A Gray Opening Wings

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Sem saber ao certo o que fazer, Ren apenas seguiu seu coração e fez aquilo que sentia que deveria ser feito, mesmo que não fizesse muito sentido. E bem, em meio à repentina dança do garoto, todos os presentes pararam com o que quer que estivessem fazendo e foram assistir aquele súbito espetáculo. O público ficara boquiaberto com o desempenho do jovem, e sua performance foi capaz de conquistar o coração de todos. Os treinadores mal foram capazes de falar algo, atordoados, enquanto seus próprios pokémon começavam a participar da dança, demonstrando o agrado por aquilo que o aspirante a coordenador fazia.

Após finalmente concluir sua entrada triunfal, Ren pôde ver que os olhos todos estavam sobre sua pessoa. É, ele não havia pensado nesta parte. Ligeiramente envergonhado, voltou-se para os pokémon, colocando sua camisa enquanto fazia isso. Em seguida, perguntou para os monstrinhos se estava bem, incluindo os selvagens e que não eram seus, verificando o bem-estar de todos. Questionou também a qualidade de sua apresentação, e se todos haviam gostado. De qualquer forma, ele estava contente consigo mesmo por ter feito tudo aquilo, tanto por desafiar suas capacidades quanto sua coragem de ir até lá. Aparentemente, o medo que o mono treinador tinha de assustar os selvagens era irrelevante: os pequeninos sabiam muito bem cuidar de si mesmos, era fato. Mas ainda assim, Minccino e Kricketot pareciam mais que maravilhados, na visão de Ren, aclamando-o com palmas.

Alegre ao ver a cena, sabendo que alguém tinha essa visão de aparente admiração sobre si, o garoto sorriu, e até mesmo ousou acariciar ambos os pokémon selvagem, utilizando as duas mãos. Além disso, as próprias fadas de Ren pareciam felizes: Hokori amava ter um palco para se mostrar, amando ter um público aos seus pés. Dandara gostava de ver a competitividade saudável entre os pokémon, sendo que estes foram até mesmo capazes de colaborar um com o outro. E Ísis, bem, Ísis estaria feliz se seu treinador estivesse feliz. Finalmente, sabendo que não poderia evitar o momento para sempre, ele voltou sua atenção aos treinadores, parando para reparar na aparência de cada um.

— Ah... Oi. — disse, com uma pequena timidez, que deu lugar à vergonha alheia quando o mono treinador reparou que não havia fechado os botões de sua camisa. Bem, após fechá-los, não havia mais motivos para ser tímido, então ele suspirou e seguiu em frente. — Eu sou Ren, Ren Hughes. O que estão fazendo aqui? Espero que não estejam com a intenção de machucar estes pequenos pokémon, certo? Quero dizer, pelo menos verificaram se eles gostariam de ir com vocês? Ou iriam subjugá-los em uma batalha, oprimindo sua vontade? — disse por fim, fazendo sua melhor cara de reprovação. Veja bem, ele não queria parecer chato ou algo do tipo, estava apenas com uma preocupação genuína, embora tentasse evitar ao máximo expressar isso em sua face. Uma tarefa talvez não muito bem-sucedida.

Agora restaria apenas esperar para ver o que os outros rapazes respodiriam, ter certeza da reação dos demais pokémon, tal como seus possíveis atos após tudo que Ren fez e disse. Quem sabe ele não teria agradáveis surpresas?

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Ren sorriu com a atitude dos pokémon selvagem. Eles não estavam acostumados com a presença humana, e não seria apenas uma mera apresentação de dança que mudaria isso, mesmo que esta agradasse em muito os pequeninos. Eles eram dedicados, e não se deixariam ser levados por qualquer brisa. Isso era bom, já que mostrava que os monstrinhos não sucumbiriam à qualquer treinador que viesse maltratá-los, como era o medo do rapaz.

— É... Desculpe por ter falado isso, não tinha a intenção de ofendê-los. Queria apenas ter a certeza de que aqueles pequeninos não seriam machucados. Sabem como é, são raros, e muitos treinadores “maldosos” podem estar atrás de um espécime. Fico feliz que vocês prefiram um método mais amigável, e até mesmo admiro isso. — respondeu às sentenças de ambos os treinadores com honestidade. Seu rosto estava pleno e límpido, sem demonstrar nenhuma aparente tentativa de ocultar qualquer sentimento. E realmente, nada era escondido, nem mesmo os olhares que Ren dava em direção ao jovem de boné, aquele que não havia dito seu nome, fazendo até mesmo com que as bochechas do mono treinador corassem.

— Ah... Hm... O que pretendem fazer agora? Quero dizer, querendo ou não, acabei por atrapalhar um pouco suas tentativas de cativar os selvagens... Desculpe... — disse apressada e atrapalhadamente, quando reparou que estava encarando, de maneira incessável, o treinador que estava interessado na Minccino. Tentou respirar fundo e desviar a atenção dos rapazes para outra coisa que não fosse ele olhando para o outro. — É, não vou dizer que não estou interessado nestes dois, já que parecem ser incríveis. E acho que ficamos em uma situação um tanto quanto desconfortável... — terminou, retomando sua pergunta logo anteriormente dita, questionando o que deveria ser feito, e tentando fazer com que seu rosto deixasse de ficar rosado.


