Capítulo 7 / Parte 2 - Incólume [Tielo]

Rota 116

Neste momento Tielo pensa qual seria a diferença entre o guarda ambiental e o patrulheiro ambiental? Bom, talvez o nome já fizesse da pergunta, uma retórica. Não era muito ligado nesses caminhos, tinha pouco conhecimentos sobre oficiais ou qualquer outro grupo de preservação ambiental. Porém sabia que tinham grande importância para fauna e flora. Resolveu não entrar nos adendos verbalmente quanto a isso. Principalmente pelo que veio depois...

A fragrância que o jovem exalava, era realmente algo hipnotizante, principalmente para os Pokémons que se interessavam muito por aromas doces. Neste momento, a única reação de Tielo é, de maneira disfarçada, levantar seu braço direito e verificar se o seu cheiro o colocaria numa situação embaraçosa... O que não julgava ser o caso. Por mais que não tivesse nenhum odor ruim, o jovem também não tinha nenhum cheiro característico. Era como cheirar uma pedra... Mais uma anotação mental para futuramente. Como um bardo galanteador, deveria andar perfumado. Talvez sua Jynx o ajudasse com isso mais tarde.

Não dizia nada para o jovem. Apenas o analisava por hora. Até tentaria uma comunicação mas, o patrulheiro estava à serviço. Seria como importunar um músico durante sua melodia para perguntar coisas banais. Silenciou-se até o devido momento. Enquanto isso, ouvia a história pelo dispositivo, porém, como não tinha o contexto, julgamentos seriam desnecessários. Deu de ombros quanto à isso.

E logo vinha uma autorização para seguirem adiante.

— Ah sim, tem muitas coisas que eu adoraria fazer aqui... - Sorriu apenas com o canto da boca enquanto olhava-o de cima a baixo. Mas completou rapidamente. - Mas creio que temos algum filhote indefeso por aqui, não?

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O jovem mantinha-se irredutível quanto as provocações do jovem bardo. Era como se, ele naturalmente devolvesse as provocações. Alguém do mesmo patamar? Não sabia. Mas sentiu uma pontada no coração, claramente pelo fato de não ter sido correspondido. Mas a área afetada não foi a sentimental e emotiva paixão. E sim o orgulho. Como ousava agir com tanta naturalidade?

Isso intrigava. E muito! Tanto que o fato de cortejar já havia ficado em segundo plano. Queria agora era saber... Qual a desse rapaz? Pois bem. Cogitou a presunção de imaginar que o rapaz cairia em sua lábia. Nem todos aceitavam esse tipo de relação. Na realidade, era um número ínfimo. Na hora de desbancar belas donzelas, era muito mais fácil. Mas com rapazes, era quase sempre certo.

Estaria errado então?

— Como assim? São filhotes. Que tipo de problema ele causaria apenas existindo? - Disse com real curiosidade. - A propósito, me chamo Tielo. Eu adoraria te dar um cartão com meu número agora, mas, não possuo um. Se precisar de um artista de diversas vertentes, aceito todo tipo de trabalho. E os não artísticos também. - Finalizou a última sentença com tom de deboche. Não que não topasse qualquer coisa. Afinal, há pouco tempo fez um trabalho como cozinheiro. Apenas... Não eram os serviços preferidos do musicista.

A caminhada claramente seria silenciosa principalmente para o patrulheiro que, apesar de ser o que mais se comunicou até agora, parecia exatamente o tipo reservado. Não que se importasse de falar, mas não se importava em iniciar o diálogo.

— Bom Brendan. Obviamente quero capturar pelo menos um deste tal filhote. E espero que ele tenha um dom artístico natural. Todos os meus Pokémons terão alguma feição artística. Todos possuem alguma na verdade, apenas não são afloradas ou desenvolvidas. Sequer descobertas na realidade. Mas, caso queira saber, tenho dotes que vão além das artes... - Pasuou por poucos segundos para parecer dúbio, e completou com naturalidade. - Dizem que cozinho bem. Pelo menos disseram no último trabalho que fiz numa panificadora.

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Na primeira frase, o musicista coloca seu dedo indicador e polegar pressionando seu osso nasal. Estava desacreditado. Um dos Pokémons perfeitos para compor um time de musicista vinha da linha evolutiva de Whismur. E ele havia esquecido completamente disso. Infelizmente para ele, não sabia se teria tantas Pokébolas para tal feito... Mas respirou fundo...

— Ora... Whismurs... Eles não são raros não é? - Pausou claramente suas cantadas tentando disfarçar uma possível perda de aquisição. Se a resposta fosse de que Whismurs não fossem raros, respiraria aliviado. Conseguiria fazer outra viagem para buscá-lo.

