Capítulo 7 / Parte 2 - Incólume [Tielo]

Rusturf Tunnel

O silêncio para Tielo, quase nunca era constrangedor, pois ele sempre tendia a preencher com alguma coisa. Mas também sabia apreciar o agradável som do nada, obviamente, quando nem a natureza encarregava-se de cantarolar.

Mas não tinha porque não fazer isso agora, pensou em pegar seu instrumento musical mas foi interrompido. Um outro artista havia roubado a cena. E era o pequeno Pokémon fluorescente. O bardo engole seco ao ouvir aquela melodia. Era ritmica, era inocente, era melodiosa, era... Era realmente o canto de uma fada.

— Isso... É uma obra-prima... - Disse quase que em um sussurro, em tom surpreso. Morelull era de longe o Pokémon que pensaria ter uma habilidade como essa e era fantástico! Era como se uma fabula tivesse tomado vida diante de si. Ficou grato pela primeira vez, de não ter pego o instrumento musical para tocar. Jamais apreciaria isso se o interrompesse.

Morelull era tão fantástico que havia motivado Mudkip, em uma habilidade igualmente artística. Tielo estava tendo um furacão de ideias em sua cabeça, e ver o Pokémon interagindo com a lama e quase esculpindo-a... AQUILO É ARTE!

O jovem estava atônico, apenas via tudo acontecer, como se de um passo ao outro estivesse entrado em uma história de fantasia... Daquela que uma garota cai num buraco com um Bunnelby segurando um relógio, um Purugly que fica invisível, e um Caterpie sábio... Seu cérebro funcionou em grande capacidade até ele tocar seu rosto e se concentrar na realidade. Brendam havia dito alguma coisa, mas sua cabeça tinha tanta informação, que apenas ouviu algumas palavras. Para não ser grosseiro, tentou entender o contexto e responder.

— Isso é bom e ruim. Gosto que eles trilhem um caminho parecido com o meu, mas nunca sei se sou digno o bastante para se espelhar... - Respondeu com pesar. Era definitivamente um sentimento paterno que verbalizava pelo jovem.

Neste momento Brendan já parece concentrar-se em algo, que não sabia o que era. O toque de sua mão no chão iria lhe dizer, com seus sentidos aguçados. Um tremelique da terra? Seria um terremoto? O patrulheiro logo alerta para encostar na parede, e o bardo pega Marshtomp em seus braços como uma pequena criança, enquanto recosta-se sobre a parede mais próxima, averiguando se Dustox estava realmente consigo ali e Beautifly também. O que estaria acontecendo???

Eu por muito tempo fiquei pensando, que habilidade artística Mudkip e sua variação poderia ter? Até que você me presenteia com essa ideia maravilhosa. Você tem definitivamente permissão para usar meu corpo nu como quiser por isso.

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Tielo esperava uma manada de Tauros ou Bouffalant, afinal, tinha muitos em seu povoado, que ajudava a carregar as carroças, e sabia muito bem a intensidade das passadas do Pokémon. Embora aqueles Pokémons não fossem nada do que Tielo esperava que fosse. conheceu de uma vez toda a linha evolutiva de Whismur, que até então, desconhecia. Ficou de inicio assustado com o tamanho que aquela bolinha rosa poderia chegar, mas ainda assim, o pequenino seria uma grande aquisição para planos futuros.

Mas ainda assim, não seria esse o momento. Tielo segurava com força seu Marshtomp com medo de ser carregado mas todos estavam tão desesperados em apenas sair dali, que esquivavam da trupe que ia em caminho contrário. Após isso, colocou Marshtomp no chão, que parecia tão atônico quanto todos pela cena.

— Eu não sabia que esses Pokémons tinham esse comportamento...

Depois disso, foi em direção à Brendan, porém, para verificar que a pequena borboleta estava bem. Como ele tinha uma personalidade abobalhada e inocente, poderia ter se assustado com aquilo. Mas logo o causador do efeito manada violenta aparece. E na realidade, era minúsculo. Apesar da cabeça enorme, transbordava certa simpatia. Ainda assim era melhor tomar um certo cuidado, afinal, são seres dotados de habilidades inimagináveis.

— Mas... O que é isso? - Falou confuso enquanto tomava a dianteira sobre Brendan, de forma a protegê-lo. Ainda olhando a criaturinha amigável. - Nunca ouvi falar desse Pokémon... Ele também foi abandonado pelo treinador? Mas ele deve ter posto um terror ali dentro, é melhor tomarmos cuidado...

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Aquilo era um alívio. Não teria problemas maiores. Não naquela caverna. Apesar do estrondoso movimentos de Explouds e sua linha evolutiva... Uma caverna era de longe um local ideal para batalhar na opinião de Tielo. Odiava a possibilidade de ser soterrado e morrer sem deixar vestígios ou pior... Ficar no esquecimento.

Entretanto a criaturinha não parecia ser agressiva de fato. Brincava com Whismur e pouco ligava pra plateia numerosa que observava aquilo atento. Beautifly com certeza deveria estar doido para cumprimentá-lo. Enquanto Dustox achava aquilo tudo muito dramático, pois mítico ou não, era só um Pokémon... Enquanto Marshtomp não sabia o que queria, se achava adulto demais para essas bobagens à medida que estava louco de vontade de cumprimentá-lo.

— Meltan... - O jovem fez o raro uso de sua Pokédex, apenas para registrar algumas informações. Ele agora teria um álibi para suas próximas lendas. Sempre contava histórias com Pokémon míticos, lendários, raros e todos heroicos. Mas nunca de fato viu realmente uma criatura assim. Porém, apesar de ter uma prova de que havia visto um Meltan... Não sabia de nenhuma lenda que o envolvia... Seria o momento para criar uma? Mas antes, era melhor conhecer o Pokémon primeiro. - Meltan!? - Disse sentando-se de pernas cruzadas no meio do caminho.

