[Mahogany] Memórias

The yesterday is today

Mahogany Town

Emily abraçou seu irmão com força ao ver a cena, lágrimas a escorrer silenciosamente por suas bochechas. De fato, Mahogany trazia à tona muitas memórias; inclusive de formas que o jovem Thomas nunca imaginara. A ruiva parou para ouvir o rapaz, e quando este terminou, ela não pôde deixar de sorrir, animada.

— É uma ótima ideia, Thomas. Sienna nos pegou de surpresa, com a reconstrução, mas... — ela hesiotu, antes de continuar a falar, como que procurando as palavras corretas. Não queria passar pelo infortúnio de expressar-se de maneira inadequada. — Acredito que tudo aconteceu visando o melhor, dentro do possível.

— Hoenn foi uma experiência libertadora, para mim. Mas acho que está na hora de encarar tudo com mais... Seriedade? Não sei. — disse ela, vagamente, um pouco perdida em seus pensamentos. Então, seu olhar se encontrou nos olhos do moreno. — Mas de uma coisa eu tenho certeza. Quero fazer as coisas diferente, agora. Quero estar ao seu lado.

E com essa feliz declaração, Illíada tossia, aparentemente em choque. Ela chegara bem a tempo de ouvir Emily falando estas últimas palavras, e parecia estar um pouco confusa. — Ah... Olá... Sou Illíada. — a amante de psíquicos dissera meio sem jeito, olhando para a cena. Emily deu uma boa olhada na garota, e soltou uma bufada de divertimento. Parecia ter lido as entrelinhas, rapidamente apercebendo-se do que estava acontecendo.

— Ah, então é você. Bonita. Sou Emily, irmã de Thomas. — e com isso, a jovem de cabelos róseos ficara tão vermelha quanto as madeixas da Wilkerson. Elas pareciam ter tido um rápido entendimento de olhares, que apenas as mulheres têm. Vai saber. — O-Oh, entendo. Por-por que vocês não vêm tomar café? Imagino que Ralts esteja com fome, também. — fora a única coisa que conseguira dizer, já pedindo para segurar seu pokémon no colo, que parecia igualmente confuso.

The yesterday is today

Mahogany Town

— A-Ah, sim... Desculpe, apenas me distraí um pouco. — respondeu a jovem, ainda um pouco hesitante. Thomas conseguia ser ainda mais denso que ela. Não era um feitio que ela via todos os dias. Mas bem, ela tentava disfarçar, ainda assim. — Hum... Venham tomar café, as coisas vão esfriar...!

Bem, caso aceitassem a proposta, logo iriam comer. Emily e Illíada foram conversando na frente, deixando Thomas sozinho atrás. É, nem parecia que uma era a irmã há muito não vista, e a outra, a garota com a qual o jovem passara uma grande quantia de tempo desde que chegara à Mahogany. Elas iam se soltando aos poucos (no caso, apenas Illíada. Emily já fora bastante espontânea, desde sempre), rindo e gesticulando.

A refeição estava muito caprichada, e parecia que as cozinheiras haviam se esforçado bastante, dessa vez. Não que não tivessem nas outras, mas agora... Pães caseiros e sucos, iogurtes de leite de Gogoat, berries variadas, e claro, a enorme pilha de panquecas com calda. Algo me dizia que as panquecas tinham dedo de nossas amiga aqui. Os voluntários todos pareciam aprovar o cardápio.

Foi bom. Um sentimento de felicidade geral criou-se no ambiente, com o bom humor de todos. Lembrava um pouco uma festa de boas vindas aos recém-chegados. Injusto, talvez, pensar que Thomas não recebera uma dessas, mas bem, para quê prender-se no passado enquanto há um presente incrível para se aproveitar?

No entanto, não era apenas isso. Tinha algo a mais. Sempre tinha. E esta coisa a mais não era tão agradável assim. Em um momento em que todos estavam distraídos, a entusiasta de psíquicos puxou o moreno pelo braço, para conversar. — Thomas, eu... Eu tenho que te contar algo. — proferiu, olhando diretamente para as pupilas do rapaz.

