(010) — hidden springs/call it what you want

Quem tem sorte, porém, não pode tê-la para sempre - e foi exatamente por isso que, aproveitando de sua velocidade e sem receber mais surpresas imediatas, Teriyaki invocou mais uma vez a energia da natureza que o envolvia; Os ventos agiram em seu favor e, dessa vez livres, foram arremessados como lâminas cortantes na direção do duende arroxeado, que sofreu alguns cortes laterais nas pontas de sua orelha descoberta. O baixinho resmungou, arrastando os pés um pouco para trás, e os cristais ao seu redor responderam ao seu grunhido, levitando quase que instantaneamente e criando à sua frente uma nova barreira ou, mais especificamente, um clone perfeito de seu próprio mestre, completamente feito de joias;; Este, porém, ficou imóvel, colorido, encarando fixamente a dama de madeixas douradas.

Seria difícil dizer ao certo a utilidade do gnomo falso, não fosse o fato de que o próximo golpe de Sigilyph foi desviado e completamente absorvido por seus minérios, fato que arrancou um riso trôpego do sonolento monstrinho fantasma. Então, sem parar para pedir por favor ou qualquer coisa do tipo, o noturno tratou de fazer um breve movimento de dedos, que acarretou em algumas pedrinhas restantes iniciando um levitar tranquilo, sendo cobertas por uma energia negra - pouco antes de serem arremessadas na direção do psíquico, abrindo em sua pele cortes efetivos, arrancando-lhe um gemido dolorido. Pobre, pobre Teriyaki...



Finalmente, daquela vez, Gloom não foi barrado, ou mesmo o último a agir. Ainda que lento e meio nauseado pela visão anterior, o pequeno pokémon concentrou suas forças e energias para tentar moldar um laço de cipó de pura essência natural, girando-o de um lado para o outro antes de arremessá-lo na direção de Sableye; O noturno, porém, parecia atento para tal tentativa do gramíneo - como não poderia, com seu mentor berrando daquele jeito? -, e fincou o cristal que segurava no chão, agarrando-se à ele e impedindo que fosse arrastado pela força do gorducho, tal qual uma belíssima muralha, embora acabasse recebendo alguns danos no processo. Sua atitude não acabou por aí: Assim que o laço se desfez ao seu redor, o monstrinho lambeu os lábios, espalhando bile, saliva e resquícios de um estranho líquido avermelhado, antes que mais uma vez o corpo sofresse com espasmos violentos - os rubis de seus olhos brilharam, e seu pescoço se movimentou algumas vezes para frente, em uma ânsia de vômito bizarra que não tardou a trazer um novo convidado à batalha.

Bile, pus, saliva, e minúsculos fragmentos de cristal - essa foi a mistura que escorreu da boca do noturno, num golfar lento e pegajoso que atingiu o solo e deslizou por alguns metros em queda contínua na direção dos pés de Brave. Felizmente, porém, a mistura parou antes de alcançá-lo; Talvez pelo fato de que o próprio Gloom ousou tentar mais uma investida com seu laço esverdeado, mas a gosma que se esparramava no solo ergueu-se de uma só vez, numa réplica perfeita do adversário que o confrontava, gotejante, deixando abaixo de si uma poça de líquidos viscerais. Foi esse mesmo clone, inclusive, que ergueu as mãos na direção do venenoso, atirando pequenos fractais envoltos em bile, que arrastaram na pele azulada do companheiro de Fernandez e deixaram não só rastros viscosos de sua passagem, como também cortes que fizeram o sangue deslizar do corpo do simpático glutão.

Mais uma vez, então, de novo, volvemos à este ponto: Repetições, repetições e mais repetições. Inevitável, de certa forma, considerando o desejo de sobrevivência (e vitória, talvez?) que pulsava não só no coração de Karinna, como também no de Daisuke e, consequentemente, nos de seus pokémons. Teriyaki provavelmente era aquele mais afetado, considerando a força de seu oponente e a infeliz efetividade que o animal tinha contra si mas, ora, ele também devolvia à altura (ou tentava!), arremessando lâminas de vento que ricocheteavam no clone e recebendo cristais afiados que eram devolvidos e minavam cada vez mais a sua vitalidade.

Um ímpeto então furioso estabeleceu-se nas entranhas do psíquico ancestral - o alado cerrou os olhos por um brevíssimo instante, um pulsar grotesco correndo por seu coração e, num golpe violento e num movimento repentinamente brusco, um impulso sonoro de lâmina fria berrou ao cortar a atmosfera, fazendo se fragmentar em milhões de pedaços a réplica de joias que ali barrava seu caminho. Não só isso, como também fez paralisar o verdadeiro que, oculto por detrás do cristal, congelou-se no próprio tempo, estático, os orbes rubros fixados na direção da dupla oposta...

Até que, então, com o sussurro da brisa, ele se desfez.

