(013) — 'tis the damn season

Com a tentativa mal sucedida e as costas doendo um pouco da queda, parei de desferir socos no gramado e comecei a fitar o místico Pokémon, que começou a rir e debochar do que eu havia tentado fazer. Revirei os olhos, aproveitando para me esticar e respirar fundo, abrindo os braços como se estivesse esparramada sobre a relva. O olhar desse monstrinho... Ele não sentia raiva pelo que eu havia feito. Jirachi, de alguma forma, parecia entender.

— Você acha isso engraçado, pestinha? — brinquei, abrindo um leve sorriso — Já que não posso te controlar para impressionar os outros, pelo menos aproveita um pouco esse céu junto comigo. — dei dois tapinhas no meu peito e na minha barriga, como se convidasse-o — Não preciso nem prometer que não vou tentar te agarrar de novo, né? Não é como se eu fosse conseguir de qualquer maneira.

Tornei a fitar as nuvens acima do lendário, que por sua vez sentou sobre meu peito, me observando com um olhar travesso; parece que Jirachi não é exatamente aquela divindade boazinha e gentil que todo mundo acredita que seja. De certa forma isso me acalmava, eu acho. Se nem mesmo o etéreo consegue ser cem-por-cento perfeito, significa que nem todos meus erros são erros tão gigantes assim. Não sei explicar muito bem, mas é isso que eu sinto.

— Dizem que você realiza desejos. — engoli seco — Será que você pode devolver a minha família que Arceus tirou de mim? — voltei meu olhar suplicante para o Pokémon — Sei que você não deve ter esse poder, mas... Isso é o que eu mais queria no mundo, sabe? — o sorriso despontou do rosto — Se eu tivesse isso de volta, não importaria ter dinheiro, poder, nada disso. — suspirei, retirando algumas mechas do cabelo do rosto — Mas é pedir demais, eu sei. — ajeitei o corpo, agora sentando no gramado — Você pode me deixar mais forte, então?

Egg escreveu:
Spiritomb — 38/40

Forina Valley

O pequeno Jirachi continuou a observar Karinna com um olhar de curiosidade. Apesar de duas perguntas ele não lhe respondia, nem mesmo com um balançar de cabeça. Mesmo assim, era óbvio que ele conseguia entender cada palavra que ela lhe dizia.

Quando ela finalmente fez seu desejo, pedindo que ele devolvesse sua família, Jirachi apenas balançou a cabeça, seus olhos profundos ainda fixos no de Karinna. O lendário então tocou o rosto da garota, agora sorrindo e voou para o céu ao mesmo tempo em que ela fazia seu desejo.

Assim como apareceu, o Jirachi sumiu em meio às nuvens. Será que um dia Karinna teria um reencontro com ele? Ou ele realizaria um dos seus desejos? Talvez a resposta seja sim, pois em cima do abdômen de Karinna apareceu um saco com shards e um estranho cristal.

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Tão breve quanto surgiu, permaneceu. O psíquico flutuante me observou por alguns segundos, somente para tocar o meu rosto e voar para os céus, desaparecendo meio as nuvens. Como Jirachi se movimenta muito rápido, parte de mim acreditou que eu ia levar um belo de uma tapão na cara, mas era só uma espécie de carinho mesmo; suspirei, deitando mais uma vez sobre o gramado.

Se nem mesmo o etéreo pode trazer minha família de volta, não adianta continuar suplicando para o mundo, né? Até mesmo antes de ir embora o lendário parecia decepcionado com o meu primeiro pedido, talvez frustrado por não poder realizá-lo. Suspirei, acenando gentilmente para as nuvens, mesmo sabendo que Jirachi já deveria estar bem longe dali.

— Tchau, Jirachi. — dei uma leve risada, somente para perceber um Z-Crystal em cima da minha barriga; aproximei-o dos olhos, vendo se tratar de um Steelium Z — Nem pra ser um que eu possa usar, que legal. — brinquei, gargalhando no processo — Você é um pestinha mesmo. — me levantei aos poucos, fitando o céu uma última vez — ... Obrigada.

Guardei o cristal e o saco de shards dentro da bolsa, aproveitando para sentir as dores que o impacto direto com o chão causou; muito provavelmente havia deixado um leve hematoma, mas nada que me impedisse de andar ou correr ou me movimentar. Reclamei baixinho da leve lesão, ajeitando minhas bagunçadas madeixas e, em fim, descendo o vale de Forina.

Egg escreveu:
Spiritomb — 38/40

Forina Valley

Após se despedir do pequeno Jirachi, Karinna finalmente desceu para Forina Valley. A descida não foi tão difícil, pois um caminho foi construído há muito tempo atrás. Não demorou para que a jovem pudesse vislumbrar a famosa floresta dos gnomos com seus antigos pilares.

Com o passar do tempo o Sol começou a amenizar e a tarde estava muito próxima do seu fim. No momento que Karinna adentrou no vale o seu celular vibrou e uma mensagem apareceu na tela.