O intuito do jovem era apenas chamar a atenção e ganhar a confiança do Pokémon. Queria ter um contato mais próximo sobre ele e sua personalidade. E para isso, nada melhor do que dedilhar seu instrumento musical com uma melodia serena... Não sabia qual seria a reação dele...

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Após o comentário do patrulheiro, Tielo sente-se um pouco burro. Sequer havia pensado na hipótese do lendário Pokémon poder escutar. Mas, escutava. De um jeito ou de outro, ele parecia ter uma percepção e reação aos estímulos provocador pelo bardo. Ele não era nenhum cientista, e de longe entendia propriedades física, mas alguma noção básica poderia ter, principalmente graças aos shows que já fizera em antes de sua jornada Pokémon, e tentou arrumar argumento para tal enquanto ainda dedilhava.

— Posso deduzir que ele é um Pokémon de metal. É meio clichê, mas isso é por causa das cores. Claramente não tem ouvidos, mas metal reage as ondas sonoras. Tanto que barras de aço de palco tem que ser muito bem montadas de maneira que a acústica não vá locomovê-las, caso for muito alto. E água também sofre efeitos com a onda de som. Julgando então que ele é de um corpo gelatinoso, e que estamos em uma caverna, onde os ar propaga o som apenas aqui dentro multiplicando-o. Talvez ele escute até muito melhor que nós... - Tielo era muito bom na dedução.

Isso graças à uma de suas tias que era a personificação do charlatanismo. Ela dizia ser vidente, o que ele pouco acreditava. Seu Pokémon favorito eram os psíquicos e fantasmas que diziam aumentar sua capacidade de enxergar o futuro. Essa parte talvez o convencesse. Ela era uma das melhores leitora de futuro de seu povoado. Uma técnica que nem todos tinham dom ou interesse... Tielo teve, por um tempo, e aprendeu algumas coisas. Resumidamente, ela observava características muito peculiares das pessoas que a consultavam. Seu melhor método eram as cartas. Em um momento, quando ela dizia algo, dependendo da reação da pessoa. Olhar, respiração, sons involuntários com a boca e coisas imperceptíveis, ela poderia julgar se estava indo no caminho certo ou não para aquilo. Isso a fazia ter muitos clientes. Embora ainda assim, vez ou outra, ela acertava coisas muito improváveis. Dom ou sorte? Tielo nunca saberia.

— É tão engraçado ter um contato mais próximo com uma criatura de lendas... Sempre sonhei com momentos como esse e... Quando consigo... Não sei o que fazer... - O jovem definitivamente não sabia o que fazer. Batalhar? Claro que seria um grande feito para seus Pokémons, que inclusive poderiam evoluir bastante seus treinos, mas um Pokémon mítico não fosse fácil de derrotar. Fazer amizade? Seria aquele Pokémon realmente amigável? Capturar? Não acreditava na possibilidade, onde já se viu um treinador com um Pokémon lendário?

Esperava a reação do Pokémon, se ele aproximasse amigavelmente, tentaria uma amizade, e quem sabe o que poderia ocorrer dali pra frente? Também fez uma saudação positiva para Whismur. Não queria que Meltan apagasse todo o brilho da presença dele, afinal, era um belíssimo Pokémon.

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Evidentemente o artista estava todo estabanado diante daquela magnífica presença. Mas com sorte, tinha Pokémons simpáticos consigo. O jovem divagava consigo mesmo sobre como aproveitar aquele momento, já que Brendan parecia não se opor a nada. Mas também, não havia nada a se opor, o jovem não fazia nada demais.

— Eu sinceramente adoraria ter essa criaturinha comigo por mais alguns momentos... Mas não vejo sentido em atacá-la ou fazer batalhas que não tenham o intuito de demonstrar uma encenação artística junto... - Deixava claro em suas palavras o peso de não ser um treinador comum, que apenas chegaria atacando um Meltan por motivos de uma evolução. Para Tielo aquilo era vazio. Ele não era agressivo. As batalhas Pokémons pra ele tinham outro propósito que não apenas um caminho para crescer fisicamente. As batalhas eram demonstração de habilidades, de desenvolvimento, de conexão, de arte...

Não queria demonstrar-se desconfortável, mas estava, e era visível. Era um momento de vulnerabilidade que o jovem fazia questão de recusar a demonstrar, embora inútil no momento. Mas teve uma ideia...

— Beautifly... Faça amizade com nosso amiguinho. Mostre que nós só queremos... Companhia!? - Não sabia o que queria direito, a única certeza era que queria a simpatia daquele Pokémon, em uma troca afetuosa. E quem melhor que Beautifly, todo pomposo, para comunicar-se de maneira afetuosa. O jovem retirou de sua mochila pequenas peças metálicas como botões, cordões de cobre de instrumento que já foram usados e até um pedaço de papel alumínio que usava para cobrir partes mais vulneráveis do instrumento. Como via uma difícil aproximação de Marshtomp, apesar da vontade, encubiu à ele a missão de entregar aquilo ao Pokémon, para uma pequena refeição. De forma a demonstrar a amizade. - Preciso da sua ajuda. Diga a ele que é tudo de metal que eu tenho a oferecer... Faça assim como Beautifly... - Assim o jovem uniria o útil ao agradável. Daria um poder a mais de socialização para Marshtomp, ao mesmo tempo que daria mais confiança à Meltan. Até poderia dar essa missão para Dustox, mas talvez ela debochasse na cara do mítico enquanto entregava os itens, e poderia não ser tão legal.