Pokémon Mythology RPG
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.001 - Arrival

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Antes que pudesse sair pela porta e começar sua busca, o jovem treinador rapidamente fora surpreendido pelo movimento de Érica, que em um instante lhe entregou um papel contendo o número telefônico de José. As mãos suadas e voz trêmula da garota deixavam claro para Anthony que ele não era o único evidentemente nervoso ali, o que fazia todo sentido dada a situação em que se encontravam.

"Ok, pelo menos isso é um começo." -Pensava, observando o pedaço de papel amassado em suas mãos- "Eventualmente eu terei que falar com ele de qualquer maneira, já aceitei isso, então talvez essa seja a melhor opção..."

Sem demorar muito depois disso, o garoto finalmente se virou e atravessou a porta, encarando o início de noite que o rodeava. A atmosfera noturna era confortável para ele em sua pequena cidade natal, e mesmo agora na grande metrópole de Slateport, aparentava continuar surtindo o mesmo efeito. Aquele meio, porém, também sempre o fazia pensar bastante sobre tudo que passasse em sua cabeça, e assim involuntariamente o treinador começou a se lembrar de todas as decisões que havia tomado em seu primeiro dia em Hoenn. A situação em que se encontrava poderia ter sido completamente evitada, e certamente precisava ter mais cuidado em suas ideias se quisesse ter sucesso em sua jornada.
De qualquer modo, o momento não era para lamentações, e sim para resolver os problemas e seguir em frente. O único problema era: o que exatamente fazer? Sair pelas ruas procurando cegamente pela dupla era sua primeira opção, mas tinha grandes chances de falhar, dado o tamanho da cidade e do caminho que precisaria percorrer. O número de celular que tinha em suas mãos também era uma de suas opções, mas usá-lo exigiria uma boa dose de coragem para encarar uma conversa com José.

"Ah... Será que ligar é realmente o melhor que tenho a fazer? Digo, ele não gostaria nada de me ouvir, mas certamente viria ao saber como sua irmã está..." -Se mexia impacientemente enquanto considerava as opções- "Talvez eu nem precise dizer que sou eu, apesar de que ele vai descobrir quando chegar... Ah, que seja, provavelmente é a melhor e mais direta maneira de resolver isso! Tenho certeza que vi uma função de celular enquanto cutucava aquela tal Pokédex, pelo menos posso usar isso ao meu favor."

Tendo tomado sua decisão, Anthony se dirige a algum lugar que pudesse se sentar por perto, talvez um banco ou uma mureta, e tira a Pokédex de sua mochila. Ao começar a mexer na mesma para procurar a função de ligação, o jovem novamente se impressionava com a quantidade de funcionalidades que aquele aparelho o oferecia, e pensava no quanto deveria ser difícil ser um treinador sem algo assim. Enfim, não depois de muito tempo, conseguiu acessar o modo telefone e discou o número de José.

"Lá vamos nós..."

Finalmente apertando a opção de ligar, o jovem de Fall City levava o aparelho ao lado do rosto, sem saber ao certo como deveria segurá-lo, uma vez que tinha um formato bastante diferenciado de um celular normal. Após ajeitar um pouco e conseguir escutar bem os sons que indicavam que a ligação estava sendo efetuada, pelo menos entendeu que provavelmente não estava usando de maneira tão errada. Ainda bastante tenso e sem sequer ter certeza se realmente queria que a ligação fosse atendida, Anthony se preparava para falar algo quando obtivesse uma resposta. Caso José viesse a atender, diria:

-Alô, José? Cara, sua irmã tá precisando muito de você na casa dela, não sei aonde você está, mas acho melhor se apressar!

Não era ideal, e provavelmente soaria bem estranho, mas depois que ouvisse isso certamente o jovem atlético viria correndo mesmo que Anthony desligasse a ligação logo em seguida. De qualquer modo, não era isso que pretendia fazer no momento, e ainda esperaria alguma resposta se fosse o caso.