Esfacelou-se, como se nada fosse além do puro e genuíno pó; De cima para baixo, seu corpo se resumiu à meras partículas de poeira, que se foram com o vento e misturaram à neblina. O cristal, tombando ao chão, em breve possuiu o mesmo destino, deixando para trás apenas o buraco do qual o espécime havia saído - ali, se a moça bem reparasse, o pequeno brilho de algo enterrado cintilava, como um tesouro escondido e protegido por um digno guardião.

Era o fim, mas não para ela - que bom, não?



Retorno então para este combate. Asqueroso, visceral - perigoso, acima de tudo. O sombrio espécime parecia determinado a não permitir o afastamento de Daisuke e seu companheiro e, não obstante, também se recusava a mover do lugar, forçando a continuidade de um combate sem que o ruivo possuísse a mínima ideia do que estava acontecendo com a companheira que, há pouco, havia se aventurado para o coração de um lago cuja melodia hipnótica era convidativa mas, se parasse para pensar, agora poderia parecer que tinha sido até demais.

O confronto prosseguia, entre trocas de bofetadas de energia esverdeada e estilhaços gosmentos que saíam do corpo da réplica do sombrio oponente e se chocavam contra o gorducho corpo de Brave; Para a felicidade do venenoso, o segundo golpe fez com que o anão se paralisasse, ativando a habilidade que pouquíssimas vezes teria sua chance de brilhar ao longo de toda a sua jornada, destruindo o corpo do clone e atingindo a essência que orbitava em torno do verdadeiro animal.. Entretanto, porém, contudo e todavia, a estranheza da situação se deu quando a hesitação e a "paralisia" do espécime se deram por... Tempo demais, por assim dizer.

Então, seu corpo inchou.

Começou devagar, vindo das pontas dos dedos e gradualmente se deslocando pelos braços, pernas e tronco. Chegou ao ponto de que o monstrinho era incapaz até mesmo de segurar o grande cristal no lugar e, bem, pouco a pouco o inchaço também fez transformar a cor arroxeada da pele do fantasma para um enegrecido-amarronzado, pútrido, como se seu corpo apodrecesse a cada passo que o ponteiro do relógio arriscava caminhar para frente. Como se fosse um balão, o animal cresceu, cresceu, cresceu e...

Estourou.

Bile, pus, sangue, saliva - líquidos viscerais que voaram diante da explosão repentina do espécime, espalhando-se por todo o lado e cobrindo por completo não só o pobre venenoso, mas o próprio ruivo que o comandava até então. As substâncias escorriam por seus corpos, deslizando, manchando roupas, fixando o odor gástrico sobre a pele, os tecidos e as folhas. Até mesmo o cristal também chegou a explodir, lançando fragmentos afiados para todos os lados, fincando-se em árvores, ferindo os dois meninos, nos troncos - inclusive, um estilhaço maior se fincou direto ao lado de um pequeno buraco realizado em um dos troncos ao redor, onde um brilho escorregava para o lado de fora, indicando que existia alguma coisa ali dentro - mas que provavelmente seria necessário quebrar um pouco mais da madeira para conseguir retirar seja lá o que fosse.

Parabéns, Fernandez.
Você precisa de um belo de um banho.

Após uma digníssima batalha para ambos os lados, enfim os treinadores podiam relaxar a respeito da batalha contra monstros que apareceram do nada, tão repentinamente - e um mergulho no lago se provou mais do que necessário pelo menos por parte do rapaz, considerando o fedor que exalava das gosmas que se prendiam ao seu corpo e roupas. A parte boa, bem, é que um treinador nunca anda sem uma muda de roupa limpa na mochila, então ele não precisaria correr pelo resto do parque podre à sangue e bile.

...

Não muito tempo depois, uma sirene agradável ecoou pelas copas das árvores, indicando o fim da atração para todos aqueles presentes - o que era incrível, considerando que não haviam topado com ninguém em particular além dos pokémons e do fantasma gosmento (ou, no caso de Karinna, cristalizado). As luzes do ambiente diminuíram, e um fortíssimo feixe de luz cortou a floresta vindo da direita, anunciando - possivelmente - para onde estava a saída mais próxima. Caso seguissem, encontrariam uma porta e dois recipientes: Em um deles, o espaço para as armas e, no outro, dois círculos vazios onde poderiam descartar as esferas dos pokémons que não levariam consigo.

Era hora da decisão, para que finalmente pudessem encerrar a atração.

Hora da Experiência! escreveu:

Sigilyph recebeu 11476 de experiência por vitória contra Mega Sableye e ganhou 5 pontos de felicidade, subindo para o nível 39.

Gloom recebeu 7745 de experiência por vitória contra Mega Sableye e ganhou 7 pontos de felicidade, subindo para o nível 32.
Brave pode aprender Moonblast! Deseja substituir algum dos movimentos atuais?