Pokémon Mythology RPG
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Aparentemente, o "migué" (que, de certa forma, não era) que haviam tentado, de algum jeito, funcionara com perfeição para o metálico evoluído - o que fez com que a ruiva parasse para refletir, por um instante, a respeito da inteligência do elétrico, daquele em específico. Quer dizer, não entenda mal: Dava graças à Arceus que Magnezone aparentava ser paciente e tranquilo com duas estranhas esquisitas que chegavam do nada meio que exigindo coisas (?) porque, sinceramente, se estivesse no lugar dele, já havia se mandado pastar.

— Acho que isso facilita. — Comentou para o pokémon, recolhendo ambas as pranchetas estendidas quando Karinna deixou explícito, com gestos simples, que não pretendia/podia segurá-las. Considerando tudo que estavam passando até então, não a culpava pelo estresse, e tampouco por seu estado - então, limitou-se a manter os orbes acinzentados sobre sua imagem por alguns singelos segundos, entregando muda a repreensão que não sentia necessidade de vocalizar. — Vamos precisar de um tempinho. — Disse para o "agente", ainda que imaginasse que ele tinha tal consciência. — Desculpe, mas ainda não nos acostumamos direito com isso tudo. Tenho certeza que entende. — Acrescentou, num dar de ombros tranquilo: Conscientemente, deixou um gancho para que pudesse dar outra desculpa, se fosse necessário.

Então, acompanhando os passos da monotreinadora, encaminhou-se na direção da mesa indicada pelo último estágio evolutivo de Magnemite, sentando em uma das cadeiras com falsa postura relaxada e repousando as pranchetas na superfície do móvel, encostando na cadeira e respirando profundamente, tirando um pequeno momento para massagear as têmporas. Era estressante pensar que, o menor passo em falso, e poderiam ter problema com toda aquela horda de pokémons que vagavam, apressados, resolvendo assuntos de uma agência que não fazia o menor sentido para si. Na moral, eles deviam ter vergonha de não colocar nem uma plaquinha pra indicar o que que era necessário naquele lugar - apesar de que, considerando a senha na porta e que até então os "hóspedes" de cada uma das portas não pareciam interagir entre si, hah, talvez não fosse como se realmente precisassem de uma.

— ...Hm? — Murmurou, a atenção se voltando na direção da loira quando ouviu seu apelido escapar de sua garganta. Um sorriso condescente se formou nos lábios diante do comentário da outra, e os dedos abandonaram a prancheta para mergulhar na cascata dourada, afagando-a com suavidade. — Acho que agora você se arrependeu do olho gordo, né? — Sussurrou, deixando escapar um riso divertido diante da situação. — Não tenho dúvidas que vai ter. — Comentou sobre a "surpresinha", balançando os ombros e afastando as mãos para poder começar a preencher os formulários. — Nem quero imaginar se o resto dos lugares forem a mesma burocracia que aqui. Acho que meu cérebro vai derreter. — Reclamou. Esperava que conseguisse finalizar logo para poder entregar os papéis à Magnezone...

E, depois disso?
Vai saber.

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Enquanto Natalie preenchia vagarosamente, e as duas amigas aproveitavam a ocasião para respirar um pouco, optaram por usar o nome de Mirror, talvez por não precisar mentir sobre quase nada o que, dado o estado de cansaço das duas era mesmo uma ótima opção, preenchiam com o cuidado de não colocarem seus dados verdadeiros enquanto aproveitavam o tempo de calmaria para conversar um pouco.

Ao entregarem o metálico analisa os papéis entregues, analisa de modo rápido até... praticamente um Scanner, e logo chamava um Magneton que se aproximava, e questionado sobre algo afirmava para sua evolução. Magnezone então dá algumas instruções a ele, que recebe as pranchetas e as leva, com outro som, o "chefe" daquela agência bancária chama dois magnemites aos quais passa outras instruções e passam a buscar algo em meio ás inúmeras gavetas, localizam duas que levam até ele.

Retira delas dois pacotes, e entrega um pra cada uma das jovens em seguida fala algo em tom de pergunta... que as duas amigas podiam jurar que era um "posso lhes ser útil em algo mais?" em um tom formal e amigável.. é... parecia tudo certo... e aquele bando de pokemons não pareciam demonstrar agressividade...


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A tensão de não saber se o preenchimento dos papéis específicos serviria para enganar os elétricos começava a embrulhar o estômago. Terminávamos e as janelas cerúleas mais uma vez fitavam as gris de Natalie: não tinha muito o que dizer ou responder, então, somente consenti. Se algo desse errado, o melhor que poderíamos fazer era correr, caso contrário, era capaz de morrermos eletrocutadas antes mesmo de conseguir sacar uma única esfera bicolor para nos defendermos.

Com a chegada do segundo metálico, talvez um assistente de sua evolução, as coisas ficavam um tanto quanto estranhas; quer dizer, àquela altura, a mente já estava martelando duzentas desculpas diferentes para tentar justificar ao Pokémon o porquê das mentiras, porém, por incrível que pareça, assim que Magneton deixou o recinto, senti a tensão no ar diminuir um pouco. Enchi os pulmões de ar e, em um longo suspiro, levantei para aguardar o resultado.

