Tasting Freedom

Fiquei alguns segundos parado, olhando para a paisagem da Rota 10 e tentando entender como nos aproximaríamos do mar. Assim que a dupla de pássaros alçou voo, reparei em uma ponte que ligava a estrutura do píer à orla. Não parecia um caminho demorado, mas eu não faria questão de apressar o meu passo, dessa vez o meu ritmo seria respeitado, ou essa exploração não teria o mesmo sentido.

Cada brisa que batia sobre o meu rosto, bagunçando um pouco o meu cabelo e me fazendo perceber o cheiro característico do mar, causava uma sensação prazerosa de relaxamento. Eu deveria aproveitar mais disso, ou eu ficaria sobrecarregado com tarefas da fazenda, ensaios, e outras atividades que não fariam nada pelo meu bem-estar.

O momento quase foi arruinado pela presença barulhenta dos outros treinadores, eu quase tive o prazer de esquecê-los. Nada pessoal, mas aglomerações e barulho eram componentes fundamentais para formar os lugares que eu não ousaria pisar em um dia tirado para desestressar.

- Devemos chegar assim que passarmos a ponte. – Avisei, seguindo as Flying Types pelo caminho. Olhei para a cesta que carregava, para verificar como os ovos estavam, e depois para a dupla que me acompanhava pelo chão. Todo cuidado é pouco quando estamos cuidando de filhotes.

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A travessia da ponte foi mais tranquila do que eu havia imaginado. Por mais simples que a passagem fosse, são nesses momentos que algumas coisas acontecem para dar errado ou dificultar a nossa vida com algum obstáculo. Então a cada passo dado eu imaginava uma horda descontrolada me perseguindo, treinadores de ego inflado querendo migalhas de atenção ou qualquer outra coisa do tipo surgindo para me impedir de chegar no meu destino.

Quando pisei na areia fiquei alternando meu olhar para a praia e para a ponte, incrédulo de como as coisas estavam funcionando para mim nesse dia. Por uma vez na eternidade nós temos que ter um pingo de sossego, graças à Arceus. Nikita e Thalia agiam com naturalidade, alheias de como o mundo funcionava para interferir em seus planos. Devia ser tão bom só curtir o momento, sem pensar em tudo que poderia ter acontecido ou no que ainda estava para rolar.

- E a gente venceu mais uma! – Comemorei, deixando-me levar pela sequência de conquistas. – Vamos explorar a praia meninas, não se preocupem em procurar, provavelmente vamos esbarrar com um deles uma hora ou outra.

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Sendo bem sincero, eu nem sabia o que esperar do próximo encontro uma das criaturinhas fugitivas. Primeiro porque eu nem conhecia Alola bem o suficiente para alimentar as minhas expectativas. Independente do que viesse, talvez fosse uma boa adição para a minha equipe, caso contrário eu simplesmente poderia arrumar outro lar para o monstrinho.

Grookey e Scorbunny estavam adorando o passeio, embora a coelha estivesse mais afastada do mar graças à desavença elemental. Thalia explorava cada detalhe da praia, não tendo medo de passar perto da água e brincar um pouco, quem sabe até em uma tentativa de se refrescar. Nikita sequer saiu perto de mim, aproveitando a areia morna para dar algumas voltas ao redor de mim.

Dinah preferia descansar próxima da sombra, enquanto Silena a acompanhava, sendo que a fada optava por pegar um pouco de sol. Era bom ver a minha equipe tendo um momento para relaxar, então eu decidi me juntar a elas, tirando os meus calçados e molhando meus pés. Assim eu também poderia ficar de olho na água e na areia, favorecendo um encontro com um dos Pokémon. Então algo me chamou atenção... Senti que algo estava bem perto e me encarando.

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Quando meus olhos encontraram o adorável serzinho senti uma sensação agradável e esquisita ao mesmo tempo, eu não conseguia me mexer de imediato, fitando o seu pequenino corpo e suas flores chamativas e exuberantes. Sem pensar duas vezes, saquei a agenda eletrônica para conhecer mais sobre a sua espécie.

Depois de ler todas as informações, conclui que o que eu sentia só poderia se tratar de amor. Tudo no Fairy Type me cativava! Ele não só gostava de nutrir as flores com o seu próprio corpo, como também as deixava com propriedades medicinais para curar outros monstrinhos. Um sonho se tornando realidade? Ou daqui há três minutos eu estaria chorando dizendo que deu tudo errado?

- Comfey, certo? Prazer amiguinho, sou Haruki. – Não me importei com a possibilidade do Pokémon sequer entender que aquele era o meu nome ou que a frase se tratava de uma apresentação. – Lindas flores, elas são bem cheirosas também.

Aproveitei a oportunidade para marcar algumas das suas características marcantes, destacando que eu realmente havia me interessado pela guirlanda de flores ambulante. Depois de tanto tempo, será que eu finalmente estava tendo sorte? Thalia e Nikita ficaram curiosas com o feérico floral, principalmente com a coroa que ele havia acabado de colocar em minha cabeça.

- Elas também amaram. Você trata essas flores com muito carinho, deve ser por isso que elas ficaram bonitas assim. – Sorri, enquanto me reunia com as minhas parceiras na areia para conversar com Comfey.

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Continuei observando o minúsculo ser de Alola com bastante curiosidade, não perdendo nenhum movimento seu de vista. Eu estava perdidamente, completamente, obcecado. Flores, misticismo, cura, aroma e boas energias. O Pokémon tinha muita coisa que eu amava e a minha vontade de tê-lo em minha equipe só aumentava.

Então me lembrei da captura de Kawi, o Azurill levou bastante tempo para entender o que eu estava querendo dizer com seguir viagem juntos. Por conta disso, tentaria me aproximar mais de Comfey antes de mostra-lo qualquer Poké Ball.

Percebi que o pequenino não estava só me cativando, todas as minhas parceiras demonstravam um interesse anormal no feérico. Poderia ser uma combinação de fatores, pois o Fairy Type aparentava ser um macho e a aparência e o cheiro das suas flores eram muito atrativos.

- Oh, nós estamos perdendo a noção de tempo aqui. O que acham de irmos andando para Sienna? De lá iremos para a Rota 12. Gostaria de vir junto, Comfey? – Perguntei para a guirlanda, enquanto sorria e me levantava para seguir o caminho.