Enquanto caminhava por entre as árvores cada vez mais escassas, até chegar ao Píer, ia sentindo a brisa chocar-se contra meu rosto em uma agradável sensação acolhedora. O clima nostálgico da conversa anterior, fatalmente me levava à Verdanturf e me sentia num misto de boas e más sensações... Lembrar de casa era sempre incrível, mas ao mesmo tempo sentia-me relapso com meus próprios pais. Vez ou outra me comunicava com eles por Chamada de Voz, mas tenho certeza que não era o suficiente para cobrir todo o amor que tinham para me dar. Era indispensável que eu fizesse uma visita e... Talvez... Talvez eu devesse levar Naty também, não é mesmo? Refletia sobre isso na caminhada leve, enquanto passava a mão por algumas folhas de árvores que estavam à minha altura, molhando a mão no orvalho acumulado desde a manhã e ainda não evaporado.
Em um momento tão distraído, a voz de Natalie vinha como toques de um instrumento sutil, como harpa ou uma flauta doce e inundava meus ouvidos de modo a me despertar para a realidade. Ela continuava comentando sobre os Macchiato e também questionava sobre a facilidade com que havíamos encontrado Pokémon por aqui, provavelmente significando que a fuga de Pokémon deveria ter sido grande. Concordei inicialmente com a cabeça, enquanto meu cérebro processava todas as informações até me trazer de volta à "realidade" — A última vez que vi os Macchiato foi em Sootopolis mesmo. Eles voltaram a morar com os pais em Mauville! Depois só por ligação. Liguei para eles de Lilycove recentemente. Acho que não estavam exatamente saindo em jornada por serem jovens, mas passavam as tardes treinando por conta própria. Provavelmente vão retornar para Violet agora que as regiões foram reconstruídas por completo! — Expliquei sobre a questão de Luci e Yuri, enquanto Lúcia e Steve corriam na nossa frente, já pisando na madeira do Píer.
— E bem, eu acho que os Pokémon não estão tentando fugir da gente totalmente, sabe? Já vi acontecer deles sofrerem muito com os Pokémon Locais, serem feridos e expulsos, então preferem ser capturados. Considerando que são criados em cativeiro, estão mais acostumados com humanos do que outros Pokémon Selvagens... E bem... Eu acho que por aqui a gente vai achar mais Pokémon de rua, sabe? Mais urbanos... Esse lugar é mais movimentado, lembra praça de cidade! — Comentei com Natalie, lembrando de outras ocasiões em que cenas semelhantes ocorreram e também respondendo-a sobre que tipos de Pokémon eu esperava encontrar no píer. Enquanto a conversa rolava inclusive, alcançamos totalmente o chão de madeira do local desejado, notando que havia até um certo gramado montado por ali, como um jardim talvez? Era um local de passeio, de transição entre rotas, então lembrava uma espécie de boulevard. Bem bonito! O único problema do lugar não era o cenário e sim pessoas... Não muito longe dali, um grupo de marinheiros parecia se divertir fazendo bullying contra alguma espécie de Pokémon, que provavelmente não era do local. O que eu havia dito antes sobre Pokémon Locais expulsarem "estrangeiros". Bem, esquece... Humanos podem ser bem mais cruéis!
Assim que vi a cena, não esperei nem Natalie notar o ocorrido, imediatamente corri na direção do grupinho, junto de Lúcia e Steve — Lúcia, Steve! Protejam o Pokémon! — Ordenei brevemente aos dois, enquanto eu mesmo entrava na frente dos rapazes, com a pior expressão do mundo. Era notável o que eu estava fazendo, mas resolvi expressar-me verbalmente para que tudo ficasse ainda mais claro — Que isso? Querendo jogar o Pokémon do Píer? Qual a graça disso? Eles estão meio perdidos, maior maldade isso, pô! Deixem ele em paz! — Disse, gesticulando e encarando os indivíduos. Não sei se eles se afastariam com facilidade ou não, mas em caso negativo eu estava pronto e disposto para transformar isso num problema maior se fosse necessário.