...

...

E não é que no final deu tudo certo?

Agora dois pequeninos Magnemites traziam consigo pacotes, um para cada uma. Os olhos voltaram-se para Natalie mais uma vez e um sorriso travesso formou-se rapidamente no rosto: fechei os olhos em brincadeira e estufei o peito, como quem dissesse para Chase que sim, o crime compensa. Não demorou muito e dei um pulinho assustada quando fui pega desprevenida por mais um barulho do Magnezone.

— Ai! Que susto, porra!
— as palavras escapavam da boca e a mão direita era levada ao coração — Obrigada, não fez mais que a sua obrigação. — por mais que não quisesse ser grossa com o único ser desse lugar que não nos trouxe problemas, precisava manter as aparências de residente desse mausoléu e, bom, digamos que todos por aqui não tem um pingo de educação — Agora é encarar o Sombra pela demora.

Envolvi o braço direito no esquerdo de Natalie e não tinha dúvidas que a ruiva queria sair daquele lugar tão rápido quanto eu. Deixamos a porta de cofre para trás e só o que nos restava agora era a porta principal. Caminhei em passos largos até as escadas, parando por alguns segundos antes de descermos até nosso objetivo.

— Vamos ver o que tem aqui, né? — fitei o pacote antes de abri-lo — Tomara que seja algo bom.

Independente do que fosse, desci as escadas de uma vez, parando em frente a porta dupla. Como as chaves estavam com Natalie, deixaria que abrisse em seu tempo; claro que tinha pressa de sair desse maldito lugar, mas passamos por tanta coisa que nada mais justo que tirar um momento para absorver um pouco tudo que havia acontecido, principalmente se o palpite que demos que algo ainda mais poderoso nos aguarda do outro lado da madeira estiver correto.

— Falta só isso. Nem acredito. — respirei fundo, deitando a cabeça brevemente sobre o ombro da ruiva — Vai dar tudo certo.


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Independente do quanto tentasse, não saberia explicar em palavras o quão gélido seu estômago estava não só durante o preenchimento dos formulários, mas principalmente quando se levantaram para arriscar entregá-los nos ímãs (?) de Magnezone e, óbvio, quando o olhar lento e fixo do metálico percorreu pelas linhas dos papéis, como que em busca do menor erro para que pudesse sentenciá-las à algum castigo sádico que guardava por ali. Naquele curto instante, admitia, arrependeu-se de sequer considerar a ideia de tentar tomar para si os pertences de um espírito que, por meio de seus atos e os de Karinna, havia se... Quebrado? Reformado? Era difícil dizer com certeza, afinal, não era como se tivessem plena consciência sobre as "regras" daquela dimensão - mas, enfim, era tarde demais para voltar atrás e dizer que era, sei lá, só um engano, considerando que já haviam ido até ali, huh?

Foi somente quando dois dos pequenos estágios iniciais do imponente metálico que as vigiava trouxeram dois pacotes de sabe-se lá Arceus onde, que a ruiva se deu conta de que já há algum tempo prendia a respiração: E foi por muita sorte que o ar não se soltou de uma vez, as unhas se apertando repentinamente contra as palmas em uma tentativa de manter alguma tranquilidade aparente para que não pusesse tudo à perder justo quando já estavam na praia, após tantas dificuldades. Um sorriso nervoso se desenhou nos lábios enquanto estendia as mãos (com o cuidado de afrouxar as unhas sobre a pele e torcer para que o espécime não reparasse nas marcas mais profundas), e foi nesse momento que a pobre ruiva quase morreu do coração diante da reação exagerada de Bley, apenas para que a loira se "corrigisse" (?) quanto à sua postura.

"Tchau e bênção", com certeza diria, se tivesse coragem. Teve sorte, aliás, que a monotreinadora tomou a dianteira de a arrastar pelo braço pra fora do cômodo, pois não tinha certeza se teria a capacidade de fazê-lo por si só: As pernas trêmulas, incertas, era uma das maiores provas que tinha para comprovar essa temida teoria e, bem, como já bem pontuado, graças aos céus que dessa vez possuía alguém ao seu lado para interceder em sua causa.

