Capitulo 1: O Principiante

- Centro Espacial e Yvette Moira - leu o papel tentando lembrar se já foi a esses destinos. - Certo, sei onde ficam. Um é uma estação que meu pai costumava ir. O outro é Yvette, uma garota conhecida na cidade que gosta de voar perto de lá.

Yves juntou as duas caixas e prendeu-as na cesta da bicicleta de forma bem justa a fim de não danificar os doces que estavam dentro quando balançasse. O relógio corria e ele não poderia ficar muito tempo parado pensando. A tarefa parecia simples e o destino já era conhecido. Pronto para partir, o garoto montou no veículo e pedalou, acelerando cada vez mais.

- E-E-Eu vou conseguir! - Yves pedalava de uma forma desajeitada, como consequência de ter andado poucas vezes de bicicleta quando era menor. Apesar das ruas do centro serem bem cuidadas, ele fazia parecerem esburacadas, pois o guidão sacudia de um lado para o outro devido a sua falta de prática.

Pi seguia o percurso voando na frente, uma forma de ajudar o treinador a não se perder do caminho e entrar numa rua errada.

- Acho que é por aqui - Yves avistava a parte de fora do Centro Espacial no final do caminho, não muito perto.

Restava agora decidir qual dos dois destinatários procuraria primeiro. Achar Yvette Moira não parecia um tarefa simples, uma vez que seu hobbie é voar. Mas isso também não significava que o outro destino seria fácil. Yves continuou indo em frente para ao Centro Espacial, optando por seguir a ordem dos nomes escritos no papel. Quando chegasse na entrada do lugar, se apresentaria e daria o nome da pessoa a receber o bolo de limão.

 

- O senhor está bem? - Tinha pensado em ajudar o diretor sentado no piso a se levantar, mas ele acabou por fazer isso sozinho. A queda dele deixou Yves preocupado, mas por outro lado também o fez se sentir muito melhor, pois antes tinha a impressão de que era o único que cairia no chão por causa de doces.
 
A entrega ao Centro Espacial fora relativamente simples e rápida, poupando tempo para encontrar o próximo destinatário. Yves se sentiu orgulhoso por sua rapidez ter agradado ao senhor de óculos, que lhe deu uma recompensa além do pagamento.

- Agradecido. Isso será de grande ajuda - De inicio, Yves tentou ser modesto e não aceitou o presente, mas logo após cedeu, aceitou a bebida e guardou-a. - A propósito, sabem onde posso encontrar Yvette Moira agora?

Yves olhou para o relógio do local e em seguida se preparou para partir. Aguardou receber o pagamento do bolo, a indicação do caminho e ser liberado dali. Caso não soubessem responder ou não dissessem que ela foi a um lugar diferente do usual, ele iria pelo caminho que pretendia seguir antes, a leste do centro espacial.

A informação dos dois invidivuos a respeito da localização da garota se tornou valiosa e crucial. Se não soubesse que Yvette Moira tinha voado em direção a praia, estaria vagando pelas proximidades e poderia não encontrá-la antes da uma hora da tarde.

- Agora só falta a torta de maçã - depois de ter se despedido e agradecido ao senhor, Yves montou na bicicleta, ajustou a embalagem restante na cestinha e impulsionou o pedal.

Mesmo tendo um pouco de dificuldade em controlar a bicicleta, Yves pedalava com alegria e com um sutil sorriso. Agora que já cumpriu a metade da tarefa, se sentia mais responsável e independente, características estas que passava longe de ter.

Yves tinha aproximadamente duas horas para encontrar a garota e entregar a encomenda, do contrário decepcionaria a senhora que confiou o trabalho a ele. A rapidez na entrega do Centro Espacial economizou bastante tempo, porém não eliminou a chance de de não encontrá-la antes do prazo.

- Pi, conto com você - Yves pediu ao companheiro que voasse alto prestasse atenção nos arredores enquanto se deslocavam.

Pedalando com força de vontade e descendo declives em alta velocidade com um vento gelado batendo contra o rosto, Yves se aproximava cada vez mais da imensidão azul do mar.  

 

       

Vislumbrado perante a paisagem que testemunhava e ao mesmo tempo apressado, Yves demorou para perceber que Pi o chamava. Quando percebeu a situação já era tarde demais, foi atropelado em cheio sem chance de desviar e caiu dando uma cambalhota, terminando deitado na areia próxima da orla.

- Estou no céu? - Yves se colocou sentado vendo estrelas e tirando a areia do rosto.

Ele olhou para frente, confuso com o que acabou de acontecer. Avistou uma pessoa com um traje de voo que se desculpava com ele e justificava o acidente. Yves nem se preocupou com o atropelamento aéreo, pois aparentemente encontrou o segundo e último destinatário de suas encomendas. Foi até a bicicleta, pegou a torta de maçã da cesta e correu para entregá-la.

- Yvette Moira! Eu tenho uma entrega para você... - Yves parou de súbito quando olhou para o rosto daquela pessoa e notou que não era quem esperava. - Espera. U-Um garoto?

Yves teve vontade de espernear de frustração, mas não demonstrou. Cabisbaixo, deu as costas ao garoto, ajeitou a torta na cesta novamente e colocou a bicicleta em pé com o pedal apoiado no meio-fio da calçada.

- Está tudo bem. Não precisa se desculpar. Esse tipo de coisa acontece - Se aproximou dele novamente. - Eu não te vi pousando. Estava distraído com a praia e com pressa para entregar essa encomenda.

Com um pouco de timidez, Yves estendeu a mão direita a fim de cumprimentá-lo.

- A propósito, meu nome é Yves Midori. Como você se chama? O que faz por aqui?

   

A sutil expressão de decepção se desfez da face de Yves assim que Thomas disse que era aluno da garota a receber a torta. Parece que a aterrizagem do garoto no lugar errado se reverteu em algo positivo para ambos e Yves agradeceu aos céus por ter sido atropelado por ele, pois do contrário não teria sido capaz de abordá-lo.

- Thomas, cuidado! - Yves conseguiu visualizar a aproximação agressiva do wingull. Tentou puxar o novo amigo para salvá-lo, mas o pokemon foi mais rápido e fez do rapaz o segundo atropelado do dia.

Yves recuou alguns passos, temendo também receber uma dolorosa bicada. Mas ao contrário do que imaginou, o garoto e o wingull demonstravam intimidade um com o outro, revelando que não se tratava de um ataque de pokemon selvagem.

Yves soltou um suspiro de alívio e em seguida agradeceu antecipadamente pela ajuda oferecida para guiá-lo até Yvette.

- Certo! Vou pedalar o mais rápido que puder para não ficar para trás. Sinalizem quando estiverem chegando - Segurou a bicicleta, correu para impulsioná-la e depois que ganhou velocidade sentou no banco. - Vamos, Pi.

Tentou estabilizar ao máximo o chacoalhar do guidão, procurando atenuar seu nervosismo e sua completa falta de experiência como um entregador. Enquanto isso, olhou para o horizonte e voltou a atenção ao wingull e o sentido que iria voar.