Mensagem escreveu:Soube que você chegou em Forinna Valley. Estamos coletando informações sobre os contrabandistas e iremos fazer um ataque ao anoitecer. Quando for o momento iremos te encontrar, você pode usar esse tempo para realizar sua outra missão. Mas tenha cuidado.
Margo [

Off: Coloquei celular, mas narre o aparelho que costuma usar, se quiser. q

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Graças a trilha criada sabe-se-lá-por-quem, descer o vale não foi tão difícil assim. Com passos lentos e curtos, fiz questão de prestar atenção em cada detalhe daquele lugar, não deixando que a imensidão esverdeada ou a beleza estonteante do lugar tirasse minha concentração. Apesar de aconchegante, Forina Valley poderia ser perigosa, principalmente se eu encontrasse os contrabandistas antes do pessoal da organização. Aproveitei para prender os cabelos em um alto coque, erguendo as mangas do moletom e me esgueirando pela vegetação de forma que não pudessem me ver ou de muito alto ou de muito baixo.

— Já vai anoitecer... Menos mal. — falei sozinha, fitando o céu e limpando um pouco de suor que começava a aparecer na minha testa — Huh? — meu celular tocou, o que já me deixou meio escaldada; culpa minha já que havia esquecido de colocá-lo no modo silencioso — ... Margo? — abri a mensagem e esbocei um leve sorriso; fazia tempo que não falava com a Rocket que me iniciou nesse mundo e, de certa forma, eu estava com um pouco de saudade de suas burradas — ...

Mensagem escreveu:Ok.

Me manda a localização de vocês quando estiverem prontos.

Karinna

Enviei a mensagem, guardando o  dispositivo (agora no silencioso) dentro da bolsa. Comecei a encarar o restante o vale, buscando por alguma direção que possa me mostrar onde pode estar a bendita pedra que devo coletar amostras. Em um lugar gigante como esse, fica difícil se orientar somente pela visão e, para piorar, eu não possuo nenhum monstrinho do tipo grama para que possa sentir a energia da rocha — ou algo assim.

— Talvez... — vocalizei baixo enquanto parava de andar; pensando bem, eu até que poderia liberar Ramen e fazê-lo procurar do alto, mas um Pokémon não-nativo e com cores diferenciadas pode chamar muito mais atenção do que eu precisava — É, o jeito é usar a viação canela mesmo. — suspirei, dando uma risada logo em seguida da minha própria piada idiota — Ah, Daisuke riria dessa bobeira. — o porquê de eu estar falando sozinha no meio de um vale gigantesco? vai saber — Calada, Karinna. Vamos. — aproveitei para me espreguiçar e, então, dei continuidade à caminhada descendo o vale — ...

Egg escreveu:
Spiritomb — 39/40

Forina Valley

Realmente parece que não será fácil para Karinna encontrar a pedra que precisava. A missão não lhe deu nenhuma dica sobre isso, talvez Margo soubesse, mas a garota deixou implícito que Karinna precisaria realizar essa missão sozinha. Ela poderia usar seu Rufflet para ter uma visão área, contudo isso poderia acabar lhe causando problemas caso chamasse atenção indesejada.

Felizmente, para sorte da Rocket o vale é conhecido pela pedra e não demorou para encontrar uma placa apontando para uma trilha na esquerda.

É claro, além dessa trilha haviam outras quatro que iam para outras partes do vale. Já a indicada pela placa era uma trilha íngreme que levava para o coração de Forina Valley.

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Apesar de já começar a ficar preocupada com a noite chegando e eu estar meio que perdida em uma região que não conheço, não demorou muito para encontrar uma placa indicando o caminho que eu deveria seguir. Suspirei de alívio, somente para perceber algo mexer na minha bolsa; fiquei um pouco surpresa por ter esquecido que havia levado um ovo junto comigo, mas bastou abrir a bolsa para que um brilho começasse a praticamente me cegar. Com os olhos semi-cerrados, continuei observando a metamorfose se livrar das cascas do ovo, dando lugar a um pequenino pedaço de madeira; ergui as sobrancelhas e, em questão de milésimos, senti a bolsa pesar tão absurdamente que me jogou no chão junto com ela.

— Ai, cacete. — reclamei, batendo com o braço direito no chão; por sorte não dei de cara na grama — Que troço pesado é esse? — rolei a pequena pedra que me lembrava bastante as antigas rochas cravadas em Shimmer Ruins; não demorou muito para que uma energia púrpura e esverdeada começasse a surgir de uma pequena fresta, formando o que parecia ser um rosto fantasmagórico preso à pedra — Isso que é um Spiritomb, então? — comentei comigo mesma e o monstrinho consentiu, dando uma enorme gargalhada animada e nada amedrontadora — Você é um fantasma, certo?

