Arrisco dizer que é perigosamente tênue o limiar que divide o temor pelo desconhecido, do vazio que escorre diante do desespero inquieto que é capaz de se abater sobre uma existência que acredita se encontrar em desvantagem sórdida em um ambiente que nada mais é além de uma grande e antiquada incógnita construída na base de mármore e rocha. Levando isso em consideração, não se é possível afirmar que se trata de um fato muito surpreendente o sobressalto instantâneo que se abateu sobre seu corpo, em frieza mórbida, quando uma única saraivada de golpes se mostrou suficiente para praticamente eliminar os dois companheiros que havia arremessado em campo e, não obstante, também haviam ferido brutalmente os psíquicos cujas ações eram orquestradas pela monotreinadora.
Com vagarosidade impressionante e quase invejável, os ombros caíram, enquanto os orbes cinzentos vigiavam silenciosamente o corpo largado do venenoso e o extremamente fragilizado do espécime gelatinoso, que tremulava em reação inevitável aos ferimentos que se desenhavam sobre seu corpo, resultado direto das rochas e energias arremessadas sobre o lado aliado do campo - a respiração fraquejou diante do cenário sanguinolento e, com suavidade, a cabeça pendeu em milímetros para o lado oposto, enquanto sentia o corpo de Karinna apoiado sobre o seu e, então, observou-a quando a loira se afastou para se aproximar e cuidar do gramíneo nocauteado.
A atitude foi como um estalar de dedos em sua consciência; As pálpebras caíram, suaves, semicerrando-se quando o pescoço desentortou, o queixo apontando na direção do firmamento por um breve instante quando a cabeça pendeu para trás, um suspiro escapando da garganta e os braços pendendo, sem força, nas laterais do corpo - as recordações vieram num bailar amigável das ondas, arremessando-a mais uma vez para o período em que o Monte Pyre era uma das únicas e mais realísticas preocupações.
Nesse momento, o sorriso se desenhou no rosto, singelo, discreto - genuíno, embora afetado.
— ...Chega, Kaleo. — Disse, sem mais nem menos, o rosto pendendo para frente mais uma vez, a franja escapando para cima dos óculos e bagunçando-se pelo vento, os músculos relaxados após tanto tempo tensionados e, então, uma calmaria indiferente estampava-se no rosto, alheia à agitação imediata e ansiedade da loira, que se expressava em berros e provocações impensadas contra os poderosíssimos novos guardiões que se impunham para travar seu caminho mais uma vez. — Ariel, é hora de se divertir um pouco. — Fez a substituição do psíquico, um sorriso diminuto brincando no canto dos lábios quando a ideia de que a besta marinha finalmente teria espaço para se movimentar a atingiu. — E você, Rotom. — Acrescentou, virando o rosto de lado para espiar o fantasma, indicando a arena improvisada que se desenvolveu à frente. — Chega de ficar só assistindo. — Decretou, virando o queixo mais uma vez na direção do trio, a seriedade subversiva se apossando por completo do temor que anteriormente fazia tremer os músculos e a expressão. — Pro lugar de Vileplume, já. — Ordenou, estalando o pescoço ao movimentá-lo com certa brusquidão de um lado à outro. — Vocês dois, vamos fazer um inferno elétrico nesse lugar. — Instruiu, um pequeno sorriso perverso brincando nos cantos dos lábios, como se um dos tantos demônios que sussurrava em seus ouvidos finalmente houvesse (ou estivesse perto de) vencido uma batalha maldita de cabo de guerra. — Thunder Wave. Rotom, Solrock e Banette. Ariel, Lunatone. — Foi o que disse, simples e somente, os braços se cruzando com delicadeza irônica em frente ao próprio peito, os ombros se mexendo em movimento circular em um alongamento desnecessário, realizado meramente para matar tempo.
Pelo visto, aquela oportunidade seria tão árdua quanto a travessia pelo cemitério vertical; Talvez até mais, considerando que da última vez seu dócil dinossauro arroxeado havia, majoritariamente, dado conta do frenesi estático que brilhava e eletrocutava cada um dos elementos responsável por compor a estrutura das vísceras do Monte e, no coração daquelas ruínas, não tinha capacidade ou possibilidade de gozar da mesma, huh, sorte, por assim dizer.
