinha e uma presença o chamava para se afastar dali. O que poderia ser aquilo?