[04] How does a moment last forever?

As labaredas que o lagarto lançou chamaram a atenção dos nossos dois colegas de time, os quais logo vieram assistir a batalha que ali tinha início. Koda sentou-se ao lado de Yoshiro, latindo incentivos ao Charmander, enquanto Rozen restringia-se a lançar olhares preocupados à florzinha. De todos ali, ele era quem melhor entendia o medo que ela tinha do fogo. Imagino que seja o mesmo que eu sinto quando vejo um elétrico… como aquele cachorrinho do outro lado, por exemplo.

Falando nele, que tipo de batalha era aquela? Parecia mais um concurso de quem consegue usar o ataque mais bonitinho do que uma luta. Era como os… oh céus… estamos mesmo diante de outra coordenadora? O que é isso, perseguição? Chega a ser irônico como, desde que deixamos o Contest de Lilycove, não conseguimos ir a lugar algum sem esbarrar em um deles. No caso de Ren, foi uma ironia maravilhosa, poucas vezes vi minha dona tão feliz quanto estava ao lado dele. Sobre Lariel, ainda é muito cedo para afirmar algo. Apesar de um primeiro contato meio desastroso, talvez elas se deem bem no fim…

Ainda divagando, deixei meus olhos recaírem sobre o lugar onde a outra loira conduzia seu próprio combate. Ahn… espere aí, esse passarinho já está nocauteado? Mas eu mal tive tempo para piscar! Isso nem teve graça… não que assistir a pobre ave apanhar seja divertido, claro que não, porém espera-se que batalhas sejam um pouco mais emocionantes. Aquela tão precoce vitória fez todos os meus instintos se alarmarem. Kathryne pareceu muito insegura e frágil da primeira vez que a vi… no entanto, atrás de toda a timidez havia uma treinadora experiente e muito mais poderosa do que eu pensava. Ainda bem que não somos seus inimigos...

Ao contrário de mim, Yoshiro não conseguia desgrudar os olhos do embate entre o lagarto ígneo e a flor estrangeira. Hephaestus ofegava um pouco, suas escamas exibiam um ou outro corte, porém ele ainda sorria e elogiava os movimentos elegantes da oponente. Para o filhote, aquilo era apenas um jogo, ele não desejava nenhum mal a ela. Minha humana também não. Por isso, ela hesitou muito em dar algum comando. Ver o medo na postura da plantinha fez os olhos da garota marejarem de pena, e, por um momento, temi que ela fosse interromper o combate ali mesmo.

Felizmente, não o fez. Talvez graças a Koda. Ao ver que a menina estava vacilante, o Mightyena praticamente pulou em cima dela, balançando o rabo e dando-lhe algumas lambidas. Essa é a forma dele de dizer “vai ficar tudo bem”. Yoshiro abraçou-o, tentando se acalmar e reunir coragem na segurança que ele lhe transmitia. Lindo, lindo, mas será que dá pra se separarem logo? Devo te lembrar que o inicial dela sou eu. Cinco passos de distância, por favor.

- Vocês dois estão indo super bem! Depois disso, vão poder descansar, eu prometo. - Talvez mais confiante do que estava antes, talvez simplesmente conseguindo fingir melhor, Yoshiro falou com os dois combatentes e forçou o sorriso mais tranquilizante que pôde. Seu olhar estava voltado especialmente para a florzinha assustada, na esperança de acalmá-la pelo menos um pouco. - Não se preocupe, eu prometo que você vai ser bem cuidada… vamos tratar esses machucados, e depois encontrar um lar de verdade para você. Uma florzinha linda e que canta tão bem merece uma casa à altura, e tenho certeza de que todos vão te amar! - Quando terminou seus dizeres, o sorriso em seu rosto já não era forçado. A garota parecia mesmo decidida a dar um futuro feliz para essa plantinha, custasse o que custasse.

“Sim, você vai ficar bem! Nós prometemos!” Rozen apressou-se em dar também seu apoio à colega, e eu assenti em concordância. Koda uivou baixinho um elogio pela bravura da pequena ao estar ali, enfrentando seu pior medo, e Hephaestus fez uma profunda reverência com o mesmo propósito. Será que ele está aprendendo isso com a Yo?

- Muito bem... Hephaestus, continue com o mesmo movimento, vamos terminar isso logo. Vocês merecem um descanso. - Pronunciou por fim, ainda em um tom amigável. Em sua mão esquerda, já segurava firmemente uma Pokébola vazia, pronta pra jogá-la assim que a flor caísse. Sei que a minha humana não quer ver nenhum dos dois se machucando mais, nem seu Charmander, nem a selvagem. A vida de treinadora vai ser difícil para essa menina...