Cordial, Dragneel se apresentava com um dos membros da The Wolves, Sociedade dona deste restaurante. Sua apresentação arrancava sinais de aprovação e sorrisos de contentamento. Afinal, os clientes sentiam-se honrados em serem atendidos diretamente por um dos responsáveis pelo lugar.

Na hora de atender cada um, Tony tinha um plano bem traçado, mas que na prática talvez não tenha sido tão fácil de executar. Apesar dele estar seguindo uma ordem que estabeleceu em sua mente, sempre havia um apressado aqui e ali gesticulando com o braço, se atravessando sobre a mesa, falando em voz alta o que desejava, só para "se livrar" logo daquela função. Concentração, foco e cordialidade seriam essenciais para o rapaz manter sua lógica!

A cozinha era um caos organizado à parte. Fumaça, aromas, facas, pratos, calor! Este último ponto que não seria nada incomodo para um especialista em tipo Fogo. Ainda assim, o treinador estava fora do seu habitat natural, então logo que entrou ali o Chef avançou até ele para tomar os pedidos em mãos, "cantá-los" para sua equipe e organizar na fila.

Alfred ficava receoso com o pedido inusitado a ser posto na conta da casa, mas atendia à solicitação. Com ajuda de Morty, traria algumas garrafas de bons vinhos para serem servidos. E aqui começaria o ponto crítico: a entrega das coisas.

As longas mesas já estavam todas postas com pratos, talheres e taças. Disponíveis para levar e entregar tudo, havia Tony, Morty e Alfred. Precisavam, obviamente, se organizar para dispor dos três elementos que deveriam ser servidos: cestinhas com torradas e pares de potinhos com patês; as jarras de água fresca e saborizada, cortesias da casa, além dos vinhos escolhidos. E obviamente servir não era tudo, já que a mínima explicação era necessária para que o grande público entendesse o que tinha à sua frente. Era um grupo razoavelmente grande, de dezoito pessoas, mas não seria impossível.

Tony - Restaurante Lua Nova - Manhã nublada

Se na cozinha Gusteau era a figura de autoridade, no salão Alfred era maestro. Ele assumiu a liderança de uma forma bastante elegante e discreta, para não enfatizar a inexperiência de Tony.

O treinador, por sua vez, fazia questão de executar tudo com máxima eficiência, e até tomou a tarefa de Morty para si. Assim, serviu a entradinha seguida das águas, sendo seguido pelo meitre cuja função característica era servir bons vinhos com elegância e desenvoltura, sem desperdiçar uma única gota.

Dali em diante tudo seguiria tranquilo. Um dos maiores desafios dentro daquele cenário seria na hora de servir os almoços, que começaram a ficar prontos em cerca de vinte minutos. Ao contrário do que Tony esperava, nem todos os pratos saíam na ordem dos pedidos. Afinal, era praticamente uma mesa só para ser atendida, e seria mais prático para os cozinheiros, em alguns casos, fazerem porções de pedidos semelhantes de uma vez antes de seguirem aos próximos. Fora que, obviamente, as receitas tinham tempos diferentes para serem executadas.

Para ajudar, pelo menos a ordem das comandas ainda estava inalterada, então talvez com uma matemática simples Tony pudesse resolver aquele dilema. Na pior das hipóteses, Alfred estava ali para ajudar como pudesse com toda sua experiência. Fora que, convenhamos, as pessoas estavam tão compenetradas tratando de negócios que não hesitariam em avisar caso um pedido fosse entregue errado.

Ah! E não podemos esquecer do vinho. Afinal, vinte minutos é tempo suficiente para algumas taças esvaziarem, e cabia a um garçom prestativo mantê-las cheias! Quer dizer, quanto mais confortáveis os clientes se sentem, mais eles ficam, mais eles gastam, e mais eles voltam, não é mesmo?!

Tony - Restaurante Lua Nova - Manhã nublada

Tony pegava o ritmo das coisas com facilidade. Guiado por uma boa intuição, ele tinha cada detalhe bem planejado para evitar até a menor das falhas. Não só isso, o rapaz tinha toda iniciativa necessária para fazer de tudo um pouco, inclusive servir vinho!

Claro, ele não tinha a elegância e a prática que os anos de experiência de Alfred lhe conferiam. Uma gota respingava aqui ou ali, o líquido escorria um pouco pela borda da garrafa de vez em quando, umas taças ficavam pouco mais cheias do que outras. Mas isso estava longe de ser um problema.

As pessoas na longa mesa estavam muitíssimo compenetradas em sua discussão para perceber tais detalhes. Por trechos captados o treinador saberia um pouco do que se tratava. Os executivos representavam uma empresa cujo objetivo era instalar uma grande hidrelétrica em algum lugar de Hoenn. Wattson, o líder de Mauville era uma referência quando o assunto era eletricidade, não é mesmo?! Por isso seus aprendizes estavam ali, representando seus interesses. Enquanto que os de Juan, um pouco mais falantes, se preocupavam com todos os detalhes sobre o manejo da fauna aquática, entre outras coisas. Se aquele negócio sairia do papel? Só o futuro pode dizer.