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Encontrava-se em mais uma situação desconfortável e nenhuma das opções de ações lhe causaria conforto instantâneo, nem mesmo desistir, pois ainda teria que lidar com o desagradável sentimento de culpa e com Sneasel perdido por ai. Ligara para o rapaz e, infelizmente (ou não), José não lhe reconheceu pela voz, ouvindo a mensagem e introduzindo a resposta com um suspiro:
- Quem é você??? - Começou a questionar - Me responde. O que quer com minha irmã??? Que número é esse?? Qual foi?? Acha engraçado brincar com isso?? Minha irmã ta em casa rapaz, vem com essa pra cima de mim não!! - Repensou, indo gradativamente do susto à negação.

Ficara claro que José preferia não pensar no pior; acreditar em uma mensagem vinda de um desconhecido só lhe faria parecer doido! Ainda mais em Slateport, uma cidade grande repleta de roubos e golpes telefônicos; lembrara que certa vez sua mãe o recebera chorando de braços abertos quando chegou em casa após o futebol, algum idiota ligara falando que haviam o sequestrado, pedindo dinheiro em troca de sua vida; oh centros urbanos, porque trazem consigo tanta violência e correria!? A resposta é muito mais sociológica do que este texto deveria ser; contento em dizer-lhes que os dois se sustentam e, juntos, causam toda esse medo e sofrimento nas pessoas. José ainda estava na linha, esperando uma resposta; não porque queria mas porque, no fundo, receava ser verdade. Ficara em um silêncio mórbido por algum tempo e, mesmo que Anthony respondesse com maestria todas as respostas, não haveria motivos para o rapaz reagir e isso não vale apenas para suas ações vocais. Do outro lado da linha, José estava parado, no meio de uma praça, fitando atônito o chão.

Um de seus ouvidos estavam completamente atento ao telefone, o segundo? Bem, este estava ocupado inteira e exclusivamente para os conflitos internos do rapaz; aquela ligação caiu-lhe como um gatilho e, agora, ele só precisa apertá-lo para um disparate total! Anthony precisaria ser o humano mais persuasivo de Slateport para tirá-lo daquela situação. Ele conseguiria se redimir?

OFF: Perdão pela demora, tive um casamento no sábado, viajei pra outra cidade na sexta e só voltei ontem anoite :<

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O Mahiro é o melhor do mundo <3

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A resposta inicial ao telefonema foi sem dúvidas surpreendente para Anthony. O jovem ao outro lado da linha parecia não estar acreditando muito na história que lhe havia sido contada, ou ao menos não queria acreditar, tratando a mesma como um trote ou golpe. Ao iniciar aquela chamada, nunca passara pela cabeça do treinador que ele pudesse ser interpretado daquela maneira, mas ao pensar um pouco percebeu que não era uma reação completamente sem fundamentos. Na cidade em que crescera, era inimaginável que pessoas passassem trotes com viés sério, principalmente se tratando de uma situação delicada daquelas, mas na grande metrópole de Slateport aquela era uma suposição extremamente válida a se tomar ao se deparar com algo assim.
De qualquer modo, era claro que restaria ao treinador a tarefa de convencer José de que estava falando a verdade. Sua suposição inicial ainda se fazia verdadeira em sua mente, e imaginava que ele viria correndo uma vez que soubesse do estado de sua irmã, mas antes precisava acreditar no que lhe era falado. Aquele era um momento crucial no qual qualquer deslize poderia fazer tudo desmoronar, tinha que passar de qualquer maneira confiança e tranquilidade em suas palavras, e Anthony sabia muito bem disso.

"Aaah, por que ele não poderia simplesmente acreditar em mim?" -Pensava rápido, para não perder o foco da conversa na ligação e prolongar o silêncio constrangedor- "Tenho que fazer ele ouvir a voz da razão e vir pra cá, e logo! Ok, vamos lá..." -E com seu tom de voz mais suave e objetivo, voltou a falar:

-Hey, pode ficar tranquilo ok? Não é brincadeira, nem muito menos eu tô tentando fazer nada de mal com vocês, muito pelo contrário! -Após uma breve pausa para respirar e deixar o jovem ao outro lado da linha se acalmar um pouco, continuou- Eu sou um amigo de Érica, e nós viemos aqui na casa de Carina porque ela estava querendo falar contigo e achou que você estaria aqui... Bem, você não estava, mas não pudemos deixar de notar que sua irmã não está muito bem e precisa de você agora, por isso Érica pediu que eu te ligasse enquanto está lá dentro cuidando dela. -Alguns daqueles detalhes e nomes envolvidos deveriam ser o suficiente para mostrar que falava a verdade (ou quase) na visão de Anthony, bastava um toque final para explicar tudo e, com sorte, José entenderia a situação- Desculpa se eu fui meio incisivo demais no começo da ligação, sinceramente eu provavelmente nem deveria estar aqui, mas Érica estava precisando de minha ajuda, e provavelmente você poderia fazer bem mais que eu se estivesse aqui...

