Ben parecia confiar muito mais em mim e nas crianças agora, isso graças a confiança que os insetos depositaram em nós. Ficava contente, pois claramente eles tinham um problema e eu tinha muita vontade dentro de mim para resolvê-lo. O rapaz então pediu desculpas sobre a forma como ficou na defensiva, mas já tinha passado por muitos problemas. Esse desabafo acabou se tornando mais intenso e ficou claro que ele tinha uma certa raiva de pessoas com bastante dinheiro que se sentiam donas de outras pela sua condição financeira. De alguma forma este discurso militante do menino fez com que Luci se sentisse ofendida e reclamasse, possivelmente defendendo os pais que eram bastante influentes ou talvez ela mesmo e o irmão, que mesmo sem entender o dinheiro que possuíam, também era mais "abastados" que os demais. Pensei em intervir, mas resolvi perguntar a Ben sobre o porquê dele não ter capturado as criaturas.
A minha pergunta levou a um certo desconforto, algo como uma vergonha vindo do garoto. Primeiro ele me informou que não era um treinador, o que era realmente um forte impedimento para o sucesso dessa opção, mas facilmente corrigível. Em segundo lugar havia a vontade dos Pokémon. Essa parte eu não havia entendido de cara, pois geralmente as pessoas capturam Pokémon sem perguntar antes o que eles acham e era louvável o garoto se preocupar em saber isso antes. Entretanto, quando ele demonstrou o que queria dizer, ficou tudo mais claro! Assim que ele levantou uma de suas Pokébolas vazias, todos os quatro insetos se esconderam. Apenas saindo quando ele guardou o objeto. Ben então falou que estava aguardando o herdeiro da família Taillfeler mudar de ideia, enquanto escondia-se dentro da caverna. Um lugar que não era mais tão seguro, já que havíamos encontrado.
— Realmente não é um lugar muito seguro... Mas eu só encontrei porque Lira chegou aqui fugindo de uma Dustox. E se a gente tentasse convencer os insetos sobre como seria mais seguro para eles estar com um treinador? Eles tem bons exemplos aqui... Cleffa, Meowth, Budew, Skitty e a Magikarp! E você poderia ser um trenador, basta ter um Pokémon para isso, é algo que vem do coração... — Comentei, dando umas batidinhas nas costas do garoto. Resolvi então chamar a atenção dos outros Pokémon — Hey pessoal! Contem para os nossos novos amigos o quão bom é ter amigos e viajar com eles pelo mundo! Eles não precisam ter medo de Pokébolas, são confortáveis e seguras. Só precisam encontrar o treinador ideal e capturar eles com seu amor! — Discursava para os pequenos insetos de Unova — Quando eu encontrei Meo-Mey estava perdido! Eu andava com pessoas que só queriam o mal para os Pokémon e foi o olhar carinhoso e assustado dela que me fez mudar, tocou o meu coração. É o verdadeiro amor e proteção que um treinador quer dar para seus amigos Pokémon! Ben quer o melhor para vocês, confiem nele. Se ele capturar vocês vai poder levá-los embora, para casa, sem se preocupar com as maluquices desses Tallfelers...
Esperava que tudo o que eu disse, junto das próprias palavras dos Pokémon, servissem de uma boa explicação para as criaturinhas sobre o que é ter treinadores e o quanto é bom seguir em uma jornada. Apesar de que o medo dos insetos talvez fosse apenas com o mecanismo da esfera em si. Admito que se eu fosse um Pokémon também teria medo do desconhecido eletrônico. — Vou demonstrar para vocês como é algo indolor e simples... — Comentei, segurando a Pokébola de Lira em mãos. Certamente os insetos ameaçariam correr, por isso demonstrei logo apontando a cápsula para a Magikarp, fazendo-a voltar como um raio vermelho disforme. Em seguida lancei a Pokébola fazendo a sorridente carpa sair novamente de volta ao lago. — Viram como Lira está feliz? E ela é só um bebê praticamente, mas é corajosa! — Além de ajudar os insetos, era bem provável de que tudo isso fosse bem educativo para Yuri também, que ainda não possuía Pokémon e quem sabe, um dia viraria um treinador.