Pois muito que bem - se tivesse de atravessar aquele inferno enquanto arrastando cada uma daquelas existências distorcidas para fora de seu caminho, não teria motivos para desistir antes de esgotar todas as suas forças, não é? Não quando já tinha ido tão longe, não quando já tinham passado por tanta coisa.
Não se pode esperar escavar um tesouro sem passar pelos tormentos que o rodeiam, huh?
Com vagarosidade impressionante e quase invejável, os ombros caíram, enquanto os orbes cinzentos vigiavam silenciosamente o corpo largado do venenoso e o extremamente fragilizado do espécime gelatinoso, que tremulava em reação inevitável aos ferimentos que se desenhavam sobre seu corpo, resultado direto das rochas e energias arremessadas sobre o lado aliado do campo - a respiração fraquejou diante do cenário sanguinolento e, com suavidade, a cabeça pendeu em milímetros para o lado oposto, enquanto sentia o corpo de Karinna apoiado sobre o seu e, então, observou-a quando a loira se afastou para se aproximar e cuidar do gramíneo nocauteado.
A atitude foi como um estalar de dedos em sua consciência; As pálpebras caíram, suaves, semicerrando-se quando o pescoço desentortou, o queixo apontando na direção do firmamento por um breve instante quando a cabeça pendeu para trás, um suspiro escapando da garganta e os braços pendendo, sem força, nas laterais do corpo - as recordações vieram num bailar amigável das ondas, arremessando-a mais uma vez para o período em que o Monte Pyre era uma das únicas e mais realísticas preocupações.
Nesse momento, o sorriso se desenhou no rosto, singelo, discreto - genuíno, embora afetado.
— ...Chega, Kaleo. — Disse, sem mais nem menos, o rosto pendendo para frente mais uma vez, a franja escapando para cima dos óculos e bagunçando-se pelo vento, os músculos relaxados após tanto tempo tensionados e, então, uma calmaria indiferente estampava-se no rosto, alheia à agitação imediata e ansiedade da loira, que se expressava em berros e provocações impensadas contra os poderosíssimos novos guardiões que se impunham para travar seu caminho mais uma vez. — Ariel, é hora de se divertir um pouco. — Fez a substituição do psíquico, um sorriso diminuto brincando no canto dos lábios quando a ideia de que a besta marinha finalmente teria espaço para se movimentar a atingiu. — E você, Rotom. — Acrescentou, virando o rosto de lado para espiar o fantasma, indicando a arena improvisada que se desenvolveu à frente. — Chega de ficar só assistindo. — Decretou, virando o queixo mais uma vez na direção do trio, a seriedade subversiva se apossando por completo do temor que anteriormente fazia tremer os músculos e a expressão. — Pro lugar de Vileplume, já. — Ordenou, estalando o pescoço ao movimentá-lo com certa brusquidão de um lado à outro. — Vocês dois, vamos fazer um inferno elétrico nesse lugar. — Instruiu, um pequeno sorriso perverso brincando nos cantos dos lábios, como se um dos tantos demônios que sussurrava em seus ouvidos finalmente houvesse (ou estivesse perto de) vencido uma batalha maldita de cabo de guerra. — Thunder Wave. Rotom, Solrock e Banette. Ariel, Lunatone. — Foi o que disse, simples e somente, os braços se cruzando com delicadeza irônica em frente ao próprio peito, os ombros se mexendo em movimento circular em um alongamento desnecessário, realizado meramente para matar tempo.
Pelo visto, aquela oportunidade seria tão árdua quanto a travessia pelo cemitério vertical; Talvez até mais, considerando que da última vez seu dócil dinossauro arroxeado havia, majoritariamente, dado conta do frenesi estático que brilhava e eletrocutava cada um dos elementos responsável por compor a estrutura das vísceras do Monte e, no coração daquelas ruínas, não tinha capacidade ou possibilidade de gozar da mesma, huh, sorte, por assim dizer.
Pois muito que bem - se tivesse de atravessar aquele inferno enquanto arrastando cada uma daquelas existências distorcidas para fora de seu caminho, não teria motivos para desistir antes de esgotar todas as suas forças, não é? Não quando já tinha ido tão longe, não quando já tinham passado por tanta coisa.
Não se pode esperar escavar um tesouro sem passar pelos tormentos que o rodeiam, huh?