A eficácia daquelas palavras ainda era algo dúbio na mente do jovem treinador. Por um lado, acreditava que tinha sido bem direto e capaz de emanar confiança no que havia dito, mas por outro também havia percebido uma certa pitada de desespero no que ouvira do outro jovem quando o mesmo atendeu o telefone. Enfim, naquele momento tudo que o restava era esperar que fosse bem compreendido e conseguisse convencer José a vir para a casa de sua irmã.

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A explicação de Anthony fora o suficiente para que José entendesse a situação; claro que não aceitou com bom humor e nem devolveu um sorriso ou agradecimento, mas ao menos entendeu do que aquilo se tratava, até porque, o rapaz do outro lado da linha sabia demais sobre o assunto para ser apenas um trote. Engoliu a seco, levantou levemente a cabeça e semicerrou os olhos; não estava melhor que antes, porém sabia que devia voltar, não por si, mas por sua irmã. Respirou fundo e dessa à Anthony as primeiras palavras:
- To voltando brow - Respondeu da forma que achou melhor, fingindo que o diálogo passado não acontecera - Vo te que te pedir um rolê, eu tive que tretar com um Sneasel que tava tirando comigo, ele ta inconsciente aqui comigo no CP, beleza? Tu pega ele pra mim e faz queixa lá nos Ranger? Vou deixar avisado que tu vai passar lá. Qual seu nome? Cuida desse rolê ai pra mim amigo?!

Claro que José questionou internamente quem era esse tal amigo de Érica; era inviável pensar que fosse Anthony, levando em consideração que acabaram de se conhecer. Ele também questionou a briga, mas esta não era hora pra isso, sua irmã era prioridade e seja lá o que tinham que conversar, ficaria para depois. O rapaz do outro lado da linha, que estivera o tempo todo na pracinha do Centro Pokemon, agora começava a caminha preocupado, porém determinado a encontrar sua família e namorada em casa. Era melhor que Anthony respondesse logo um nome (ou pseudônimo) para buscar seu pokemon no centro. Por incrível que pareça, os primeiros problemas se resolveram mais rápido do que pensava.

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A primeira reação de José aos comentários que havia recebido foram surpreendentemente melhores que o esperado pelo treinador com quem falava. Não que ele parecesse satisfeito com a situação, julgando pela sua resposta, mas o simples fato de finalmente concordar a ir ao encontro de sua irmã na casa já era um grande avanço diante de toda aquela confusão na qual se encontravam.
Nem tudo naquela conversa, porém, era realmente agradável para Anthony. Sem saber que falava com o dono dele, o jovem atlético comentava sobre ter derrotado um Sneasel que estava em sua cola mais cedo, o que não deixava qualquer dúvida de que só podia se tratar de Black. Até aquele momento o treinador ainda tinha esperanças de que seu pokémon tivesse conseguido fugir da vista de José e continuar seguindo-o sorrateiramente, mas dado o tempo que havia se passado desde o início daquilo tudo, logo percebeu que havia sido uma esperança bem ingênua. De qualquer modo, ao menos tinha certeza de como poderia se reencontrar com seu parceiro.

"Ouch, quantas vezes Black vai ser nocauteado só hoje?" -Pensava, imaginando a cena de seu pokémon derrotado novamente- "Ele deve ter usado aquele Machop novamente, chega a ser uma injustiça! Espero que tenhamos uma boa batalha no futuro para que Black consiga lutar de verdade."