Enfim, com todas as mesas bem servidas, o meitre se voltava mais uma vez para o Lobo, parando-o no corredor que levava até a cozinha. Seu ar de serenidade deixava impossível decifrar se tinha boas ou más notícias. Com ambas as mãos nas costas, Alfred dava um pigarro discreto antes de falar:

– Senhor, não sei bem como lhe comunicar isto... – um suspiro seria todo sinal de preocupação que lançaria – Tivemos uma negativa do pessoal que nos presta serviço de limpeza. Todos estão impossibilitados de vir nesta hora extra, exceto um... Temo que talvez seja necessário fazermos algum arranjo na equipe, se quisermos abrir o outro salão ainda esta tarde. Senão, aguardamos o time da limpeza vir em seu horário padrão, antes do turno da noite. Deixo a decisão em suas mãos.

Mais um problema, que apesar de tudo devia até fazer parte da rotina daquele lugar, só não era conhecido por parte da maioria dos treinadores aventureiros. Ainda assim, tinha solução. Uma que deveria ser tomada logo, já que as sobremesas precisavam ser servidas! E mais vinho, se ainda tiver... hehehe.

Tony - Restaurante Lua Nova - Manhã nublada

– Como o senhor desejar. – Alfred aceitava a proposta de Tony, ainda que tivesse seu próprio complemento para ela – Vou deslocar outro garçons para servirem as sobremesas que vem aí.

Numa reverência o meitre deixou que o Lobo fizesse o que achava que deveria, pois logo Morty o encontraria na área isolada para encontrarem a melhor maneira de solucionar aquele problema, que até que não era tão drástico, ao que parecia.

Afastar cadeiras e mesas seria algo até tranquilo de executar, principalmente porque a maioria dos assentos já estava fora de lugar, tendo alguns sido usados na barreira de isolamento. Colocar a grade do duto de ar no lugar também não era um grande mistério, felizmente.

No chão, Grimer tinha deixado alguns rastros por onde passou, marcando pontos escorregadios e melecados. Nada que um bom uso do esfregão e um detergente não resolvam. Ah, mas não podemos esquecer que ele também deslizou pela janela, quando esteve do lado de fora.

Morty suspirou, ao lado, pensando na nova tarefa alternativa que deveria desempenhar naquela manhã. Mas, prestativo, arregaçava as mangas, literalmente, ajustava a boina e calçava um par de luvas de borracha.

– O que a gente não faz pra que tudo dê certo, né?! – ele arriscou um sorriso para Tony, que também já tinha feito de tudo um pouco naquelas poucas horas desde que pisou no Lua Nova – Ah, Alfred disse que é bom nós tirar o que tem de louça aqui ainda, pra lavar. Como teve o lance do gás tóxico, e a gente não sabe de onde o bicho pegou a colher... Enfim. Ele disse pra gente não correr risco.

E então, o jovem se pôs a trabalhar. Porém, antes tinha que ir, é claro, buscar baldes, esfregões, vassouras, panos... O que quer que seja necessário para essa limpeza! De cliente à faxineiro, Tony já podia se dizer muito experiente na rotina de um restaurante!

Tony - Restaurante Lua Nova - Manhã nublada

Rodo, esfregão, vassoura, pano e desinfetante não ofereciam grande desafio ao especialista, que assumia tudo com eficiência ao lado de Morty. Também, apesar da bagunça, a sujeira deixada pelo venenoso não era assim um bicho de sete cabeças para ser resolvido. A grande questão mesmo era a higiene, já que se trata de um ambiente que serve alimentos. A segurança dos clientes é uma prioridade!

Com aquele serviço feito, Tony retornava para o atendimento no salão, substituindo Alfred que deveria averiguar se a limpeza estava satisfatória. Por falar em satisfação, àquela altura muitos dos clientes da área reservada já estavam bem, obrigado; sem novos pedidos. Aceitariam sim um café ou chá de cortesia e era tudo. Pelo teor das conversas, pareciam ter encerrado os negócios, ou pelo menos as partes que vieram tratar naquela manhã.

Alfred logo retornava de sua inspeção, gesticulando com a mão um "ok" para sinalizar que estava tudo bem na área. Assim que pudesse, o meitre tornaria a se encontrar com Dragneel para orientar os passos seguintes, mascarados de pequenos trabalhos, claro.

– Senhor, tudo em perfeita ordem no outro salão. Acredito que em breve já estaremos recebendo clientes para lá. – enfatizaria, só para deixar o rapaz mais tranquilo – Gostaria de me acompanhar em mais um serviço? Em toda minha experiência aqui, sei que mais ou menos a esta hora os clientes vão começar a pedir suas contas. Aqui na reunião principalmente, devem sair em grandes grupos. Se nos der uma mão, administramos a entrega das contas, recebimento de dinheiro no caixa e passagem das maquininhas de cartão com maior eficiência. O que o senhor se sentir mais confortável, claro. – o próprio homem já tinha em mãos um par de pedidos fechados, que seriam entregues na área privada – Ah, isso também significa que o serviço estará terminado por aqui. O fluxo no período da tarde deve ser bem mais leve e só começará mais tarde.

O bigode de Alfred se curvava num raro sorriso, esboçando alívio por admitir que um ritmo menos intenso e, se possível, menos problemático era tudo que ele gostaria para terminar de se recuperar. Além, claro, de estar sendo empático com tudo que Tony poderia estar passando também.

Tony - Restaurante Lua Nova - Manhã nublada