Enquanto Karinna direcionava-se para as escadas, por um instante, os orbes acinzentados passearam na direção das outras portas que faltavam explorar - desejou saber o que as esperaria por detrás de cada portal daqueles mas, infelizmente, não tinha certeza se queria ficar para ver o que aconteceria se os elétricos da agência descobrissem que estavam levando pacotes que não as pertencia: E, aliás, quando a parceira estancou entre um e outro degrau para descobrir que tipo de tesouro (maldição?) estava guardado dentro da embalagem, Chase copiou seus movimentos, ainda que um pouco receosa e hesitante:

— ...Não sei se a gente devia ter feito isso... — Comentou, um pouco desajeitada, os ombros se encolhendo com delicadeza. — Quer dizer... Ah, não sei. — Riu, até meio envergonhada. Não havia falado nada enquanto a Rocket limpava quase todo lugar que passavam e jogava em sua mochila - então, por qual motivo existia aquele incômodo latente quando a "criminosa", de certa forma, era ela? Mas, sim, como dito: Mesmo assim, abriu, devagar, ainda que com o risco de só deixar o embrulho de lado. Querendo ou não, ainda era uma experiência meio esquisita para si, afinal. — ...A gente tem que sair rápido. — Murmurou, balançando a cabeça em negativa. — Se perceberem, vai ser uma tragédia. — Pontuou, simples - e foi com esse incentivo que segurou o pulso da loira e voltou a descer pelos degraus, ligeira, no desejo de deixar aquela maldita dimensão para trás.

Não tinha certeza se as chaves que guardava eram, de fato, o que daria acesso ao outro lado do salão principal - porém, não descobririam se não tentasse e, particularmente, tinha curiosidade infame para o que existia no cômodo central daquela masmorra maldita. E como poderia não, levando em consideração o trabalho e obstáculos que haviam tido para pegar suas chaves, hm?

— ...Não fala isso. — Pediu, o olhar desviando com sutileza na direção da loira enquanto tentava inserir as chaves na fechadura para poder abrir as portas duplas. — ...Dá azar.

Sempre dava.

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Foi com um grande alívio que ambas viram tudo correr bem naquela agencia bancária gerenciada por Magnezone, abriam os pacotes onde encontravam um disquinho daqueles de golpes... mas como a etiqueta de identificação estava em mal estado, era difícil dizer qual era. as duas amigas enfim se dirigiam ao imenso portão que imaginavam ser a saída daquele lugar, conversando um pouco sobre seus anseios de que algo terrível as aguardava no salão principal

Natalie pensava com curiosidade a respeito o que o outro portão guardava... mas provavelmente mudou de ideia ao ouvir um estrondo vindo lá de dentro, o que acredito ter feito a dupla acelerar a abertura do portão, abriam mas um sol cegante as impedia de ver com clareza o que havia do outro lado... estavam prestes a atravessar a porta quando o som de algo grande se quebrando era ouvido atrás dela.

Se olhassem veriam o enorme portão arrebentado, Sombr ao chão, aparentemente havia sido lançado contra o portão com força suficiente para arrebentá-lo, ele notava a luz que vinha do portão aberto e se virava para as duas gritando em um tom urgente

-Vocês ainda estão aqui?? rápido! vão! e fechem o portão logo!

enquanto dizia essas palavras uma criatura quadrúpede, branca, com detalhes em preto, e uma espécie de auréola amarela em volta de seu torso surgia do portão arrebentado, tinha um jeito de quem estava furioso a julgar por sua expressão, com isso, creio que sombra não iria precisar repetir seu pedido


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Ao enfrentar o sol cegante, fechando o portão atrás de si, as duas se encontravam na pedra que consideravam seu refúgio, na ponta, junto ao mar, estavam vesões mais jovens de ambas, que sorriam, se divertindo, mas a cena mal pode ser aproveitada pois logo eram percebidas por si mesmas, e quando acontecia, lhe eram oferecido algo brilhante, que explodia em um clarão cegante as fazendo inclusive cair de costas... mas não foi o chão que suas costas encontraram, mas uma superfície macia...

Abriam então os olhos... apesar de não se lembrarem de o terem fechado, estavam em uma espécie de chalé... o sol entrava pela janela entre-aberta, um Hypno parecia estar tomando conta delas... e apesar de suas mentes ainda estarem meio zonzas, como quem acaba de acordar, fisicamente estavam se sentindo bem e descansadas... nesse momento um homem com um machado, e um balde de água entra, comentando provavelmente com o pokemon, mas percebendo as duas acordadas logo em seguida

-Aqui esta a água.... já trago a lenha pro fogão... precisa... olha só... acordaram... como se sentem? foram pegas em cheio por um raio no meio de uma tempestade! o que faziam por lá? mas ora, onde estão meus modos? sou Oliver, ofereço dicas e equipamentos para aqueles que pretendem se aventurar no deserto...


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Era isso.

Consegui sentir o corpo relaxar, como se já estivesse devidamente deitada sobre uma cama onde poderia relaxar sem preocupação. A postura já arqueava para frente, bem como pouco me preocupava com o estado físico que me encontrava: a dor nas mãos era grande, mas já tão intrínseca e contínua, que o corpo sequer mais fazia questão de arder suas feridas em atenção. Suspirei, exausta, enquanto erguia a cabeça do ombro de Natalie, observando-a terminar de girar as chaves na porta.

