[Missão] Um passo nas negociações...

Laranjinha e Acerola

Sexta-Feira - 20:15 p.m.

Aos poucos a situação envolvendo a Escola, seus alunos e o submundo de Rustboro começava a se construir. Não eram apenas desavenças, roubos ou algazarras, mas sim um esquema criminoso que faz vítimas fatais, dentro do próprio esquema inclusive. Afinal, a morte do jovem pode ter sido um resultado direto do golpe da Ambipom sobre o veículo, mas indiretamente também tem como causa todo o caminho que ele teve de traçar para se tornar um criminoso e encerrar sua vida de forma tão abrupta e violenta.

Enquanto o Cadete refletia sobre tudo isso, estavam levando embora sua testemunha e praticamente, foco principal da Missão, a Acerola. Era compreensível que a Polícia quisesse surrupiá-la, pois era peça-chave sobre as tais gangues violentas. Isso sem contar os que gostariam de eliminá-la. É preciso pensar nisso... Sendo assim, Ayzen e seus Pokémon deram um jeito de despedir-se do Investigador e correu até a ambulância, afirmando que iria acompanhar a menina. É óbvio que o Policial não gostou nada disso.. — Ela é uma testemunha de um cenário de homicídio. Mas iremos colaborar com a investigação dos Ranger, mas isso aqui é mais importante! — Afirmou o Policial, já fazendo menção para a paramédica fechar a porta da ambulância.

De certo modo, o Policial tinha razão sobre a prioridade de importância do caso em relação ao caso da Escola. Ao menos superficialmente falando, mas Ayzen sabia que tinha muito mais coisas por baixo de tudo isso e talvez a Polícia não tivesse sensibilidade para chegar a este foco. Contudo, antes que pudesse insistir mais, quem apareceu por trás do Ranger foi o Investigador Clémont, que falou alto e de surpresa com o rapaz, provavelmente seu subordinado.

— Ei Nash, não fique se gabando tanto. Esse Ranger cuidou de três caras de uma vez. Quando você conseguiu fazer isso? Leve ele contigo, nem que seja como acompanhante. Duas mentes podem pensar melhor do que uma, interrogue-o também, tenho certeza que ele nem se importará... — Disse rispidamente o homem, dando umas batidinhas nas costas de Ayzen até que deixassem ele entrar na ambulância. Ali, ele se acomodaria em um espaço apertado junto de Nash e a Paramédica, além de Acerola, deitada na maca. Inclusive, poderia ser impressão, mas ele pode ver por um segundo a garota com um dos olhos abertos o encarando e com um sorriso bastante maroto em seu rosto... Enfim, seguiam para o Hospital em silêncio e podia ser um bom momento para conhecer melhor o tal Policial. O que o Cadete faria? ◄

Laranjinha e Acerola

Sexta-Feira - 20:35 p.m.

Após a intervenção de Clémont, Ayzen havia ao menos conseguido acompanhar a semiconsciente Acerola até o Hospital. Durante os primeiros minutos de viagem, o silêncio era o único presente naquele recinto móvel. Entretanto, o Cadete Kitshomo resolvia quebrar o gelo e puxar assunto com o Policial Nash, que o encarava com um olhar sério e as pernas cruzadas, além da mão próxima do coldre de maneira intimidadora — Bem, eu não faço ideia sobre sua missão. Mas aparentemente sim... — Disse o Policial, bem secamente. Em seguida, ele encarou a garota por algum tempo e depois dirigiu-se à paramédica — Ela não vai morrer, né? Então dá um tempinho pra gente

Com a frase, a mulher resolveu erguer-se muito a contragosto e foi lá para frente, junto do motorista, fechando a passagem que levava até a parte de trás da ambulância. Agora à sós, Nash dobrou as costas para frente, debruçando-se sobre a garota para falar mais próximo de Ayzen — A gente não trabalha aqui com Missões, ok? São casos. E este é muito mais do que um caso... Além de desmantelar um puta esquema desses desgraçados, eu ainda posso ganhar uma bela Promoção! Então, não vamos estragar tudo. Ok? — Terminou de falar, dobrando novamente as pernas e encarando Ayzen, com um sorriso indescritível.