-Ah sim, pode deixar que eu pego ele aí e deixo tudo certo. -Não pretendia de maneira alguma prestar queixa, claro- Meu nome é... -O jovem parou pra pensar um pouco se diria a verdade, mas logo lembrou que José não tinha chegado a descobrir seu nome na praia, então tanto fazia o que dissesse- ...Anthony. Pode deixar que logo logo eu chego por aí, pode ir vindo pra cá.

Com isso dito, o treinador esperaria para ver se o jovem ao outro lado da linha tinha mais algo a dizer e, caso não tivesse, se despediria e desligaria logo a ligação. A situação ainda não era necessariamente das melhores, mas agora havia uma boa linha para se seguir e começar a resolver as coisas, além de que ao menos se reencontraria com seu pokémon.
Sem pensar demais, Anthony tomaria logo o caminho ao centro pokémon do centro da cidade. Tinha receio, porém, de cruzar com José enquanto o mesmo fazia o caminho contrário, então tentaria fazer um caminho um pouco diferente do que veio, se misturando com a movimentação das ruas para ser discreto.

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Era viável e provável que Anthony e José se encontrassem no meio do caminho, até porque, um estava indo e outro voltando na mesma rota, sendo assim o mínimo que o treinador podia fazer para evitar mais danos e atrasos, era ser discreto e passar em branco. O fez bem, e com ajuda da determinação cega de José, a missão fora bem sucedida. Não precisou de nenhum chapéu novo ou disfarce, em alguns minutos ele já estava ao pé do centro e seu rival na porta de casa, como se tivessem trocado de lugar.

Agora era a hora de entrar no estabelecimento e retirar seu pokemon; ele não só já estava curado como com toda a assistência médica em dia. A enfermeira que cuidara dele foi a mesma de outrora, que com certeza se lembraria de um pokemon natural de Johto (pouquíssimo comum por aqui) e seu treinador estrangeiro, de sotaque único. Cumprimentá-la seria ter que responder, entre risinhos, o que diabos aconteceu para o noturno parar duas vezes em sua maca e, junto disso, indagações e alertas sobre "ter mais cuidado". Para além disso, o Centro Pokemon não lhe apresentaria mais nenhum atrativo ou acontecimento significante. De lá já poderia traçar um novo plano à seguir; Anthony podia largar mão de Érica e esquecer essa aventura, estava ao centro da cidade no início do anoite, conseguiria achar algo para fazer sem mais problemas. Teria que viver tendo em mente que não saberia o desfecho do mistério, mas logo superaria esta frustração. Para além disso, o rapaz até poderia voltar a se meter por pensar que é sua responsabilidade compensá-los, mas para isso, precisaria pensar bem em como, quando e por onde iria começar.

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A tensão de simplesmente andar pelas ruas da movimentada cidade não poderia ser maior para o jovem treinador que rumava ao centro pokémon com o objetivo de se reencontrar com seu pokémon inicial. Cada esquina que virava era uma nova oportunidade para dar de cara com José, que certamente estava fazendo o caminho inverso naquele exato momento, e um encontro entre os dois naquele exato momento não poderia acabar bem. Ao final, porém, depois de manter um perfil discreto durante sua caminhada, Anthony se encontrava na praça em frente ao seu destino.
A atmosfera noturna transformara um pouco a paisagem daquele local, que agora contava com fortes luzes radiando tanto dos postes na praça, quanto dos letreiros e estruturas externas daquele prédio. Com vontade de contemplar um pouco mais aquilo, mas sabendo que não era bom perder muito tempo, o jovem logo foi adentrando o centro, imaginando que lá dentro provavelmente deveria falar com a enfermeira.
Chegando lá, o ambiente também parecia um pouco mais diferente que o de mais cedo. Os espaços pelo saguão e cadeiras que se espalhavam nas laterais pareciam consideravelmente mais cheios, mas o balcão de atendimento médico estava surpreendentemente vazio. O treinador pensava que talvez naquele horário o uso mais comum daquele local fosse diferente, sem tantos pokémon feridos a serem atendidos. De qualquer modo, se dirigiu à enfermeira, já sabendo que teria que se explicar um pouco.

-Oi, tudo bem? -Tentava manter um ar casual no rosto, e claramente falhava- Fiquei sabendo que trouxeram meu Sneasel inconsciente pra cá, ele está por aí?