Também chamou seus próprios pokémon, para cochichar sobre o jovem de boné, perguntando a opinião das fadas e também para tê-las ao seu lado. Fofocas à parte, parecia que tudo seria decidido mais por Kricketot e Minccino que qualquer outra coisa. O fato de Ren estar sem saber o que fazer também não ajudava muito, assim como o possível olhar que o outro garoto teria sobre o aspirante a coordenador. Talvez os selvagens tomassem uma atitude que facilitasse a vida de todos, ou quem sabe, apenas tornassem tudo mais difícil. Quem saberia?

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É, as coisas não estavam ali para serem fáceis. Tanto Kricketot quanto Minccino haviam encantado o treinador, com suas próprias apresentações e personalidades, mas eles não pareciam felizes em estarem sendo disputados daquela forma. Tampouco estava Ren com a agressividade dos treinadores. De fato, uma batalha seria o método mais simples para resolver tudo, mas não agradava muito o garoto, além de haver o fato de que os próprios selvagens talvez mostrassem-se um tanto quanto antipáticos quanto à batalha. E qual seria o sentido de o mono treinador ir até lá, falar tudo aquilo sobre o consentimento dos pokémon e simplesmente entrar em uma batalha com eles sendo o suposto prêmio.

Mesmo que arriscado, o garoto preferiu tentar interagir com os monstrinhos, pedindo desculpas por enquadrá-los como um até então troféu. Eram criaturas vivas, de vontade própria, e certamente não gostariam de tudo aquilo. Além disso, Joel e Nick não pareciam dispostos a conversar, e estavam tão focados em suas ambições que nem ao mesmo pareciam ter ouvido as palavras de Ren, lido sua expressão facial ou até então, reparado nos olhares nervosos que ele lançava para o belo Nick. Não como se este último fato fosse relevante em fator algum.

— Bem, eu não posso forçar-lhes a fazer qualquer coisa. Tudo depende de vocês. Não tenho desejo de machucá-los ou qualquer outra coisa, apenas penso que seria interessante tê-los comigo, e que o talento artístico de vocês dois é impressionante, e poderia me ajudar bastante. Vocês viram meus passos, minha paixão, meu ser. Por minha dança, sabem como sou e como amo isso, e acredito que até conseguem reparar que estou falando com total honestidade. Façam o que bem entenderem, que aceitarei de bom grado. Apenas... Gostaria de pedir-lhes a honra de uma última dança, ao fim de tudo, quando tiverem tomado sua decisão. Até lá, tentarei segurar as pontas aqui, e tentar conversar com estes dois aqui.

Ren disse tudo aos pokémon selvagem, esperando que a voz da razão agisse em conjunto com as vontades dos pequeninos. Entretanto, ele sabia que os treinadores não veriam suas palavras com bons olhos, e que algo não muito bom poderia ocorrer. Desta forma, ele precisaria bolar algo rápido, e desconfiava que uma dança não seria a solução. Quer dizer...

Nick era um rapaz bonito. Ah sim. E Joel tinha seu charme próprio, e parecia ser um tanto quanto inteligente. Era provável que Kricketot e Minccino precisassem de algum tempo para poder responder ao mono treinador, enquanto isso, por que não brincar um pouco? Palavras de razão e luz não teriam muita serventia aqui, então por que não tentar algo diferente? Ren não achava que aquilo ficaria em sua consciência depois, afinal, não estaria fazendo nada demais.

— Ah sim, eu adoraria ouvir sobre Nick. E uma batalha, vocês dizem? E ouso perguntar, que tipo de batalha têm em mente, exatamente? — perguntou, voz leve e fluida, enquanto aproximava-se dos rapazes. Colocou uma de suas mãos no peito de Nick, arrastando-a até o queixo do mesmo, encarando firmemente seus olhos. Ora, agora não teria como não reparar nele. Deixou o garoto de boné de lado momentaneamente, seu dedo indicador a afastar-se gradualmente do queixo deste e foi até Joel, e tentou segurar um cacho dos cabelos do maestro, na finalidade de enrorá-los em seu dedo.

Ah, mas não seriam apenas toques que resolveriam tudo. O mono treinador, agora em meio aos dois rapazes, tentou dar ínicio à outra dança, com passos rápidos e ágeis, giros ocasionais e movimentos rápidos com as mãos. Em seguida, ele foi até Nick mais uma vez, agora para tentar pegá-lo de surpresa e conduzi-lo em uma valsa animada, indo de um lado para o outro até que Ren girasse a si mesmo e fosse até Joel, repetindo os passos. Após terminar a parte em conjunto, ele voltaria até sua posição inicial e pediria para Hokori criar uma plataforma no ar, sua habilidade específica. Com ela posicionada, o garoto tomaria impulso, pularia nela e dela, daria mais um salto, desta vez rodopiante.

