Katakuri
Era óbvio que Katakuri não hesitaria em abordar o mascarado trazido até ele pelas dragoas. Enquanto o fazia, a ativista prontamente começava a filmar tudo com o aparelho nas mãos, ainda tomada pelo nervosismo mas visivelmente mais controlada. Ela entendia que não podia perder a melhor oportunidade de solucionar o caso.
Infelizmente, mesmo diante das ameaças o meliante não demonstrava muita disposição em colaborar. Ele já tinha reconhecido os sons vindos lá de cima, do bar, e isso parecia lhe trazer segurança. Assim, em resposta a todo questionamento do violáceo, o homem apenas seguiu gritando.
Mais ameaças poderiam ser lançadas, não fosse o óbvio acontecer: o alçapão do bar abriu. Descendo as escadas na maior displicência vinha um homem barbudo, de roupas vermelhas e chapéu de pirata, batendo a bota com força fazendo cada degrau ranger aos seus passos. Gerônimo Pimentel arrancou mais um suspiro de surpresa de Honey, que já virava a câmera na direção do homem.
– Posso saber o que tá acontecendo aqui? Quem é tu e o que faz debaixo do meu bar? – falava diretamente para Katakuri, o único estranho para ele.
Apesar da pompa, os olhos de GP não deixaram de encontrar também os outros elementos da cena, como os barris abertos, os Pokémon do Requiem e o pequeno barco atracado.
– Laísa... Se eu não conhecesse aquele barco... – descia mais um pouco, parando extamente no meio da escada, enquanto ajustava o cinto de forma intimidadora –
Eu já te disse que a curiosidade mata o gato. – lançou sua ameaça.
Diante das palavras, a loira imediatamente parou de filmar. Seus dedos nervosos navegam por outras ferramentas do PokéNav, talvez pedindo ajuda, talvez enviando as informação para algo ou alguém. Era difícil precisar no meio daquela confusão. De qualquer maneira, não importava, porque uma pelota de lama cruzava o ar com ligeireza, tirando o aparelho das mãos da mulher... Alguns degraus acima do pirata, uma criatura azul e esquisita, de olhar sacana, observava o efeito de seu tiro preciso.
Noah
Mais uma vez, Noah era certeiro em suas colocações. Entregando sem prometer, ele atuava para manter as aparências no meio daquela transação claramente ilegal que ocorria ali. Estava até disposto a assumir o risco de embarcar no carro do desconhecido só para não perder a melhor pista que tinha conseguido até então. Mas, aquilo não seria necessário.
Ao questionar-se sobre Daise, a Conselheira que deveria estar, no mínimo, acompanhando as coisas de longe, Agron se deu conta de que a moça não se encontrava mais à vista. Ela não estava sequer na barraca das ostras. Onde teria ido? Tudo bem que ela era baixinha, mas não se escondia com facilidade aquele dread volumoso ou sua careta risonha...
Bem, também não haveria tempo aqui para estender a procura por Daise, já que quando Noah e o engomadinho fizeram menção de deixar o porto, o motor do barco roncou, e o magrelo reagiu com susto e impulso, tornando a fechar o barril com alguma pressa. Era tarde, porque um golpe d'água atingiu o vendedor no peito, jogando-o para trás até bater no barco, desacordado.
– Todos parados aí! Afastem-se desses barris, agora! – a voz de Sarah veio de algum ponto das ruas, logo atrás deles –
EU MANDEI PARAR! – "BANG!" um tiro se seguiu à voz quando ela esbravejou em tom de ordem, assim que o velho elegante fez menção de correr de volta para seu carro.
Ok. Temos uma mulher puta e armada no recinto... Sarah caminhava com o mesmo olhar sereno de sempre, mas furiosa. A arma em sua mão direita pousava com classe no ombro. Ela não vinha só, trazendo consigo uma altiva Milotic, cujo olhar era tão penetrante quanto o da dona.
– Na-não. Isso aqui me pertence. – a voz rouca poderia ter vinda do além, mas a figura que entrava na cena não demoraria a se mostrar.
Ela vinha do mar, toda coberta em trajes negros de mergulho, com a cara escondida por uma máscara igualmente negra, que lhe permitiria respirar debaixo d'água e convenientemente ocultar toda a face. Na cabeça, trazia uma touca de material impermeável muito cheia, parecendo um bulbo arredondado, tanto era o cabelo que protegia debaixo.
Essa pessoa em questão surgia diretamente do mar, emergindo montada no dorso de um Tentacruel. O Pokémon logo se colocava atrás dos barris com criaturas vivas, ao lado de Noah. Alguns tentáculos do grande aquático tratavam de abraçar os barris, já que sua treinadora misteriosa alegava serem sua propriedade.
Noah estava, enfim, no meio do fogo cruzado. E para piorar não havia só Pokémon envolvidos, mas também uma ruiva bem armada... Quem estava de que lado afinal? O Requiem tentaria tomar partido? Será que tinha como descobrir antes de levar um tiro? Espero que sim. O único príncipe que me lembro que foi salvo de uma arma de fogo foi o Fera, mas acho que essa história não cabe aqui.