"Luch está bem sim, não se preocupe.", ecoou em sua consciência, distante, a voz da dona dos cabelos dourados. Chegava a ser engraçada a maneira como uma afirmação tão simples era mais tranquilizante por conta, mera e somente, de ser vocalizada por uma existência exterior ao próprio cérebro; Ora, por qual raios de motivo não era capaz de convencer a si mesma, se era quem mais tinha noção (provavelmente) das possíveis complicações pelas quais passaria o jovem de cabelos escuros? Fosse qual fosse o motivo, pelo menos naquele momento, acatou a inconsistente segurança cedida por Karinna e, então, tentou deixar de lado os assuntos que seus demônios interiores tanto insistiam em reerguer - por um instante, um segundo apenas, desejou.
...
— ...Como é? — Perguntou, a atenção enfim se volvendo na direção da monotreinadora e, então, um sorriso torto despontou pelo canto dos lábios antes que, discreto, um riso abafado escapasse pela garganta. — Acostumou tanto com a mente que perdeu o tato, foi, Cabeça de Shuckle? — Provocou, estreitando o olhar com graça na direção de Bley. — Aliás, bem, você nunca foi de Exatas, mesmo! — Brincou, balançando a cabeça em negativa. Deu-se, então, um tempo de silêncio para refletir sobre o histórico de amor da moça - um suspiro, tranquilo e singelo. — Quer dizer... Reza a lenda que gente famosa é complicada, né? — Comentou, um encolher de ombros discreto antes que a atenção volvesse na direção da porta, até então, fechada. — Mas, e aí, só não rolou porque o cara também é meio maluco? — Perguntou...
E então, a voz morreu na garganta.
Perdido, o olhar cambaleou, fácil, na imagem psicodélica que repousava serenamente sobre um sofá no cômodo. Veja bem: Em circunstâncias normais, não seria uma imagem que teceria arrepios escorrendo por sua coluna, mas é necessário compreender a) Aquela não era uma ocasião comum e b) Não se é todo dia que observa um experimento de "criação de personagem" ao vivo e em cores se desenrolando em uma criatura metamorfa que alterava a si própria de milésimo em milésimo - mas, não obstante, era o cantarolar delicado a característica que mais incitava um terror discreto a ser disparado por cada e todas as células de seu corpo.
Em um único passo torto, a ruiva recuou. Os dedos agiram por conta própria e, sem parar para pensar, liberou a criatura da primeira esfera que encontrou; Não teve tempo de se arrepender, de todo modo, quando a pequenina gelatina esverdeada materializou-se em frente ao seu corpo, rodopiando no próprio eixo num cry tímido e suave que ecoou e, infantil, o dócil Solosis se permitiu explorar o novo ambiente com os olhos, girando de um lado para o outro e divertindo-se com a bizonha masmorra, inicialmente alheio ao estado de espírito da treinadora que o acolhia.
— ...Você. — Sussurrou, primeiro, e o olhar se estreitou na direção do que facilmente poderia se passar por um nativo daquela esquizofrênica realidade. — Quem é você? O que diabos é esse lugar? — Foi a primeira questão que escorreu, ácida, na direção da forma que repousava sobre a mobília acolchoada. Naquele breve instante, a mão se apoiou na superfície fria e macia que envolvia o núcleo do corpo de Kaleo e, ali, tentou encontrar suporte para a própria alma.
Tinha a consciência de que a abordagem poderia incitar agressividade da figura que, até então, estava alheia à sua presença no lugar...
Todavia, não se importou.
...
— ...Como é? — Perguntou, a atenção enfim se volvendo na direção da monotreinadora e, então, um sorriso torto despontou pelo canto dos lábios antes que, discreto, um riso abafado escapasse pela garganta. — Acostumou tanto com a mente que perdeu o tato, foi, Cabeça de Shuckle? — Provocou, estreitando o olhar com graça na direção de Bley. — Aliás, bem, você nunca foi de Exatas, mesmo! — Brincou, balançando a cabeça em negativa. Deu-se, então, um tempo de silêncio para refletir sobre o histórico de amor da moça - um suspiro, tranquilo e singelo. — Quer dizer... Reza a lenda que gente famosa é complicada, né? — Comentou, um encolher de ombros discreto antes que a atenção volvesse na direção da porta, até então, fechada. — Mas, e aí, só não rolou porque o cara também é meio maluco? — Perguntou...
E então, a voz morreu na garganta.
Perdido, o olhar cambaleou, fácil, na imagem psicodélica que repousava serenamente sobre um sofá no cômodo. Veja bem: Em circunstâncias normais, não seria uma imagem que teceria arrepios escorrendo por sua coluna, mas é necessário compreender a) Aquela não era uma ocasião comum e b) Não se é todo dia que observa um experimento de "criação de personagem" ao vivo e em cores se desenrolando em uma criatura metamorfa que alterava a si própria de milésimo em milésimo - mas, não obstante, era o cantarolar delicado a característica que mais incitava um terror discreto a ser disparado por cada e todas as células de seu corpo.
Em um único passo torto, a ruiva recuou. Os dedos agiram por conta própria e, sem parar para pensar, liberou a criatura da primeira esfera que encontrou; Não teve tempo de se arrepender, de todo modo, quando a pequenina gelatina esverdeada materializou-se em frente ao seu corpo, rodopiando no próprio eixo num cry tímido e suave que ecoou e, infantil, o dócil Solosis se permitiu explorar o novo ambiente com os olhos, girando de um lado para o outro e divertindo-se com a bizonha masmorra, inicialmente alheio ao estado de espírito da treinadora que o acolhia.
— ...Você. — Sussurrou, primeiro, e o olhar se estreitou na direção do que facilmente poderia se passar por um nativo daquela esquizofrênica realidade. — Quem é você? O que diabos é esse lugar? — Foi a primeira questão que escorreu, ácida, na direção da forma que repousava sobre a mobília acolchoada. Naquele breve instante, a mão se apoiou na superfície fria e macia que envolvia o núcleo do corpo de Kaleo e, ali, tentou encontrar suporte para a própria alma.
Tinha a consciência de que a abordagem poderia incitar agressividade da figura que, até então, estava alheia à sua presença no lugar...
Todavia, não se importou.