Mas dentre uma palavra e outra da ruiva, que me respondia, um enorme e estrondo barulho manifestou-se, ecoando por todo o saguão da mansão. As mãos, mesmo que machucadas, agiam rápido em tentar segurar as de Natalie e impedi-la de abrir prontamente a passagem, mas sem sucesso e sem saber, no momento, que era exatamente ali que deveríamos ir. Uma clara luz se manifestava com a abertura da porta, tão brilhosa e cegante que chegava a estremecer as pernas em susto: ergui o ante-braço para ao menos tentar ver algo dentre o campo de visão, porém sentia a retina arder em incômodo. Busquei o braço de Chase e, antes que pudesse sinalizar para corrermos na direção da luz - o que na minha concepção parecia o fim daquele pesadelo - um barulho surgiu atrás de nós.

O que viria a seguir as janelas cerúleas demorariam para compreender...

... Quiçá, jamais conseguiriam.

A figura já tanto vista em vitrais e livros religiosos espalhados pelo mundo tomava forma. Ali estava ele. Em carne e osso... Arceus. A magnitude e presença daquele ser etéreo era tão avassaladora que as pernas desistiam completamente de funcionar: caí sobre os joelhos com a boca aberta, enquanto tentava balbuciar algo incompreensível para Natalie. No chão, não muito longe do Pokémon e extremamente machucado, estava Sombra, parecendo ser sendo punido por algo, gritando aos quatro-ventos algo que meu cérebro não conseguia processar; era quase como se tivesse perdido completamente a propriedade da fala e compreensão diante de... Deus.

O extremo pavor e a raiva começavam a misturar-se dentro do âmago: já maldisse aquele Ser tantas e tantas vezes, que agora tinha certeza absoluta que não estava naquele mausoléu por acaso. Foi ele. Em mais uma punição, em mais uma "lição" a ser aprendida, como se já não tivesse tirado do íntimo tudo de bom que uma vez vivera ali. Simplesmente não sabia como reagir e isso era algo novo para o consciente... Oras, sempre tinha a resposta para tudo que apresentavam em minha frente, bom ou ruim. Mas isso? Não, a coragem para enfrentá-lo não existe. Não mesmo.

...

Desgraçado.

Aos poucos conseguia sentir os sentidos voltarem a mim. As pernas subitamente recuperavam as energias e erguiam-se novamente. Sem dizer uma única palavra, busquei o braço direito de Natalie e puxei-a comigo para dentro do clarão, somente para encontrar outra situação peculiar, assim que as portas fechavam-se atrás de nós.

— Na-natalie. — a mão direita descia pelo braço da ruiva, encontrando a sua esquerda e entrelaçando os dígitos; chamar a ruiva pelo seu nome era algo inerente à nossa relação — E-Estamos em... — faltava estímulo para terminar a frase — ...

Casa. Era exatamente isso que aquela rocha significava pra mim. Um pedaço de mineral que trazia consigo lembranças que não só faziam os olhos encherem de lágrimas, como também ver que, finalmente, estava junto da única pessoa que ainda amo no mundo. De um jeito ou de outro, aquele maldito lugar havia feito com que resolvesse toda mágoa que existia em relação a Chase e, honestamente, estar ali com ela significava fechar de vez aquele capítulo da minha vida.

As lágrimas escorriam enquanto a cabeça girava para encontrar tudo exatamente da maneira que lembrava: as marcas na pedra, sua conformação e os Mantine que sempre dançavam por ali. Os olhos arregalaram ao ver que, à margem, estávamos as duas. Mais novas. Mais puras. Antes do mundo terminar de nos ensinar da maneira mais cruel a amadurecer. Digo isso para mim, mas, pelo jeito que Chase se comporta, tinha certeza que a ruiva também teve a sua parcela de merda na vida.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, nossas contrapartes percebiam nossa presença. Ergueram suas mãos com algo brilhante sobre elas, que acabava explodindo em algo que nos fazia cair de costas. Os olhos cerraram em medo pelo impacto, mas... Espera. Algo ainda não estava certo. Ao invés de sermos jogadas contra a pedra, acabávamos caindo diretamente sobre uma superfície macia. Abri os olhos e, ao perceber que estava em outro lugar completamente diferente, levantei rapidamente, um tanto quanto zonza. A mão direita apoiou-se sobre a janela que recebia os raios solares enquanto os olhos observavam o redor: estávamos no que parecia um chalé, com um Hypno nos observando à distância.

— Wooper. — terminava de me levantar, observando Natalie na outra cama; voltei a fitar as mãos, que por sua vez pareciam curadas, bem como o corpo, que não mais estava coberto de sangue — Onde est-

A frase fora interrompida ao ver um homem adentrar o casebre, parecendo falar com seu Pokémon antes de perceber que estávamos acordadas. Minha expressão fechava-se por completo e ergui a cabeça em superioridade; havia visto em algum lugar que isso tende a deixar as pessoas um pouco desconfortáveis e, bom, sabe-se lá o que aquele homem queria com a gente ou se havia feito algo antes de nos colocar aqui... Tá. Talvez eu esteja com um pouco de estresse pós-traumático.