-Oh, então realmente é você! -Dizia a enfermeira, ao olhar para o jovem em sua frente- Ele está aqui comigo sim, todo cuidado e saudável. O garoto que o trouxe aqui, por outro lado, não parecia nada feliz com o pequeno... Vocês andaram se metendo em confusão?

-Ah, nada demais, é só que esse meu amigo ficou de cabeça quente depois de uma batalha e acabamos brigando! -Essa era uma desculpa horrível, mas tudo bem.

-E ele ficou com seu pokémon?

-É.

-Nocauteado e tudo?

-É.

-E sem sequer ter a pokébola, trouxe ao centro?

-Isso. -Naquele momento, o nível de cara de pau do treinador já atingia níveis excepcionais.

-Sigh... -A enfermeira dava um longo suspiro, sabe-se lá quantos casos de jovens imprudentes ela atendia todos os dias- -Ok, eu vou buscar seu pokémon, só um instante.

Esperando enquanto a moça entrava na sala que ficava por trás do balcão para trazer o Sneasel de volta ao seu treinador, Anthony não podia deixar de perceber o quão envergonhante era aquela situação. Ao mesmo tempo, não se sentia tão desconfortável, e por um lado achava mais engraçado que qualquer outra coisa, teno uma certa vontade de rir daquela encenação. Por fim, a enfermeira voltava com o pokémon noturno em seus braços.

-Aqui está! -Dizia enquanto o colocava em cima do balcão- Bom, tentem não se meter mais em confusão, ok? Sério, esse pequeno não merece ter que ser atendido mais uma vez só hoje.

-Haha, não se preocupe, agora vai ficar tudo bem. -Dizendo isso, o jovem já sabia que muito possivelmente não era toda a verdade, considerando o que ainda pretendia fazer.

Enfim, se despedindo da atendente médica, Anthony começou a caminhar para o lado de fora do centro juntamente de seu parceiro pokémon. Chegando na praça, finalmente se virou para Black com um grande sorriso, como quem quer melhorar uma situação complicada na qual se meteu. Inicialmente, o Sneasel estava com uma cara meio fechada como se já estivesse de saco cheio de tudo isso, mas após alguns segundos olhando para o sorriso bobo de seu treinador, não foi capaz de segurar um breve riso.

-Nossa Black, como nos metemos em tudo isso só no primeiro dia, hein? Você já foi nocauteado demais por hoje, precisa de um descanso urgente! -Dito isso, o pokémon mexia a cabeça para cima e para baixo rapidamente, concordando demais com aquelas palavras- Mas....... -O Sneasel já diminuía um pouco o ritmo de seu movimento- Temos que voltar lá para ver como o pessoal está. Eu e Érica fomos à casa da irmã de José e ela está bem doente, muito mesmo. Não podemos abandoná-los assim, vamos lá!

Era visível na expressão do pokémon que não estava muito animado com a ideia, ainda assustado com a possibilidade de se reencontrar com o jovem atlético da praia e seu pokémon ultra efetivo contra ele novamente. De qualquer modo, Anthony começou a caminhar pela rua sinalizando para que Black o seguisse, e o mesmo não teve muitas outras opções, mas olhando sempre para o jovem com uma expressão que não poderia significar nada além de 'se acontecer qualquer coisa comigo de novo, você me paga!'.
E assim, o treinador se dirigia de volta à casa de onde tinha acabado de vir, voltando a ficar bem nervoso. Dessa vez não tinha dúvidas, teria que falar frente à frente com José de qualquer maneira, apesar de claramente não estar preparado para isso. Apesar de estar com aqueles pensamentos amedrontadores, sabia que não podia simplesmente abandonar aquelas pessoas desse modo, talvez ainda precisassem de sua ajuda, e mesmo que não fosse o caso, ainda queria falar com Érica para no mínimo se despedir depois disso tudo. De qualquer modo, quando chegasse lá planejava apenas tocar a campainha e ver quem atenderia a porta para poder afinal pensar em como agir de fato. No momento, só conseguia pensar em que tipo de situação encontraria naquele local.

