Jà havia sido mencionado; A mera presença de Drac, naquele instante, era mais que suficiente para acalentar e tranquilizar-lhe o coração. Veja, não era como se a ideia de ser engolida pelo próprio céu fosse assustadora para si - oh, não, principalmente depois das tantas experiências com as quais já estava acostumada. Em fato, era a vertigem que arranhava su'alma e costas, lenta e traiçoeira, que aterrorizava os sentidos e trazia consigo a necessidade de um ninho para que pudesse se recompor. Quer dizer, levando em consideração todas as assombrações as quais pareciam perseguir e vigiar cada passo que ousava arriscar nos estranhíssimos ambientes que, para si, eram uma incógnita, não se era possível afirmar que uma simples altura fosse atordoar-lhe a ponto de não só precisar de suporte, como também de perder a capacidade de reação.
...
Não é difícil entender esse detalhe, suponho.
— ...Eu... É, acho que sim. — Respondeu, após um momento mais longo de silêncio, os orbes acinzentados se ajustando à ilusão de ótica provocada pela pintura e, suaves, os dedos se permitiam apertar o tecido das roupas do rapaz, em tímido apoio que não fazia questão de disfarçar.
— ...Eu tenho certeza que bateria o nariz com toda a força numa dessas, isso sim! — A ruiva riu, tranquila, balançando a cabeça em negativa e encostando o canto da testa com suavidade no peito do companheiro e, embora Luch a houvesse soltado logo a seguir, a moça se deu ao luxo de simplesmente não se afastar dali.
— Me diz, qual era o brinquedo mais diferente que você já viu, lá por Unova? — Quis saber, simplesmente pra jogar papo fora, e foi nesse exato momento que encontraram os tais voadores expostos anteriormente. Ouvindo a lógica que possuía pé e cabeça e, ao mesmo tempo, não, as sobrancelhas se ergueram, em surpresa silenciosa, como se analisasse as sílabas tão bem tecidas por Valassa; O rosto se afastou um pouco de seu corpo, e as pupilas vigiaram a expressão e as feições do parceiro, um sorriso sereno brincando nos lábios ao se dar conta do significado por detrás de suas palavras.
— Tenho quase certeza que já conversamos algo sobre "destino", antes...? — Sussurrou, os dedos escapando para afagarem o maxilar do maior com gentileza.
— Bem, parece uma boa escolha, pra mim. — Comentou, tranquila, com a consciência de que independente do que falasse, não mudaria a decisão tomada pelo moreno - e não era como se tivesse vontade de fazê-lo, afinal.
Felizmente, tal como havia sido nas outras tendas, não foi necessário muito tempo antes que um nocaute fosse conquistado não só pelo floco de gelo, como também pela felina normal. A ruiva o fez só por, uh, costume, mas lançou a esfera amarelada na direção da ave caída; Sabia bem com qual pokémon ficaria: O burrinho era sua preferência, e ela não havia mudado de uma hora para outra.
Mas não é aqui que termina; Há algo mais. Algo que aconteceu enquanto ainda esperava a resolução de captura da ave do companheiro - algo discreto, simples como um vibrar e toque suave de um aparelho alaranjado, que indicava uma nova mensagem recebida. Sabe, em qualquer outro momento, certamente teria ignorado, considerando que preferia bem mais mergulhar no oceano do olhar de Drac à encarar uma tela fria de um eletrônico - porém, entretanto, contudo e todavia, aquela era uma época de sua vida que o coração também se preocupava com Bley, e o desejo de receber uma notícia de sua melhora também sobrepunha quaisquer indiferenças que poderia demonstrar em relação ao eletrônico de comunicação.
Não hesitou, então, em retirá-lo do bolso. Uma inquietação familiar subiu por sua espinha, e a ruiva mordeu a parte interna das bochechas ao observar o nome da criminosa estampado na tela pois, ainda que o desejo de uma mensagem de "tá tudo bem" fosse latente, o temor de um pedido de socorro também estava presente. Tendo isso dito, é compreensível o alívio que se apossou dos ombros quando o início da conversa veio com a confirmação de que estaria tudo bem ou, no mínimo, tranquilo - afinal, por qual motivo a loira ponderaria se encontrar com tanta calma, se estivesse tendo algum tipo de surto?
...E foi aí que leu o resto da frase.
Veio sutil, como quem não quer nada - me refiro ao rubor, que pouco a pouco foi tomando posse de sua fronte. Os pés vacilaram por um momento, e Chase engoliu a seco a cada palavra ousada que lia de Karinna - quis afundar o rosto em algum lugar ou simplesmente se esconder debaixo da terra mas, feliz ou infelizmente, não tinha como fazê-lo. Os dedos vacilaram pela tela, desejando responder e ao mesmo tempo sem forças para tentar; E sabia bem, era exatamente essa a pretensão daquela loirinha pirada.
Pensou em xingar. Em negar. Em FLOODAR CAPS LOCK. Admito, muitas possibilidades correram por sua cabeça naquela hora mas, oh, ao respirar fundo e colocar a cabeça no lugar, não demorou muito antes que a melhor delas - provavelmente - se estampasse em sua consciência, simples como bem deveria ser.
”Para_Karinna” escreveu: ”Ei, Shuckle! Já que já tá me mandando esse tipo de mensagem, vou assumir que está melhor - ainda bem, estava preocupada com você. <3
Acho que já conversamos sobre isso, mas você tem que parar com essa mania de projeção. Não precisa ter vergonha em admitir que é o que você quer fazer, ao invés de sugerir que eu não tenho autocontrole, ok? Bobinha, sabe que não vou contar pra ninguém!
Mas, é, como você mesma disse, espero estar ciente que precisa de proteção e que não podem te pegar, viu? (E ainda tô surpresa com esse seu fogo todo com o Fernandez, praticamente nunca nem viu o menino, tsc, tsc!)
Espero que esteja se divertindo. Acabei de pegar um burrinho na barraca de capturas! Conseguiu alguma coisa?
Beijos, te amo. Tô morrendo de saudade <3”
...E enviou, simples assim. Piscou algumas vezes após, relendo por um instante o conteúdo, mas acabou balançando a cabeça - e a atenção se voltou, mais uma vez, na direção do acompanhante. Se permitiu um sorriso sem graça, bloqueando o aparelho e o guardando mais uma vez antes que os dedos se apoiassem em seu braço, de uma maneira quase tímida; Com suavidade, encostou a cabeça sobre o bíceps, respirando fundo e apertando as pálpebras com discrição.
— Desculpa. — Pediu, pela repentina desatenção (e inevitável falta de explicação).
— Era a Karinna. Eu queria saber se tava tudo bem com ela, prometo que não vou ficar pendurada no celular e nem nada assim! — Disse, pressionando o rosto suavemente contra o braço do maior, erguendo o queixo alguns centímetros para que pudesse buscar seus olhos.
— Me diz, pra onde a gente vai, agora? Algum outro lugar que tenha visto um sorveteiro lendário, Mr.Drac? — Provocou. Tinha a consciência que deveriam devolver as esferas dos bichinhos que não levariam consigo antes, mas isso não demoraria, óbvio.
E, sinceramente? Aceitaria ir pra qualquer lugar.
O importante era com
quem estava indo.
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