— Raio? — indaguei ao terminar de ouvir o rapaz apresentar-se e explicar o ocorrido — ... Tem certeza? — voltava meu olhar para Chase, tentando compreender o que estava acontecendo — Me chamo Karinna. — não tinha cabeça alguma após o turbilhão de emoções para tentar pensar em um nome falso para dar ao homem — Só me tira uma dúvida... Onde estamos exatamente?



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Não se lembrava da última vez que havia visto muita coisa além de uma escuridão sufocada pintando o manto celeste sobre sua cabeça ou, no mínimo, a penumbra e/ou iluminação artificial de uma sala vazia - quer dizer, de certa forma, a porta que guardava a realidade de Kalíope havia sido uma exceção à regra, óbvio, mas a questão é que: Não estava preparada, histórica ou fisicamente, para o brilho ofuscante que rasgou o ambiente quando as travas das portas cederam diante do girar das chaves que haviam obtido; Em reação involuntária, as pálpebras se apertaram na tentativa de defender a visão da prejudicial luminosidade, e um dos braços se desviou da maçaneta da porta para que pudesse servir de obstáculo à luz que tentava, aparentemente, incinerar suas córneas dentro das órbitas.

...Bem, talvez não fosse tão drástico assim.

De qualquer maneira, a incapacidade de enxergar não foi sua maior preocupação naquele instante, e sim o estrondo que ecoou junto ao ranger de suas dobradiças. Um arrepio inquietante escorregou imediatamente por sua espinha, e as pernas forçaram o recuo de dois passos no desejo puro e singelo de se precaver contra seja lá o que fosse sua origem - quando as pupilas se acostumaram com a claridade, porém, e encontraram as duas imagens que as esperavam no limiar do que esperava que fosse sua salvação e do que acreditava se tratar de um projeto do próprio inferno, entendeu, de repente:

Não estavam no Inferno, ou tampouco em sua versão.
Aquele, pobre amaldiçoada...
Aquele era o Paraíso.

Em contraste com a reação de outrora, quando o cérebro enfim foi capaz de compreender - ou algo próximo disso - o desenho estampado na tela corrompida à sua frente, os músculos e os pés travaram no lugar, indiferentes aos berros de suas células nervosas para que se retirasse dali o mais rápido possível. Um frenesi caótico se apertou e espalhou em suas vísceras, retorcendo-as em movimentações anômalas; Não obstante, a ruiva não demorou de sentir as garras gélidas que se arrastaram por sua espinha, lentas e debochadas, rasgando o caminho por onde passavam até que possuíssem liberdade para se agarrar à sua garganta, em aperto mórbido que sufocou-lhe e a fez expelir, de uma só vez, o ar armazenado em seus pulmões.

Ao subir no topo do Monte Pyre, rastejando pelas entranhas assombradas de seu cemitério vertical, havia chegado perto dos céus e sentido a brisa violenta que se sacudia no último andar que antecedia os portões do ser mais superior daquele universo; Se permitindo aspirar a tempestade e inebriar com a ensandecida visão do Rei que resguardava e originava a tormenta, não temeu e tampouco hesitou ao destronar o alado elétrico que dispersava seus trovões sobre a terra abatida da mórbida ilha, se impor diante de um dos Arcanjos-Guardiões que escondiam a presença de seu eterno Criador e, por ironia ou castigo, se viu atirada ao precipício do desespero que rasgou o caminho trilhado próximo à, minimamente, a memória de Luch (e, mesmo assim, os fantasmas daquela dimensão conseguiram insistir em tentar corrompê-la) e às convicções que possuía até então.

Jamais imaginou, porém, que tentar forçar a passagem através de uma das Espadas de Deus resultariam na fúria do próprio, que agora se impunha em carne, músculos e ossos para castigá-las por um destino que não deveria tê-la pertencido, concluiu. Um tremor incontrolável atingiu cada pequena parcela de seu corpo, se espalhando por cada membro e articulação, a força das pernas drenada enquanto sua carcaça ameaçava tombar ao chão diante da esmagadora aura enraivecida diante de si; Ao mesmo tempo, frígidos, os membros inferiores se mantinham quase estáticos, fincando-a erguida em acidental prepotência de quem se recusa a cair de joelhos, mesmo de frente para a sagrada figura descomunal do quadrúpede ancião.

Os berros de Sombra, infeliz ou felizmente, giraram em sua audição como um tolo zumbido insignificante; Em realidade, sequer se daria conta de sua presença, não fosse ele o único obstáculo entre o ensandecido dueto prisioneiro e o imponente detentor da criação. Em desespero quase sórdido, as pupilas ziguezaguearam pelo ambiente, finalmente dando-se conta da inexistência da loira que, até então, estava ao seu lado: Uma onda de terror assolou suas células, milésimos antes de aperceber-se de sua figura ao chão, ajoelhada, em estado catatônico - uma saliva seca desceu arranhando por sua garganta e, quando a Origem avançou outro ciclo de passos em sua direção, soube, não poderia continuar ali.