— Eu estou partindo. Vou voltar para Sinnoh. Agora, assim que terminarmos o café. — seu aperto começou a ficar mais forte, a mão agarrada ao braço do jovem. — Eu só... Obrigada por tudo. Foi incrível passar esse tempo com você. Irei guardar nossos momentos aqui para sempre, dentro de meu coração.

E então abraçou Thomas. Ficaria ali por mais um tempo, esperando por uma resposta dele — ou respeitando seu silêncio. De qualquer forma, logo sairia do lugar, para pegar suas malas e não perder seu transporte. Depois de um tempo, Emily notou a ausência dela, aproximando-se do irmão. — Cadê aquela sua amiga?

E então, antes que ele pudesse responder, pareceu sentir algo no ar novamente, agindo então como se já soubesse de tudo. — Entendo. Não se preocupe, Thomas. Vai dar tudo certo. Por que você não me mostra como limpar as ruas? Estou cansada de ver tanto entulho nessa cidade! — disse então, tentando animar o jovem Wilkerson. Emily era determinada e repleta de vigor, então provavelmente faria seu trabalho como uma mestra.

Dito e feito. A ruiva simplesmente arrasou no negócio. Depois de pouquíssimo tempo, estava limpando ruas no tempo em que Thomas levava para pensar em levantar uma rocha. Era bom ter alguém assim por perto, otimista e ativo, tentando sempre deixar as coisas animadas. Isto é, ainda mais depois que você "perdeu" mais uma pessoa...

Os dias passaram agitados. Eles trabalhavam todos os dias, lutando para restaurar seu amado lar. Thomas começava a receber tarefas mais leves, uma vez que, mesmo não estando a queixar-se, os voluntários sabiam que as dores físicas não eram lá tão fáceis assim de lidar. Além disso, os novatos podiam dar conta do serviço que o moreno vinha fazendo até então, apesar de já não ser mais tanto.

Aos poucos, Mahogany tornava-se inteira novamente. Mas será que os irmãos ficariam o bastante para vê-la restaurada por completo? Não sei. Afinal, um dia Emily chegou em seu irmão com uma notícia. — Ouvi dizer que amanhã, um helicóptero passará para buscar os voluntários que querem voltar para Hoenn. O que acha? Você disse que tinha que resolver mais algumas coisas lá, não?

The yesterday is today

Mahogany Town

Provavelmente, o jovem Wilkerson passaria todos os dias seguintes pensando incessantemente no dia que fora citado nos posts acima. O reencontro de sua irmã, o surgimento de novas esperanças, e é claro, o beijo. Um simples selar de lábios, mas ainda assim, tão marcante. Uma imagem que nunca seria esquecida. Ah, os vigores e inocência da doce juventude.

A jovem retribuira, de início assustada, mas logo, mais tranquila. Com um sorriso tímido, deixou seus pokémon dizerem adeus antes de partir para sempre. Sem segundos beijinhos, desta vez. Quer dizer, só se você considerar que Bronzor, enfiando seu rosto no abdômen de Thomas, estava beijando o rapaz, após Ralts dar seu último bump.

Até nunca mais, Illíada.

Mas é claro que ele não poderia ficar preso na expectativa de memórias, acontecimentos já passados. Conforme o tempo foi passando — agora sem nenhuma possível paquera — Thomas deveria ir começando a olhar para frente, pensar no futuro. Mahogany, Johto, Hoenn. Alternativas, escolhas, desejos. O que ele faria? Qual caminho traçaria?

Aparentemente, antes de tudo, precisava acertar suas pendências. Mas não sozinho. Desta vez, Emily estaria junto. Ela não deixaria seu irmãozinho escapar-lhe tão facilmente assim. — Nunca mais. — ela diria, embalando Thomas em um abraço logo depois. Ele fizera uma promessa, e pretendia cumpri-la.

E da mesma forma que chegou, a ruiva foi embora. Por meio de um pássaro metálico (não, não é você, Skarmory) com hélices. Assim que chegasse a hora, Thomas e Emily entrariam no helicóptero, rumo à Sienna. Por enquanto, era um até mais para sua querida cidade natal.