— Chegamos! — Afirmou a paramédica, abrindo um compartimento na porta e fechando-o novamente. A ambulância parou e então os dois lá da frente saíram e abriram a porta traseira, retirando a maca com Acerola para levá-la até o atendimento de emergência — Ok, vocês dois esperem na Recepção. A gente vai chamar vocês quando ela puder receber visitas... — Afirmou o médico, levando Acerola. Restava então para os dois agentes da lei sentarem-se na sala de espera e... Aguardarem. Nash não parecia querer ficar perto de Ayzen, então sacou um cigarro e afastou-se sem falar nada, acendendo-o. Enquanto isso, o PokéNav do Cadente tocava... Era o Diretor. O que ele queria? Será que valhia a pena atender agora? O que o Ranger fará enquanto aguarda? ◄

Laranjinha e Acerola

Sexta-Feira - 20:50 p.m.

A Adrenalina do momento ainda deixava Ayzen um tanto "perturbado", afinal não era todo dia que um Ranger enfrentava o pior do Caos Urbano. Vidas foram perdidas naquele dia, assim como provavelmente já estavam sendo perdidas e ainda iria de se perder. Se não era possível resolver todo o problema do mundo, o que havia de errado em tentar "conter danos", tanto quanto for possível? Era isso que o Cadete não deixava de pensar, apesar de sentir-se preocupado com o rumo que tudo aquilo levava. Drogas? Ilegalidade? Qual seria o limite de Acerola e seus amigos?

Se não bastasse a espera irritante pela qual tinha que passar, ainda tinha a insistente ligação do Diretor em seu PokéNav. Se pudesse evitá-lo certamente o faria, mas a verdade é que ele quem o chamou ali. Ou melhor, chamou os Ranger ali, então ao menos merecia uma atenção. Foi por isso que Kitshomo atendeu — Ah! Olá... Olá.. Boa Noite... Eu.... Só queria saber se está tudo bem e se a menina falou alguma coisa de mim. Sabe, esses alunos mentem bastante. Eles tentam de tudo para sair como os corretos. Então, se ela falar alguma coisa, não considere... É besteira, o fato é que esse tal Baile Funk está acabando com a Escola. Precisamos pará-lo o quanto antes. E bem, conte comigo para ISSO. Certo? Agora, tenha uma boa noite, perdão pelo incômodo — Falou o Diretor, quase em um monólogo, dando apenas chances de fala na hora de desligar.

Enquanto isso, uma enfermeira vinha chamar a atenção de Ayzen, dizendo que Acerola estava pronta para receber visitas se tivessem cuidado ao interrogá-la. Nash, que estava do lado de fora, ouviu isso e aproximou-se rapidamente, já mostrando o distintivo e passando na frente de Ayzen para ver a garota. Certamente ele queria ser o primeiro. O Ranger ainda precisava desligar a ligação e seguir o Policial até o quarto, se não quisesse "ficar para trás", mas quando observasse o final do corredor, veria um rastro vermelho e amarelo bastante familiar passando de um lado para o outro. Provavelmente era um Pokémon, mas não era uma Chansey ou algo parecido. O que ele faria então? Ficaria conversando com o Diretor, iria até Acerola com Nash ou daria uma espiada no rastro estranho que passou? ◄

Laranjinha e Acerola

Sexta-Feira - 21:01 p.m.

Apesar de compreender o Diretor, Ayzen não podia servir como um correspondente particular dele. Seu contato havia sido com os Ranger e eram os Ranger, como instituição, que deveriam ouvir suas palavras. Se não houvesse mais nada que ele dissesse para contribuir com a investigação, seria apenas uma perda de tempo. E bem, o tempo era importante ali, considerando que os esquemas dos alunos pareciam bastante sombrios. Sendo assim, o Cadete resolveu desligar o quanto antes e seguir para investigar o que achava ter visto. Para isso, até deixou que Nash fosse sozinho interrogar a menina.