Foi com rispidez inimaginável que uma onda de adrenalina pulsou por suas veias. Um instinto de sobrevivência primitivo fê-la quebrar a barreira do terror que, até então, a travava no chão; Com brutalidade singular, a mão direita se fechou sobre o braço correspondente de Bley e, sem se dar ao luxo de pensar duas vezes, a puxou com agressividade para o único caminho que lhe parecia seguro naquele momento: Inconsequente, disparou para a luz cintilante que demarcava o vórtex de uma passagem que não tinha ideia do fim. Se perguntassem, não saberia dizer se obedeceu ao último pedido do serviçal a respeito de que fechassem o portão e, particularmente, não se importou quando a mudança da paisagem se desenhou no horizonte junto com o familiar odor de maresia que invadiu-lhe os pulmões em pancada invejável para o mais agressivo dos lutadores.

Sentir a areia fofa sobre os calçados e observar o retrato do lar não teria sido o suficiente para interromper sua fuga desesperada, não naquele momento - entretanto, suas réplicas joviais se encarregaram de fazê-lo. Incapaz de pronunciar ou sequer ouvir qualquer sílaba à si direcionada (não que houvesse importância nisso, imaginava), limitou-se em assistir, trêmula, quando a dupla estendeu em sua direção um pequeno globo luminoso; Arisca, os pés se arrastaram um passo para trás, tal qual um bicho feroz que sente, pela primeira vez, o gosto da liberdade - entretanto, foi tudo que pôde fazer, antes que o presente de Troia estourasse nas palmas das meninas e, inevitavelmente, o clarão que a ofuscou e a arremessou para trás fez com que o aperto se afrouxasse e soltasse do braço de Karinna, momento em que, involuntariamente, a deixou à mercê da própria sorte.

A consciência, porém, veio rápida - ou, pelo menos, teve a sensação de que o foi. Num movimento veloz, o tronco se ergueu da superfície macia que sentia, o temor repentino de terem voltado para cela de outrora lhe assaltando como a perfuração profunda de uma adaga afiada; O arrependimento, porém, veio com a vertigem que dominou seus sentidos tão rápido quanto - e o corpo se empurrou contra a parede mais próxima em busca de um apoio que não encontrou em seu próprio ser.

Lembrou-se, então, de Karinna: E foi quando os dedos se esmagaram nos lençóis, as unhas apertando contra o tecido que de nada tinha culpa naquele momento. Inseguros, os orbes acinzentados bailaram pelo cômodo, confusos, a respiração alterada como a de selvagem em cativeiro, o peito subindo em descendo em ritmo compatível, a insânia esquizofrênica ameaçando escorrer para fora de suas íris foscas e dominá-las.

Então, encontrou o pêndulo.

Pendurado por um fio nos dedos de um Hypno, à primeira vista, não teve grandes significados - entretanto, tal como um metal atraído pelo magnetismo de um ímã, as pupilas não foram capazes de escapar daquele captor inesperado, seguindo religiosamente os movimentos vagarosos do objeto. Arrombando uma memória antiga e esquecida, a situação fez com que as pálpebras caíssem, devagar, até que se mantivessem quase que completamente cerradas; Ameaçando indícios de epilepsia, o corpo tremeu, como que afligido por nevasca amaldiçoada cujo alvo era uma pessoa só.

Discretas, as pernas empurraram-na mais contra a parede em que encontrava apoio, as unhas se fechando contra a roupa de cama e ameaçando rasgá-la se encontrasse oportunidade. Não respondeu ao homem que havia entrado, ou mesmo à Karinna - em realidade, a consciência sequer tinha se dado conta de suas presenças, o que poderia chegar a ser cômico, considerando que o desejo pela companhia da loira fora seu primeiro impulso para quase saltar do aconchegante móvel do quarto.

...

Quando o Paraíso se fragmenta, quantos passos são necessários para se atingir o Inferno?

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Ás margens do deserto
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Natalie parecia acuada enquanto Karinna indagava onde exatamente estavam... eram observadas com preocupação pelo homem simples. a loira experimentava suas mãos... não estavam exatamente curadas, mas ao menos tratadas, e não sentia mais tanto incomodo ao fechá-las, estavam enfaixadas. o homem pegava um banco de madeira, aproximando das camas, Hypno dava espaço ao homem para falar com as duas

-Já cortei a lenha... você traz pra gente ascender o fogão amigo?

ao receber uma resposta positiva do pokemon, em forma de aceno ele se sente e começa a falar com as duas jovens que havia acolhido e cuidado

-Bom vocês estão na minha cabana, ela fica nas margens do deserto da rota 111, 10 minutos de caminhada do lago onde eu encontrei vocês... eu tinha ido com Hypno buscar madeira para lenha, a noite foi bem fria... estavamos voltando para cá quando vimos vocês duas serem atingidas por um raio... provavelmente foi sorte não estarem em pé... po poderiam ter batido a cabeça em alguma daquelas pedras e tido algo mais sério...

falava de forma calma, parecia preocupado com as duas... principalmente a ruiva que até então não havia se pronunciado, dava uma pausa para que absorvessem a notícia para então continuar

-Olha, tem um banheiro saindo á esquerda se quiserem tomar um banho, pode fazer bem... enquanto isso devem estar com fome... vou preparar o café da manhã... AH!... tome, é bom pelo menos trocar os curativos. Seus pertences estão ai em cima do criado-mudo...