Sua intenção seria pousar em frente aos rapazes, e quem sabe, cativá-los com mais alguns toques. A dança também seria interessante para ajudar os pokémon selvagem em sua decisão, além de fazer com que Ren finalmente conseguisse a atenção do rapaz que lhe atraía um pouco. Não era uma ideia muito sólida, mas já era alguma coisa. Evitar uma batalha interessava o garoto, assim como verificar se era capaz de seduzir alguém ou se ele era um total fracasso. De qualquer modo, suas respostas logo chegariam.

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Os movimentos de Ren não pareciam surtir os efeitos desejados. Chamara sim uma certa atenção, mas não como ele queria: cativando os garotos. Ora, o que o mono treinador precisaria fazer para receber uma atenção em específico que queria de um dos garotos em específico? Beijá-lo? Ren Hughes não se arrastaria atrás de alguém assim, sem mais nem menos. Após seu monólogo com os pokémon e mais uma breve performance, que não dera muito certo, inclusive, ele fora mais uma vez desafiado para uma batalha.

Bem, pareciam andar em círculos. Não adiantava procurar mudar de assunto, evitar aquilo, querer conversar. Tudo parecia girar em torno de uma batalha. Quem sabe até mesmo os selvagens estivessem ficando entediados, talvez um pouco de emoção ajudasse um pouco. Mesmo que Ren não quisesse aquilo, não parecia haver outra forma de contornar a situação. Se era uma batalha que queriam, uma batalha teriam. O mono treinador tentou deixar o mais evidente possível sua hesitação quanto ao embate, mostrando assim suas intenções à Minccino e Kricketot.

— Meu bem, mesmo que suas palavras me atingissem, não faria muita diferença, se eu fosse reagir e escutar tudo que viessem falar de mim, já não haveria espaço para tombos e quedas. — disse quanto à provocação de Joel. Estava também um tanto quanto decepcionado com Nick, por este não ter entendido suas “indiretas” e ainda acusar-lhe como louco. Quando os dois treinadores lançaram em campo seus pokémon, Ren chamou Ísis e Dandara para perto, para que estás viessem acudi-lo. Já fazia algum tempo que Dandara não batalhava, e seria bom para ela, de qualquer forma.

“Muito bem queridas, precisarei que me ajudem nisso aqui. Eu sei, eu sei. Não queria batalhar, mas não é como se sobrasse alguma opção. Ainda mais se eu realmente quisesse chamar a atenção desse garoto, mas com tanta lerdeza, nem sei se compensaria querer ter algo com ele. Bem, não serei eu quem perderá alguma coisa com isso. Certo Ísis, florzinha, use o Toxic duas vezes, uma em cada um dos adversários. Corroeremos seus corpos! Enquanto isso, Dandara, quero que comece com um aquecimento. Por favor, Belly Drum, e em seguida, Defense Curl! Vamos dar o nosso melhor e acabar com isso assim que pudermos, para evitar maiores dores. Além disso, caso nos sintamos inspirados o suficiente, podemos tentar deixar as coisas... Mais belas.”

Assim que deu as ordens, afastou-se um pouco dos pokémon, dando-lhes espaço, e procurou posicionar-se próximo dos selvagens. Bem, já havia dado suas ordens e diretas, ele olhou para Nick e Joel, não muito contente. Uma batalha começaria, por bem ou mal, e Ren não sabia exatamente como ajeitar tudo.

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Tendo a batalha começado, as coisas estavam bem calmas e passivas, e Ren nem ao menos pôde ver a reação de Minccino e Kricketot. Os próprios Joel e Nick não esboçaram muita emoção. Tampouco fez o mono treinador, ainda não muito contente por estar lutando. O turno passou e logo Ren conseguiu avaliar o quão mal fora suas escolhas de movimentos.

O aspirante a coordenador deixara uma janela muito grande para os adversários fazerem o que bem entendessem, e eles acabaram por utilizar movimentos que seriam de benefício para eles mesmo, no turno seguinte. Bem, com uma rápida avaliação da situação, Ren percebeu que não havia mais para onde correr. Os treinadores pediram uma batalha, e ali estava ela, em total e inegável favor aos dois. Já não havia mais o que fazer e em que relutar, não havia para onde correr.

— Ah... Certo... Dandara, aguente firme e use um Rollout assim que possível, focando o Loudred. Tenha força, eu sei que consegue! Enquanto isso, Ísis, tenho uma última tarefa que vamos começar. Bem, lembra-se de todo o nosso treino? Faltou uma coisinha, apenas. Pois bem, quero que focalize sua energia féerica e tente liberá-la na forma de uma luz cegante e dolorida, que acertará nossos dois adversários, o Dazzling Gleam. Mantenha a calma, e invoque-a como um lembrança de um sol radiante, a brilhar em um campo de flores. Com essa imagem em mente, canalize sua magia e libere sua força. Não tenha medo, sabe que estou aqui para te apoiar. Se conseguir, tente mais uma vez, a prática nos leva à perfeição! — deu aos pokémon, como ordens. Não se sentia muito bem com aquilo, não mesmo.