A caminhada parecia extremamente longa. Apesar de mal perceber, cada passo no escuro era um tanto quanto incomodo. Não tinha como ter certeza da onde estava pisando. Porém confiava no sentido do patrulheiro e na meia luz em que Dustox se sentia mais bem que Beautifly. O casal por incrível que pareça, estava mais quieto e silencioso do que nunca.

— E de que tarefa estamos falando? - Perguntou ainda que meio desligado à esta parte da conversa. Não queria problemas. Patrulheiros também agiam como policiais, não? A última coisa que Tielo queria ser era vilão ou mocinho. Quer dizer... Se fosse um trabalho de atuação, estaria honrado em prestigiar qualquer um papel com sua habilidade dramaturga. Mas obviamente não era o caso. - Tenho disposição de sobra! - Disse com um sorriso claramente safado, porém que se esvaziou em segundos com a finalização de Brendan. - Ou nem tanta assim na verdade... - Não era lá um amante de atividades físicas. Embora seu biotipo o ajudasse muito. Era bastante magro, mas possuía alguns músculos. Seu metabolismo era de causar inveja, conseguia comer muito e engordar quase dana. O que talhava um corpo até que charmoso. Neste momento, mais uma anotação mental, junto com os perfumes, cuidar mais do físico.

Que bem faria se Mudkip a esta altura fosse um Marshtomp, não? Entretanto, para causar uma impressão melhor, ofereceu-se de pronto a levantar uma das caixas ou a maior quantidade que fosse lhe possível dependendo do tamanho, e seguiria as ordens do oficial.

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Sua oportunidade de capturar Whismur não era completamente perdida. Mas a questão de ter um Whismur ficaria para mais tarde.

O patrulheiro parecia não se importar em responder o artista. E o treinador ao julgar os comportamentos dele, concluiu que ele não deveria ser do tipo que trabalhava em equipe, duplas ou com parceiros. Mas sobretudo, era um homem simpático, não só com outros, mas com todas as espécies de vida.

— Então é uma criaturinha encrenqueira? - Neste momento lembrou-se de seu Plusle, que era um ser de temperamento difícil. Vivia pregando peças ou fazendo coisas que não devia. Como roer cabos de energia de uma apresentação... Entretanto, Dustox quando jovem, era completamente selvagem. Tielo achou que talvez nunca fosse domesticá-la por completo. A tarefa não foi tão difícil. Nas duas etapas de sua evolução, ela passou a ganhar maturidade. Ainda mais quando Beautifly chegou. As vezes os Pokémons só precisam de outros métodos. Cada um tem sua particularidade...

As caixas na verdade não eram de se carregar. E sim uma grandona para se empurrar. O que foi um alivio. Ainda assim, um bom momento para empenhar-se, empurrando a caixa com força para arrastá-la. Pensava em fazer aquilo logo, não queria se exaustar.

— Como Durant, mas dependendo de qual for a ocasião, trabalho como um Tauros... - Respondeu no mesmo tom.

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Era engraçado como o toma lá, dá cá estava se estendendo com as provocações. Mas algo mais sério surgia no semblante de Tielo ao ouvir as palavras do patrulheiro, em conjunto com a expressão desanimada dos insetos voadores.

Dustox parecia irritada, embora fosse muito comum dela, era algo um pouco mais acentuado que o comum. O único porém era que Tielo não sabia se era do fato de estar ali, do desenrolar de tudo, ou da sintonia que tinha com o modo que aquelas teias eram tecidas. O mesmo com Beautifly, que parecia tristonha. O bardo então envolveu uma reação na outra. Ambos começaram a demonstrar uma insatisfação após aparecer essas teias.

E por estarem a um certo tempo com Tielo, entendiam vagamente algumas palavras do patrulheiro, ou no mínimo, o pesar em seu tom sobre o filhote. A empatia do artista estava sendo julgada nesse momento. Levou tudo até agora como brincadeira, ou como um problema de menor grau, mas, ao notar como a criaturinha estava lidando com aquilo, e com o fato de ambos os Pokémons perceberem isso antes dele, o decepcionava interiormente. Mas essa culpa poderia ser ajustava com o ato de recolhê-lo, o que já era intenção inicial.

— De fato... Consigo me aproximar de sua dor, mas não sei como me sentiria, em um local estranho, tendo que lidar com as atrocidades do mundo sozinho... Ainda mais sendo um filhote... - Pareceu um pouco incomodado e triste. Mas tentou mudar o tom pra passar alguma confiança. - Acho que ele precisa de mim... E no final das contas, acho que preciso dele também...