Oliver então se ocupava da refeição, tentando deixar as duas treinadoras o mais a vontade quanto o pequeno chalé permitia... em pouco tempo o cheiro de uma boa refeição, apesar de simples atiçava a fome de ambas...


PROGRESSOS DA ROTA - Karrina :

PROGRESSOS DA ROTA - Shianny :


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Algo não estava certo. Digo, não em relação ao homem ou seu psíquico, já que não pareciam ameaçadores de maneira alguma, mas a atitude acoada de Natalie assim que meus olhos tornavam a fitá-la fazia as sobrancelhas cerrarem em confusão. Será que encontrar Deus fizera com que ficasse dessa maneira? Ou será que encontrar seu passado fora demais para seu consciente? Muitas perguntas que, honestamente, não poderiam ser feitas na frente daquele desconhecido. Por mais que tenha sido simpático, o desconforto de Chase era gritante e sua linguagem corporal era, para dizer o mínimo, esquisita.

... Será que aquele homem havia feito algo?

Ou algo aconteceu em sua mente quando não estava presente?

Não faço ideia.

As janelas cerúleas imediatamente cerraram em fúria e os pés moveram-se em passos largos até a cama que Natalie acoava-se. Sentei, apoiando o tronco sobre meu braço direito; inclinei a cabeça e as madeixas soltas terminavam de esconder o rosto para que Oliver não pudesse ver a expressão estampada no meu rosto. Estendi a mão esquerda até o rosto da ruiva, retirando os longos fios da franja que recobria suas orbes acinzentadas, fitando-os por alguns segundos. Era um juramento mais do que selado cuidarmos uma da outra e não podia deixá-la ficar aterrorizada dessa maneira.

— Ei... — suavizei a quase inaudível voz — Se não está confortável, vamos embora. — acariciei a bochecha da ruiva, descendo até encontrar seus dígitos desesperados segurando o lençol como se sua vida dependesse disso — Está tudo bem. Seja lá o que for, eu vou te proteger. — um sorriso tranquilo manifestou-se, completamente alheio à situação que a ruiva se encontrava, afinal, Chase não havia se aprofundado no que havia tirado-a de Olivine tantos anos atrás, quiçá nem a própria sabia de fato — Olha pra mim. — mexia o rosto para tentar acompanhar o olhar da ruiva — Vamos. Confie em mim.

Levantei em pressa, buscando ambas bolsas no criado-mudo sinalizado pelo rapaz. Posicionei a bolsa de Chase e apoiei-a no ombro contrário ao que segurava meus pertences. Então, busquei a esfera de Alakazam, segurando-a com força e voltando minha atenção para o rapaz e seu Pokémon uma última vez.

— Obrigada pela hospitalidade, mas nós já vamos. — o olhar sério e a Pokéball na mão deixava bem claro que a frase era um aviso, quase que uma ameaça subentendida; talvez o rapaz não entendesse o porquê da repentina mudança de humor, mas não precisava -- o importante era o bem-estar de Natalie — Vamos, Wooper...

O pavor estampado no rosto de Chase incomodava o íntimo em sua parte mais dolorosa: tratava-se exatamente do vazio catatônico que assolara meu ser minutos atrás ao ver Throh diante de meus próprios olhos. Sabe-se lá o que havia engatilhado-a dessa maneira, mas não era meu lugar perguntar, não com seu emocional perturbado dessa maneira. Tudo que podia tentar fazer era tirá-la dali o mais rápido possível.

— Só precisamos sair por aquela porta e estaremos longe daqui. — tornava a olhar para Natalie, posicionando a mão livre sobre seus dedos — Não existe mais mansão, Sombra, Arceus, nada. Tudo ficou para trás. Estamos vivas. — era um tiro no escuro mencionar o que acontecera há pouco tempo, mas era tudo que tinha em mente para tentar confortá-la — E juntas. Mais uma vez. — o terno sorriso surgiu novamente — Não tem nada aqui para te machucar. E mesmo se tivesse, eu não deixaria que o fizesse. — ergui a mão, estendendo o mindinho na frente de nossos rostos — "Protegeremos uma a outra, custe o que custar", lembra?


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Bônus:
- Especialista II Psychic;
- Gestora Rocket:
- Skill Rocket: Queimando a Largada! (+3 Atk; +3 Sp. Atk para Pokémon em batalhas);
- Skill Rocket: Aprendizado Prático. (20% a mais de EXP em batalhas durante uma Missão Rocket);




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E, como se o regente do universo optasse por dar ouvidos à um clamor mudo e inconsciente, outra vez, a escuridão se dava ao luxo de cobrir os orbes enevoados, discreta e pessoal como a mais íntima das companhias. Não entenda mal: Em momento algum a ruiva se permitiu cerrar por completo as pálpebras, e tampouco teve de lidar com algum tipo de desfalecimento abrupto - porém, seguindo fielmente o balançar do pêndulo domado pelo psíquico alheio, as pupilas escorregavam para uma realidade em que o próprio corpo não se encontrava: Um passado aflito de sombras duvidosas se esgueiravam pelas vísceras d'uma alma atormentada, fazendo despertar pesadelos há muito adormecidos nas profundezas até mesmo mais pífias de seu ser.