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Lá se ia o jovem inexperiente levando seu pokemon para um possível evento traumático. Sneasel estava eufórico mas por nenhum motivo benigno. Sua ansiedade beirava o surto e sua paranoia aflorara ainda mais. Recusava-se a tomar um terceiro soco daquele pequenino lutador e queria, de coração, que Anthony entendesse isso. O treinador podia, ao menos, deixar o pokemon em sua esfera e evitar que este passasse por toda a dura realidade de novo. Claro que isto podia trazer prejuízos à sua aventura, mas se não-treinadores conseguem enfrentar estes problemas por toda a vida, porque Anthony não conseguiria passar por isto sem seu pokemon por ora? Era melhor que desse um descanso para o coitado, e só lhe trouxesse em caso de urgência; além do que, Black podia surtar a qualquer momento e estourar uma nova bola.

Bem, voltando ou não Sneasel, agora a dupla estava em direção à casa de José, que já havia chegado a muito lá. O sol já havia sumido completamente; ponto positivo para nosso amigo Black, que se sentia um pouquinho menos incomodado graças a isso. A lua crescente ao pé da noite - faltava cerca de quatro dias para enchê-la de vez - somava-se com as luzes de margem das estradas e tornava iluminada toda aquela escuridão. Um pequeno grilo, em dueto com uma cigarra, acompanhava a trajetória dos dois protagonistas que, agora, já estavam na metade do caminho, mas seu canto se perdia na correria urbana. De alguma forma Anthony sabia melhor ir do centro para casa de José à que andar pelas suas próprias terras. Estava pela terceira vez no dia caminhando quilômetros para chegar ao mesmo destino, já percebera o comércio local, o jardim periférico e as pracinhas que rodeavam aquele bairro. Percebera detalhes bobos neste percurso, mas só agora fora perceber o quão movimentada era esse caminho que fez e refazia; talvez pro isso José não lhe viu, havia tanta gente andando na mesma direção que dificilmente pararíamos para reconhecer alguém, ao menos que procurássemos.

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Andando novamente pelas mesmas ruas nas quais passara boa parte de seu dia, o treinador aproveitava o clima familiar que a atmosfera cada vez mais noturna do local lhe trazia para pensar no que esperava voltando àquela casa. De certo modo, não fazia mais tanto sentido aparecer lá, e sabia que provavelmente não havia muito que pudesse fazer pela garota enferma ou aqueles que a rodeavam. Por outro lado, algo dentro de si o impulsionava, dizendo que aquela história ainda não estava concluída e que ainda era certo voltar.

"Eu não poderia simplesmente desaparecer sem sequer me despedir de Érica depois de tudo isso... certo?" -Com as mãos inquietas nos bolsos de sua calça jeans, andava pensando- "Eu provavelmente deveria ter anotado o número dela, poderia ligar agora. Acho que tenho que adquirir melhor esse costume por aqui, lá em casa tudo era tudo tão perto que quase não se usava celular, mas aqui... Nossa, quantas vezes eu já percorri esse caminho todo?!?"

De qualquer modo, continuava sua caminhada, acompanhado pelo relutante pokémon noturno que ainda parecia insatisfeito pela situação ao seu lado. Olhando melhor para Black, o treinador foi capaz de perceber que apesar de estar tentando parecer calmo, passava um verdadeiro sentimento de desespero em seu olhar, algo que claramente não era confortável de se ver em um parceiro. Desse modo, Anthony chegou à conclusão de que os dois não estavam de acordo com seus próximos passos, e decidiu que precisava fazer algo para melhorar essa situação.

-Hey, Black. -Dizia, enquanto parava rapidamente em uma esquina qualquer- Você não tá muito confortável em reencontrar com aquele cara, né?

-Snea! -O pokémon retribuiu a pergunta com um pequeno grito de acordo.

-Certo... Olha só, eu realmente preciso voltar lá e falar com aquela garota que nos ajudou mais cedo na praia. Eu sinto que ela ainda pode precisar de mim, então tenho que no mínimo dar satisfação. Lembre-se que só encontrei o centro para te curar da primeira vez graças à ela, então ainda a devemos uma, você entende, não é mesmo?