Antes que o Pokémon pudesse me responder, busquei a Pokédex, tentando entender melhor do que se tratava aquele pequeno de uma tonelada. Não acreditei muito quando o eletrônico me disse que ele possui até cento e oito fantasmas presos dentro dele, mas bastou eu erguer a sobrancelha em desconfiança que Spiritomb começou a disparar seus espíritos em volta de mim, onde TODOS pareciam ser de crianças que tudo que queriam era tentar me alegrar ou me fazer cócegas. Dei uma leve gargalhada — tudo bem, eu sei que devemos ter medo dessas coisas sobrenaturais, mas tudo isso já me é tão terno que só posso ficar feliz por ao menos ter um que não queira me fazer mal.

— Seu nome será Nishime, tá bom? — nada melhor que nomeá-lo um cozido cheio de coisa, né? — Agora mamãe precisa ir, vão descansar.

Apesar de toda comoção, retornei o fantasminha, seguindo a trilha que a placa indicava. Espero encontrar a rocha em breve.

Egg escreveu:
Spiritomb — 40/40

Forina Valley

Karinna prosseguiu pela trilha até que algo começou a mexer em sua bolsa. É claro que logo ela lembrou que carregava um ovo consigo. Talvez algo perigoso, levando em conta que estava no meio de uma missão. Mesmo que seja apenas uma missão de entrada, existe perigo nela e o melhor seria estar o mais preparada possível.

De qualquer forma isso não impediria o pequeno ovo de chocar. Dando lugar para um Spiritomb. O fantasma, ou melhor, os fantasmas começaram a brincar com a garota até que ela os colocou em sua esfera pela primeira vez.

Voltando a sua missão, a noite começava a cair e o céu nublado deixava a trilha demasiado escura. Essa parte do vale não tem qualquer tipo de iluminação, o que dificultaria a vida da jovem. Mesmo assim, ela chegou às margens de um grande lago e no seu centro existe uma pequena ilhota com uma grande pedra verde.
Antes que Karinna pudesse tomar qualquer decisão, uma enorme explosão aconteceu à sua direita. Não foi muito próximo de onde ela estava, mesmo assim foi possível enxergá-la e sentir seu poderoso impacto.

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Com o cair da noite ficava praticamente impossível enxergar alguma coisa dentre a íngreme trilha. Pode-se dizer que meus pés escorregaram algumas vezes e quase caí, mas por sorte consegui segurar em algumas plantas sem que algum acidente acontecesse. As árvores de alta copa escondiam a luz do satélite natural, o que deixava todo o caminho como um grande breu que começava a me deixar escaldada; qualquer barulho que não viesse de mim arregalava meus olhos, com medo de que tivessem descoberto onde eu estava de alguma maneira.

— Tá, talvez seja melhor chamar reforços para me ajudar. — busquei a esfera de Starmie dentro da minha bolsa, liberando-a; por sorte, a aquática possuía a habilidade Illuminate, onde seu rubi brilhava bastante, porém com a chance de atrair selvagens mais do que o comum por conta disso — Filha, vai iluminando a trilha pra mim, mas parece que já estamos no final.

Com a psíquica iluminando bastante o restante do caminho, finalmente chegamos no lago indicado pela placa. Uma pedra de grande tamanho recebia a luz da lua, reluzindo sua cor esverdeada dentre as calmas águas; estava ali um dos locais mais bonitos que já havia visto em toda minha jornada. Abri um leve sorriso e, quando ia direcionar Gyoza para buscar um pedaço da pedra evolutiva, uma explosão próxima fez o chão tremer por completo. A psíquica se assustou, colocando-se em minha frente, mas aparentemente havia sido um pouco distante.

— Vamos ter que ir ver o que é, né? — revirei os olhos, agradecendo a preocupação da estrela-do-mar com um carinho — Pode ser que seja o pessoal da organização e deu alguma merda. — sinalizei para que Starmie me acompanhasse, flutuando baixinho — Vamos com cuidado.

Forina Valley

A Grunt decidiu que o melhor a se fazer no momento seria averiguar o motivo da explosão. Mesmo que ela estivesse na frente na frente da pedra que buscava, um dos seus companheiros Rockets ou até mesmo a Margo poderia estar em perigo. O melhor a se fazer no momento seria ir até o local para descobrir o que acontecia.

Agora com a ajuda de Starmie ficava mais fácil se locomover no vale, contudo sua luz também poderia chamar atenção conforme ela se aproximava. É claro que, quando o momento certo chegasse, ela poderia simplesmente retornar sua Pokémon que isso não acontecesse. Depois de caminhar por alguns minutos ela começava a escutar algumas vozes em uma clareira a frente. A iluminação no local parecia alta, então se não tivesse cuidado poderia acabar descoberta. Ao mesmo tempo sons de batalha e grunhidos de Pokémon podiam ser ouvidos. Também foi nesse momento que uma mensagem chegou em seu celular.

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