Via, mas não realmente enxergava; Uma maré confusa de sentimentos embargava-lhe não só as vistas, como também o coração - um arrepio inquieto percorria por toda a sua coluna, deslizando em roçar gélido que fazia-lhe estremecer e encolher-se contra o móvel que repousava e a parede na qual se empurrava, em tentativa inútil de permanecer sã. Tal como há pouquíssimo tempo, viu-se arrastada para um momento de memórias distantes, mas não por culpa de alguma influência exterior, desta vez, e sim pela influência de um gatilho que sequer tinha consciência de estar preparado.

"Come, little children...", foram as palavras ecoadas na mente perturbada. Não identificou sua motivação, ou mesmo o por quê; As palavras dóceis, até hipnotizantes, deslizavam em baile sensual por suas células nervosas, distorcendo-se em guinchos arrastados a cada centímetro que percorriam sem interrupção. Em resposta, os músculos retesaram-se, trêmulos, e o corpo se encolheu em si próprio - não se deu conta, inicialmente, da loira que se aproximava. Vagarosos, os orbes cinzentos seguiram a circunferência metálica quando ela não só se permitiu balançar, mas também vagar pelo cômodo...

Lutando contra o próprio desejo, os membros ameaçaram seguir a figura indistinta: Encontraram, porém, o obstáculo do corpo da companheira, agora prostrado praticamente sobre si - um sobressalto espontâneo se refletiu em seus ombros quando a ruiva recuou mais uma vez, a atenção se desfocando da saída da cabana e volvendo na direção da loira, um repentino ar perdido se agarrando nas janelas d'alma enquanto o despertar da consciência mostrava os sinais de sua existência. Um franzir de cenho veio automático, discreto, e os orbes vagaram pelo ambiente, incertos, o cérebro tentando compreender a situação em que estavam metidas - e então, deu-se conta da agitada e incômoda respiração que os pulmões nervosos forçavam-lhe a induzir.

A cabeça balançou de um lado para o outro por um momento, brusca, as pálpebras se apertando como que em uma luta da sanidade para poder tomar as rédeas de tão anômala ocasião. Dispersas, as pupilas passearam pela imagem da monotreinadora, justo quando ela se impunha contra o aparentemente amigável (pelo que pôde concluir, num rápido vislumbre) homem relaxado sobre uma das cadeiras do... ...Chalé?, se questionou, ao olhar em volta mais uma vez. Não teve muito tempo para pensar sobre, porém, quando a loira a bordou, mencionando sobre tudo ter ficado para trás - o olhar passeou pelas mãos próximas, e os dedos se movimentaram, sutis, para conseguirem se entrosar aos seus.

...Piscou.

— ...Onde estamos? — Arriscou perguntar, a sensação incômoda de letargia e vertigem abatendo-a como um pássaro em voo. — Que lugar é esse? — Questionou, baixo, como se não tivesse ouvido uma única palavra dita até então - e talvez, de fato, poderia não tê-lo feito. As pálpebras se apertaram mais uma vez, e a palma livre se aproximou para esfregar o rosto, lenta, a respiração indo e vindo como uma tentativa singela de se manter no controle, após ter de lidar com todo o caos passageiro. A ruiva piscou diante do mindinho estendido, e um breve inclinar de cabeça foi o suficiente para que entrosasse o próprio ao oferecido, manso, um sorriso vago pincelando os lábios - quando, enfim, seu íntimo aceitou que a presença não era mais um simples demônio que perturbaria suas noites de insônia.

...Mesmo assim, optou por não se retirar dali, naquele momento - apesar de que tinha dúvidas de que suas pernas trêmulas aguentariam, se o houvesse feito.

— ...O que aconteceu? — Insistiu, pouco antes de sentir o odor reconfortante do café da manhã sendo preparado... E, infelizmente, tudo o que sentiu foi o estômago se revirar diante da ideia de botar qualquer coisa pra dentro, um enjoo repentino se agarrando à garganta e, mais uma vez, uma respiração profunda foi necessária para conter os reflexos que o corpo tentava obrigá-la a realizar. — ...Um deserto? — Murmurou, de repente, quando os orbes cinzentos encontraram o mar de areia na janela lateral. — ...Tinha um deserto por aqui? — Deixou escapar, perdida. Já nem bem se lembrava de onde tinha saído antes de encontrar com a monotreinadora, para falar a verdade...

...Como sua realidade podia se destoar tão rápido quanto o fazia?

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O amanhã é efeito de seus atos. Se você se arrepender de tudo que fez hoje, como viverá o amanhã?
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