Ouvindo tais comentários, já era visível uma certa expressão de desânimo no rosto do Sneasel, que imaginava o tipo de coisas que teria que enfrentar uma vez que o jovem atlético o visse novamente. Pouco depois de uma pausa, porém, seu treinador continuou a falar:

-Mas não se preocupe, você já passou por muita coisa hoje, eu assumo a responsabilidade dessa vez! Somos um time, certo? Deixa que eu cuido dessa!

Ao dizer isso, o jovem buscou em sua bolsa a única pokébola que o pertencia, e a estendeu em sua mão numa altura alcançável para o pequeno pokémon noturno. Sem demorar a entender, Black prontamente sorriu bateu com sua garra no botão central da esfera, ligando o mecanismo que o transformou em luz e o absorveu. Anthony estava feliz por poder ter tranquilizado um pouco mais seu parceiro, mas não podia negar que uma das coisas que mais o fascinava ainda era aquele mecanismo da pokébola em funcionamento, demoraria um pouco até que ele realmente se acostumasse com aquilo e não se impressionasse toda vez.
Enfim, o treinador se ajeitou para voltar a andar, agora se sentindo mais leve por não estar metendo seu pokémon em outra confusão. As decisões da jornada, em sua perspectiva, deveriam levar em conta tanto as vontades dele quanto de sua equipe. Sendo assim, se ele sentia que tinha que fazer aquilo, mas seu pokémon não estava de acordo, nada mais justo que deixá-lo descansando enquanto tomava para si a responsabilidade pelo que estivesse por vir.

"Hmm, então lá vou eu, acho que já estou perto." -Voltando a caminhar, não conseguia tirar a cabeça do que encontraria ao voltar ao local- "Espero que não tenham mais muitos problemas, pretendo só dar uma passada rápida, mas do jeito que as coisas estão sendo hoje... Bem, vamos ver."

E assim ele seguia em seu caminho, já tão familiar, com o objetivo de chegar à casa de Carina e reencontrar aqueles três outros jovens com os quais havia interagido durante todo esse seu primeiro dia como treinador. Apesar de só estar indo para dar uma satisfação final à Érica, esperava muito que não fosse encontrar mais problemas, afinal, sabia que tomaria para si a responsabilidade de resolve-los. De qualquer modo, ao chegar lá iria tocar a campainha da casa e simplesmente esperar para ver o que iria acontecer em seguida.

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Foi até o ponto que conseguiu com Sneasel para então volta-lo a esfera. Ótima companhia enquanto durou mas, provavelmente, dessa forma seria mais saudável para os dois. Caminhou sossegado até o fim da trilha que quando finalmente conseguiu ter visão da casa longínqua, reparara no silêncio mórbido que a paisagem à frente trazia. A cada passo podia ver melhor o delineado da casa esverdeada de José. O telhado pontiagudo, as janelas arredondadas, a delimitação do duplex. Até mesmo a varanda vazia agora lhe era estranha. Quando mais perto ainda, pode delinear corpo, sem defini-los ao certo. Dois corpos de estatura mediana e tipo físico comum pareciam estátuas ao lado de fora, sentados no meio fio. Ao passo que se aproximara mais, pode finalmente delinear um cabelo e um sexo; arriscava dizer que um dos corpos era Érica, e o outro... Bem, o outro era curvado, parecia mais velho, ainda que não tanto. Oh, enfim podia ver bem a paisagem pálida e ouvir bem o silêncio mórbido; agora tinha certeza de que um dos corpos era Érica, e ela parecia em prantos, sentada sob o meio fio, abraçada com seus joelhos encharcados de lágrimas quietas. Vez ou outra seu nariz fungava, mas envergonhava-se ao ser o único som na rua além dos passos de Anthony.

O segundo corpo não fora reconhecido antes nesta história, então a única coisa que o menino podia dizer era que um homem no auge da vida estava ao lado da garota, mas não consolando-a, e sim atônito olhando para o chão. Nenhum dos dois deu valor aos sons de passos que Anthony fizera; nem sequer olharam para frente na tentativa de descobrir o emissor do ruído. Não se importaram, ignoraram-no completamente, como se tivessem coisa mais importante a se pensar. O rapaz podia chegar da forma que achasse melhor; não seria introduzido à cena se não se colocasse.

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