O Vento sobre as Flores
Com uma recheada mochila nas costas e um sorriso arrebatador no rosto, finalmente deixava o calor do meu lar em Verdanturf e seguia em direção à novas aventuras no imprevisível da estrada. Ou quase isso.... Por ser praticamente o meu "quintal", eu já tinha algum conhecimento sobre o que encontraria na Rota 117, porém o que mais me interessava no momento não era explorar e sim chegar em Mauville, o coração de Hoenn. Para isso, precisava atravessar uma longa distância através de dois belos lagos cravados dentro de uma densa floresta. Era tentador seguir o caminho mais rápido e seguro pela pradaria, mas eu jamais seria um bom treinador se não tivesse um contato mais selvagem com os Pokémon, por isso resolvi seguir uma trilha que cruzasse o centro da floresta, de preferência alcançando um lago. Acreditava ser a escolha mais inteligente dentre as mais perigosas, pois pelo menos não ficaria longe de água e não correria o risco de colocar Meo-Mey e eu em perigo. Por falar em Mey, deixei que ela saísse de sua Pokébola e caminhasse ao meu lado, pois nunca se sabe quando teríamos um combate. - Meo-Mey... Vamos seguir pela floresta... Mas não se assuste, os Pokémon são nossos amigos, certo? Vamos caminhar entre as árvores até achar o lago. Você vai adorar, é bem grande e cheio de água! - Disse animado, enquanto a Meowth caminhava entre minhas pernas e subia no meu ombro, parecendo um pouco incomodada quando toquei no assunto da água - Bem, talvez não goste tanto por ter água, né?... Mas de longe é bem bonito, você vai adorar!
Com um pouco de suor em excesso sendo nosso principal problema nesse início de aventura, finalmente alcançamos nosso primeiro vislumbre de um dos lagos da Rota, a imagem era deslumbrante, pois a água extremamente calma e brilhante se estendia até quase o horizonte, onde parecia se mesclar às altas árvores da floresta. Ao redor da margem, um tapete de flores multicoloridas parecia bailar uma dança complexa com o vento fresco e perfumado. Neste ponto já não era quase mais perceptível diferenciar para onde era Mauville e onde era Verdanturf, já que não havia estrada com placas ou algo do gênero. A única exceção, que nos permitia alguma localização era o imponente Monte Chimmey, que se erguia por detrás das árvores. Era quase hora do almoço e o calor começava a incomodar, afinal o Sol estava à pino. Caminhei mais devagar até uma rocha na beirada do lago que me proporcionava uma pequena sombra vinda de uma árvore próxima e me sentei, colocando a mochila entre as pernas e a abrindo. Meo-Mey rapidamente veio fuxicar o que acontecia, colocando sua cabeça lá dentro. - Ei, espera, nem eu sei direito o que tem aí, vamos ver juntos... - E com cuidado, coloquei a Meowth ao meu lado, segurando-a pelo corpo. Em seguida, comecei a fuxicar o interior da mochila procurando o que de bom tinha ali. Aparentemente tinha a Pokédex, um dos itens principais da minha jornada, além de uma vara de pescar retrátil, que quase não ocupava espaço, mas poderia ser útil. Havia também Pokébolas, cinco delas, uma poção e uma quantidade razoável de dinheiro. Guardaria parte daqueles dólares para uma possível viagem de transporte público se o cansaço batesse ao chegar em Mauville. Trouxe até perto de mim a Pokédex e a abri, apontando para Meo-Mey e vendo o que ela tinha a dizer:
"Beep! Meowth. Pokémon Arranhão. Este Pokémon adora objetos circulares, principalmente os brilhantes, como moedas. Possui hábitos noturnos e tende a dormir durante todo o dia. A partir do entardecer sai em busca de quaisquer objetos que possa pegar sorrateiramente nas grandes cidades, acabando por entrar em conflito com Murkrows selvagens, com quem disputam prendas e presas. Beep! Boop!"
- Nossa, passamos já bastante tempo juntos e eu não sabia disso! Esse aparelhinho é dos bons mesmo! Então quer dizer que você gosta de dormir, né? Mas vamos pescar antes, depois eu juro que te deixo tirar um cochilo... Ok? - Perguntei a Meo-Mey, mas acredito que ela não entendeu muito bem, pois apenas virou sua cabeça para o lado, indicando certa confusão e soltou um sonoro Mew?. Apenas sorri e passei a mão pela sua cabeça, fazendo-a ronronar e se deitar, de olhos fechados e as patas unidas, formando um "9" com o corpo e o rabo. Deixei-a quieta por um tempo, abaixando-me para pegar a Vara de Pescar e desdobrá-la, conferindo se estava tudo no lugar e finalmente lançando o anzol na direção das águas transparentes do lago. Ao se chocar contra a água, respingos voaram em Meo-Mey, fazendo-a acordar irritada, mas logo focando seu olhar para as pequenas ondas concêntricas que a boia do anzol causava na superfície do lago. Paciência era uma virtude, principalmente na pesca. Infelizmente nunca fui o mais paciente, por isso nunca pesquei muito com meu pai, mas gostaria de saber se algo aconteceria de interessante ali no meio dessa floresta,