Kitshomo avançou pelo corredor e então inclinou a cabeça na direção do suposto vulto, mas o que estava lá não era nada demais. Apenas uma criança com roupas vermelho e amarelas, mais largas do que o normal. Com cores tão chamativas, era normal ter chamado a atenção, já que os enfermeiros e médicos usavam roupas claras e sutis. Segundos depois a mãe do garoto finalmente o achou e o puxou pelo braço para longe dali. Ele só tinha corrido para longe da mãe pelo visto.

Como não tinha nada de grave por lá, Ayzen retornou para o quarto da menina, abrindo calmamente a porta e ouvindo a conversa do Oficial com a jovem — Então você vai insistir que foi só um assalto e não estavam tentando eliminar você? — Questionou ele, sentado numa cadeira, de pernas cruzadas — Foi.. Foi como eu disse, seu policial... eu, não lembro de muita coisa, estou confusa... Eu vi um homem morrer na minha frente! — Dizia ela, parecendo confusa, com as mãos na cabeça e terminando por falar alto, como se fosse óbvio sua indisposição.

— CHEGA! Você é insolente. Estamos te investigando há um bom tempo, sabemos dos seus esquemas com seus amiguinhos de Escola. Estão querendo se matar com isso! — Berrava o homem, descontrolando-se e fazendo a cadeira cair. A garota, claramente simulando, fez um olhar arregalado e depois, simulou um início de choro — Olha só seu Ranger, o policial está gritando comigo! Me ajude! — O homem então virou-se, não havia notado a presença do Cadete. Ele não falou nada com Ayzen, apenas deixou o quarto e bateu a porta com força, afastando-se pelo corredor. Neste mesmo instante Acerola parou de chorar e começou a gargalhar — Ai, ai... Agora sim, estamos á sós, sente-se um pouco Ranger, vamos conversar? ◄

Laranjinha e Acerola

Sexta-Feira - 21:12 p.m.

Era notável que a situação estava no limite envolvendo o Oficial e Acerola, mas o Ranger não podia se contaminar com os resultados de Nash, precisava alcançar os seus e quanto a isso, ele até parecia bastante determinado. Sentou-se ao lado da garota com uma aparência de "pai", preocupado e levemente conturbado. A imagem do Policial Bonzinho, talvez? Se era isso que parecia, certamente não foi algo combinado entre os dois agentes da Lei. De todo modo, o Cadete começou cortando a tentativa de teatrinho da garota, sendo um tanto... sarcástico, quem sabe? Pelo visto, a técnica havia funcionado, pois Acerola não mantinha mais uma expressão debochada.

— Não seja bobo. Eu não vou enganar um Ranger, certo? Policiais são mau treinados, mas vocês passam por uma Academia e tudo mais, né? — Comentou ela, sentando com uma postura mais séria, também conversando com mais maturidade, apesar da pouca idade. Ela então fechou os olhos e suspirou — É óbvio que querem acabar comigo. Isso ficou claro lá hoje. Se você não estivesse lá... Eu... Teria acabado igual o garoto, no poste. Ou pior! — Comentou ela, revirando os olhos para o lado e para baixo, além de retorcer os lábios no canto da boca.

— Olha, eu vou ser bem direta. Eu e meus amigos fazemos Baile Funks na Porta da Escola, simplesmente por ser um lugar de fácil acesso. Um dos únicos pouco vigiados pela Polícia, ironicamente. É ilegal fazer essas festas em Rustboro sem um Alvará e nunca teríamos um. São extremamente caros! Bem, por ser ilegal é lucrativo. E por ser lucrativo tem concorrência. E aí que estamos. É isso... Mas... Eu também suspeito que não são apenas criminosos. Acho que parte da Polícia deve estar envolvida, quem sabe até o Diretor! Eu... bem, eu acho que precisamos de ajuda para acabar com essa gangue! Eu te digo tudo, só precisamos de alguém poderoso como você para dar um jeito neles! Podemos até ajudar! — Começou a  relatar a garota, inicialmente calma, mas depois ficando mais e mais empolgada e finalizando com um sorriso largo no rosto. Ela parecia ser mais sincera que antes, mas ainda assim era tudo bem complicado de aceitar. O que Ayzen faria?  ◄